Friday, October 30, 2009


Cairo, dia 30 de Outubro, 2009


"Varios caminhos vao dar a Roma e...ao CEU"


Eis um video que a minha querida (e quase delinquente, assim parece...) assistente conseguiu do espectaculo dos "Derviches do Cairo". Proibido filmar, assim foi anunciado no inicio do evento mas houve quem fizesse ourelhas moucas e, por isso, aqui esta um dos videos que se conseguiram. Ilegal mas tao fantastico que vale a pena ver pessoalmente quando se vier ao Cairo! Aqui fica a sugestao.


Um excerto da MAGIA:


Thursday, October 29, 2009

Cairo, dia 29 de Outubro, 2009

"Mais uns videozinhos caseiros para o meu pessoal...do Cairo, com amor..."

A minha assistente e amigos que se espalham pelos varios sitios onde actuo la vao juntando estes videos caseiros feitos com amor. Sigo com a esperanca de poder fazer - muito brevemente - uma BOA filmagem de uns quantos espectaculos meus para voces poderem usufruir de mais detalhes, beleza e refinamento. Aguardem!

Sigam os links e divirtam-se, a distancia:

http://www.youtube.com/watch?v=3R1n4cjIIak

http://www.youtube.com/watch?v=sNTUvCyv3-o


Cairo, dia 29 de Outubro, 2009


"Show de Derviches do Cairo e a alma do Cairo antigo"


O Egipto jamais tera fim para mim. Tesouro atras de tesouro, aqui vou desvelando as tantas verdades e riquezas que este territorio de alma imensa encerra.
Estou apaixonada. A cada dia que passa, apaixono-me mais e mais como se de uma obsessao se tratasse. Amor/odio, assim sera sempre a minha relacao com o Egipto que me acolheu.


Show de Derviches do Cairo, uma vez mais...
De braco dado com a minha assistente e dois amigos que desconheciam os terrores e maravilhas do mercado do "Khan El Khalili", la fui eu corajosamente para uma das zonas que mais evito devido ao barulho, rajadas de turistas que me incomodam de forma estranha e as melgas fantasticas que sao os vendedores daquele centenario mercado.








O show dos Derviches no Palacio "El Khoury" foi, como de costume, fantastico.
Alma, alma, alma. Aqui esta a definicao que encontro para descrever o que se passa todas as Quartas-feiras e Sabados naquele palacio magico em pleco coracao do Hussein.
Cada musico traz algo de unico e irrepetivel ao show e a cada nota eu subo ao ceu.
Mais uma prova que Deus ama a ARTE e que a ARTE sera sempre, contra ignorancia e preconceitos milenares, um veiculo de ouro para se chegar a ELE.

Panquecas egipcias e afins...
Nao podia deixar de levar o pessoal as panquecas egipcias com mel e "eshta" a mistura. Demasiado doces e absurdas. Tipicamente egipcias, portanto!




A minha assistente Nagle vestiu-se com uma roupa que a minha querida progenitora ( e poetisa do povo) lhe enviou dentro das minhas malas sobrecarregadas e andava feliz da vida pavoneando-se pelo mercado, sentindo-se uma Cinderela oriental.








Acabei com as maos pintadas de "henna", outra das minhas perdicoes. Tinha que ser!








Incenso, amuletos para o mau olhado, materiais para os meus trajes (pour moi e para outras bailarinas!), panquecas "take away" para comer mais tarde, alguns cds e dvds com musicas antigas e muitos risos. Os egipcios possuem o melhor e mais refinado sentido de humor do mundo!

Wednesday, October 28, 2009



Cairo, dia 29 de Outubro, 2009

“Pressa?!
Isso é doença cardiovascular que se apanha no Inverno?!”


Existem conceitos naturais e óbvios para uma cultura e totalmente estranhos e até incompreensíveis para outra. O conceito de “ter pressa” é um deles.
A qualquer momento, poderei escutar um egípcio dizer-me em inusitada surpresa:
“-Pressa?! O que é isso? Uma doença contagiosa?! Eh lá, é preciso ter-se cuidado com estas epidemias malucas que por aí andam...as gripes, agora essa coisa chamada pressa...”

Orientalistas do século XIX descreveram os árabes e os egípcios, em particular, sob uma luz pouco positiva mas sempre com atenção a um detalhe de suprema importância:
Deste lado do mundo, usufrui-se à séria do pouco que se tem.
Nunca vi povo que soubesse evadir-se tão bem como o egípcio nem apreciar os prazeres e os sentidos de que a condição humana é possuidora de forma tão elaborada e profunda.
Não há sentido de humor como o egípcio, não há languidez e tranquilidade despreocupada como à egípcia, não há ócio como o egípcio, não há capacidade festiva como a egípcia e, definitivamente, não há pressa!

*** Já desisti da presunção de saber mais ou melhor do que quem quer que seja.
Estou por tudo. Porcos a andar de bicicleta, extra-terrestres de todas as qualidades e feitios, nada mas absolutamente nada nesta vida me impressionará ou me fará regressar aos antigos padrões de julgamento.

*** Lidar com egípcios 24 horas por dia pode ser interessante, exasperante e puramente enlouquecedor. A adaptação aos seus valores e conceitos – estranhos aos nossos olhos de europeus ou ocidentais – passam por várias fases e penso que ninguém se habitua a 100% a todos os absurdos deste estilo de vida mas...faz-se um esforço, nem que seja para se sobreviver a um estado de senilidade ou demência precoces.

*** Simples viagem de táxi...
Aquilo que é uma simples viagem de táxi de cerca de 3 minutos torna-se, quando menos esperamos, numa longa e dolorosa espera sem fim.
Saio do ginásio a correr em direcção a casa, já atrasada e esbaforida, como sempre.
Penso em ir a pé e salvar-me do caos do trânsito mas considero que apanhar um táxi levar-me-á até casa mais rapidamente do que as minhas pernas (estas minhas intuições “lixam-me” quase sempre).
Apanho um táxi com um condutor tranquilo – bom sinal!? – e prestável. Sento-me com o cuidado de esconder pernas e decote para não atiçar a fera e rezo para que não apanhemos trânsito para chegar a casa rapidamente.

O Sagrado Corão ecoa dentro do táxi velho como a voz do Adamastor no fundo de uma cave, alertando os navegantes para os perigos e tentações da passagem de um canal importantíssimo para a história da Humanidade.
A voz que salmodia na cassete do taxista é zangada e a roçar a raiva. Por momentos, ponho a hipótese de pedir ao senhor que desligue a aparelhagem de som mas sei que isso seria uma ofensa – o Corão é sagrado – e quero chegar a casa sem precalços e depressa.

Reparo que o caminho tomado pelo taxista é mais longo do que aquele que, normalmente, tomo para regressar a casa. Pergunto-lhe porquê.
“Ah, sim...tenho de entregar um saco a uma vizinha minha e ela mora mesmo ali na esquina. É só um segundo...” – Diz-me ele sem o mínimo de preocupação pelo meu tempo ou...pressa.

A vizinha lança um cestinho atado a uma corda pela varanda a baixo e ele entrega-lhe a encomenda. O cestinho regressa à varanda de onde foi lançado e não há meio do taxista aparecer.
Abro a porta do táxi e olho em todas as direcções acabando por identificar o corpo gorduchinho do taxista prostrado em oração atrás do carro.
Abro a boca naquilo que deve ter sido a expressão mais admirada do Universo.
Ali está ele, pacificamente rezando sob o seu tapete (de onde surgiu o tapete?!) e deixando-me à espera sem um aviso nem pedido de desculpa.

