Tuesday, July 19, 2011

Entrevista a Joana Saahirah do Cairo



Ai, se eu soubesse o que sei hoje!
E só se passaram uns 5 mesitos...

Falava eu nas mudancas e na esperanca de um Egipto melhor e justo.
Continuo a desejar o mesmo, embora a realidade pós-Revolucao me mostre que este mundo está mesmo entregue aos políticos, diplomáticos aprendizes da mentira e aos ladroes que acham que poder e dinheiro lhes garantirá vida eterna.

Ao passar pela famosa Praca da Libertacao ("Middan Tahrir"), a única liberdade que senti foi a dos gases e micróbios que ali se concentraram.
Ele é acampamentos "a la Costa da Caparica", ele é concertos "baladi" e Djs em toda a parte, novos comerciantes de bandeiras e t-shirts com mensagens xicas espertas sobre o orgulho de ser egípcio e uma palhacada digna do tempo áureo do Circo Chen!

Mendigos, desempregados sem sítio para onde ir, fezes lado a lado com fogoes cozinhando "molokheya" e pessoal apanhando banhos de sol enquanto canta hinos patrióticos e mal diz Hosny Mubarak com o a vontade que, outrora, houvera sido substituída por terror e opressao.

Sim, continuo a sentir um imenso orgulho nos egípcios educados e lúcidos que arriscaram a vida por uma MUDANCA justa e tao merecida neste país mas sei ver quando o CAOS se instala num país onde o caos já estava na ordem do dia. Digamos que houve uma redefinicao de CAOS e aquilo que nós pensávamos ser confuso, desorganizado e corrupto, multiplicou-se como as baratas do meu "post" anterior e ampliou-se até dimensoes imprevistas.

De mao no nariz (o cheiro nauseabundo que cerca a praca da Libertacao é para Rangers e pessoal que lida com esgotos, nao para bailarinas com hipersensibilidade a odores) e boquiaberta, assisti ao resultado aparente de uma Revolucao que nenhum egípcio sonhou para si.

Como, par a par com o caos, sempre existe lugar para milagres, eu espero ver no Egipto a REVOLUCAO REAL que só acontecerá quando o país acordar do seu torpor pós-revolucionário e levar a sério o significado do que foi iniciado. Creio que Revolucao nao inclui palcos com cores garridas e Djs malucos liderando desempregados mal em bailes improvisados sem final previsto...

Nao acredito que aquilo que vi, com os meus próprios olhos, na Praca da Libertacao tenha o que quer que seja a ver com a REVOLUCAO que o Egipto merece ter.

E rio-me da minha própria ingenuidade por acreditar, tao cegamente, em milagres!

No comments:

Post a Comment