Monday, September 20, 2010








Cairo, dia 20 de Setembro, 2010
NOVIDADES!


* Última semana de shows no Cairo antes do regresso a Portugal para retiro espiritual(?!) e GRANDE EVENTO a não ser perdido por todos os amantes da Dança Oriental em Portugal!


*Joana S. em Inglaterra e em Itália (Veneza, Veneza!!!). Detalhes para breve, neste blogue.

*Website em remodelação.Aguardem o novo site, reflectindo um pouco do que sou hoje...
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WORKSHOPS em PORTUGAL - 16,17 de OUTUBRO




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Enquanto os meus espectáculos no Cairo somam e seguem a todo o vapor por mais dez dias - graças a Deus! - aqui vai o programa dos workshops em Portugal para todos os alunos que têm pedido informações sobre o mesmo.


Sejam muito Bem-Vindos e atenção porque as INSCRIÇÕES SÃO LIMITADAS!

Sobre os workshops:
Os temas a serem abordados são da minha especial preferência e, não coincidentemente, representam dois estilos muito diferentes dentro daquilo a que se chama DANÇA ORIENTAL.

*** O grande compositor Mohamed Abdul Wahab será abordado por mim num dos workshops de uma forma total e que lhe faça justiça como um dos grandes compositores do Século XX.O artista ficou conhecido por revolucionar a música egípcia, abrindo-a às influências da música do mundo sem que o sabor oriental se perdesse. Compositor de eleição de Om Kolthoum e ídolo da sua época, o cantor/actor/compositor transformou a forma como os seus contemporâneos escutavam e valorizavam a sua música e legou algumas das mais fabulosas peças musicais para dança de todos os tempos.

*** As Ghawazy e o folclore beduíno serão outros temas abordados neste evento e aqui reside muita da história da Dança Oriental. As famosas ciganas egípcias da rua de Mohamed Ali marcaram um estilo e uma época, trazendo consigo a sabedoria e o sentimento de séculos atrás.Vocabulário de folclore beduíno e das ruas de todo o Egipto numa peça musical celebrizada por Naima Akef.
O QUE ME TIRA O SONO:

A excitação de ensinar algo tão essencial e valioso aos alunos é uma perspectiva que me alicia.O vocabulário e conteúdos de ambos os workshops são tão diferentes quanto complementares e darão uma perspectiva totalmente universal e artística daquilo que é a VERDADEIRA DANÇA ORIENTAL.Serão todos muito BEM-VINDOS!


PROGRAMA COMPLETO:
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WORKSHOPS DE DANÇA ORIENTAL CLÁSSICA e FUSÃO(MOHAMED ABDUL WAHAB) E ESTILO GHAWAZY/BEDUINO
Ministrado por Joana Saahirah do Egipto Dias 16 e 17 de Outubro no IPJ (Instituto Português da Juventude, Parque das Nações)


Horário:

Das 10.30h às 13.30h (Sábado e Domingo) - Dança Oriental Clássica e Fusão (Mohamed Abdul Wahab) - Técnica e coreografia completa. Das 15.00h às 18.00h (Sábado e Domingo) - Estilo Ghawazy/Beduíno - Técnica e Coreografia completa com sagats.


Programa:
*** Dança Oriental Clássica e Fusão ( um dos maiores compositores egípcios de todos os tempos, compositor de Om Kolthoum e pioneiro MOHAMED ABDUL WAHAB). Tema seleccionado de Mohamed Abdul Wahab em que este explora os sons do mundo (influência do flamenco, rumba, etc) em consonância com a grande amplitude/possibilidades da Música Egípcia.Explorar o movimento em toda a sua dimensão técnica, expressiva, emocional e espiritual usando uma das músicas mais fascinantes do famoso compositor.

*** Estilo Ghawazy/Beduíno. Explorar o mundo das ancestrais ciganas egípcias - Ghawazy - e do folclore beduíno envoltos no estilo mais típico de Dança Oriental praticado pelas bailarinas da Geração de Ouro (Tahya Carioca, Naima Akef).Utilização (opcional) de sagats aplicados à técnica e coreografia ensinados.

A quem se destinam estes Workshops :

Alunos com mais de um ano de formação em Dança Oriental que pretendam atingir a excelência na sua arte e descobrir o seu estilo próprio, distinguindo-se pelo brilho, autenticidade e qualidade que só as estrelas possuem.Alunos/professores que pretendam alargar e aprofundizar os seus conhecimentos em Folclore egípcio e nos diferentes estilos que existem dentro da Dança Oriental comercialmente denominada por “Dança do Ventre”.


***BAZAR ORIENTAL:

SALDOS ORIENTAIS A não perder!!!
Exposição e venda de artigos relativos à Dança Oriental em local adjacente à sala onde decorrem os workshops. Os últimos cds do Egipto, novos trajes e lenços de alta qualidade para bailarinas, sagats, véus , dvds de Dança Oriental e muito mais... aberto das 11.00h às 17.30h a participantes dos workshops e não participantes.

PREÇOS:

****** 70 euros por Workshop de 6 horas de formação (120 euros pelos dois Workshops ).

INSCRIÇÕES NO PRÓPRIO DIA : 80 euros por Workshop (150 euros pelos dois Workshops ).

Preço especial (para metade do Workshop/ bloco de 3 horas, parte da manhã ou da tarde): 40 euros.



***Formas de pagamento:

Para inscrever-se e garantir a sua participação no Curso ou nalgum dos blocos de formação, terá de efectuar o pagamento do mesmo através de transferência multibanco para a conta com o

NIB: 0007 0075 000 1125 000536


Após ter efectuado a transferência , terá de informar-nos a data em que fez essa mesma transferência e o nome em que foi feita através dos seguintes contactos: joanabellydance@sapo.pt / dancemagica@gmail.com ou

TM: 00351 - 96 642 7997 (Portugal)

NOTA: Possibilidade de alojamento no local do evento visto que os Workshops decorrem no espaço do Ipj onde também se encontra uma POUSADA DA JUVENTUDE.

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Organização:

Cairo, dia 20 de Setembro, 2010


"O que mais me irrita (e não só no Egipto...)!"

Eu até tenho evoluído para uma versão mais tranquila de mim mesma. Até já consigo controlar as minhas reacções impulsivas e explosivas em 90% das ocasiões (não queiram presenciar os restantes 10%).

