É extraordinário observar como o meu corpo relembra - como que por magia - os movimentos, sensações, aprendizagens, traumas e alegrias agri-doces de toda uma vida enquanto coreografo uma nova peça núbia para ensinar em Londres, daqui a uma semana.
Este armazém divino* de VIDA(s) que é o nosso Corpo sabe muito mais do que supomos e traz consigo o registo do tanto ou tão pouco que vivemos - daí retirando o sumo de cada bago de uva-vida.
As festas de aniversário na famigerada banda 13 de Vialonga (onde existia - e creio que ainda existe - um bairro de retornados africanos, produto da descolonização de Portugal em relação a África) onde se dançava ao sabor da "moamba", da "catchupa" e do jindungo; as idas às discotecas africanas ("B.Leza" rocks!:); a viagem adolescente a Cuba onde me estreei no amor (os cubanos são lindos e de pele quente) e nas lides da salsa e de outros ritmos afro-latinos; paixões vividas a lume extrapolando de aceso...VIDA:VIDA: mais VIDA.
A Dança Núbia que coreografo revela-se uma soma instintiva de tudo isto - muito mais e além de meros passos repetidos até à exaustão.
O meu Corpo afirma-se Instintivo e Inteligente - impedindo que caia nessa falácia tão pouco idiota de julgar que a mente está acima do corpo e que a alma vive fora dele. Na verdade, a Alma respira nas minhas ancas, os homens que amei dançam - sem sabê-lo - dentro do meu peito e a minha boca beija cada passo que a Emoção decide tornar inteligente. E ainda há quem diga que a Dança é dos Selvagens quando os Selvagens são aqueles que se recusam ao exercício sofisticado-primitivo e ESSENCIAL* da Dança.
"In Love".
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