A religião e os seus rituais formais são desculpa e justificação para TUDO no mundo árabe. Em nome da religião, TUDO ou quase tudo se faz e nada é mais importante do que rezar e cumprir os pilares descritos no Sagrado Corão.

Não sei onde estou – para poder sair dali e apanhar outro táxi – e não sei que dizer enquanto a Vossa Excelência reza à sua vontade.
Penso em tocar-lhe no ombro e despertá-lo para a “realidade”, lembrando-o que deixou uma cliente “pendurada” e com “pressa” esperando-o no seu abençoado veículo. Qual seria a sua reacção se o interrompesse em plena reza?! Não quero que me deixe ali no meio de nenhures numa altura destas em que já estou mais do que atrasada e sem ver quaisquer perspectivas de transporte alternativo.

Que fazer?!

É nestas alturas que maldigo a nação, a mentalidade, os costumes e tudo e mais alguma coisa. Eu tenho aquilo a que vulgarmente se chama PRESSA mas esse conceito é inexistente para o comum dos egípcios. Chega-se quando se chegar, nas calmas e apenas se Deus quiser.
Pontualidade é vista como uma excentricidade e correr em direcção a algum trabalho ou compromisso é olhado de lado como um sintoma claro de loucura.

O senhor lá se apercebe da minha agitação e resume o seu ritual, enrolando cuidadosamente o seu tapete e voltando a colocá-lo no porta-bagagens com uma calma que daria urticária ao próprio Dalai Lama.

“Eu tenho pressa e estou atrasadíssima, sabia?!” – Pergunto eu, esperando por um sinal de desculpas ou compaixão para com o meu drama pessoal.

“Pressa?! Sim, sim...vamos já a caminho. Só um segundo...é só um segundo...”- Responde ele com a mesma placidez de antes.

“Grrrrrrrrrr...” – Eu, eu, eu, eu.

Voltámos à estrada numa velocidade que não devia rondar nem sequer os 30kl/ hora e eu pedindo que se despachasse porque estava com pressa. PRESSA.
Nada a fazer!
O senhor fez um voto de que hoje, hoje mesmo, enlouqueceria uma estrangeira e testaria a sua paciência. Assim o fez, cumpridor do seu voto.

A viagem que poderia ter demorado 3 minutos, acabou por demorar mais de meia hora.
Por mais ofegante ou “stressada” que eu pudesse mostrar-me, o taxista não se deixou afectar pela epidemia da “pressa” nem por um segundo.

Onde começa e acaba o respeito pelas diferenças?!
O que era mais importante:
O cestinho da vizinha e a sua reza ou os meus compromissos?

Sim, podemos argumentar que o senhor me estava a prestar um serviço pelo qual estava a ser pago e que, por isso, devia cumprir o seu trabalho e só depois sentir-se livre para rezar, meditar com os anjinhos ou destribuir pepinos e alfaces pelas vizinhas todas do seu bairro.
Mas, num país como o Egipto, o dever religioso está acima de qualquer outro e, como ninguém costuma andar à pressa, imagina-se que ninguém – incluindo eu – tem de cumprir horários.
Eu sou apenas mais uma excêntrica que detesta esperar e fazer outros esperarem por mim. Os egípcios olham para gente “comme moi” com o olhar condescendente de quem tolera um maluquinho (“aqueles estrangeiros são obcecados com as horas!” - afirmam os meus compatriotas egípcios nas costas da estrangeirada).

Observei a minha respiração ofegante (lá se vão os benefícios do Yoga...) e a minha aura de irritação extrema que me deve ter rodeado de uns tons negros de meter medo ao susto.

“Isto tem de parar. Não me vou irritar assim por causa de um taxista! Respira fundo, Joana. Respira.” – Afirmei eu para mim mesma.

Lutar contra este sistema nas suas mais diversas frentes é, quase sempre e irremediavelmente, uma batalha perdida.
O conceito de pressa, como o conceito de perfeccionismo ou franqueza são estranhos à esmagadora maioria dos egípcios e árabes.
A simples acção de PENSAR ou QUESTIONAR é considerada “haram”, especialmente se aplicada por uma MULHER.
Já deixei de julgar aquilo que não compreendo e vou aprendendo a deixar-me levar pela corrente em coisas menores.
Sem deixar de ser aquilo que sou, no mais essencial de mim mesma, tenho de curvar-me um pouco e aceitar tanto do que não posso mudar.
Estou a caminho...

Tuesday, October 27, 2009




Cairo, dia 28 de Outubro, 2009


"Buscando dentro e fora de mim própria"


Quanto mais sucesso Deus me oferece, mais sinto que é dentro de mim - e não tanto fora - que encontro o que me trouxe ao Egipto.



Alma, subversão, criatividade e AMOR transmitidos através de uma dança tão incompreendida.



Tal é a minha missão e objectivos maiores, para lá do meu próprio Ego.

A excitação de receber tanto reconhecimento e carinho por parte do público mais difícil do mundo (o egípcio!) dá-me uma injecção extra de energia e vontade de evoluir.
Como se já não bastasse ser a bomba atómica que me chamam - com razão - consigo acumular extra neurónios, extra energia e extra urgência de "rebentar" com o que está estabelecido e ir mais além.






Como sempre, esse sentido exacto de Deus que carrego em mim, o apoio de alguns - raros e valiosos - amigos e da minha família PLUS o meu querido público que me abraça nuns braços maiores do que o mundo, TUDO isso me dá forças e me torna imune a todas as mordidelas de cobras que só me atacam nas costas (como é próprio das cobras e dos cobardes).


Assisto a toda a maldade que a mim é dirigida com um ar de indiferença e até gozo que me dá a aparência de arrogante. Já nada me importa.

Como digo frequentemente, "os cães ladram e a minha caravana passa" .
E passa rapidamente.


Saber discartar o que não interessa e quem não interessa das nossas vidas é uma Arte pouco valorizada mas cada vez mais essencial para mim.






Alimentar-me por dentro e por fora com aquilo que me traz Paz, Prazer e Evolução e nunca perder o meu tempo com assuntos ou pessoas que não o merecem. Eis uma das lições que tenho recebido e colocado em prática com tremendo sucesso.


Ultimos dias express:


  • Novos "tableaus" em que a Dança, a Representação e o Canto se unem numa mistura explosiva que me cai que nem uma luva. A fera encontra-se no seu "habitat" natural...A minha orquestra desejando estrangular-me porque os forço a trabalharem a sério e não admito erros repetidos. Não sei se aqueles senhores que ali tocam para mim todas as noites me veneram ou me detestam. Provavelmente, um pouco dos dois!


  • O Outono chegou, finalmente, ao Cairo. Depois de alguns intrépidos dias de sol e da esperança louca de que estes raios de luz se estenderiam para sempre, lá começaram a cair as folhas das raras árvores empoeiradas do Cairo.Frio e melancolia, nada a ver comigo. Oscilo entre os sorrisos sinceros e a depressão. Onde está o meu Verão? Sou como os ursos. Devia hibernar quando o frio chega.