Já penso "mais além" e não destruo a torre assim que algo implode cá nas entranhas...deixo tudo fluir de uma forma que até vai contra a minha natureza apressada...mas...há coisinhas irritantes que me fazem saltar a tampa e essas, infelizmente, estão por todo o lado (não são exclusivo do Egipto embora se encontrem por cá com "irritante" frequência).


Vejamos a lista das delícias que me deixam periclitante (homenagem à minha querida Guidinha):


1. Travagens bruscas consecutivas....tipo "ihhh....it...ih....ih.....ih....ih...." sem necessidade e de forma exaustiva. Será que nunca lhes foi ensinado (aos condutores de táxis e afins) que existem MUDANÇAS no carro e que estas devem ser utilizadas para reduzir velocidade, recorrendo aos travões apenas em situações que requiram uma paragem brusca?!


"ih...ihhh....ihhh.iiih....." AAAIIIIIIII....dá-me náuseas e transforma-me numa máquina mortífera capaz de dar uma chapada a um ursinho de peluche.

Numa cidade como o Cairo onde existem milhões de condutores e quase nenhum aprendeu a conduzir, as travagens que me causam náuseas são mais que muitas...


MUITO irritante.


2. Estupidez extrema.


Esta é outra bem frequente cá por estes lados. Será impressão minha ou os cérebros deste lado do Nilo funcionam a vapor, mal e lentamente?!
Não é que eu seja um Einstein ou lá perto. Pois não sou. Tenho - algumas vezes - atitudes, reacções e pensamentos dignos da inteligência de um molusco fora de água mas opero na base da inteligência "mínima" com laivos de sensatez e alguma esperteza relativa.
Considero que devia haver um mínimo de inteligência exigido para se saír à rua e conviver com outros seres humanos. Ser demasiado estúpido devia dar direito a multa...e que tal?

Como há a idade mínima para conduzir oupara emborcar uns vodkas e tal...se existisse uma forma de evitar estupidez extrema eu seria uma pessoa mais feliz.

No Egipto, em particular, veêm-se casos de uma estupidez tal que chega a roçar a genialidade. Os extremos tocam-se, é esse o meu consolo!


3. Incompetência e "deixa andar", tão típicos dos egípcios e tão perto dos portugueses.
Tudo fica para amãnhã e tudo parece ser feito à base do mínimo esforço.
Como sou membro honorária do Clube do "TUDO ou NADA", acho que devemos dar o nosso melhor nas tarefas que nos propomos realizar. Mas isto sou eu que sou esquisita e ando contra a corrente.
Ainda assim...irrita-me.

4. O pessoal que responde uma chamada telefónica assim:
"Allllllllllllôoooooooo.....tou sieeeeemmmmm...." tipo tias-tios de Cascais com o L afrançesado e as palavras estendidas por esse caminho fora....
Irrita-me.
Como me irrita a arrogância, a presunção dos ignorantes, a inveja e a cobiça de quem não pode ou não quer fazer pela própria vida e perde o seu tempo a olhar para a vida dos outros, os cabelos colados aos lábios quando uso "gloss" num dia ventoso, as filas de espera onde só a leitura esfomeada dos meus queridos livros me salvam de ataques histéricos, etc...

Gostava de ser menos "irritadiça" mas ainda não cheguei lá. Para se ser Dalai Lama, tem de se comer muita sopinha de espinafres e viver inúmeras encarnações no limbo entre a humanidade comum e o Iluminado...
A caminho...da Humanidade em mim..."full bloom", da Luz...com menos irritações...
Cairo, dia 20 de Setembro, 2010



DANÇAR é....



1.Viver, porque todo o movimento é um potencial passo de dança...

As árvores dançam, o vento dança, até a montanha (aparentemente estática) dança...

Dança é VIDA! Em tudo, presente em todo o lado...



2. Caminhar.

Ensino, frequentemente, que o primeiro passo de dança a aprender é CAMINHAR, o simples e orgânico CAMINHAR. Esquecemos as verdades simples com demasiada facilidade. É pena...



3. Respirar.

Primeiro movimento existente no nosso corpo, esse fluir do ar pelos pulmões, entrando e saindo do corpo como as ondas calmas do nosso mar...



4. Escutar com ouvidos e coração.

É raríssima a bailarina que sabe, verdadeiramente, escutar SOM e MÚSICA e isso, para mim, torna-se algo incompreensível. Não se pode dançar sem se saber ESCUTAR. Uma coisa segue a outra.



5.Sentir.

O corpo em movimento. A música. Aquilo que esta provoca em nós. O nosso estado de espírito e aquilo que precisa de ser libertado através da música.

Sentir o CHÃO, o FOGO urgente de queimar o que não interessa - passo a passo - a atmosfera que nos povoa e rodeia, o ar e o sub-solo. Sentir. Totalmente. Sempre.



6. Lutar.

Lutar pela transformação da dor em alegria. Lutar pelo crescimento que cada dança pode representar. Lutar por não deixar o coração morrer, mesmo depois de ser despedaçado várias e incontáveis vezes.



7. Amar. Estar apaixonado.

Pela vida, por si mesmo, pela chama que não se extingue, por outras pessoas, assuntos, artes e universos.

Uma bailarina sem amor e paixão torna-se um frigorífico móvel. "Não, obrigada!"



8. Ser eu mesma.

Considero a DANÇA como a Arte mais pessoal que existe. Para ser verdadeira, tem de ser transparente e mostrar o que somos (para lá das aparências) e só funciona quando sabemos e assumimos com prazer quem somos. Personagens são para os actores.

Bailarinos são artistas TOTAIS e sinceros. A "coisa" não funciona de outra forma...garanto!



9. Ser agradecido.

Dançar é DAR GRAÇAS ao Universo pelo dom da VIDA, do MOVIMENTO, da RESPIRAÇÃO, DA EXISTÊNCIA que se move, fluindo, pelos milénios adentro.

Dar graças pelo facto de estarmos VIVOS com um corpo que se mobiliza, sente prazer e dor, dá e recebe!



10. Dançar é....

ser eu mesma. Porque uma coisa se confunde com a outra.Não sei onde termina a dança e começo eu.
Cairo, dia 20 de Setembro, 2010


DANÇAR é....


