Cairo, dia 16 de Agosto, 2009
“Ramadão em espectáculos, Portugal e Itália logo seguir...”
***Não sei para onde virar-me.
Os espectáculos do Cairo consomem a esmagadora maioria do meu tempo, energia, alma! Quanto mais me sinto apreciada, mais mergulho na procura de fazer sempre melhor e mais ao encontro de mim mesma e do meu público (somos todos unidos pelo mesmo, apesar das aparentes diferenças que nos separam na ilusão do material).
A minha cabeça não pára. Respiro a um ritmo alucinante e vivo entre a ansiedade do tempo que me escorre pelas mãos e a excitação de fazer tanto e tanto do que eu mais amo. Um privilégio que eu ganhei pelas minhas próprias mãos ( e com a protecção de Deus que nunca me facilitou o caminho mas sempre me aparou as quedas e me deu forças e talento para ir crescendo na minha carreira sem perder a minha humanidade).
*** Preciso de voltar a praticar yoga. Urgentemente.
*** Além dos novos programas para os shows do Ramadão – como será que vai ser dançar na época, por excelência, do “haram”/proíbido?! – sigo com as coreografias novas que apresentarei em Portugal e Itália (“I´m in love...”), com novos trajes que eu mesma desenho e cuja manufactura eu supervisiono e a compilação do meu primeiro livro cuja edição tem sido adiada pelos constantes revezes da vida e pela crónica falta de disponibilidade para concluír o projecto. Será desta?!
Será quando tiver de ser. Isso é certo.
*** Detalhe macabro/cómico/alucinante da semana:
A família da minha assistente insurgiu-se (em massa, devo acrescentar) contra o trabalho no Ramadão porque afirmam e passo a citar: “O dinheiro que vem do trabalho com uma bailarina é sujo e indigno de ser trazido para casa, especialmente durante o sagrado Ramadão. Haram!.”
Aguardo uma manifestação organizada à frente do meu prédio a qualquer momento. Prevêem-se tochas – como no tempo das cruzadas e ao estilo da Inquisição medieval – e encapuçados gritando “Alahu...akbar” e atirando ovos podres à minha janela (será que têm pontaria e músculo para atingir o meu 6º andar?!). A devassa – eu, portanto – terá de se render.
Meu Deus, que loucura!
Benvindos ao magnífico e desarmante mundo da cultura árabe da actualidade num dos países que era, até há bem pouco tempo, um dos pontos mais modernos e mentalmente abertos do Médio Oriente e norte de África.
Claro que o dinheiro que tem alimentado todo o núcleo familiar tem vindo dos serviços que a minha assistente me presta e, por isso, alguém se esqueceu de mencionar que sem esse dinheiro, o pessoal passará o Ramadão a chupar no dedo (suspeito que esta singela actividade tão própria de bambinos inocentes também seja considerada “haram”).
Nota adicional (loucura extra): A “halawa” egípcia (método de depilação tradicional muito comum entre as mulheres egípcias) também é considerada “haram” porque uma mulher (a que aplica a “halawa”) tem a oportunidade de ver o corpo de outra mulher (trágico!).
Pelo que pude apurar, o olhar de uma mulher sobre o corpo de outra mulher atiça os desejos reprimidos pelo mesmo sexo (Come to mama!) e dá oportunidade a que essa mesma mulher (a que aplica a “halawa”) promova o corpo/material da mulher depilada junto de homens procurando noiva ou divertimento instantâneo (vizinhos, amigos, familiares). Em que mundo estou eu metida?!
Pressuponho que o mulherio egípcio vai passar o Ramadão adaptando o “look” lobo das estepes (o que ajuda a evitar o sexo durante o período do jejum).
Ora aí está...o esquema está todo montado. Prefiro não tentar entender.
O primeiro passo para o estado de demência absoluto é tentar encontrar lógica naquilo que não tem lógica nem senso nenhuns.
“Ramadão em espectáculos, Portugal e Itália logo seguir...”
***Não sei para onde virar-me.
Os espectáculos do Cairo consomem a esmagadora maioria do meu tempo, energia, alma! Quanto mais me sinto apreciada, mais mergulho na procura de fazer sempre melhor e mais ao encontro de mim mesma e do meu público (somos todos unidos pelo mesmo, apesar das aparentes diferenças que nos separam na ilusão do material).
A minha cabeça não pára. Respiro a um ritmo alucinante e vivo entre a ansiedade do tempo que me escorre pelas mãos e a excitação de fazer tanto e tanto do que eu mais amo. Um privilégio que eu ganhei pelas minhas próprias mãos ( e com a protecção de Deus que nunca me facilitou o caminho mas sempre me aparou as quedas e me deu forças e talento para ir crescendo na minha carreira sem perder a minha humanidade).
*** Preciso de voltar a praticar yoga. Urgentemente.
*** Além dos novos programas para os shows do Ramadão – como será que vai ser dançar na época, por excelência, do “haram”/proíbido?! – sigo com as coreografias novas que apresentarei em Portugal e Itália (“I´m in love...”), com novos trajes que eu mesma desenho e cuja manufactura eu supervisiono e a compilação do meu primeiro livro cuja edição tem sido adiada pelos constantes revezes da vida e pela crónica falta de disponibilidade para concluír o projecto. Será desta?!
Será quando tiver de ser. Isso é certo.
*** Detalhe macabro/cómico/alucinante da semana:
A família da minha assistente insurgiu-se (em massa, devo acrescentar) contra o trabalho no Ramadão porque afirmam e passo a citar: “O dinheiro que vem do trabalho com uma bailarina é sujo e indigno de ser trazido para casa, especialmente durante o sagrado Ramadão. Haram!.”
Aguardo uma manifestação organizada à frente do meu prédio a qualquer momento. Prevêem-se tochas – como no tempo das cruzadas e ao estilo da Inquisição medieval – e encapuçados gritando “Alahu...akbar” e atirando ovos podres à minha janela (será que têm pontaria e músculo para atingir o meu 6º andar?!). A devassa – eu, portanto – terá de se render.
Meu Deus, que loucura!
Benvindos ao magnífico e desarmante mundo da cultura árabe da actualidade num dos países que era, até há bem pouco tempo, um dos pontos mais modernos e mentalmente abertos do Médio Oriente e norte de África.
Claro que o dinheiro que tem alimentado todo o núcleo familiar tem vindo dos serviços que a minha assistente me presta e, por isso, alguém se esqueceu de mencionar que sem esse dinheiro, o pessoal passará o Ramadão a chupar no dedo (suspeito que esta singela actividade tão própria de bambinos inocentes também seja considerada “haram”).
Nota adicional (loucura extra): A “halawa” egípcia (método de depilação tradicional muito comum entre as mulheres egípcias) também é considerada “haram” porque uma mulher (a que aplica a “halawa”) tem a oportunidade de ver o corpo de outra mulher (trágico!).
Pelo que pude apurar, o olhar de uma mulher sobre o corpo de outra mulher atiça os desejos reprimidos pelo mesmo sexo (Come to mama!) e dá oportunidade a que essa mesma mulher (a que aplica a “halawa”) promova o corpo/material da mulher depilada junto de homens procurando noiva ou divertimento instantâneo (vizinhos, amigos, familiares). Em que mundo estou eu metida?!
Pressuponho que o mulherio egípcio vai passar o Ramadão adaptando o “look” lobo das estepes (o que ajuda a evitar o sexo durante o período do jejum).
Ora aí está...o esquema está todo montado. Prefiro não tentar entender.
O primeiro passo para o estado de demência absoluto é tentar encontrar lógica naquilo que não tem lógica nem senso nenhuns.
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