  • Vários "complots" e tricas construidas à minha volta. Todas elas caindo em saco roto pois quem não deve, não teme. Peço a Deus toda a sua protecção e ajuda. O incenso e as meditações rápidas têm ajudado, I guess...









  • Mais uma proposta indecente de um cavalheiro que requisitou um show privado pelo preço que eu quisesse cobrar! Lá se vão umas férias nas Caraíbas cá para a menina porque mandei mais um marmanjo de bigode dar uma volta ao bilhar grande. Dava-me imenso jeito ganhar uns milhares de dólares numa hora mas não é trabalho para mim.
  • Bye, bye, Caraíbas!

  • Pernas e braços e todos os ossinhos existentes e imaginários no corpo humano doendo e doendo...nem as mesinhas da minha assistente me salvam. Tento esquecer que não é saudável dançar ininterruptamente noite atrás de noite...tento esquecer porque sabe tão bem...

  • Buscando novas músicas - como é habitual - com o cantor da minha orquestra. Procurando, procurando exactamente o quê?!
  • Retomando o Yoga. Tinha de ser! Apenas uma forma de evitar demência precoce no meio desta cidade louca que me desafia.

Friday, October 23, 2009





Cairo, dia 23 de Outubro, 2009



"Humanidade pura"

Humanidade pura através das acções sábias de uma chimpanzé que adoptou dois tigres bebés como se fossem seus próprios filhotes.




Aceitação total, generosidade e amor puro e universal. Esta mãe coragem cuida e ama estas crias que não lhe pertencem como se fossem suas não as distinguindo pela sua raça ou grau de parentesco para consigo.




Afinal quem é mais humano, somos nós ou os animais?!








A própria noção de Humanidade evolui. Tem de evoluir.




E NÓS também.


Cairo, dia 21 de Outubro, 2009

“Fazer a DIFERENÇA”

Fazer a diferença ou aquilo que ainda não foi feito tem sido a minha mais recente e audaciosa obsessão.
Definimos o sucesso de várias formas e confesso que, para mim, este começou por ser “apenas” a aceitação e entusiasmo entre o público árabe/egípcio mas acabou por se ampliar abrindo portas para um propósito maior, algo que me transcende.

Quero fazer a “Diferença”, não me serve apenas o SUCESSO que é maravilhoso em si mesmo mas que não justifica tudo o que tenho enfrentado em prole da minha ARTE.
Conseguir emocionar quem me vê actuar (nem sempre o consigo e, quando assim é, sinto-me frustrada mas sei que não sou perfeita e então sigo adiante sem demasiados remorsos). Conseguir tocar a ALMA de quem vem aos meus espectáculos na expectativa de ver mais do que uma regular “belly dancer”.
Conseguir, através do meu trabalho, mudar um pouco de uma mentalidade bruta e reprimida que vê na minha profissão apenas uma fantasia para agradar à líbido masculina.

Sonho sempre em grande. Será defeito ou feitio?!
Em todos os grandes sonhadores existe uma parcela de loucura. Eu não sou excepção. Tenho de admiti-lo.

A minha mudança de malas e bagagens para o mundo árabe foi de tal ordem inusitada e arriscada que, no fundo, só podia dever-se a algo GRANDE. Ninguém – penso eu – dá os passos que eu tenho dado apenas por querer ser bem sucedido enquanto artista.

Existe uma missão em mim e, neste momento, sinto-me prenha de LUZ, ideias, sabedoria e material para poder dar passos mais reais na direcção daquilo que me trouxe ao Egipto.

Os espectáculos das últimas noites foram, simplesmente, mágicos. Começam mesmo a faltar-me palavras nos idiomas que conheço para definir o que tenho vivido ultimamente. Terei de inventar uma nova linguagem para expressar-me?! Sinais, sons apenas compreensíveis por mim e pelos anjos, talvez um simples silêncio que nada diz mas que resume TUDO o que importa dizer...

Existem momentos de dúvidas e insegurança. Frequentemente, penso para comigo: “Saberei eu o que estou aqui a fazer?! Eu sei DANÇAR?!”
Isto soa esquizofrénico mas é a embaraçosa verdade.

Estreei um novo programa no “NILE MAXIM” e lancei-me, a todo o vapor, cantando em árabe, representando um pouco e dançando cada vez mais do coração e da alma. Menos da mente.
Menos mente, menos mente, digo para mim mesma.

Esta dança revela-se, a cada dia, a arte mais difícil de dominar.
Um desafio constante. Um enigma.
Os meus músicos admiram-se de conseguir gerir a dança, o canto e a representação de forma, aparentemente, tão fluida e fácil.
Representar e cantar sempre me pareceram divertidos e fáceis.
Dançar NÂO. Aqui está o DESAFIO e parte da minha paixão quase cega pela dança vem do facto de eu ver nela a minha mais alta montanha a escalar.
Quero superar-me.
Em tudo.

Quando chegamos a um patamar onde o público nos considera uma “expert” na matéria, olhamos para a frente e vemos o quão pouco sabemos e o caminho que ainda há a percorrer.
Aterrador e excitante.

Cresce em mim, novamente, uma inquietação.
Fazer o que ainda não foi feito. Digo para mim mesma mil vezes e não me canso.
Existe um martelo e sinos ressoando no interior da minha mente pedindo para abrir portas que ainda não fazem parte da minha casa.

Só Fernando Pessoa me poderia compreender. J
Defino-me, cada vez mais, como pura INQUIETAÇÂO.



Cairo, dia 20 de Outubro, 2009

“De momentos assim se faz a vida do lado de cá”

9.30 – Acordo em sobressalto e exausta porque cheguei tardíssimo dos espectáculos de ontem à noite, não dormi o suficiente e o alarme não tocou!

10.00h – Saio de casa a correr e passo pelo “Cilantro” para comprar um sumo, qualquer coisa que me faça lembrar que mais um dia teve início.
No caminho para o ginásio, procuro o céu, as folhas das árvores, os gatos, os cães e as borboletas. São estas as coisas que me interessam na rua e nunca deixo de me admirar pela forma tonta como os busco e observo, mesmo quando estou com pressa.
Ignoro os piropos ordinários dos homens que por mim passam. Há dias em que consigo virar-me para dentro e fingir que as palavras ordinárias de reprimidos com vidas vazias não são mais do que insignifcantes formigas passando por mim.

11.00h – Aula de Yoga no ginásio que frequento.
Entro no vestiário das mulheres e observo como uma rapariga egípcia ajeita o seu “hijab” antes de treinar (mesmo na zona reservada a mulheres apenas). Imagino como deve horrível praticar desporto com a cabeça e ombros totalmente cobertos e pergunto-me qual será a necessidade de cobrir-se num espaço em que só se encontram mulheres?!
Há coisas que já – quase – desisti de tentar entender.

Chego esbaforida e desintegrada à aula de Yoga. Todo o contrário do que deve ser o Yoga, segundo a instrutora que o apresenta como UNIÃO e procura da VERDADE.
Lindo!

Para mal dos meus pecados, esta aula é aberta a homens e mulheres. Já me habituei às zonas segregadas no ginásio, nas mesquitas e no metropolitano. Homens de um lado e mulheres do outro.
Sei que soa horrível e tacanho admitir isto mas confesso que, num país como o Egipto, usufruir de zonas segregadas nas quais sei que não vou ser sexualmente assediada (à partida) é um alívio.