1.Viver, porque todo o movimento é
Cairo, dia 20 de Setembro, 2010

"Com amigos assim, quem dá importância aos inimigos?!"

É verdade.
Os inimigos e detractores - críticas pelas costas, jamais na cara porque isso requere honestidade, convicção e coragem - amontoam-se conforme acumulamos vitórias mas os poucos amigos VERDADEIROS compensam por toda a inveja e cobiça que circula por este mundo fora.
Prova disso é esta mensagem de um querido amigo que me deixou com as lágrimas nos olhos.

Mensagens como estas enchem-me a ALMA e fazem-me respirar fundo com uma PAZ imensa no coração.
Não se trata de ser religioso - ou não - mas de sentir o carinho sincero de quem nos quer bem. Uma benção, um privilégio neste mundo já desumanizado.
Aqui partilho este carinho impagável:

Deus te abençoe.
Que as comportas do céu se abram sobre tua casa.
Que Rios de Água Viva corram dentro de Ti
Envolvendo o todo seu Ser!

Que Chuvas de Bênçãos sejam derramadas copiosamente sobre Tua Casa!
Que a Unção de Deus entre como um bálsamo a envolver a Tua Vida e te Ungir Completamente pela Glóriade Deus que a ela é conscernente!Que Deus faça prosperar tudo Aquilo quevier até suas Mãos e que de uma Semente cresçam milhares de Árvores Frutíferas!

Que a Glória de Deus repouse sobre Ti Hoje e Sempre!!!
Jesus Te Abençôe!!
Bom Dia!!!
O Caminho dos vencedores é sempre traçado passo-a-passo com muito esforço, suor e,muitas vezes, com lágrimas.

Disse o Senhor
O que Eu faço hoje só entenderás amanhã.
Sabemos que a alegria da vitória compensa qualquer sacrifício.
Somente pessoas corajosas,constantes e decididas chegam ao fim.
"A perseverança conquista a vitória".

Bjsssss Adoro vc :) Michel

Sunday, September 19, 2010

Cairo, dia 19 de Setembro, 2010

"Momento A...HA!!!"

Oprah Winphrey - que eu já declarei adorar - usa uma expressão fantástica para aqueles raros momentos de Iluminação da nossa consciência. Existem pessoas, situações, imagens, palavras ou simples flashes vindos não se sabe de onde que nos fazem ter consciência plena de uma grande VERDADE. A esses momentos, a Oprah chama "Aha!".

Reconhecimento da VERDADE, essencialmente.

Pois hoje tive um desses momentos "Aha!" quando levei os meus computadores ao técnico. Andavam os dois doentinhos e o senhor doutor explicou-me:

-É que ambos têm as memórias cheias, completamente sobre-carregadas de informação e, por isso, os pcs bloquearam e não conseguem operar nova informação e dados.

Eu que sou uma xoninhas desgraçada nestes assuntos cibernéticos entendi perfeitamente a explicação e, imediatamente, chegou-me o tal momentinho precioso em que pensei para comigo mesma:

-Espera...se usarmos a analogia frequente entre os computadores e o cérebro humano, podemos aplicar a explicação do técnico a nós mesmos.
Senão vejamos...também nós sobrecarregamos o nosso cérebro ( e tudo o mais que nos compõe material, emocional e espiritualmente) com demasiada informação, dados, imagens e coisitas desnecessárias que nos tornam pesados e lentos.
Também nós sobrecarregamos a nossa memória com demasiado lixo e, de vez em quando, o sistema explode, deixa de funcionar, torna-se demasiado lento até bloquear totalmente e não ter espaço para nenhum dado novo nem para processar o AGORA.

O nosso cérebro é, afinal, mesmo muito semelhante a um computador e só me surpreende porque é que esvaziamos as memórias aos nossos queridos pcs mas não esvaziamos a nossa mente de tudo o que já PASSOU, já NAO SERVE, é lixo ou passado vivido bem bonito para se ter guardado num "back-up" qualquer mas não para ser carregado para todo o lado bem juntinho ao peito.

-Claro que os pcs não funcionam. Como poderiam funcionar se têm as memórias totalmente cheias?!

AHA!!!!!!!!!!

Sim.Captei a mensagem, muito além da "mensagem".
Pretendo esvaziar a mente de tudo o que não pertença ao AGORA que é para o sistema funcionar mais levemente, com mais energia e espaço para tudo o que de MARAVILHOSO está por vir.
Se não fizermos espaço para o que pode entrar no sistema, ficaremos sempre encalhados e estáticos no passado, com memórias, corpos e pcs que bloqueiam ou explodem.

Gosto disto.






Cairo, dia 19 de Setembro, 2010






Mais memorias do grande FESTIVAL AHLAN WA SAHLAN!






Para verem mais imagens do meu espectaculo no festival AHLAN WA SAHLAN, dirijam-se ao meu blogue em ingles : http://www.joanabellydance.blogspot.com/



ou ao meu FACEBOOK!






O video sera para breve...

Saturday, September 18, 2010


Cairo, dia 18 de Setembro, 2010

Mesmo a calhar...

“As mãos que ajudam valem mais que os lábios de rezam.”
Robert G. Ingersoll

Num Egipto perdido entre a hipocrisia e a pura desumanização de corpos, mentes, corações e almas (mas que almas???Nao vejo nenhuma...), que citação seria melhor que esta?
Mais uma vez, obrigada pela partilha, Rosita!

Ja sugeri â Rosa que venha cá para o Egipto divulgar esta frase revolucionária.
Ou, indo directamente com as maos a obra talvez va eu para a rua com o megafone gritando em alta voz e convicção em arabe a já citada verdade...qual seria o resultado?

Escolham entre as opções (A,B ou C):

A: Era levada em ombros pela multidão rendida a esta verdade, em extâse...

B: Era levada pela polícia para a esquadra mais próxima e detida como delinquente.

C: Tropeçaria numa pedra mal encalhada na calçada, estatelava-me ao comprido com o megafone mas permanecia firme na minha missão revolucionária gritando do alto do meu chão....

“As mãos que ajudam valem mais que os lábios de rezam.”

P.S. Pequena homenagem (um tanto ao quanto parva, admito!) ao grande revolucionário Che Guevara, el querido Comandante...

Cairo, dia 18 de Setembro, 2010


Novos trajes...peles renovadas...


