Saber-me feita - nascida e permanentemente renascida - dos elementos tem destas coisas (maravilhosas e nem por isso - como tudo o resto): sou limitada e ampliada pela matéria que pelas minhas mãos passa e que moldo, consoante vou sabendo*, que nem barro. As obras de arte - nas quais eu me encontro e que também sou - nascem assim: do barro saboreado com a boca, do ar que bebo, da água que como e dos frutos que respiro: a TERRA é em mim prisão e horizonte infinito.
Assim amanheci em sangue com a revelação de que era - sou* - Sagrada. O cálice que nas Igrejas se diz ser o "sangue de Cristo" visitou-me no banho, num desses momentos tão, aparentemente, ordinários e insignificantes que acabam por esconder o Divino.
O sangue menstrual, a dor da perda (renovação mensal, diária...perhaps!) que ele representa literal e metaforicamente: as DORES da Humanidade transmutadas, esvaídas a vermelho e TRANSFORMADAS em nova VIDA: assim me vi Deusa, anunciação que já se me inspirava e suspirava aos ouvidos. Pergunto-me: virá esta revelação do útero a que regressei?
Dornes foi o nome do pretexto; Susaninha a mensageira-irmã que lá me (nos) levou: GRATIDÃO é o que sinto por ambas, por mim, por tudo (cá me perco neste Mar).
(Não) de repente, VEJO mais claramente que é no meu ÚTERO que navega a chave que buscava, quase distraída. O problema é que, enquanto a buscava, não poderia tê-la achado. É apenas no estado total de RECEPTIVIDADE (não de procura activa) que essa chave se me revela: é apenas regressando a este estado FEMININO do meu Ser (vejo o FEMININO como a CORAGEM de quem está ABOLUTAMENTE RECEPTIVA ao Universo) que a chave* me cai no colo, abrindo portas até agora desconhecidas.
O sangue - o meu - corre-me pelas mãos, numa dança antiga que conheço e amo, finalmente. As perguntas saltitam-me cá dentro, coágulos divinos que brincam num recentemente aberto parque infantil só para Iniciados:
Quantos corações temos? E onde? Sem saber mas SABENDO, vem-me à claridade: no ÚTERO, no SANGUE que me renova e chora a minha morte com tanto amor ancestral e sabedoria: SIM, no útero e do útero me renasço na Vida como na Arte e é a esse útero (o meu, no nosso*) que poderei, se quiser (e como quero) regressar sempre e quando o mundo me parecer distante e adverso; sempre e quando quiser CRIAR a partir da ORIGEM de TUDO, onde o TODO já existe e sempre existiu, esperando manifestar-se através das minhas abençoadas ancas e ventre - sacerdotes disfarçados de corpo.
É ao meu útero - essa "power house" que cria sem esforço e me mata e faz renascer tão frequente e generosamente - que regresso sempre e quando quiser CRIAR e, ao fazê-lo, RECRIAR-ME e RENASCER-ME a mim mesma.
O sangue - o meu - corre-me pelas mãos, numa dança antiga que conheço e amo, finalmente. As perguntas saltitam-me cá dentro, coágulos divinos que brincam num recentemente aberto parque infantil só para Iniciados:
Quantos corações temos? E onde? Sem saber mas SABENDO, vem-me à claridade: no ÚTERO, no SANGUE que me renova e chora a minha morte com tanto amor ancestral e sabedoria: SIM, no útero e do útero me renasço na Vida como na Arte e é a esse útero (o meu, no nosso*) que poderei, se quiser (e como quero) regressar sempre e quando o mundo me parecer distante e adverso; sempre e quando quiser CRIAR a partir da ORIGEM de TUDO, onde o TODO já existe e sempre existiu, esperando manifestar-se através das minhas abençoadas ancas e ventre - sacerdotes disfarçados de corpo.
É ao meu útero - essa "power house" que cria sem esforço e me mata e faz renascer tão frequente e generosamente - que regresso sempre e quando quiser CRIAR e, ao fazê-lo, RECRIAR-ME e RENASCER-ME a mim mesma.
Sorrio para o sangue que canta e dança dentro de mim; desapego-me dele, agradeço-lhe o movimento e o rio vermelho com que me tinge; aceito o novo dia, a nova hora, a nova EU que ele traz.
Neste útero (a Taça, o Graal) eu DANÇO, a partir de agora e mais do que nunca, por saber que é de casa e para casa que os meus passos vão: sábios, sensuais, da terra e do céu, com garras que escavam os subterrâneos (beijando seus vermes e coroando os seus pântanos) e asas que me levam aos céus - dentro de mim, de onde eu nunca saí.
Neste útero (a Taça, o Graal) eu DANÇO, a partir de agora e mais do que nunca, por saber que é de casa e para casa que os meus passos vão: sábios, sensuais, da terra e do céu, com garras que escavam os subterrâneos (beijando seus vermes e coroando os seus pântanos) e asas que me levam aos céus - dentro de mim, de onde eu nunca saí.
A Magia acontece - fora e para além do que as palavras poderiam contar*.
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