A instrutora adverte o pessoal para se centrar apenas em si mesmo e na própria respiração e eu senti, desde início e quando ela referiu um singelo “não fiquem especados a olhar para a vizinha do lado, centrem-se em vocês mesmos”, que os avisos não seriam eficientes.

Tenho um rapaz de óculos obtusos (tem aspecto de ser saudita) colado ao meu “derriére” e mais dois egípcios colados a outras zonas do meu corpo que nem vale a pena mencionar.
Não me escapo do assédio na aula de Yoga. Os avisos da instrutora cairam em saco roto, como eu previra.
Enquanto executo, em toda a minha plenitude, a posição do guerreiro, dou de caras com o saudita de óculos obtusos que me faz “olhinhos”.
Por momentos, ponho a hipótese de uma irritação ocular, talvez um mosquito que conseguiu passar pelos pórticos aterradores daqueles óculos fundo de garrafa e o atormenta, desafiando-o no seu intrépido caminho para a Iluminação.
Naaaah........ nada disso! Apesar de eu querer acreditar na evolução do espécime masculino, isto é um clássico episódio de “olhinhos à moda saudita” (diferente em estilo dos “olhinhos à moda egípcia ou libanesa” mas semelhante em objectivos pretendidos e na irritação que em mim provoca).

Tento direccionar o meu olhar de forma diferente para dissipar o clima de “terror-romance” entre mim e o saudita. Dou de caras com um egípcio que me espreita o decote (a posição do guerreiro é mesmo jeitosa para miradouros).
Para onde olhar?
Como não perder o equilíbrio quando me vejo mal dormida, mal acordada, sem comer e com a irritação de ser assediada numa aula que eu frequento, precisamente, para me acalmar e centrar?!

Uma mosca pousa-me no nariz. A instrutora continua a pedir – já quase em desespero – para cada um olhar para dentro de si mesmo ( “esta rapariga é uma sonhadora à séria”) e para usarmos as “distracções” como desafios à nossa capacidade de concentração.

Vamos a isso...

13.30h – Regresso a casa correndo, para não variar.
Almoço à pressa, tomo banho, maquilho-me, arranjo os cabelos e perfumo-me até ao fundo da minha alma. A rotina do costume. Tento que nada disto me soa a “deja vu”. Agradeço a Deus poder estar a preparar-me para fazer o trabalho que mais amo. Nada disto é usual ou pequeno.
Respiro fundo.

15.30h – Chega a minha assistente com queixas sobre a sua família e recontando o drama que é viver com uma filha egípcia de 18 anos que se quer casar e não sabe como. Parece que a rapariga, já com 18 anos e ainda solteira, teme ficar para tia. Já está quase a passar do prazo de validade e ela sabe bem disso.
Tanto ela como a sua família andam à caça de noivo e todos levam essa tarefa muito a sério.

O telemóvel – que anda, normalmente, com a filha casadoira – toca de cinco em cinco minutos, cortesia dos rapazes/homens ( e super religiosa) que lhe ligam para combinar encontros furtivos ou apenas para passar o tempo vazio ao telefone.
Um dos telefonemas chega de um homem que ela conheceu no metropolitano e com quem trocou, de imediato, números de telefone.
Eu a fugir deles e esta rapariga casadoira atrás deles!
Eu a dar-lhes sapatadas quando se atrevem a tocar-me ou a mandar um piropo mais picante e esta aspirante a freira a persegui-los e a trocar números de telefone em segundos.

Eu, a devassa bailarina que representa o “haram” e a vergonha da moral feminina, abençoando a zona reservada só às mulheres.
A rapariga casadoira, coberta com o “hijab”, conservadora e grande opositora ao trabalho ínfame da sua mãe que suja as mãos e a alma ao trabalhar com uma “RAKASAH” (“Bailarina”, em árabe), correndo atrás de homens no metropolitano e rezando a Alá para que homens e mulheres se misturem no metro em festas de regabofe e folia de origem variada.

Irónico.
Adoro o Egipto!

17.30h – Chegamos ao trabalho.
Acende-se o “boukhour” (incenso), faz-se o chá e preparam-se músicos, adereços e eu mesma tentando que o meu cansaço e sono não transpareçam nos espectáculos de hoje.
Respiro fundo.

Tres espectáculos seguidos e dois pares de sapatos partidos ao meio graças ao poderoso efeito do “mau olhado”. Um fantástico trambulhão em palco graças a um dos sapatos que se abriu ao meio como o Mar Vermelho em histórias bíblicas. Muitos aplausos e momentos de extâse, apesar de tudo.

23.00h - Corro para comprar um novo par de sapatos para o último espectáculo da noite. As ruas de Zamalek estão apinhadas de gente e as lojas estão abertas até muito tarde. Esqueçam Nova Iorque, o Cairo é a verdadeira cidade que nunca dorme!

Os carros apitam e gritam de forma irritante.
Escolho uns sapatos num par de minutos e regresso ao trabalho.
Abençoamos os novos sapatos e a mim mesma com mais incenso.
Isto de viver no Egipto despertou-me uma veia supersticiosa que desconhecia possuir.

Chegam-me casais com bebés ao camarim para tirar fotografias comigo, antes e depois do último espectáculo da noite.
Sorrio, feliz e exausta. Tenho paciência e sinto prazer em dar atenção às pessoas que com tanto carinho me vêm ver. São elas que dão sentido a tudo o que faço.

Mais chá, mais incenso, mais bençãos em português, árabe e na linguagem silenciosa da Alma que me protege, acima de todas as invejas e maldade alheias.

1.30h – Regresso a casa.
Um amigo telefona-me e diz que me espera com o restante grupo do costume. Teria eu energia e disposição para ir ter com eles?! Estão todos à minha espera, acrescenta ele.
Não tenho energia para tal. Preciso do meu silêncio, da paz da minha sala mergulhada de alguma inércia e conforto. Preciso de encontrar-me, nem que seja apenas por algumas horas, antes de deixar que um novo dia amanheça.
Acender uma vela no quarto. Abrir todas as janelas e deixar o ar correr e limpar a casa e, quem sabe, aquilo que em mim também precisa de ser limpo.

Assimilar as palmas que recebi, todas as emoções vividas e até o efeito do mau olhado de que fui vítima. Preciso de entender o porquê desta noite e quais os próximos passos a dar na direcção do crescimento.
Preciso de carregar no botão: PAUSE.


Vejo as luzes da cidade resplandescentes e ao rubro. Fecho os olhos e sinto o ar fresco da noite quase Outunal tocando-me as faces cansadas.
Revejo, mentalmente, os melhores momentos da noite e toda a atenção que me foi dada. O apreço, o reconhecimento de qualidades que nem sempre vejo em mim mas que o público consegue identificar e, graças a Deus, amar.
Todos procuramos quem nos aprecie e ame. Todos nós.
A minha arte é um pretexto para satisfazer essa procura.

2.30h – Chego a casa.
Esvaziar malas e estender traje atrás de traje completamente encharcados em suor e prazer.
Canto no chuveiro. Ensaio o meu próximo “desafio”. Penso em como o cantarei e dançarei. Páro a meio do ensaio molhado. Há que PARAR e silenciar para voltar a criar com frescura e verdade.
Adormeço em paz.

