Inquisicao "a la oriental" (sim, ela nunca esteve ausente e jamais se limitou a católicos e loucos)! Ali estava eu confiante, apresentando a proposta relativa ao maior espectáculo de Danca Oriental que o Cairo já viu, rodeada de programas, certezas e talentos (meu, de músicos e bailarinos que me acompanham neste projecto) quando dou por mim numa sala repleta de arabescos antigos num maravilhoso instituto musical cujo nome vou omitir por razoes estratégicas.
A ideia seria apresentar aos directores (e, claro está, seus assistentes e assistentes dos assistentes) o projecto e ver em que medida eles poderiam colaborar comigo nesta empresa monumental.
Chás foram servidos, "shishas" foram acesas, bigodes foram repenicados pelos seus orgulhosos donos e o inquérito a moda da Inquisicao espanhola teve início sem prévio aviso.
Fui bombardeada de perguntas tolas, desconfiancas, presumíveis impressoes de que eu propunha um espectáculo de "streap-tease" e a grande questao: "Mas voce vai MESMO apresentar DANCA ORIENTAL?". Isto dito com a mesma cara de quem me poderia perguntar se eu vou mesmo lancar fezes a cara do público!
Todo o meu currículo e referencias minuciosamente analizados por senhores de barrigas proeminentes que percebem tanto de arte como eu percebo de aeronáutica, olhares desconfiados e até assustados (sim, eu posso ser ASSUSTADORA quando em modo "DEFESA" a ataques sucessivos) e um chorrilho de perguntas que rodearam o mesmo tema mas nao pareceram ter fim.
Para estas almas - e todas as entidades "culturais" deste país - DANCA ORIENTAL EGIPCIA é sinónimo de sexo que se vende, mulheres semi-nuas e meio caminho andado para as chamas do inferno islamico.
Mordi o lábio várias vezes, agarrei-me a cadeira para nao me agarrar ao pescocinho gorducho e suado de um dos "gentlemen" que ali se armavam ao pingarelho e, por fim, as bruxas sentiram-se saciadas com as minhas respostas, grande parte das quais nao compreenderam devido as suas limitacoes mentais.
Claro está que o Inquérito/Tortura ocorreu no mais escorrido dialecto egípcio e, mais uma vez, com a sensacao ácida de que tenho de LUTAR e LUTAR e LUTAR mais uma e outra vez pelo DIREITO a EXERCER a minha ARTE.
Nao, nao basta ser a melhor no meu trabalho. Nao basta ser apreciada pelo público, seja ele egípcio ou estrangeiro, nao basta nada do que já fiz até agora.
No final das contas, ainda tenho de me submeter a questionários idiotas por parte de gente ainda mais idiota para que me seja dada a oportunidade de exercer a minha ARTE.
Se me sinto revoltada? Claro que sim. Mais que revoltada, exausta. Da luta, da ignorancia, de ter de fazer frente a pessoal mais estúpido do que uma porta pelo simples facto de que sao estas as pessoas de quem depende a evolucao da minha carreira.
Frustrante. Muito!
Irritante. Sem dúvida.
Necessário? Nao tenho a mínima dúvida que SIM.
Nao é por acaso que afirmo ter na Danca Oriental uma MISSAO de vida. E por ela atravesso todo o tipo de desertos consecutivos. Até chegar ao meu oásis.
Diz-me a experiencia a intuícao de quem já passou por muita areia...
A ideia seria apresentar aos directores (e, claro está, seus assistentes e assistentes dos assistentes) o projecto e ver em que medida eles poderiam colaborar comigo nesta empresa monumental.
Chás foram servidos, "shishas" foram acesas, bigodes foram repenicados pelos seus orgulhosos donos e o inquérito a moda da Inquisicao espanhola teve início sem prévio aviso.
Fui bombardeada de perguntas tolas, desconfiancas, presumíveis impressoes de que eu propunha um espectáculo de "streap-tease" e a grande questao: "Mas voce vai MESMO apresentar DANCA ORIENTAL?". Isto dito com a mesma cara de quem me poderia perguntar se eu vou mesmo lancar fezes a cara do público!
Todo o meu currículo e referencias minuciosamente analizados por senhores de barrigas proeminentes que percebem tanto de arte como eu percebo de aeronáutica, olhares desconfiados e até assustados (sim, eu posso ser ASSUSTADORA quando em modo "DEFESA" a ataques sucessivos) e um chorrilho de perguntas que rodearam o mesmo tema mas nao pareceram ter fim.
Para estas almas - e todas as entidades "culturais" deste país - DANCA ORIENTAL EGIPCIA é sinónimo de sexo que se vende, mulheres semi-nuas e meio caminho andado para as chamas do inferno islamico.
Mordi o lábio várias vezes, agarrei-me a cadeira para nao me agarrar ao pescocinho gorducho e suado de um dos "gentlemen" que ali se armavam ao pingarelho e, por fim, as bruxas sentiram-se saciadas com as minhas respostas, grande parte das quais nao compreenderam devido as suas limitacoes mentais.
Claro está que o Inquérito/Tortura ocorreu no mais escorrido dialecto egípcio e, mais uma vez, com a sensacao ácida de que tenho de LUTAR e LUTAR e LUTAR mais uma e outra vez pelo DIREITO a EXERCER a minha ARTE.
Nao, nao basta ser a melhor no meu trabalho. Nao basta ser apreciada pelo público, seja ele egípcio ou estrangeiro, nao basta nada do que já fiz até agora.
No final das contas, ainda tenho de me submeter a questionários idiotas por parte de gente ainda mais idiota para que me seja dada a oportunidade de exercer a minha ARTE.
Se me sinto revoltada? Claro que sim. Mais que revoltada, exausta. Da luta, da ignorancia, de ter de fazer frente a pessoal mais estúpido do que uma porta pelo simples facto de que sao estas as pessoas de quem depende a evolucao da minha carreira.
Frustrante. Muito!
Irritante. Sem dúvida.
Necessário? Nao tenho a mínima dúvida que SIM.
Nao é por acaso que afirmo ter na Danca Oriental uma MISSAO de vida. E por ela atravesso todo o tipo de desertos consecutivos. Até chegar ao meu oásis.
Diz-me a experiencia a intuícao de quem já passou por muita areia...
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