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O Medo é tão humano como a fome de Amor; tão presente quanto a nossa sombra; tão essencial como a sede que nos leva a beber água; tão omnipresente que chega a ser querido: bonito: quase, quase desejável.
Sou uma assumidíssima medrosa no que concerne ao meu trabalho na Dança. Sei que isto surpreenderá muita gente, tendo em conta os caminhos que trilhei e continuo a trilhar (impróprios para cardíacos, cobardes, fracos de espírito e desapaixonados) mas eis a verdade:
Sinto terror - SEMPRE - antes de subir a um palco para fazer aquilo que mais amo na Vida (COMUNICAR A MINHA ALMA através da Dança, da Presença, da Música e - muito especialmente - do Silêncio); sinto terror antes de iniciar uma nova coreografia pois não sei se o resultado será do meu agrado, se me entusiasmará, se me fará orgulhosa de mim mesma (ou não); sinto terror sob a constante possibilidade de falhar na excelência do que faço e que exijo - imparavelmente - de mim mesma.
Sinto terror ao constatar que, quanto mais se sabe, mais difícil tudo se torna. Quando era ignorantezinha e feliz da vida (devido a essa abençoada ignorância) construia uma "belíssima" coreografia num par de horas. Agora que SEI do meu ofício ( o suficiente para saber que pouco SEI ) as coisas complicam-se, é rara a ideia que me parece valer a pena partilhar, multiplicam-se os fantasmas da minha Ópera hiper populada - de tão rica.
O SUCESSO constrói-se de tijolos insuspeitos. Há quem venda a alma ao diabo e assim possa encurtar a escalada. Para quem cospe e se ri na cara do diabo, as montanhas são altas, movediças, pintaroladas de pedregulhos, labirintos, cobras e sabem Deus e os Anjos mais o quê. Por entre estes caminhos tortos, os músculos do corpo, da mente, do coração e da Alma FORTALECEM-SE, CONHECEM-SE A SI MESMO E ROMPEM COM OS SEUS LIMITES. Creio que é nesse exercício que os VENCEDORES se constroem.
O SUCESSO - sem alma manchada - é uma combincação comovente entre TALENTO, TRABALHO ÁRDUO e CARÁCTER de cabra-capricórnio-o dos chifres que não deixa de marrar sempre que se cruza com um desses demónios a que chamamos MEDOS.
* Comida para a Alma: o meu querido Mikhail Baryshnikov (era comê-lo com geleia e uma chaveninha de café a acompanhar; ai era, era...):
e
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