Cairo, dia 18 de Outubro, 2009

“Buscando inspiração, buscando respostas”

Existe todo o género de compulsão.
Eu tenho as minhas e a maior dela é a PROCURA.
À PROCURA vêm associadas uma curiosidade imensa (sou pior do que os gatos!), uma urgência de saber e COMPREENDER o UNIVERSO dentro de mim e à minha volta.

Dou comigo buscando Sabedoria por todos os meios disponíveis. Um amigo, um estranho, uma árvore ou um avião. O vento que passa e me suspira ao ouvido, uma folha de jornal, um beijo inesperado ou um abraço de inimigo.
Dou comigo a correr para o tempo e espaço de quem tenha algo valioso a ensinar-me.

Sou viciado em APRENDER. Busco respostas na vida, nas consequências, nos livros e nos mares.
Se alguém tem algo a ensinar-me, torna-se irresistível aos meus olhos. Para ele corro como se um íman nos atraísse mutuamente.

Descobri, recentemente, que não corro sequer pelo sucesso ou pela realização dos meus sonhos apenas mas, essencialmente, pelo desejo eternamente insatisfeito de querer SABER.
Conhecer-me a mim e aos Outros. Aprender a perdoar e a razão porque Hitler existiu.
O que nos separa e o que nos une.
Aprender. Simplesmente.
Cairo, dia 17 de Outubro, 2009

“Mulheres que amam demais “

Aqui está um livro que eu recomendo e que, à partida, eu própria julgava não ter nada a ver comigo:
Mulheres que amam demais, da autora Robin Norwood

Agradeço à Susanita pela perspicácia na recomendação deste título, uma vez que nunca me consideraria uma “mulher que ama” demais. Continuo a pensar que o título é enganoso e não muito adequado ao verdadeiro tema do livro mas rendo-me às evidências e a uma leitura que acaba por ser como uma auto-análise e uma revisão pessoal (potencialmente terapêutica) das minhas relações a todos os níveis.

A premissa da qual o livro parte baseia-se na teoria de que tentamos – consciente ou inconscientemente – recriar nas nossas relações amorosas adultas aquilo que vivemos na infância com os nossos pais. Estas acabam por ser um espelho dos papéis que tivemos de desenvolver enquanto crianças face aos desafios ou felicidade do que vivemos junto da nossa família mais chegada.

Sendo eu própria a Rainha da Auto-Análise, dei comigo a relembrar o melhor e o pior da minha infância e a encontrar relações com as minhas relações actuais.
O conceito ainda me deixa um pouco confusa mas admito que faz sentido (assustador!) e que vejo, uma vez mais, que nos relacionamos – na maior parte dos casos – com alguém que vá tocar nas nossas feridas mais profundas e não com quem nos complementa.

As relações humanas são fascinantes e complexas. Este livro acende uma pequena – mas importante – luz sobre aquilo a que chamamos AMOR.
VALE A PENA LER.
Cairo, dia 15 de Outubro, 2009

“Descobrindo Nawal el Saadawi”


A vida no Egipto pode ser tudo mas jamais aborrecida ou desinteressante.
Um país em ponto de ebulição –graças a condições económicas, políticas e sociais adversas que já vêm de há muitos anos – que tenta, entre risos e músicas de evasão, encontrar o seu lugar no mundo sem perder aquilo que o torna tão especial.

Viver no Cairo é extenuante e pode levar os nervos de um santo até à hora da morte apenas num segundo. Apesar de tudo, esta tornou-se a “minha cidade” (Nova Iorque em segundo lugar no trono das minhas cidades predilectas) e com ela chegam novidades e surpresas todos os dias.
Sinto que entrei na anciã toca do Ali Babá e que dela jamais sairei. Os tesouros são incontáveis e aqui vou desenterrando pérola atrás de pérola, diamantes jorrando das paredes como se de gelatina cintilante se tratasse.
Não posso deixar de amar esta cidade, este país.

Entre as minhas constantes buscas e achados encontra-se a senhora NAWAL EL SAADAWI, médica, escritora e guerreira pelos direitos da Mulher no Egipto. Autora de vários livros (desconheço se estarão traduzidos em português) e presa, castigada, exilada do seu próprio país pelo simples crime de “pensar e questionar” aquilo que se mantém silenciado pela esmagadora maioria das mulheres árabes que, ainda hoje e de várias formas directa ou indirectamente observáveis, vive uns degraus a baixo do pedestal em que o homem (com “h” minúsculo) se instalou.

Enquanto a persigo tentanto arrancar-lhe uma gentil entrevista, vou descobrindo os seus livros e tudo o que posso apanhar sobre a sua fantástica história de vida.
Conhecer esta personagem real inspira-me como só os heróis das histórias de encantar podem inspirar uma criança.
Ler sobre o que ela viveu e as dificuldades que enfrentou – haverá coisa mais bela do que uma mulher corajosa!? – faz-me pensar no quanto já passei nas forças que ainda tenho em mim amarzenadas para as batalhas que virão.

Saber que existem mulheres egípcias (Nawal el Saadawi não é a única “feminista” egípcia a ter feito a diferença nesta sociedade patriarcal e chauvinista) que vão contra a forte corrente desta mentalidade que teme e reprime as suas mulheres é um sopro de esperança e fé que volto a ganhar no poder do FEMININO.

Enquanto leio sobre ela, cresce mais em mim o orgulho de ser mulher.
Sugiro que investiguem (na internet, nas livrarias) o nome e percurso desta senhora. Vale a pena conhecer quem nos inspire e daí retirar alguma LUZ para nós próprias.
As mulheres deviam unir-se e aprender da força e talento umas das outras ao contrário de se perderem em invejas inúteis.
Cairo, dia 13 de Outubro, 2009

“O poder dos eternos primeiros passos”

Sempre que vou a Portugal retomo os meus rituais de corrida ao pôr-do-sol.
O Cairo é uma cidade impossível para “jogging” ao ar livre (excepto para quem tenha o bizarro desejo de obter uma doença pulmonar em tempo “record”) e correr numa passadeira no ginásio não se compara aos meus rituais de meditação em movimento.

Estes rituais presumem que eu corro rodeada de árvores, relva fresca e ar puro e um céu que se derrete em tons quentes dando lugar à lua ainda tímida. Se os cães vierem comigo, o panorama encontra-se perfeito.
As primeiras vezes que corro, após cada regresso do Cairo, custa-me manter o ritmo de corrida que quero durante a hora inteirinha em que dou ao “pernil”.
Quando olho em frente, lá longe no horizonte, e constato o quanto ainda me falta para terminar o circuito que criei para mim entro em pânico e penso em desistir.
Como conseguirei correr “isto tudo” que ainda tenho pela frente se já estou exausta e ainda cá estou atrás, tão longe de atingir a minha meta?!
Sendo uma fanática “anti-desistência” e anti cobardia, a simples ideia de enfraquecer e não realizar a tarefa que propus a mim mesma está fora de questão.

Num destes momentos de “quase desistência”, descobri uma técnica simples que se aplica na corrida e na vida e que pode fazer a diferença entre um sonhador que realiza, de facto, os seus sonhos e um perdedor crónico.
Em vez de olhar em frente e para o percurso que ainda falta percorrer, concentro-me APENAS no passo que darei a seguir. Passo a passo, toda a minha atenção concentrada somente nesta perna que se levanta e avança.
Um passo apenas. Um passo atrás do outro sem que a meta final me pese na mente ou no coração.