O meu lado mais superficial mas tambem mais sedento de mudanas de pele
Cairo, dia 18 de Setembro, 2010

"Quanto mais me rezas, mais eu gosto de ti "

Ah, pois é, bebé... o carnaval que para aqui anda é quase, quase indescritível...
Está testado e comprovado - por minha experiência própria e por qualquer outro estrageiro alucinado com um quê de masoquista que tenha vivido entre egípcios - que os religiosos mais sedentes de rituais e mais obcecados são os maiores depravados do mundo.

Ao lado das mesquitas mais populadas, devia haver uma cabine (tipo "Loja do Cidadão" em Lisboa) dedicada às variadas actividades lúdicas dos depravados e tarados sexuais.
Assim era sair da mesquita, directamente para onde pertencem e cultivar os dois mundos que se tocam, tão indelevelmente...
Estes egípcios têm sentido de humor, mas sentido prático que é bom, nem vê-lo!

Quando pensava que já tinha visto tudo o que há para ver no âmbito do complexo "Diácono dos Remédios" (à falta de Freud e Jung, estou cá eu para identificar novos complexos humanos e dar-lhes nomes adequados), reparo que um dos meus músicos não faz mais nada senão rezar, rezar, rezar.

Excepto quando estamos em palco (onde ele toca com ar de ausente e com o sentimento de um tijolo), vejo-o sempre de traseiro virado para o céu e rezando, rezando, rezando.

-Quero fazer ensaio, onde está o fulano???
- Rezando.
-Quero dar uma indicação à orquestra, onde está o fulano???
- Rezando.
-O mundo vai acabar dentro de 30 segundos, onde está o fulano???
-Rezando.


Estranhei.
E muito. Só uma consciência muito pesada se vê obrigada a colar-se ao chão com tanta frequência.
Enquanto os outros músicos fumam haxixe (e outras delícias do género), ensaiam comigo, trocam histórias e piadas entre si ou se preparam para actar, o "fulano" está a rezar.

Hhhmmmmmmmm.........(expressão "Hercule Poirot" na minha cara...)
Aqui há gato!

Gata, melhor dizendo.
Então é assim (a história foi-me contada pelo chefe da minha orquestra):

O fulano é casado com uma egípcia (Saiidi como ele) que leva porrada de três em pipa, lhe faz o comer, cuida dos filhos, meias e cuecas.
Ao mesmo tempo (e no segredo dos deuses), o "fulano" casou-se (há cerca de tres anos atrás) com uma mulher do Kwait mais velha que ela e - tchan, tchan, tchan, tchan - RICA!

Pois claro que sim. E eu já desconfiava porque este simples músico que toca adufe com a arte com que eu toco gaita de foles exibe correntes de ouro, uma vivenda que está a remodelar, carro de luxo de 2009 e outros luxos de que nem eu posso usufruír.

Eu que até acredito no Pai Natal e nas fadinhas do bosque, cheguei a questionar-me como é que o "fulano" vivia tão faustosamente e a resposta não tardou em chegar.

A senhora rica envia-lhe dinheiro todos os meses e presentes que o mantêm contentinho ( a ele e à primeira esposa que não sonha - ou sonha?! Já não sei de nada! - do arranjinho maluco).
O preço a pagar é duas semanas de sexo num hotel luxuoso do Luxor onde mentiras e elogios falsos a manterão a ela na ilusão de que o amor vale tudo (vale tanto como o dinheiro que ela lhe dá).

A tal senhora está para chegar e, como ser proxeneta ou prostituto não está incluído nas virtudes do bom muçulmano, o "fulano" sente a consciência pesada em antecipação.

- Mas então o "fulano" é prostituto, certo? - Pergunto eu, ainda com alguma ingenuidade, ao senhor que me conta a história macabra como se me estivesse a dizer "bom dia".

-Não. "Haram", Joana! Prostituto, porquê???
- Então, casou-se em segredo com esta mulher mais velha porque ela lhe dá dinheiro e carros de luxo, não a quer para nada senão para o sustentar e vai com ela para a cama umas quantas vezes por ano para manter a fonte dos dólares a jorrar lá para o lado dele.....hhhhmmmmm...isto soa-me a prostituto, ou proxeneta. Qual deles o melhor?
Se fosse uma mulher, estava logo com o selo de PROSTITUTA estampado na testa.

- Não, ele não é nada disso.Coitado...ele é pobre e ela cuida dele. É só isso...

-Ah, sim...já me tinhas dito.
E os bebés chegam de França no bico de uma cegonha, a Mónica Lewinski apenas limpou uma nódoa de ketchup das calças do ex-presidente americano Clinton e o Egipto é uma democracia....por aí fora...


E, enquanto eu tomava o meu tempo de recuperação do choque inicial (um dos meus músicos é um "egyptian gigolo"!!!, ena...que estilo!) e fechava a boca de espanto, lá estava ele de rabiosque alçado, rezando a Alá (ou ao diabo) e tentando compensar pela maratona de sexo pago que está por vir.

E, uma vez mais, me surpreendo.
Com a história em si. Com a reacção do músico que ma contou e desculpou, como sendo uma atitude natural e compreensível, um prostituto e proxeneta.

P.S. (Ai, os meus querido P.S.s):
O próprio músico que me contou a novela é casado com uma mulher endinheirada e serve de tapete e criado dos sogros porque são estes que lhe sustentam os vícios e luxos.
Grandes homens por aqui se vêem!

P.S. 2. Estou impressionada...

P.S. 3 E ainda acredito no Pai Natal (há gente que só batendo com a cabeça na parede muitas vezes é que lá chega....uffff
.....).

Friday, September 17, 2010

Cairo, dia 17 de Outubro, 2010

Que máfias!

Fazer parte deste núcleo dos "famosos" da Dança Oriental sem me misturar com a máfia de que ele é composto requere mais jogo de cintura do que o Carnaval do Rio de Janeiro.
É obra!

Quanto mais conheço a máfia que reside no topo da montanha, mais vontade me dá de me manter à margem, isenta das tesouras que tudo e todos cortam e da inveja/maldade/punhaladas nas costas que caracterizam a escada de subida em direcção ao sucesso comercial.

Fui sempre uma "outsider", sempre. Já em Portugal o era e, agora, no epicentro da Dança Oriental mundial, vejo o meu nome circulando com cada vez mais intensidade e protejo-me, na mesma proporção, das armadilhas deste universo que de DIVINO (como a Dança Oriental) nada tem!

