Tuesday, February 9, 2010


Cairo, dia 29 de Janeiro, 2010

“Odisseia musical - Criação da minha própria música”

Sinto que mergulhei no mais profundo mar e só agora, depois de ouvir a minha música terminada (no que concerne a sua composição e gravação em estúdio), consigo – lentamente – vir à tona de água e respirar a mesma vida dos comuns mortais.

Por onde começar?
Já fui criticada mil vezes por ser, supostamente, egocêntrica, arrogante e vaidosa (características com as quais, curiosamente, não me identifico minimamente) e, por isso, é-me difícil explicar sem pudor o prazer narcisista (talvez!) de ter uma música de dança central no meu espectáculo que foi composta pelo melhor músico e compositor egípcio ainda vivo (que Deus o preserve assim durante muitos felizes e longos anos!) a partir do zero e especialmente para mim.

Terei o direito de me sentir orgulhosa e entusiasmada com algo tão maravilhoso que foi composto, a partir do mais total silêncio, para mim e de acordo com a minha personalidade e alma?!
Esta tem sido uma odisseia musical incrível desde o momento em que me sentei com (o meu agora querido amigo) Hossam Shaker e lhe expliquei a ideia que tinha para a minha música de dança “personalizada”.

Bailarinas de todo o mundo dançam ao som de músicas já existentes compostas por estranhos para estranhos e muito poucas têm o privilégio de ter compositores de alto gabarito compondo especialmente para elas.
Pois eu tive a sorte e o mérito (desculpem lá a “vaidade”) de chegar a um ponto na minha carreira em que grandes compositores e músicos querem MESMO trabalhar para mim e comigo. Esse é um privilégio que não se compra. Merece-se.
Conquista-se.

Nas duas últimas semanas naveguei entre os meus espectáculos ao vivo e o escritório do meu querido compositor criando um mundo que não existia, trocando ideias, gostos e urgências.
O Hossam frizou, desde logo, que comporia músicas para mim a título excepcional porque “não trabalho para bailarinas” (afirmou ele orgulhosamente).
A ideia que ele tem das bailarinas desta área é a mesma que a maioria dos egípcios/árabes possuem: PROSTITUTAS.

Por essa razão, muitos dos melhores músicos e compositores recusam-se a trabalhar para pessoas que eles não consideramm artistas e às quais está colada uma imagem de imoralidade e sujidade.

O que mais irrita e encanta no mercado egípcio é que as notícias – reais e fictícias – correm muito depressa. Tudo se imagina e sabe.
Por essa razão, vejo o meu nome circulando no mercado pelas melhores razões e isso não me surpreende mas deixa-me feliz e confere-me alguns privilégios como este de ter um grande artista trabalhando numa música que reflectirá a minha personalidade, os meus gostos, o meu – eventual! – talento para a dança e interpretação.

A odisseia ainda agora começou...

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