Tuesday, August 21, 2012

Reflexões de aeroporto.


A minha sobrecarregada e abençoada cabecinha viu os seus fusíveis quase queimados durante a viagem de regresso ao Cairo. Os aeroportos sempre foram um dos meus sítios favoritos e território fértil para ideias, organização de ideias, objectivos e agenda interna e externa. Há qualquer coisa nesse estado de mobilidade e transitoriedade que eles representam que me inspiram.
Assim sendo, sentei-me com o meu - caríssimo ao ponto da roubalheira - cappuccino e pensei:

"O que tenho aprendido  de Dança Oriental com os egípcios? 
Entre muitas coisas importantes e desconhecidas da maioria das bailarinas-estudantes- profissionais ou amadoras do mundo inteiro, encontra-se algo simples mas ESSENCIAL à compreensão desta Arte:
Existe na forma egípcia de SER/DANÇAR uma fluidez, "laissez faire", serenidade e languidez antigas que tende a faltar aos estrangeiros (demasiado habituados/programados para FAZER-FAZER-FAZER e ainda PRODUZIR mais um pouco, jamais sentindo o MOMENTO presente. 

É como se os egípcios se permitissem ESTAR no AGORA sem ânsias de chegar ao amanhã, preocupações com o passado ou com  expectativas do que outros pensam sobre eles. 
Aceitam e praticam a PAUSA, o SILÊNCIO e o corajoso PROLONGAR de um dado MOMENTO que se queira eterno, simplesmente porque o SENTEM. 
Nada mais valioso ou raro do que isto.

Esta tranquilidade - que, MUITO frequentemente, roça o desleixo, como a maioria das "bailarinas" egípcias actuais podem comprovar - oferece-lhes uma vantagem secreta em relação aos ocidentais:
eles DISFRUTAM/RETIRAM PRAZER GENUÍNO do que SÃO e SENTEM no momento presente e isso reflecte-se na sua DANÇA.

P.S. Impossível separar a dança egípcia do povo que a originou (o egípcio). Para compreender a FUNDO a dança, há que compreender a FUNDO o seu povo.

No comments:

Post a Comment