Tuesday, April 8, 2014

"Regresso ao Umbigo" - como foi?

 
O meu mundo foi quase exclusivamente povoado por homens até há muito pouco tempo. Os sete anos em que vivi e actuei no Cairo escreveram-se no masculino - em todos os sentidos: músicos, técnicos, assistentes, namorados/amantes e amigos eram homens (com raríssimas excepções: Naglé, a "famosa" assistente que aparece no meu próximo livro a publicar, e um par de amigas verdadeiras (Yasmine e Noha) que não se deixavam enevoar pelo facto perturbante de eu ser uma "rakkasah"/bailarina).
Há, além das circunstâncias, um conforto (e necessidade) que encontro na testosterona dos homens; o cheiro deles acalma-me e sinto-me completamente à vontade em ambientes maioritariamente masculinos.
Até que a Vida me convidou a experimentar algo diferente: comecei a viajar pelo mundo para ensinar, actuar e dar a conhecer o que eu denomino por "Cauda do Dragão" (os últimos resquícios da magia* da Dança Egípcia resgatados por mim em anos de vida, carreira e permanente luta). O contacto com quantidades massivas de mulheres abriu-me portas que até então não tinha considerado. Elas assustavam-me (porque, provavelmente, eu me assustava a mim mesma); as invejas, tricas, competição, mal-dizer, mediocridade e outros pecadilhos que se associam às mulheres eram (continuam a ser) o contrário do que sou. Foi preciso ACREDITAR que existem outras mulheres "como eu" - daquelas que se interessam por mais do que comentar a roupa da vizinha ou o "gajo" com quem a fulana anda - para começar a encontrar MULHERES FABULOSAS com as quais tenho um imenso prazer em estar.
Isto leva-nos aqui: O Regresso ao Umbigo (que, por sugestão de uma das belas ladies presentes no evento de dia 5 de Abril, é bem capaz de vir a ser o título de um livro que ainda vou escrever).
 A ideia inicial do evento era, acima de tudo, RE-UNIR mulheres que gostam de Dança Oriental num ambiente que seja de amor, carinho, abertura, colaboração, apoio mútuo, POSITIVIDADE. O cuidado de criar um ambiente com estas cores passa, inevitavelmente, pel@ professor@ - é el@ quem decide o tom do seu evento, aula, seminário, espectáculo, etc. Abanei a minha varinha mágica e pintei o evento de cores bonitas nas quais aquelas mulheres - nós* - nos sentíssemos seguras, amadas, apoiadas umas pelas outras. A Dança Oriental - a partir do UMBIGO a vários níveis - foi um belíssimo objectivo e pretexto para a União. Os sonhos e medos de uma são os da outra; as inseguranças e anseios de uma são os da outra e por aí fora. Tod@s diferentes e tod@s iguais.

Num mundo que des-educou as Mulheres para se encaixarem numa ou noutra prateleira (esposa, mãe, criatura bem comportada e perfeitamente limitada pelos cânones estéticos e de comportamento que outros - não ela - definiram), o meu intuito era DESPERTAR a consciência para uma VERDADE pessoal que abre as portas a quem SOMOS de VERDADE.
Atenção: não se tratou de uma reunião do "Clube do Bolinha" em versão feminina. Não tenho nada contra os homens - muito pelo contrário. Adoro-os - na maioria das vezes - e tenho com eles uma relação (em carne viva) de paixão, entendimento e gratidão. Embora eles frequentemente se assustem comigo e não saibam como "lidar com a fera", eu vejo-os como o complemento mais delicioso que esta Existência pode oferecer.
Porém adorar homens não quer dizer que viva para/por eles e que me submeta ao que muitos desejam que eu seja; adorá-los não significa que me anule para lhes agradar. 
É como a questão do romantismo. Há pessoal que me diz - com uma lata incrível - que eu não sou romântica simplesmente porque acho que os homens não são braços de sofá: algo em que nos apoiamos porque não nos podemos equilibrar sozinhas. Há também quem me tenha dito que não sou "nada romântica" porque me separo dos homens com quem já não quero estar (seja lá por que razão for). São estas as pessoas que se mantêm em relações de fachada onde o amor é ausente, a paixão é poesia extraterrestre e os enganos são ervas daninhas em dia de temporal. São estas mesmas pessoas que se traem umas às outras, nem se podem ver um ao outro e alimentam a co-dependência à base do medo de "estarem sozinhas". São estas as pessoas que se consideram "românticas". Eu que apenas estou com um homem quando todo o meu SER (corpo, mente, coração e alma) ardem na sua presença sou uma "cold bitch".

O mundo é bizarro e a mente do ser humano fascina-me (nem sempre pela melhor razão).

 
De volta ao REGRESSO ao UMBIGO: mais importante do que descrever o que aconteceu foi o ter estado lá. As palavras, por mais apaixonantes que me sejam, conseguem ser inócuas em ocasiões destas.
Resumindo - straight to the cherries: dançámos (dentro e fora do umbigo, a origem de TUDO), rimos, descobrimos coisas sagradas, conversámos, questionámos, sentimos e pensámos "out of the box". O tempo voou - como sempre voam os momentos eternos.
Grata a tod@s as BELAS mulheres que estiveram presentes - cada uma contribuiu (com a sua própria estrelinha*) para que o dia tenha sido MÁGICO. Despertemos - umas com as outras, uns com os outros - para a luz do dia (depois de tantos séculos de noite).
 

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