Descobri que, tanto na corrida como na vida, concentrar-me APENAS em cada passo dado é meio caminho andado para atingir a meta que propusemos a nós próprios.

Sunday, October 18, 2009


Cairo, dia 18 de Outubro, 2009

"Partida em pedacinhos e feliz"

Ahhh...como descrever os espectaculos das ultimas noites?!
Impossivel.

Existem coisas que nao foram feitas para serem descritas em palavras.
Voces precisariam ter la estado para compreender aquilo que as palavras sao fracas ou, simplesmente, inuteis para expressar.
Um novo e incrivelmente bem sucedido "tableau" onde danco, represento e canto em arabe que me deixou sem folego, a mim e ao publico, pelas melhores razoes.
Um trabalho que desejava fazer ha anos e o inicio de um profundo sentido de realizacao pessoal e profissional (os dois confundem-se em mim) que vem de estar a fazer quase, quase, quase exactamente aquilo que eu mais desejava fazer artisticamente.
Queremos sempre mais, parece-me. Quando atingimos o 5 andar, sonharmos subir ate ao 7 andar...esta insatisfacao tera fim?!

Quao grata estou pelas bencaos que em mim tem sido derramadas... :)
Nada vem do nada, bem sei. No entanto, nao posso deixar de estar grata.

Idiossincracias e alegrias:
A minha vida no Cairo combina ingredientes explosivos.
Alegrias e profundas momentos de extase com dores de cabeca e desilusoes constantes.
Gerir os contrastes constantes proprios da vida tem vindo a revelar-se uma das minhas armas de sobrevivencia.
Nos bastidores, problemas e obstaculos de toda a especie.
Nunca imaginei ter tanta paciencia!

No palco, cinco minutos depois das dores de cabeca, um Brilho imenso que devo a Deus e uma recepcao mais que calorosa da parte das audiencias que me chegam de todo o mundo.
Por vezes, pergunto-me que verao eles em mim?! Por vezes, duvido do que sei, do meu valor e do talento que os outros me reconhecem. Por vezes, sou demasiado humana e tenho duvidas.
Muitas duvidas.

E a caravana segue em frente, apesar de tudo. Apesar das duvidas e insegurancas, apesar ou talvez (tambem) por causa dos constantes obstaculos e loucuras a que estou submetida.

Hoje acordei toda partidinha. Desfeita. Em pedacinhos e, no entanto, com o coracao nas maos e palpitando de excitacao e felicidade.

Estou preparada para mais altos voos...

Wednesday, October 14, 2009


Cairo, dia 11 de Outubro, 2009


“Joana, a terrorista (sem cãezinhos pela mão...)”

Meu Deus, de que loucuras se compõe o Universo?!
Eu pareço ser o depósito de todos os malucos e experiências absurdas, encontros de 3º grau e reuniões com extra-terrestres. Terei eu um íman que funciona para "pessoal esquisito"?!


Comigo vêm ter os acontecimentos e indivíduos mais complexos e inéditos que mundo já viu. Será que Deus, num acto irónico de brincadeirinha cruel, convocou todos os “freaks” do planeta para se encontrarem comigo e me colocarem à prova?!
Porquê eu, porquê?

*** Detalhe fantástico do dia:

Recebi um comentário do site do YouTube (comentários aos meus vídeos que estão “on-line”) que me acusava de ser Anti-Islâmica.
Melhor dizendo, acusava a “minha dança” de ser anti-islâmica.
Nada de especificidades nem esclarecimentos. O que é, afinal, anti-islâmico na minha dança?!
Fiquei curiosa e perguntei ao dedo acusador mas fiquei sem resposta, até agora. Homem de poucas e curtas palavras, sim senhor.
A dança oriental em si mesma é considerada anti-islâmica. Então, porquê a “minha” dança em especial?
Seria do traje (por acaso até estava vestida com uma “gallabeya” comprida no vídeo referido pelo “Diácono dos Remédios árabe”).
Seria da música do demónio que eu dançava nesse vídeo?!
Algum movimento mais apimentado que excitou a glândula pituitária do cavalheiro?!

Oh, meu Deus. Como aprecio eu uma pessoa inteligente e como abomino a estupidez...AAAhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh....

Se alguém tiver alguma pista sobre o detalhe Anti-Islâmico do meu trabalho, por favor, contacte-me e sacie-me a curiosidade.

Sunday, October 11, 2009

Cairo, dia 10 de Outubro, 2009


“Levas-me um banano...ou uma cabeçada à Cais do Sodré-
O meu lado mais carinhoso”

Ora bem, como colocar a questão?!
Um dos “benefícios” de viver no Egipto e apanhar tanta, mas tanta paulada por tabela (especialmente, numa área como a minha) é poder tornar-me uma pessoa mais sábia – às vezes! – paciente, compreensiva e compassiva.
Já me habituei à fragilidade imensa do ser humano e todo o manancial de surpresas (des)agradáveis que a ele vêm acopladas.
O julgamento e a mágoa de ser enganada ou desiludida já não me marca a alma como antes (estarei a crescer?!) e prezo a capacidade de resistir às intempéries sem perder eu mesma a minha humanidade.

No meu TODO, posso afirmar que me tornei numa pessoa melhor, mais forte, sábia e criativa. Mais HUMANA.
E, no entanto, há dias em que o verniz mais profundo se parte e me salta a “tampa” de uma forma tão inusitada e violenta que o Tarzan Taborda, ao meu lado, poderia ser confundido com o Ghandi!

As minhas mil faces em permanente movimento. Quando será que o Frankenstein nos vem visitar “cá a cima”?!

O Monstro saindo da gruta:

As última noites foram excitantes na sua diversidade e intensidade.
As novas aulas no Instituto CSA com um show intimista nos jardins do mesmo durante o crepúsculo mais lindo que tenho visto nos últimos tempos (com a minha orquestra e alunos rodeando-me);

Um casamento da “alta sociedade” egípcia no qual fui tomada em braços pelo pessoal (noivos, familiares, convidados e até empregados do hotel) e acabei a dançar em cima de uma cadeira (coisa inédita em mim).
Muito pouca dança, na verdade, mas muita excitação e histeria à minha volta. Há quanto tempo não me divertia assim de forma tão louca, meu Deus?!

Retomar de espectáculos no “Nile Maxim” e aquela que foi uma surpreendente explosão na cara de um convidado/noivo egípcio que proíbiu a sua recém-casada (também conhecida como “vítima ainda fresca”) de dançar em público.
Eis como decorreu a conversa no castelo tenebroso do Frankenstein (vulgo “Nile Maxim”):

Eu, beijando a noiva e perguntando-lhe se quer dançar comigo:
“Alf Mabrouk, ya habibti (muitos Parabéns, minha querida)! Queres dançar comigo?” – Pergunto eu à rapariga egípcia que me acena dizendo que sim e que, logo de seguida, olha para o marido (também conhecido como patrão/dono/Deus na Terra/ ignóbil homem das cavernas) buscando autorização.
“Não, ela não pode dançar consigo.Ela só dança em casa!” – Responde o Paleolítico/noivo com alguma agressividade pouco comum em ocasiões felizes como a do casamento.

PAUSA.

RESPIRANDO FUNDO (EU!).

CALORES SUBINDO PELA MINHA ESPINHA E UMA VONTADE QUASE, QUASE INCONTROLÁVEL DE ESGANAR O PALEOLÍTICO (já sabem quem é o dito cujo).