Não sou deste mundo, desta máfia, destes "amiguismos", negócios escusos e facas aguçadas. Não pertenço a nada disto e, no entanto, devido às circunstâncias afortunadas (graças a Deus!) em que me encontro, estou cada vez mais perto do abismo.

Peço a Deus que nunca caia nesse precipício que me rodeia, onde tudo e todos são alvos a atingir e abater.

O sucesso, para mim, foi sempre feito APENAS de TALENTO, TRABALHO ÁRDUO, CORAGEM, HUMILDADE e PERSEVERANÇA.

Passar por cima de outros para chegar onde quer que seja é algo que abomino e que jamais virei a fazer.

Sinto-me triste quando vejo que a BELEZA da DANÇA ORIENTAL não é equivalente à BELEZA da maioria de quem a pratica. Numa ARTE cheia de LUZ e AMOR, existe toneladas de escuridão e ódio.

Custa-me aceitá-lo mas é o mundo em que eu vivo e, quanto mais se sobe, mais se depara com o macabro, com o mafioso e com o contrário de tudo aquilo que sempre vimos nesta mágica linguagem da Alma que é a Dança Oriental...

Fico sempre confusa e abananada quando me caem em cima bombas destas. Doses de realidade demasiado pesadas para as minhas asas...
Cairo, dia 17 de Setembro, 2010

Conquistas.

Das muitas conquistas (pessoais e profissionais) de que me orgulho, encontro - subitamente - as duas que mais me enchem a alma e me devolvem uma maravilhosa imagem de mim mesma:

QUIETUDE (OU PAZ INTERIOR) E DIGNIDADE.

Estas duas pequenas palavras representam grandes conquistas, aquelas de que mais me orgulho e que me moldam como barro molhado nas mãos de um hábil artesão.

Chegar a este ponto de maturidade no qual já conquistei uma PAZ interior inabalável (apesar das máfias em que me movo e de todos os obstáculos que enfrento) e um sentido de DIGNIDADE a toda a prova deixa-me FELIZ, REALIZADA, SEGURA DE MIM MESMA E DE QUEM SOU.

Não será de admirar que tanta gente me julgue arrogante!
Gosto muito de mim mesma e respeito-me a 100% e isso pode dar a impressão de arrogância mas não se trata disso.
Prezo ter a simplicidade das crianças e, ainda assim, uma convicção naquilo que sou, na MULHER que me tornei e nas provas de fogo a que fui posta à prova, resolvendo sempre ir pelo caminho mais difícil mas, de acordo com a minha consciência, mais justo e humano.

Um vez mais, ao sentir esta QUIETUDE em mim e vendo o reflexo no espelho de alguém que carrega a bandeira da DIGNIDADE lá bem no alto, sinto orgulho...e uma alegria imensa de ser quem sou e ter chegado onde cheguei de forma honesta e transparente.

É tão bom aprendermos a gostar de nós mesmos...sabe muito, muito bem...
:)
Cairo, dia 17 de Setembro, 2010

Muezzin...

As 6ª feiras são sempre mágicas na cidade das mil mesquitas com os seus belíssimos minaretes, imponentes e cansados dos séculos, observando a cidade, em rebuliço, a seus pés.

12.00h da manhã, hora do eco dos "muezzin" que chamam, em uníssono, os fiéis (ou simples seguidores, outra forma de dar o nome às ovelhas desorientadas do Oriente) para a reza central de toda a semana dos muçulmanos.

Já me habituei a esta música de fundo, pairando no ar poluído da cidade como uma nébula de fantasmas coloridos, uivando e clamando por Alá do alto/baixo do melhor que podem e sabem.

As ruas cobertas de tapetes e homens prostrados no chão, repetindo os gestos automatizados de gerações de muçulmanos, tentando - na sua ilusão - sentir-se mais perto de um Deus que está tão longínquo e ausente que é preciso chamá-lo à terra cinco vezes ao dia.

Eu sorrio. Sei, por experiência própria, que todo o ser humano tem as suas fragilidades e inconsistências. Somos feitos de barro. E ponto.

Thursday, September 16, 2010

Cairo, dia 16 de Setembro, 2010

"Estou de volta ao meu aconhego"

E outra canção que recordo de outra tele-novela (hoje é o dia do sarcasmo diabólico e das bandas sonoras de tele-novelas brasileiras) dizia assim:

"Estou de volta ao meu aconchego,
Trazendo na mala bastante saudade...
Querendo um sorriso sincero, um abraço,
para aleviar o meu cansaço..."

Elba Ramalho, no seu melhor!

E é assim que me sinto, já antecipando o regresso a Portugal.
Tres dias de descanso (relativo!), últimos espectáculos desta temporada e de caminho à minha "outra casa", a original, onde tenho as minhas raízes e chão.

Saudades imensas de família e amigos.
Do Silêncio e do Mar.

ATENÇÂO a TODOS:
A NÃO PERDER, OS MEUS WORKSHOPS DE DIAS 16 E 17 DE OUTUBRO (PROGRAMA DIVULGADO NESTE BLOGUE).


A minha alma já está de viagem................................
Cairo, dia 16 de Setembro, 2010

" Pernas para que te quero!"

Ah, quero-as para tantas coisas...(às minhas pernas, salvo seja!). Coisas confessáveis e outras inconfessáveis.
Coitadas, quanto têm sido massacradas e usadas sem dó nem piedade mas AGORA, graças a Deus, tenho 3 dias inteirinhos para não fazer aquilo que mais AMO: DANÇAR!!!

A palavra de ordem seria DESCANSO mas eu teria de ser outra pessoa para aplicar essa palavra.
Tentarei não dançar nos próximos 3 dias. Tudo o resto (usem a vossa imaginação), fica para outros descansos porque a VIDA é feita de MOVIMENTO.

Nestes 3 dias de descanso, tenciono:

1. Pôr em dia uma data de compromissos e tarefas adiadas há séculos.

2. Saír com amigos (talvez uma milonga...mas isso já inclui DANÇA...hhhmmm.......talvez tenha de quebrar a promessa que fiz a mim mesma).

3.Ler, ler, ler. A sério. Porque, no resto dos dias, as leituras são feitas entre espectáculos e nas viagens de táxi. Isto não são leituras a sério...

