Monday, September 9, 2013

Deve ser das Luas*


 
 
Já não sei - nem sei se interessa saber. Que o Mundo está a mudar - radicalmente - a gente sabe bem demais. Que temos de acompanhar essa mudança ou vamos desta para melhor (hmmm...quem sabe se é MESMO melhor?!) também é certo. O que não entendo é esta corrente que me leva como nunca levou. Sendo a menina-capricórnio às costas que sou, estabeleço metas, novos sonhos, desafios que me reacendam, ALGO mais que conquistar: isto sou eu ou tenho sido...até agora. É que SINTO que, presentemente, a Vida me leva ao colo mais radicalmente. Serei eu que aprendi, finalmente, a render-me ou é o Universo que se fartou das nossas manias de imposição e nos trocou as voltas?
 
Não sei; só sei que nada sei - como proclamava o filósofo Sócrates.
Continuo a ter uma vida um tanto ao quanto esquizofrénica: ora estou a coreografar, ora estou a escrever; ora estou a ensinar, ora estou a actuar num palco qualquer do mundo; ora estou a corrigir um dos meus livros já escritos (um em português e outro em inglês) ora estou a organizar novos projectos. No meio de tudo, as viagens de trabalho que se multiplicam (com gratidão e amor meus) e um tempo SÓ MEU que eu prezo com crescente avidez.
 
Na recta finalíssima da edição do meu livro "The Secrets of Egyptian Dance & Other Life Lessons from Egypt" reparo como ESCREVER é também DANÇAR. Pensava que se tratava de um trabalho criativo puramente intelectual e descubro que é físico, emocional, espiritual, até sensual. Nada está isolado, separado, desconectado: tudo é UNO.
Como poderia eu imaginar que danço ao ESCREVER? Que fazia amor ao DANÇAR eu já sabia bem demais mas que poderia redescobrir a minha SENSUALIDADE ao ESCREVER e que poderia sentir com a ponta dos cabelos uma ou outra palavra acesas eu jamais pude supor.
 
Sabem que mais? VIVER cansa*. É sempre DEMAIS: a lágrima e o riso. É sempre EXCESSIVA a vida que é VIDA e não sub-vida. Cansa mesmo. Mas é um Milagre tão belo, tão exageradamente delicioso, tão apaixonante...o que me leva a pensar sobre a forma como a PAIXÃO é desvalorizada. Fala-se de AMOR e tal. Pois sim. Mas a PAIXÃO, "ladies and gentlemen"?! Esse fogo "que arde sem se ver" - grata a Camões - e que nos empurra para lá do medo, da exaustão e do aborrecimento?
 A PAIXÃO é o que (me) está a dar: declarei. Tem sido ela* que me salva de mim mesma e do desgarro que me ataca sempre que permaneço demasiado tempo no mesmo sítio ou avistando a mesma paisagem. Sem ela - a PAIXÃO - nada disto (de mim) seria possível.
 
Até já, Mundo: vou ali sentir o vento na cara (ESCREVER) e já venho.

2 comments:

  1. ó Joana és tão bela, tão querida, tão apaixonante, tão deliciosa, tão perturbadora, tão fenomenal e tão inatingível :) Um beijo de Portugal do Paulo :)

    facebook.com/paulob.celeiro

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  2. :) Grata pelo comentário carinhoso e pela leitura do blogue.
    Somos todos apaixonantes, cada um à sua maneira.
    Abraços!
    JoanaS*.

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