Encontro-me - mais ou menos - na Fundação Calouste Gulbenkian assistindo a um magnífico concerto de música clássica (peças de Haydn, Schubert e Mozart). Tento repelir o cheiro enjoativo a nafetalina, cigarros e perfumes doces que as senhores e os senhores da "high society" lisboeta insistem em carregar para onde vão (a par e passo com impecáveis modos mortos e uma expressão achinesada de quem não vê muito, sente nada e vive com salamaleques para não sujar as mãos de terra).
Sinto-me. Sinto-me descontextualizada: uma rústica será sempre uma rústica - especialmente quando disso se orgulha (que é o meu caso).
Enquanto escuto o clarinete aflito que Mozart sonhou no século XVIII escrevinho no programa do concerto - mesmo às escuras - as seguintes palavras:
" Rústica.
Com os pés bem descalços e com os pés bem assentes no chão.
Assentes no chão: no."
E é isto, basicamente, que quero ser quando for grande.
P.S.: "A música é o silêncio entre as notas."
Claude Debussy
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