4. Ir ao longínquo shopping mall CITY STARS na esperança de encontrar um bom filme. Depois do deprimente "DESPICABLE ME", fiquei com receio de olhar para a selecção de filmes disponível.

5. Arrumações de uma casa que está um caos e de uma mente que se encontra no mesmo estado.

6. Imprevistos que surgirão, como sempre.
Cairo, dia 16 de Setembro, 2010

"Eles andam aí..."

Aproveitando o lançamento da minha veia (passageira, espero!) diabólica, deixem-me desabafar, correndo o risco de ser preconceituosa e racista (curiosamente,coisas que eu detesto e que nunca quis ser):

Assistimos à invasão do Cairo pelos endinheirados e arrogantes árabes antes do Ramadão e, como este calhou em pleno mês de Agosto, todos pensámos (egípcios e EU) que nos tínhamos visto livres deles e que os Verões coloridos por este homens das cavernas não farião parte deste ano. Puro engano.
Não é que eles estão de volta?!
Vieram antes do Ramadão, de narizes empinados e nos seus brutos carros, comprando tudo e todos.
Desapareceram durante o Ramadão e agora reapareceram, como uma praga que volta a atacar depois de pensarmos tê-la eliminado.

Tento ser o mais aberta possível e não me render aos preconceitos que generalizam tanto e limitam um país, uma cultura, uma mentalidade a uma imagem reduzida e injusta dos mesmos.
Eu tento mas...
Mas...
Há assuntos e pessoas com quem a minha capacidade de "não julgamento" é posta à prova constantemente e os árabes incluem-se nesse grupo.
Se se tratar de um saudita, é ver-me fugir a sete pés ou lançar para o ar todo o tipo de palavrões existentes e inexistentes na linguagem humana.

Isto será já o resultado de muitas experiências negativas e de uma opinião geral que caracteriza os árabes (não egípcios, reforço a distinção) como homens e mulheres das cavernas, ignorantes, arrogantes e desumanos para quem o dinheiro fácil que lhes brotou do chão tudo e todos compra.
Haverá excepções a esta regra limitadora. Haverá mas eu nunca conheci uma delas.

Espero vir a conhecer para que esta veia escorpiónica que me ataca hoje não tenha razões para se justificar ou expandir.
Espero.
Sempre o melhor. De todos.
Dia 16 de Setembro, 2010



"No escurinho do cinema..."



A canção brasileira que recordo de uma qualquer novela da minha infância (bons dias aqueles, quando a GLOBO produzia tele-novelas com nível de bom cinema) dizia assim:

"No escurinho do cinema,

chupando dropes de aniz,

longe de qualquer problema,

perto de um final feliz..."


Claro que, para o Egipto, a letra teria de ser reescrita (censurada, como tudo o que se faz por cá). A frase em que se fala, inocentemente, em "chupar dropes de aniz" seria retirada da canção num segundo não vá o diabo tecê-las e o pessoal ficar todo maluco com desejos lúbricos.

Quantos "Diáconos dos Remédios" (Herman José no seu MELHOR, pleaseeeee....volta!) não andam por aí...

E o escurinho do cinema no Cairo não é o mesmo que o escurinho do cinema em qualquer outra parte do mundo, isso eu posso assegurar.

Eis o que caracteriza uma típica ida ao cinema na metrópole da Quinta Dimensão:

1. Crianças e adolescentes mal-educados que desafiam a paciência a um santo, saltando, gritando, brincando e falando ao telemóvel durante todo o filme!

Os putos árabes assumem o Nº1 do Ranking da Má Educação (Arábia Saudita leva a Taça para casa) mas os egípcios não se ficam atrás...

Parece que a sala de cinema é uma extensão da sala de estar da casa de cada um e nem os adultos nos poupam às suas conversas ao telemóvel e ruído geral com muita pipoca, bebidas e todo o tipo de comida avidamente consumida e, indevidamente, largada no chão assim que o apetite fica saciado.



2. Quem quiser usufruír da sensação de estar na Sibéria, sem ter de ir mesmo à Sibéria também pode ver um filme em qualquer sala de cinema do Cairo.

O ar acondicionado está, invariavelmente, no máximo da sua capacidade e é prudente levar uma manta e um casacão pesado forrado a lã de ovelha genuína. Um aquecedor portátil ou um saco de água quente também não serão de dispensar.

Caso estes adereços não façam parte da sessão de cinema, o querido amante cinéfilo corre o sério risco de morrer congelado ou, no mínimo, apanhar uma pneumonia que o deixará de cama durante umas semanitas (o que também pode ser um bom plano alternativo para pôr o visionamente de filmes em dia!).


3. A união faz a força! Este parece ser o lema dos vendedores de bilhetes de cinema de cá. Senão me creem, acompanhem a cena comigo:

Numa sala com 200 lugares, existem 20 bilhetes vendidos. Ora isto deixa-nos com um considerável espaço para esticar as pernas, estar à vontade, pousar os nossos sacos das compras na cadeira do lado, cruzar e descruzar os braços e gozar de silêncio. CERTO?



ERRADO.



Numa sala de 200 lugares, os vendedores colocarão os compradores dos tais 20 bilhetinhos juntos uns aos outros e eu não quero dizer perto uns dos outros. Eu quero dizer: COLADOS.
Uma pessoa a seguir à outra sem uma única cadeira vazia ao nosso lado. Uma bela ilhota de seres humanos amontoados num vasto mar de uma sala gigantesca vazia.Tem a sua poesia, por acaso até tem...

Então ali fica uma sala enorme vazia com um núcleo de 20 pessoas amontoadas, quase de braços dados e aos colos uns dos outros, acotovelando-se e enfiando sacos e mais sacos debaixo de cadeiras enquanto os fantasmas de outras épocas ocupam as outras 180 cadeiras vazias.
Isto terá a sua lógica mas eu não consigo ver qual.
Além da óbvia falta de espaço, isto implica que as tais conversas de telemóvel que duram para sempre são partilhadas com os companheiros de fila num verdadeiro "tête-a-tête" que pode levar o próprio Dalai Lama a uma explosão de pontapés indescriminados.
Já vi gurus indianos explodirem por menos que isto...(Fica AQUI o AVISO!).


Será uma técnica para evitar o congelamento do pessoal?

Campanha para eliminar os desastrosos efeitos da solidão e isolamentos humanos?!

