O que se passa antes e depois de cada show acaba por ser tao ou mais importante do que o show em si mesmo. Todo o trabalho, pensamento, energia e criatividade envolvidos na criacao de espectaculos que devem ser renovados c
onstantemente (agradeco ao mercado do Cairo que assim cria uma maquina mais ou menos oleada de manufactura rustica de espectaculos) juntam-se aos ensaios, ideias de trajes que devem ser sempre novos e surpreendentes, programa e coreografias de bailarinos a serem construidas e uma fe imensa de que, apesar da total falta de apoios e de um mercado em decadencia, o meu trabalho tem uma repercussao no meu publico e dele recebera sempre aplausos sinceros. Por isso estou grata.
Estas fotos de camarins expressam um pouco desses momentos de nervos e excitacao em que me concentro, canto com a minha orquestra, ensaio os ultimos passos com os meus bailarinos e conto as anedotas mais parvas para ver se o ambiente se desanuvia e eu tremo um pouco menos. Nunca se perde o medo de falhar, de nao ser suficientemente talentosa, interessante, competente, bonita, carismatica, SUFICIENTE! Por mais provas de reconhecimento, elogios sinceros e percurso percorrido que se tenha, o medo de falhar nunca me deixa. Nada de bom ou mau, talvez um pouco dos dois. O medo de falhar obriga-me a crescer...
E estas sao imagens de um dos ultimos shows que fiz em Portugal. Nada de orquestra ou bailarinos, nada do meu querido publico egipcio mas muito amor em tudo o que apresento.
Uma jornalista perguntou-me, um dia, se o meu trabalho era pessoal. Claro que sim, sempre. Tudo, absolutamente tudo o que danco, coreografo, ensino, escrevo ou canto passa pela minha vida pessoal e da minha vida se alimenta. 


Nada me tem sido dado de mao beijada. Nada. A luta tem sido continua e sem treguas mas agradeco a Deus o talento, saude e coragem para tudo o que tenho vivido.

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