“Agarrem-me senão eu vou-me a ele!” – Pensei eu.
E melhor fiz.

“A sua esposa só pode dançar em casa. Hmmmm...E você, dança onde?!” – Lancei eu sem pensar e sem ter em conta que o “Nile Maxim” não é o sítio mais indicado para lutas súbitas pelos direitos da Mulher e contra a sua eterna opressão (ou será que é este o sítio, afinal?! Quem sabe?).

Os meus olhos deviam lançar fagulhas pouco subtis de raiva e assassina paixão e foi com um estranho prazer que me imaginei à mocada com o Paleolítico, mesmo ali, a meio de um espectáculo. Ai que lá se vai o verniz...

“Eu danço no “Nile Maxim”, o que é que acha?” – Respondeu o P. (nem vale a pena desperdiçar palavras com o dito...) com igual indignação e agressividade.

“Então mostre-me! Se dança no “Nile Maxim”, venha comigo e mostre-me o que sabe fazer.” – Retorqui eu sem lhe dar tempo de reagir a esta incrível jorrada de raiva e palavras amargas.

Ele olhou para mim em choque e calou-se. Que responder? Dilema complicado de resolver.
Num momento de iluminação diplomática tão raro em mim, decidi parar a conversa por ali, dar mais um beijo à noiva/vítima e seguir com o espectáculo sem, no entanto, deixar de fantasiar acerca do P. sendo lançado ao Nilo num descuido afortunado.

Juro que tento livrar-me de todas as energias negativas do Universo. Juro que sim mas, infeliz ou felizmente, ainda tenho um longo caminho a percorrer até me assemelhar a Buda ou algo parecido.
Fui para casa pensando, enraivecida, na vida de domínio e controle que espera a pobre noiva. Um marido a quem ela tem de pedir permissão para dançar.
Um marido que a imobiliza na cadeira com um simples olhar reprovador.
Ahhhhh...o fascínio do homem árabe...que maravilha!

Uma cabeçadinha à Cais do Sodré vinha a calhar neste caso. Contive-me.
Desta vez.

Monday, October 5, 2009

Cairo, dia 5 de Outubro, 2009


"Imagens de momentos especiais da minha passagem por Portugal"



A perspectiva com que vejo a realidade que me rodeia ha-se ser sempre especial.


Sera feitio ou defeito?! Seja o que for, aqui vai - sempre - uma visao muito pessoal de momentos que eu considerei especiais por razoes que nao se poderao traduzir por palavras.

Ja fui acusada - quase, quase sempre nas minhas costas, fazendo justica a fama dos cobardes - de coisas muito caricatas.


As criticas construtivas de quem nos quer bem e nos espelha chegam face a face com a coragem de quem nada tem a esconder. Essas criticas serao sempre bem-vindas porque a vida ja tatuou uma especie de humildade que ve o crescimento como mais valioso do que o Ego.


Assim sendo, eis aquilo de que sou "acusada" por portas travessas e, curiosamente, por gente que nao me conhece pessoalmente:


1.Ser egocentrica (sim, sou e penso que todos os artistas o sao, na verdade). A ultima vez que me chamaram este bonito nome fui tocada por um momento de iluminacao. Ah, ah...sim, senhor...eis algo que tenho de trabalhar.




2.Vaidosa (e sou, sim senhora...muito vaidosa de "moi memme" e com muitas razoes para isso que nunca passaram pela aparencia fisica ou sucesso profissional).




3.Arrogante (esta sempre me deixou perplexa porque nao me considero minimamente arrogante, bem pelo contrario). Sou orgulhosa de mim mesma, respeito-me profundamente e gosto imenso de mim mesma. Plus, sou timida. Tremendamente timida, embora nao o aparente ser. Dai poder dar a impressao de ser arrogante. Mas, caros criticos, com esta nao se safam!




4.E...tchan, tchan, tchan, tchan... demasiado "pessoal" nas coisas que vou dizendo e fazendo em termos de danca, ensino, escrita e afins.







Quando gosto, gosto. Quando nao gosto, digo-o na cara de quem seja. Assim sou eu. Demasiado directa, talvez. Nada de filtros entre o que penso/sinto e aquilo que sai ca para fora.


Nao quer dizer que nunca tenha ouvido falar da valiosa arte da diplomacia (ou da mentira mascarada de bons modos) mas nunca me pude habituar a ela. Nao me sai...que fazer?!


Tenho o coracao na boca em termos pessoais e profissionais.


Isso incomoda muita gente. Podera alguem agradar a gregos e a troianos?

Eis a questao: Como nao ser pessoal na minha vida privada (pessoal, pessoal, pessoal...perdoem o pleonasmo) e no meu trabalho?!


O trabalho de cada artista tem sempre de ser pessoal, na minha opiniao. A nossa arte - bailarinos, cantores, actores, pintores, etc - compoe-se de memorias, vivencias e material vivido e, por isso, tem de ser pessoal.


Sim, tudo o que eu fizer sera PESSOAL. Demasiado, absolutamente, absurdo de tao pessoal. Tal como eu, excessivamente pessoal.

Quem gosta, gosta. Quem nao gosta...olha...plantando batatas e couve galega!


ATENCAO QUERIDOS CRITICOS...AQUI VAI MATERIAL FRESQUINHO PARA VOS, ENTREGUE DE BANDEJA "POUR MOI":

(De onde me veio esta do "plantar batatas", nao sei...ate cheguei a falar desta referencia agricola em plena entrevista num programa da TVI....que se passara comigo?! Fui mordida por um bicho estranho?!)


Imagens estampadas na memoria dos meus afectos...Aqui seguem algumas delas (apenas eu lhes sei dar sentido) ...

Sunday, October 4, 2009


Cairo, dia 4 de Outubro, 2009


“Rústica para sempre...já no Cairo.”



Abriram-me as malas de viagem no aeroporto do Cairo, advento que sempre temo não por transportar cannabis dentro do meu pc mas porque sei, por experiência própria, que as minhas malas não se voltam a fechar tão facilmente como se abrem.


Já vinha com peso acumulado – mais de 50 kilos de bagagem! – e não vinha com disposição para “abrir o meu mundo rústico” aos senhores da alfândega egípcia que querem, mais que tudo, um pouco de conversa com uma miúda gira e/ou uma boa gorgeta por baixo da mesa para que a mala, afinal “afinal” e vistas bem as coisas, não tenha de ser aberta.

Assim que a abriram e começaram a remexer no que lá vinha dentro, não pude deixar de rir quando um chouriço veio parar, triunfante na sua avultada dimensão de enchido de primeira classe, às mãos de um dos polícias do controlo alfandegário. Mais me ri ainda quando ele se prestou ao ritual um quanto “abichanado” de contemplar o chouriço com olhar guloso e apalpá-lo como se dali pudessem sair ricas porções de cocaína.

Conforme me desmanchavam a mala – sob os meus sérios avisos de que teriam de ser eles mesmos a refazer essa mesma mala agora caótica – pude admitir para mim mesma ( com um orgulho quase tão visível como o do chouriço alentejano que foi massajado nas mãos curiosas do polícia) que a minha bagagem é um reflexo fiel daquilo que eu sou, na minha essência.