Há para aí cada génio....



4. Reacções verbais, guturais e físicas a quase todas as piadas do filme em questão, mesmo às piadas sem piadinha nenhuma.



5. Quem queira ir ao cinema em busca de algum sossego e evasão (o meu caso), pode antes dedicar-se à plantação de kiwis à beira do Nilo.

Missão impossível.

Para além dos já mencionados incómodos, ainda existe o factor "OBSERVATÓRIO" e não me refiro à observação dos astros e constelações mas à observação do extra-terrestre que é o estrangeiro/a num cinema egípcio. Tenho de contar com mil olhos postos em mim, especados e fixos indefinidamente...como se eu tivesse uma cauda de pavão enfiada no "derrière". Já me habituei a ser vista como um extra-terrestre mas, ilusoriamente, sonho sempre que o tal escurinho do cinema me proteja dos mirones. Pois não, NÃO PROTEGE.

Confesso que nunca vi nenhum estrangeiro numa sala de cinema egípcia. Porque será?!



P.S. Se tiverem algum inimigo de morte de quem se queiram vingar, recomendem-lhe o filme que deixei a meio durante uma tarde consideravelmente enfadonha (o nome do filme-tortura é DESPICABLE ME).
Não antevejo melhor castigo...
Cairo, dia 16 de Setembro, 2010

"Por baixo do véu"

Oh....se contasse todas as histórias de vidas reais que por aqui andam, os meus queridos leitores teriam de me ler por 200 anos (sem pausas para xixis e refeições).

A realidade deste país ( e de outros que conheci no Médio Oriente) é demasiado louca para ser entendida, pelo menos segundo a minha mentalidade e valores.
ACEITAR a diferença sem tentar encontrar-lhe lógica ou julgar é um exercício de sobrevivência mental que faço todos os dias.
Já disse e repito: se vir um porco a andar de bicicleta, aceno-lhe com a mão, digo-lhe "se conduzir não beba" e desejo-lhe boa viagem sem uma ameaça de sobrolho levantado ou qualquer espanto.

Onde se encontra essa fronteira ténue entre uma mente totalmente aberta e flexível a qualquer i-a-lógica e o estado de loucura?! É que, se tudo mas TUDO começa a parecer-nos normal e aceitável, tornamo-nos numa espécie de loucos sem raíz nem rumo. Ou não???

Enquanto aguardo pelo início do meu maravilhoso filme - "Despicable me" - observo mulheres árabes de todas as idades consumindo faustosas refeições pagas pelos seus pais e maridos endinheirados e seduzindo, sem dó nem piedade, todo e qualquer ser que se assemelhe com um homem.

Detalhe curioso:
Estas mulheres estão cobertas com o famoso "hijab" (véu) e muitas delas estão totalmente revestidas com tecidos pesados que lhes deixam expostos apenas os olhos. Ui, ui...e quanto se pode fazer APENAS com os olhos?! Tenho aprendido umas belas coisas com estas mulheres...se tenho!

Mais uma vez, dou por mim a julgar, a condenar, a pensar de forma arrogante (talvez!) na falta de sentido em tudo isto que me rodeia.
Porque será que uma mulher se cobre dos pés à cabeça, sai à rua com ar recatado apontando o dedo a outras mulheres que não se cobrem como ela e depois se manda a homens como uma leoa esfomeada?! Porquê?
Cá para mim que nada sei, isto não faz sentido. Mas talvez faça, num outro mundo, noutras cabeças que não a minha, na consciência de mulheres que nasceram em circunstâncias distantes das minhas com uma imagem delas próprias que eu não chego a compreender.

Aos olhos destas mulheres, eu sou a devassa embora não seduza homem nenhum e me irrite profundamente com o assédio sexual de que sou alvo diariamente. Se soubessem que sou bailarina, esse estatuto de devassa passaria, directamente, ao estatuto de prostituta e advogada do Diabo mas são elas que se rebaixam à condição de mulheres-objecto, sedentas de atenção, de amor (cujo significado desconhecem) e de alguém que lhes devolva a imagem de quem são ou pensam que são.

Cada cultura com os seus enganos, tristezas e jogos de sombras...
E a minha mente expande-se e com ela o meu coração, aceitando aquilo que - outrora - julgaria inaceitável.
Cairo, dia 16 de Setembro, 2010

"Onde está o gajo, onde está???"

Ora vamos lá pôr as coisas de forma simpática, sim?!
Ser uma amante de muitas coisas num país onde não se ama quase, quase nada é um problema diário.
Um país em busca da sobrevivência onde a lei da selva cobre tudo e todos. Salve-se quem puder e, no meio do caos e da geral insensibilidade ao HUMANO, o AMOR perde-se. Fala-se de amor, canta-se o amor, dança-se o amor e fazem-se casamentos milionários em nome do AMOR mas AMOR, AMOR que seja REAL não existe ou é muito raro.

Para além de muitos outros amores que me passam pelo coração (entre os passageiros e os eternos), o cinema é uma daqueles amores e evasões sem as quais me custa viver.
Claro que também ajuda, por outro lado, viver no Egipto onde a vida real é tão, mas tão absurda e a rondar o estrambólico que nenhum guião de cinema se aproxima do que vejo nesta tela dos meus dias e das minhas noites.

No entanto, e indo directamente ao assunto que isto já me está a queimar por dentro, quereria saber quem é o génio que faz a selecção de filmes a serem exibidos no Cairo.
A minha veia diabólica vem ao de cima sempre que corro para uma sala de cinema, na esperança de ver um bom filme e distanciar-me da minha vida "egípcia" que tanto me ensina e me pesa.

QUEM É O GAJO? QUEM É?
Quereria saber...muito...apaixonadamente...

Ai queria, queria...e juro que o fazia comer as ervas daninhas do jardim da minha progenitora. Depois, muito de mansinho, obrigava-o a ver todos os filmes do Arnold Schwarzeneger e todos os programas de entretenimento da SIC (canal português que vocês têm por aí e que me choca, sempre que visito Portugal) produzidos nos últimos 5 anos. Tudo de uma só assentada.

É que é um desconsolo quando o melhor filme que consigo arranjar por cá se chama "Despicable me" e é composto de desenhos animados franceses. O desespero por ver cinema é tal que me rendo mas o desejo cego de encontrar "O GAJO", o tal...o dito cujo...é muita, muita, muita.

