Thursday, August 29, 2013

Sangue abençoado (ou o regresso ao Útero-Coração)***

 
Saber-me feita - nascida e permanentemente renascida - dos elementos tem destas coisas (maravilhosas e nem por isso - como tudo o resto): sou limitada e ampliada pela matéria que pelas minhas mãos passa e que moldo, consoante vou sabendo*, que nem barro. As obras de arte - nas quais eu me encontro e que também sou - nascem assim: do barro saboreado com a boca, do ar que bebo, da água que como e dos frutos que respiro: a TERRA é em mim prisão e horizonte infinito.
 
Assim amanheci em sangue com a revelação de que era - sou* - Sagrada. O cálice que nas Igrejas se diz ser o "sangue de Cristo" visitou-me no banho, num desses momentos tão, aparentemente, ordinários e insignificantes que acabam por esconder o Divino.
O sangue menstrual, a dor da perda (renovação mensal, diária...perhaps!) que ele representa literal e metaforicamente: as DORES da Humanidade transmutadas, esvaídas a vermelho e TRANSFORMADAS em nova VIDA: assim me vi Deusa, anunciação que já se me inspirava e suspirava aos ouvidos. Pergunto-me: virá esta revelação do útero a que regressei?
 
Dornes foi  o nome do pretexto; Susaninha a mensageira-irmã que lá me (nos) levou: GRATIDÃO é o que sinto por ambas, por mim, por tudo (cá me perco neste Mar).
 
(Não) de repente, VEJO mais claramente que é no meu ÚTERO que navega a chave que buscava, quase distraída. O problema é que, enquanto a buscava, não poderia tê-la achado. É apenas no estado total de RECEPTIVIDADE (não de procura activa) que essa chave se me revela: é apenas regressando a este estado FEMININO do meu Ser (vejo o FEMININO como a CORAGEM de quem está ABOLUTAMENTE RECEPTIVA ao Universo) que a chave* me cai no colo, abrindo portas até agora desconhecidas.

O sangue - o meu - corre-me pelas mãos, numa dança antiga que conheço e amo, finalmente. As perguntas saltitam-me cá dentro, coágulos divinos que brincam num recentemente aberto parque infantil só para Iniciados:

Quantos corações temos? E onde? Sem saber mas SABENDO, vem-me à claridade: no ÚTERO, no SANGUE que me renova e chora a minha morte com tanto amor ancestral e sabedoria: SIM, no útero e do útero me renasço na Vida como na Arte e é a esse útero (o meu, no nosso*) que poderei, se quiser (e como quero) regressar sempre e quando o mundo me parecer distante e adverso; sempre e quando quiser CRIAR a partir da ORIGEM de TUDO, onde o TODO já existe e sempre existiu, esperando manifestar-se através das minhas abençoadas ancas e ventre - sacerdotes disfarçados de corpo.
É ao meu útero - essa "power house" que cria sem esforço e me mata e faz renascer tão frequente e generosamente - que regresso sempre e quando quiser CRIAR e, ao fazê-lo, RECRIAR-ME e RENASCER-ME a mim mesma.
 
Sorrio para o sangue que canta e dança dentro de mim; desapego-me dele, agradeço-lhe o movimento e o rio vermelho com que me tinge; aceito o novo dia, a nova hora, a nova EU que ele traz.
Neste útero (a Taça, o Graal) eu DANÇO, a partir de agora e mais do que nunca, por saber que é de casa e para casa que os meus passos vão: sábios, sensuais, da terra e do céu, com garras que escavam os subterrâneos (beijando seus vermes e coroando os seus pântanos) e asas que me levam aos céus - dentro de mim, de onde eu nunca saí.


 
A Magia acontece - fora e para além do que as palavras poderiam contar*.

Thursday, August 22, 2013

Pela primeira vez na Eslovénia!***

 
Da combinação de Saber, Amor, Intuição e muita Fé na Verdade que re-descubro pelo(s) Caminho(s) se constroem os meus sonhos. Se o cume da montanha me surpreende? Nem por isso pois é desse cume que (já) sou feita.
Mais uma honra, mais uma alegria que é, naturalmente, uma das gotas de água que jorram desta minha fonte: tudo está PERFEITO, em harmonia com o que É.
Ensinando na Eslovénia, pela primeira vez. Ainda que o futuro não me pertença (só o Agora é meu), sei como será: encontros feitos de PAIXÃO, DESCOBERTAS e a ALMA da dança egípcia que regressa ao mundo - allas! - depois de tanto tempo escondida por baixo de desertos e medos caducos.
 
Depois da Eslovénia rumarei à Rússia, depois a Inglaterra, depois, depois, depois...AGORA:
 
Bora lá, MUNDO!
 

 
Porque são infinitas as flores do(s) meu(s) Jardim(ns).

