Thursday, September 6, 2012

Clichés do Egipto pós-(quase) revolucionário.

É daqueles assuntos que, de tão batido e SENTIDO no meu dia-a-dia, já fartou para lá da conta da minha diminuta paciência.
O assédio sexual brutal nas ruas - com crescente violência física - e uma mentalidade que já era atrasada mas que - agora - está a apontar para tempos medievais escuríssimos; o extremismo religioso crescente que cobre todas os pensamentos, atitudes e acções dos egípcios; o medo-pudor-ódio à Música, Dança e a tudo o que é BELO e VIVO debaixo de um suposto moralismo que só existe na frágil aparência da idiotice e da hipocrisia; e a lista continua.

Tenho dito várias vezes que a razão pela qual vim VIVER e DANÇAR profissionalmente para o Egipto se me revela clara: RESGATAR o PASSADO. O meu passado - pessoalmente falando -e  o passado (ou origem/raízes) da Dança Oriental. Vim apanhar a ponta da cauda do dragão, a última réstia de VERDADEIRA ALMA EGÍPCIA, tão maravilhosamente expressa na Dança que me escolheu e na minha pele se entranhou sob o pretexto do Destino ("nasib").

É com pouca surpresa - mas alguma tristeza - que vejo a Dança e a Música egípcias a morrerem por cá. Abençoados os artistas que as mantêm - e as farão CRESCER - pelo mundo fora. No Egipto, segundo aquilo que pude observar nos últimos anos, a alma do povo e da sua cultura musical e de dança estão mortos. 

Cabe-me a mim - e a outros profissionais espalhados pelos quatro cantos do mundo- levar o MELHOR desta Arte mais longe do que, alguma vez, foi. Resgatar a dança egípcia será, de certa forma, resgatar o melhor do Egipto (embora os próprios egípcios não o saibam devido à cegueira mental, emocional, física e espiritual de que são vítimas há demasiado tempo).
MUITO e BELO trabalho a fazer. :)


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