PS. (Esta é a minha fase dos P.S.s):
Para além da eventual secura do filme que vou ver daqui a meia hora, já sei - de antemão - que serão retiradas quaisquer cenas que se assemelhem a um beijo ou gesto de amor-erotismo-afecto-fisicalidade entre personagens. A censura egípcia também é daquelas que eu gostava de alimentar à boquinha, tipo avião vai e avião vem (cheio das supra-citadas ervas daninhas).

P.S. 2 (Eu avisei!):
A minha veia diabólica está em alta. Tenho de perguntar às amigas da astrologia se não será uma qualquer força escorpiónica que me está a levar à desgraça...:)
Cairo, dia 16 de Setembro, 2010

"SE NÃO É SUPOSTO DANÇARMOS,
PORQUÊ TODA ESTA MÚSICA?"

Gregory Orr,
Retirado do poema " To be alive",
Cairo, dia 16 de Setembro, 2010

Chuva de....revistas!

O meu vício número 1 é a leitura.

Hellooooo!!!!
(Se és alguém que segue os meus blogues, já te apercebeste disso).

Ele é livros em francês, espanhol, inglês e português (mais raros) e tudo o que cative o meu sobre-estimulado cérebro.
Não seria então de estranhar que me enviem de Portugal (obrigada, Pai!!!) umas revistinhas para matar as saudades às quais se uniram, de uma só tirada, as minhas publicações favoritas que consigo comprar aqui no Cairo.

Eis o que, neste momento, me povoa os olhos e a mente, de forma "light" mas tão prazeirosa:

1. Oprah Magazine.Acabadinha de chegar com o sugestivo título que tem tanto a ver comigo: "Own your power!".
My Nº1!

2. Psychologies, edição inglesa. Caríssima mas irresistível. Mais que tudo, uma revista com mensagens e imagens positivas que me elevam o espírito.

3. Vogue.
Esta vale pelas imagens. Os melhores fotógrafos do mundo criando mundos para este ícone da imprensa mundial. ADORO a doçura das suas páginas e o toque acetinado dos anúncios.
Cavalli em grande, o meu sonho de consumo ali, esparramado...em páginas e páginas de sapatos e roupa que são obras de arte.


4.Máxima, LuxWoman, Elle e VISÃO. Todas em português, selecção do meu querido pai que sabe que estes mimos me sabem pela vida...

Muito que ler...e saborear...porque a vida de uma leitora viciada não se compõe apenas de Shakespeare, Foucault e J. Luis Borges.
Cairo, dia 16 de Setembro, 2010

Maratona!!!

Testei e comprovei que o nosso corpo e a nossa mente se acostumam a tudo, por mais extenuante que seja a rotina a que os expomos.

Ontem à noite terminei, em grande (devo acrescentar), uma maratona de quase dois meses consecutivos de espectáculos diários sem um único dia de folga.
Aquilo de que me orgulho é de ter conseguido dar o meu melhor (e exigi-lo da minha orquestra) em cada espectáculo assumindo o valor irrepetível de um espectáculo e de todas as emoções partilhadas que o compõem.
Ser uma máquina aeróbica que repete movimentos sem significado ("hello actual Reda Troupe"!!!) é, relativamente, fácil mas manter a CHAMA ACESA em cerca de 80 espectáculos consecutivos num espaço de quase dois meses não é para todos.
Sinto-me orgulhosa no final desta maratona.De mim e dos meus "homens" (orquestra, pessoal, ORQUESTRA...não me imaginem já em altos bacanais românicos!).

No meio da maratona da qual me orgulho ainda tenho de frisar um mês de Agosto em pleno RAMADÃO e as afamadas audiências estrangeiras-turísticas que com ele chegam.
"Not my thing, really..."

No menu destas audiências que apanhei durante um mês inteiro, encontram-se tesourinhos deprimentes da seguinte estirpe:

1. Mil máquinas fotográficas e de filmar apontadas à minha cara e às zonas mais íntimas e improváveis do meu corpo. As máquinas substituem o olhar atento do público?! NÃO.
Frustrante.

2. Comida e até baratas espalhadas pelo palco. Siiimmmmmm....isto é possível. Não me perguntem como e que tipo de gente traz baratas nos bolsos mas..."yo no creo en brujas pero que las hay, hay..."

O perigo de eu pisar um destes presentinhos e me estatelar em cheio no meio do chão é enorme mas talvez isso faça parte do charme de uma bailarina, pelo menos no conceito do turista apressado que vem para encher a pança e olhar o rio Nilo.

3. Comentários ordinarecos de membros do público masculino.
Depois de conviver tanto com o divulgadíssimo chauvinismo do homem egípcio/árabe, surpreende-me que o estrangeiro (supostamente, mais educado e mentalmente aberto) bata aos pontos o seu predecessor das cavernas.
Que desculpa têm os italianos ou os espanhóis para serem tão mal-educados e assediarem a bailarina que ali se esfola para lhes dar um pouco da sua alma?!
Os homens egípcios, em oposição aos estrangeiros, conseguem apreciar a diferença entre uma ARTISTA e uma MENINA COM A BARRIGA À MOSTRA QUE ATÉ DÁ UNS TOQUES COM AS ANCAS...


4. Com o regime de jejum do Ramadão, os músicos e os técnicos com quem trabalho tiveram sempre desculpa ("ma non troppo" que eu devo ter uma costela militar!) para fazer o menos possível alegando cansaço extremo e tempos extra de reza.
Muita paciência e flexibilidade mental, muita, muita, muuuuuiiiiitttttaaaa............

5. O medo da polícia. Estamos no Ramadão, a dança é "HARAM" e basta.
Nem comento este tesourinho deprimente...dispensa comentários!

6.Outros contra-tempos de menor impacto que tornaram o Ramadão uma época festiva com sabor agri-doce.

Uffffff................
Hoje estou a recuperar o fôlego e é por isso que, depois desta maratona, me levantei às 9.00h da manhã (cedíssimo para quem regressou do trabalho às 2.00h da matina e só dormiu lá para as 5.00h!) e fui desanuviar para o ginásio.
Porque, afinal, o corpo também precisa de algum exercício (certo?).

Maratonas são para meninos...:)

P.S. Sim, tenho "pancada(s)" (já o admiti profusamente).