Vejamos o “vergonhoso” conteúdo das malas generosamente exposto a público:


1. Fiel às minhas raízes familiares – gente de trabalho do campo alentejano – lá tive de trazer chouriços (proclamados novo símbolo “gay”), presunto, queijos regionais da zona de Évora, mel, nozes e azeite.Também fiel às minhas raízes lusas, lá veio o bacalhau (embora norueguês, um curioso e até suspeito símbolo do nosso país) em postas cortadas à medida em poética mistura com os queijos.


2. Cremes e perfumes e muita “lingerie”. Algumas das minhas fraquezas de mulher (seria chocante admitir o que posso chegar a gastar numa bela peça de “lingerie” mas, afinal, estamos a falar de obras de arte não reconhecidas como tal...ainda!).


3. Livros e mais livros, como se estes me faltassem (tenho pilhas de livros que esperam serem lidos em inglês, espanhol, francês e português espalhados por toda a casa no Cairo e mais uns quantos em Portugal).


Eis as maravilhosas pérolas que não pude deixar “em terra” (adquiridos em Portugal):


*A música da fome, de J.M.G. Le Clézio e Capitães da Areia, de Jorge Amado – Ambos os liv ros foram escolhas curiosas e bem acertadas do meu pai que já percebeu que os melhores presentes que alguém me poderá dar são mesmo livros.


*Um mundo para Julius, de Alfredo Bryce Echenique.

Este livro foi “apanhado” numa tão comum estação de correios e despertou-me o desejo de o ter pelo simples facto de ter sido escrito por um galardoado autor latino-americano. Partindo do princípio que a escrita quente e húmida da América Latina é das minhas preferidas (Gabriel García Lorca encontra-se no meu lote de autores favoritos), decidi arriscar nesta leitura improvável (ultimamente só lia livros relacionados com o Médio Oriente).


* Harriete Wilson´s Memoirs, The Greatest Courtesan of her time

Uma escolha politicamente incorrecta mas, infelizmente, muito ligada ao mundo da Dança Oriental que me rodeia no Médio Oriente.

Sendo eu a antítese do que é uma cortesã – ou prostituta de luxo – mas sendo também empurrada para esse escuro universo por força as minhas circunstâncias profissionais, torna-se irresistível conhecer melhor a cabeça de uma dessas mulheres que vendem o corpo e a alma por riquezas materiais.


Dar-se a um homem por amor é um conceito, literalmente, extra-terrestre no meio onde me movo e daí eu ser sempre uma orgulhosa “outsider” que só se deita com quem ama. Vá-se lá entender as taras de cada um! Eu também tenho as minhas!:)


Em oposição a tudo o que eu sou, existe o mundo dos “lobbies” e “contratos de cama” para os quais nunca servi ( e daí já ter sido tão prejudicada na minha carreira!). Os truques, malícia e estratégias para “apanhar” os homens – e o conteúdo dos seus gordos bolsitos - são incrivelmente descritos neste livro e surpreendo-me com a facilidade com que eu mesma, face a tantas dificuldades e tentações, poderia ser uma destas mulheres. Separa-nos a educação, os valores e determinação de me fazer valer por quem sou e não apenas por um corpo que tem preço (como uma vaquinha ou uma ovelha ) mas, acima de tudo, o que mais me distancia destas cortesãs (tantas vezes fui tomada por uma delas) é um sentido de DIGNIDADE enorme que me dá um ar decidido que muitos tomam por ARROGÂNCIA.


Ler este livro é como conhecer melhor o “inimigo” e a imagem errónea pela qual já fui tomada, enquanto bailarina, tantas e tantas vezes. Fantástico. Moral da história: Comida da santa terrinha, lingerie/perfumes e cremes e...livros (em plena representação de prazeres capitais na minha vida).

Poderei eu ser mais previsível que isto? Eis-me aqui na minha dimensão mais simples e banal. O “vergonhoso” conteúdo clássico das minhas malas de viagem.

Thursday, October 1, 2009














Lisboa, dia 1 de Outubro, 2009


"Quase de regresso ao Cairo...os desafios que se seguem"


Nem acredito que já estou de partida.

O tempo passou a correr e eu precisava dele como de uma respiração profunda e hibernação. Embora não tenha sido tudo o que eu necessitava - ainda me sinto cansada e longe de estar recuperada da pressão e sucesso (!!!) a que me tenho submetido nos últimos meses - foi essencial ter parado um pouco "to smell the flowers".

Voltar a colocar os "pés no chão", ver alguns daqueles que me trazem de volta à mais básica - e reconfortante - realidade. Antes de ser artista, sou pessoa e, nessa condição, igualzinha a toda a gente. É essencial ter pessoas que me amam lembrando-me dessa verdade.

Peço desculpa a todos os amigos que eu já não pude ver por falta de tempo. Ficará para a próxima vez e, além disso, estamos sempre em contacto, mesmo longe... :)


Eis os novos DESAFIOS a que me lançarei assim que chegue a "casa":


1. Nova "season" de espectáculos permanentes no grande "NILE MAXIM".

Programação por fazer, coreografias para os bailarinos e ensaios com estes e com os meus músicos, novos trajes e músicas que eu dançarei e cantarei. Os pedidos para que eu cante começam a crescer (o que não deixa de me surpreender porque nunca levei essa vertente do meu trabalho mesmo "a sério") e eu deixo-me embalar seguindo a maré. Tudo o que me desafie e apresente portas de crescimento, será sempre bem-vindo.

Assustada mas feliz!


2. Aulas regulares de Dança Oriental e Folclore Egípcio no instituto CSA Maadi e um espectáculo "íntimo" com orquestra e velas aromáticas à mistura inserido numa "Egyptian Night" que promete fazer cair muitos preconceitos e ignorância. Já no dia 5 de Outubro!

Espectáculo, projecção de vídeos das grandes bailarinas egípcias de todos os tempos e conferência dada por mim. Estou ansiosa por passar a MENSAGEM. :)


3. Novo show - totalmente fora do registo Oriental - que me nasceu num sonho nocturno e que está a crescer na minha cabeça. Jazz e soul. Eu na voz. Instrumentos jazz com elementos árabes da minha orquestra e um pouco de dança oriental à mistura só para satisfazer os meus queridos seguidores que nem sonhavam que eu podia cantar mas que sabem que sim, eu até sei dançar (começo a perceber "alguma" coisa acerca do assunto...LOL :)

Uma loucura, portanto...em gestação mas com pressa de nascer.


4. Dois livros inacabados - um em inglês e outro em português - também pedindo para brotar e se apresentarem ao mundo. Quase, quase prontos a sair. Falta-me o tempo e a disponibilidade mental/emocional para rematar o corpo destes livros. Está quase. Saem quando a minha alma o ditar.

Outros bebés que me tiram o sono estes dias (sou a sósia pouco discreta da GRANDE MÃE da Antiguidade...estarei grávida de quantos bebés???)


5. Participação no Festival Mundial do Cairo - Nile Group Festival- como artista convidada. Existe muita expectativa em redor do meu nome e eu tudo farei para não decepcionar quem tudo espera de mim. Mais um programa - que tem de ser bombástico, como sempre! - para criar e materializar. Mais uma razão de excitação e estado de paixão.



Aguardo todo o vosso apoio com permanente ansiedade. É de amor que é feito o meu combustível e agradeço a todos os meus alunos, fãs e seguidores de todo o mundo o carinho e encorajamento que me dão, cada vez mais. Sou abençoada por vos ter na minha vida!