Confesso que o estado actual do mercado de Dança Oriental me faz confusão (usando um eufemismo).
Se lidar com o mercado de espectáculos do Cairo - no qual estou metida até ao tutano há seis anos! -já não é pêra doce, começar a constatar o COMERCIALISMO extremo que a maioria tende a seguir em todo o mundo entristece-me. Entristece-me porque, apesar desta dança se ter espalhado pelos quatro cantos do planeta (e suspeito que em Marte, Vénus e Plutão também...), a QUALIDADE do que se faz, na generalidade, deixa muito a desejar.
Muito pouco do que vejo tem a ver com o que APRENDI ser a DANÇA ORIENTAL EGÍPCIA, mediante a experiência rara, dura e fabulosa de dançar com a minha orquestra por todo o Egipto.
Raras são as bailarinas que o podem afirmar: dançar/actuar profissionalmente com os meus músicos por seis anos, sempre com sucesso do público (o meu grande e único PODER) e combatendo mil e uma marés adversas. Não é para totós!
Quando comecei a sair do meu casulo criativo cairota e vi o que estava a ser feito pelo mundo fiquei em choque. A distância entre o que fazia e aprendia, diariamente, com o meu trabalho no Egipto nada tinha a ver com o que encontrei.
Claro que prefiro FAZER ALGO POSITIVO, em vez de queixar-me mas, de vez em quando, tenho de desabafar.
Ele são os clones, as tricas, a competição desmedida e desalmada, movimentos vazios que não significam ou expressam o que quer que seja, a fogueira de vaidades que nada tem a ver com ARTE, uma forma de "dançar" muito próxima da ginástica aeróbica/acrobática que não expressa - de forma alguma- o que é a "Raks Sharki".
Confesso o cansaço ocasional... por mais que faça, nunca parece ser suficiente. Ensinar e actuar em países distintos já significa SEMEAR ALGO de PRECIOSO mas, uma vez mais, sinto-me a remar contra a corrente. Já não apenas a do Egipto mas a do Mundo.
Pergunto-me, em momentos de desânimo, se valerá a pena continuar a lutar por uma Dança que insistem em minimizar, banalizar, usar para lucro fácil, rápido e desonesto. Custa-me a superficialidade. A ignorância que ainda existe dentro e fora das comunidades que praticam e/ou;ou vivem desta Arte.
Sei que o CAMINHO é sempre e apenas DAR o meu MELHOR e aceitar a realidade tal como ela é mas custa. Muito. AVERDADE e a QUALIDADE são muito mais atraentes a esta minha natureza que, quer eu queira ou não, é e sempre será MARGINAL.
LIVRE...
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