|
Meus/minhas deuses/as: que aventura! A decisão foi consciente: não poderia rever/reescrever 800 páginas de livro com o peso da auto-crítica permanente sobre as minhas costas; teria de privilegiar o PRAZER de criar - em detrimento da usual obsessão pela perfeição. Assim foi: o primeiro volume do meu próximo Livro "Diário do Egipto - a travessia do deserto" está editado/revisto/esculpido. Mais uma vez, sinto um orgulho imenso por mim (se não formos nós* a valorizar quem somos, quem será?)
Acredito que o carácter de uma pessoa se revela nestas coisas: nas suas acções, na perseverança, na teimosia de FAZER o BEM, no acrescento daquilo que traz luz ao mundo. Se podia estar de papo para o ar sem fazer puto? Claro que podia - e merecia! Mas suspeito que nenhum livro prontinho e bonitinho me caísse do céu (até ver...). Acho que tenho de ser eu a fazê-lo acontecer.
Os dois volumes que faltam editar serão outra aventura (na qual mergulharei durante o mês de Julho) de redescoberta, cura, perdão, compaixão e expansão (muita coisa em "ão" - bom sinal!).
Deixando a Alma falar - na dança como na vida; na vida como na escrita e por aí fora. A fonte é sempre a mesma*
|
Excertos do meu próximo livro:
Trilogia "Diário do Egipto - a travessia do deserto" (para abrir o apetite):
"O meu cabelo indecoroso secou (talvez tenha ganho vergonha na cara); o chá evaporou-se do copo e os homens voltaram a sua atenção para um concerto da maior cantora egípcia de todos os tempos: Om Kolthoum.
Os tabuleiros de “sheesh besh” (equivalente egípcio ao jogo de gamão) foram arrumados a um canto, as “shishas” encostaram-se aos peitos exaustos dos fumadores e uma rodada de café turco, irrevogável como o destino, foi servida em cada uma das mesas. Por momentos, um silêncio divino apaziguou (com os seus dedos de pluma) a poluição sonora da cidade.
Eu e os meus companheiros permanecemos suspensos numa nuvem de deleite e reverência: a voz de Om Kolthoum embrulhou o recinto em seda e nós, humanos em busca da alegria incondicional, rendemo-nos àquela música como se estivéssemos na presença de Deus."
*
"A cortina do palco abriu-se o sr. Amir (definição do anti-sexy) apresentou-se com a confiança de um leão. Ousou dar-me um aperto de mão – tirando partido do facto de eu ser estrangeira - e ajeitou os suspensórios que seguravam as calças dentro das quais se debatiam umas estacas curtas, gorduchas e descoordenadas. Ofereci-lhe um sorriso, confortada pela certeza do carácter inofensivo de tal personagem (cuidado com as certezas!).
A arte de bem cortejar uma dama que está a prémio, frequentemente sem o saber, permanece inscrita no manual secreto dos engatatões compulsivos. Tal qual membros da Maçonaria, os herdeiros actuais do “Don Juanismo da Porcalhota” reúnem-se, clandestinamente, a fim de seleccionar as suas vítimas e discutir estratégias para caçá-las (sem margem para derrotas). Começam por mostrar o seu lado sedutor e amável – jogando o trunfo do tratamento de rainha – até que, quando menos se espera, cravam as garras na presa. Assustadoras versões masculinas da vagina dentata (vagina com dentes), cândidos na inconsciência da sua patética condição."
Por Joana Saahirah - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS*
No comments:
Post a Comment