Ela pareceu assustar-se (não era todos os dias que um humano a apanhava nas suas redes) e bateu a cauda, ansiosamente, mas sem deixar de levar o extasiado marinheiro consigo.
Sem que tivesse tempo de reacção, João Mentolia (era esse o nome do aventureiro que acabara, por ironia do Destino, como marinheiro) viu-se arrastado pelas mãos de golfinho da sereia; foram os dois pelo mar adentro, entrelaçados, em direcção a parte incerta.
A sereia parecia tão assustada quanto ele; no entanto, o mergulho no escuro do oceano era inevitável para os dois, a caçadora/peixe e o caçado/marinheiro.
Saber quem era o caçador e a presa tornou-se tarefa impossível e inútil.
João Mentolia viu maravilhas nunca sonhadas (ou temidas) no palácio secreto para o qual a sereia o levou, dançando em gradual estado de paz.
Peixes, algas e rochas de todas as cores e feitios, seres ambíguos que redefiniam o que é ser-se animal, humano e de que somos todos feitos.
Foi sem palavras nem grandes surpresas que João se viu falando com os peixes (entre os quais se encontrava a rainha daquele reino sub-aquático e as irmãs da sereia que, celebrando, lhe enfiaram no dedo uma aliança de casamento feita de cordas de navios abandonados).
As celebrações nupciais seguiram-se, sem demora ou inúteis protocolos, e foi assim que o João Mentolia descobriu que as sereias, mundos mágicos e Amores inexplicáveis existiam.
Eram, afinal, todos farinha do mesmo saco que os Aventureiros levam às costas. “***Texto escrito por mim, como exercício de TPC (trabalho para casa - lembram-se disto?!) do Curso de escrita criativa ministrado pelo Pedro Chagas Freitas.Por alguma razão que - quase - reconheço, este texto remete-me para a minha infância: que é como quem diz, para MIM MESMA.
Sunday, September 9, 2012
Devaneios...
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