 

Sintonias*

Tuesday, August 20, 2013

Desafio para as minhas irmãs: MULHERES: DEUSAS***

A ideia surgiu de uma bela borboleta (de seu nome Susana Tomás); apaixonei-me (como não é de estranhar em mim) e mergulhei nas águas que ela me trouxe. Eis-me aqui, atirando o primeiro raminho de lenha para esta sagrada FOGUEIRA.

Que o Universo se encontra em profunda mutação nós sabemos - bem demais (ou não suficientemente?); que as Mulheres estão, finalmente, a relembrar quem são também me parece uma evidência ofuscante. Resta apanharmos este comboio e CRESCERMOS com a proposta que agora nos é oferecida de forma tão clara. No seguimento desse RENASCIMENTO do FEMININO, aqui coloco uma pedra singela, amorosa fundação de um novo castelo feito de União e Beleza. Espero que cada uma de vocês, minhas amigas, alunas, seguidoras do meu trabalho ou Mulheres-Deusas ainda desconhecidas, me acompanhem nesta Dança*.

O desafio - para já - é este:
DEFINIR, cada uma à sua maneira, o que significa
SER MULHER ou, simplesmente, FEMININA.
Cada uma de nós terá, imagino, a sua própria definição. O interessante é parar para pensar - e, melhor ainda, SENTIR - o que é que significa SER MULHER. Não me refiro ao que outros nos disseram que deveríamos ser (de forma a encaixarmos nos papéis que séculos de ignorância distraída ou cínica nos atribuíram) mas sim aquilo que NÓS, MULHERES, cremos* que somos ou que nos define e diferencia dos homens, nossos companheiros de Viagem.

Poderão enviar as vossas definições para o meu email: dancemagica@gmail.com ou para a caixa de mensagens do meu Facebook (se ainda não são minhas "amigas", adicionem-se ao meu perfil "Joana Saahirah II").
Aguardo-vos e abraço-vos.
J***.
"Aphrodite" by Briton Rivière - via Elizabeta de Lacanne


”Ela tem um desejo de mulher. Desejo de quê? Mas do Todo, do Grande Todo Universal.
(…)
A este desejo imenso, profundo, vasto como o mar, ela sucumbe, e deixa-se nele adormecer. Neste momento, sem lembranças, sem ódios nem pensamentos de vingança, inocente apesar de tudo, ela adormece na planície, confiante e entregue tal como a ovelha ou a pomba, descontraída e aberta, e se ouso dizer, apaixonada. ...

Ela dormiu e sonhou…o mais belo sonho. E como dize-lo? É que o monstro maravilhoso da vida universal, estava nela contido; e para lá da vida e da morte, tudo se mantinha no seu ventre e que ao fim de tantas dores ela deu à Luz a Natureza”

In « LA SORCIÈRE » - O LIVRO de Michelet

Via Rosa Leonor Pedro

Verão de Amor*

É dessa fonte (ou do sumo dessa fonte) que crias em mim que renasço e em mim renasce (também) a minha dança: redescoberta numa Humanidade que é mais Vénus, mais Lua, mais Eu (fora, dentro e para lá de mim).
É dos jardins que plantas nas minhas ancas que, enfim, relembro que Dançar não é aplauso, purpurina ou profissão de qualquer espécie mas apenas uma forma infantil, visceral e honesta, brutal e amorosa, vermelho e azul, bela e horrível mas tão HUMANA de dizer: AMO-TE*.
 
Golfinhos no horizonte (três, precisamente, brincando como nós: de mãos dadas e por cima dos ventos e das marés); pôr-do-sol que é só começo; as minhas pernas amarradas à tua alma com aqueles nós de marinheiro dos quais nem o mais hábil génio se desfaz, graças a Deus***
Não estivesse eu numa onda lunar (em estado de vulnerabilidade/receptividade TOTAL) e começaria a pular de preocupação: faltam-me palavras (ou a vontade que as anima) para descrever o que me tem acontecido - tanto profissional como pessoalmente. É como se as palavras não me bastassem ou se tivessem, de repente, revelado estéreis: não me servem ou satisfazem: deixam-me à toa, sedenta e esfomeada: ah, a realidade é tão MAIS do que aquilo que podemos tentar descrever!
Só assim te Amo: Luminosa, esperança de criança recém-nascida na ponta dos lábios, com olhos de amanhã e um coração que se ultrapassou a si mesmo e já anda por aí, livre e tresloucado, gritando que é teu e que em ti já morreu mil vidas apenas para vir a SER - sempre maior.
"Vieste na hora exacta, com ares de festa e luas de prata.
Vieste com encantos, vieste, com beijos silvestres colhidos para mim.
Vieste com a natureza, com mãos camponesas, plantadas em mim.
Vieste com a cara e a coragem, com malas, viagens, para dentro de mim.
Meu amor...
Vieste a hora e a tempo, soltando meus barcos e velas ao vento.
Vieste, me dando alento, me olhando por dentro, velando por mim.
Vieste de olhos fechados, num dia marcado, sagrado para mim.
Vieste com a cara e a coragem, com malas, viagens, para dentro de mim.
Meu amor..."
Ivan Lins

 




E, no entanto, a teimosa caprina que me sustenta avança por terrenos alagados e movediços: este Verão tem sido...tem sido...tem sido...(estão a ver?! Não me sai nada de nada...mais vale VIVER e deixar para lá esta mania de prender o eterno).

