Friday, December 21, 2012

Inglaterra (mergulhando mais, melhor e mais alto).

Pelo mundo adentro, afora - e acima - eu vou.
Londres foi mais um marco (como todas as viagens de trabalho em que me vejo lançada, cada vez mais) em mim, na minha forma de ver da Vida, a Dança e a mim mesma.

Cada lugar ensina-me mais do que poderia imaginar. Se é certo que sou contratada para ensinar e dançar - bençãos em si mesmas - a verdade é que também é TANTO aquilo que aprendo com as pessoas, lugares, culturas e mentalidades que encontro pelos Caminhos.

Londres parece-me uma velha senhora - conservadora e, no entanto, extravagante - com um gosto refinado pelo Mundo e tudo o que possa parecer exótico.

Um concerto poliglota desfila pelas cidades antigas e torturadas da cidade onde Sweeney Todd decidiu vingar a maldade - também - existente na Humanidade. Ele é português, espanhol, japonês, russo, francês e outros etcs linguísticos com parcos e tímidos laivos de inglês. Londres é o Mundo, do Mundo, para o Mundo (gosto disso).


Tendo eu uma Vénus em gémeos (os meus amigos da astrologia sabem o que isto indicia), sei que me apaixono facilmente e pelas mais diversas pessoas, sítios e sonhos. Londres caiu-me no colo da Emoção prontamente: sem reservas, explicações (como deve ser o Amor).



Comecei a minha expedição com o Musical Billy Elliot (um êxito em exibição no "West End" há vários anos) e chorei rios e mares do início ao fim do Musical. Não soubesse eu melhor que isso, teria dito que se tratava de noite de lua cheia (a lua cheia deixa-me sempre redonda, alterada, explosiva, hiper criativa e exageradamente emocional). Mas não: não era da lua. Era de mim mesma ou da emoção de ver o magnífico teatro "Victoria" a abarrotar pelas costuras e um monte Everest de Talentos em palco - cantando, dançando e actuando ("triple threat-triple dream").
A Dança como Salvação-Resgate da própria Vida - Ampliação de Sonhos: POSSÍVEL em vez dos mesquinhos impossíveis que insistem em cair-nos em cima: Billy Elliot sou eu ou a criança que fui e sempre serei: ávida de voos, de MAIS, de ALÉM.


Depois vieram as inevitáveis aventuras pela cidade (perder-me e achar-me em países desconhecidos é dos maiores prazeres da minha Vida), mais um Musical no bucho (desta feita, "Top Hat" - a recriação do clássico cinematográfico de Fred Astaire e Ginger Rodgers) a convite da doce Melanie Norman e o começo do trabalho (árduo, excitante, divertido e sério, simultaneamente - "comme il faut").

Tal como aconteceu na Rússia, fui feliz ao encontrar tanto talento e vontade genuína de aprender e MAIS ALÉM da corrente de clones aborrecida e pobre que tantos insistem em perpetuar no âmbito da Dança Oriental.


Reparei como é o CARÁCTER e a TENACIDADE que constituem a coluna vertebral de um bom/a bailarino/a. Tende-se a subestimar estas qualidades em prole da técnica ou até da vaidade (inimiga de toda a Arte) mas, no fim das contas, vejo que é deste tijolo que se fazem os vencedores - muito mais do que meros "wanna be´s". 



O prazer de passar um pouco dos Tesouros que tenho colhido nestes últimos anos de carreira e Vida no Egipto não tem preço. Sei - instintivamente - que é ESTA a minha Missão: ter resgatado a Origem e Essência da Dança Oriental no Egipto e depois plantá-la e fazê-la florescer em todo o MUNDO.


Ser jurada na competição "The BellyDance Trophies" doeu - como me dói sempre que tenho de julgar a dança de alguém - mas também teve os seus efeitos construtivos. Pude comentar os pontos fortes e mais fracos de cada bailarino da competição e aconselhar direcções a seguir. O enfoque da Competição era - para meu deleite - a melhoria da qualidade da dança de cada um e isso permeou todo o evento de um certo ar quente de amor.

Workshops de Dança Oriental moderna e Folclore egípcio (núbio) e um espectáculo com uma pequena orquestra árabe de Londres. Não sendo os meus músicos egípcios, ainda assim são melhores do que um cd. 
Cada orquestra é única (em estilo, nível técnico e artístico e maturidade pessoal e profissional); cada público é uma tela na qual tenho de pintar de forma diferente, única, adaptada aos seus olhos - ainda que sem comprometer a minha visão da Dança.

Curioso: o público londrino é FANTÁSTICO e CALOROSO - contrariando o que ouvira dizer sobre o mesmo- e creio que todos (eu, músicos e público) nos divertimos à brava, nos emocionámos e  surpreendemos mutuamente.
Dos palcos cairotas para os palcos do Mundo inteiro; dos sumptuosos teatros de Barcelona e da Rússia para um clube "Bollywood" de Londres : deliciosas transições: desvelo-me/revelo-me em muitas Joanas (de cada lugar, de todos os lugares). Através da diversidade de lugares, contextos culturais e seus públicos vou limando as arestas da ESSÊNCIA da Dança Oriental - chegando mais e mais perto ao seu âmago imutável, intocável e eterno (o âmago que toca todas as audiências, da África à Antártica através da linha condutora de que os Antigos Egípcios falavam tão eloquentemente: o CORAÇÃO, a ALMA).

Como Viajar é Educar-me, não pude deixar de percorrer museus, pessoas, exposições e ruas em busca de mais Luzes. Como as procurei: encontrei-as.


Um até já - recheado de Amor 
e Luzes de Natal - para Londres.
"See u soon".:)



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