Deixo-vos com uma pequeníssima amostra do que tem sido um parênteses milagroso no meio das minhas eternas escaladas de montanha (felizes, vitoriosas, gloriosas no seu propósito para lá do brilho fátuo que os outros lhes reconhecem). Fico em silêncio, banho-me no mar - não me quero separar dele e o Outono que já me chama: ai! - e respiro fundo: sei que sou profundamente ABENÇOADA e SORTUDA: a Vida tem sido, MESMO, uma caixa de tesouros que se derrama sobre mim com incansável generosidade.
Uma vez mais, sinto* (e a palavra de Ordem, talvez a única que me sacia, é SINTO***) que as imagens falam por si, devidamente acompanhadas de refresco de limão, amoras silvestres frescas e um peito com aroma de TUDO onde recostar a minha (louca e lúcida) cabeça.


 


Ficará para sempre marcado na agenda da Eternidade: o Amor que é fôlego, suspiro, riso e festa desavergonhada: o NOSSO Amor, assim banhado - de surpresa - pela incerteza de um Sol que nos garante (apesar das ??? e dos sapos medos) que amar-nos não é circunstância mas estado do Ser. Por isso sou, te sou, te serei - vá eu por onde for.  
 
 
 
 
 


Friday, August 16, 2013

Recados: de irmãs para irmãs*

 
" Hace mucho tiempo las mujeres de las aldeas primitivas mens...truaban todas en la misma fecha, juntas.

Sabían que esos días eran especiales pues se encontraban más intuitivas, más creativas, más sabias.
Sangraban al mismo tiempo y no sólo estaban en sintonía sus cuerpos, sino que su energía femenina también se acompañaba, se alimentaba, se sostenía, fluía entre ellas y al ritmo de la naturaleza, circulaba...

Quiero detenerme en esta palabra:
CIRCULABA
CIRCULAR
CÍRCULO

Es desde ese inconsciente colectivo femenino y milenario, desde donde nace tal vez esta primigenia idea de reunirnos en Círculos de Mujeres, de sentarnos en ronda, para generar juntas este fluir de lo femenino.
Mucho tiempo después, la psicóloga junguiana Jean Shinoda Bolen nos regala su poético y sagrado libro "El Millonésimo Círculo", donde da un sustento teórico y vivencial a esto que ya viajaba en nuestra sangre desde siempre.
Es en este fluir circular donde las cualidades que como mujeres poseemos se fortalecen.
Es allí donde alimentamos y fortalecemos la comprensión, la intuición, la magia, la paciencia, la cooperación, la contención, la creatividad y tantos otros dones.

¡Por ello quiero invitarlas a que gesten su propio Círculo de Mujeres!

Un Círculo en el que puedan sanarse, cuidarse, acompañarse.
Un Círculo en el que puedan nutrirse para crear, enamorar, dar a luz, sostener, dejar partir, arremeter, crecer, amar.
Un Círculo para conectarse con sus otras hermanas.
Un Círculo para colaborar con el cuidado de la Madre Tierra y su sabiduría.
Un Círculo que se integre a la gran ronda planetaria de amor y conciencia.
Un Círculo... Una ronda, una luna, una panza embarazada,un planeta, una cereza, un mandala.
Un círculo de abrazos. Una estela infinita de corazones que se unen.

Aquí podrán compartir el material necesario para orientarse y crear su propio Círculo, concretando así este sueño de circular junto a otras mujeres, reunirse con su propia manada.
También podrás encontrar los distintos Círculos de Mujeres que ya están en movimiento, desplegándose y expandiéndose en cada rincón del planeta.

"¡Bailen su danza aquí junto al fuego sagrado!
¡Muestren el rostro de sus lunas!
¡Canten sus dolores y sus versos!
Vengan a parirse.
Vengan a parirse.
Vengan..."

©Germana Martin
Via: Rosa Leonor Pedro (Grupo "Em busca da Mulher Integral")

Sunday, August 4, 2013

Férias de Verão (!!!)***

"(…) Aqui tem você um conselho que lhe poderá servir para a sua filosofia: não force, nunca; seja paciente pescador neste rio do existir.
Não force a arte, não force a vida, nem o amor nem a morte.
Deixe que tudo suceda como um fruto maduro que se abre e lança no solo as sementes fecundas. Que não haja em si, no anseio de viver, nenhum gesto que lhe perturbe a vida. (…)"

- Agostinho da Silva, Sete Cartas a um Jovem Filósofo


 
E um PRESENTE divino* enviado pela minha irmã Susana Tomás.
Pérolas "for the Road":