A caminho:.................................
Como sempre!
Esta vida de cigana tem suas delícias e cansaços tão próprios!
Egipto e Miami seguem-se na rota da minha Alma e tantos desafios, sem descanso nos entretantos, me aguardam a cada esquina, a cada regresso.
Pontaria feita em que sentido? Seta lançada para atingir o quê, de facto?
Cada vez mais, destilo a minha Arte quando no palco ou numa aula e tento ir ao CERNE da questão, à essência da DANÇA ORIENTAL e ao seu original propósito apenas realizado por raros bailarinos:
Abrir e revolucionar a mente de quem comigo interage - enquanto estudante ou público de espectáculo, emocionar as gentes de todas as nacionalidades, ir sem demora nem rodeios direitinha ao seu coração e daí pular, sem esforço, para a sua Alma que se revê na imensidão sem limite da minha.
Aspirações minhas...
Saturday, August 27, 2011
Espelho(s) meu(s)...
Depois de ter recebido mais um pedido de entrevista para uma revista portuguesa para colaborar um perfil meu, não pude deixar de pensar duas vezes antes de aceitar o pedido de entrevista (que dou, geralmente, com imenso prazer e abertura) que poderia ter resultado noutro desastre jornalístico semelhante sucedido há pouco tempo para um jornal respeitado da praça portuguesa.
Há pouco tempo, um perfil meu - "supostamente" meu! -
foi publicado num jornal português depois de eu ter tido várias conversas/entrevistas com o jornalista que o escreveu.
Havíamos conversado em Portugal e no Cairo, mais dentro do meu contexto natural e a lição aprendida desta experiência deixar-me-ía extremamente reticente para o eventual consentimento a outras entrevistas ou perfis que queiram fazer de mim.
Não comento a qualidade de escrita do perfil escrito nem a opinião pessoal do jornalista que escreveu o artigo.
Acredito que a marca do jornalista deve estar presente no que ele escreve, apesar do jornalismo ser - teoricamente - objectivo e o mais próximo possível à verdade.
Acredito também que existe um olhar crítico e um filtro que o jornalista usa consoante a sua própria mentalidade, horizontes, educação, visão do mundo. Senti que o perfil era sobre o jornalista que o escreveu e nao sobre mim.
Sobre estes assuntos eu nao comento!
O que não posso deixar de comentar são declarações colocadas como citações minhas que não reflectem aquilo que eu disse, nem tão pouco posso ignorar as informações erradas que são dadas sobre mim nesse perfil e que assim dão uma imagem minha bem distante daquilo que eu sou ou transmiti nas agradáveis conversas que tive com o jornalista em questao.
Desde o pormenor de chamar "uma merda" aos meus músicos (coisa que eu jamais faria e termo que eu nao uso na minha vida quotidiana, muito menos numa entrevista...) até ao ponto de afirmar que eu "fugi" do Egipto aquando da Revolução recentemente ocorrida... quando me limitei a vir para Portugal num aviao do exército portugues dez dias antes de uma viagem que já tinha prevista por razoes profissionais.
Esta viagem antecipada para Portugal nao se tratou de fuga alguma - ideia absolutamente ridícula que só faria sentido se eu fosse assessora ou "private dancer" do ex-presidente Hosni Mubarak - porque era inútil ficar no Cairo sem poder sair de casa ou funcionar com a minha vida "normal" e para apaziguar a minha família e amigos que estavam em panico...li o artigo
Ao lero perfil fiquei perplexa, pensando para mim mesma:
Chamando uma "merda" à equipa que trabalha comigo todos os dias e aos homens que me dão a inspiração para a minha ARTE?!
"Eu? Fugi do Egipto e ninguém me disse nada?"
Entre outras coisas escritas que partiram, exclusivamente, da mente do jornalista e não da minha própria mente ou boca, fiquei atónita ao perceber como sou - ainda! - tão ingénua ao ponto de acreditar na fidelidade e honestidade de toda a gente.
Não pude rever-me naquele perfil que era, afinal, mais o perfil do jornalista e seus preconceitos do que um perfil MEU.
Ao deparar-me com mais um pedido para que um jornalista escreva mais um perfil sobre mim, fico sem saber o que dizer ou que fazer...se agradeço à Imprensa (escrita e televisiva) o apoio e divulgação que sempre deram ao meu trabalho, também começo a entender que a perversidade e as intenções menos nobres acompanham aqueles que crescem nas suas carreiras e, mais tarde ou mais cedo, acabam por manifestar-se pela simples ilusória glória de escrever algo "apimentado" que venda mais jornais/revistas.
Definir-me nunca será fácil, até porque não encaixo em nenhum protótipo estipulado por outrém.
Quanto mais tentam meter-me numa caixa qualquer, mais eu me afasto dela e desestabilizo quem tenta, inutilmente, limitar-me.
Além disso, cresço e mudo constantemente, o que acaba por desactualizar um perfil que tenha sido escrito ontem. Uma pessoa nunca se define, vive re-definindo-se, sempre fluindo com mudancas e contradicoes estranhas a si mesma.
O que espero, no entanto, é uma mente aberta e limpa ao ponto de ESCUTAR e VER quem eu sou em vez de tentar colar à minha pele a imagem de uma pessoa que eu nunca fui.
Se sou bailarina, também é verdade que sou professora de Dança e Actriz. Tudo o que faco, faco com prazer mas com extrema dedicacao e profissionalismo.
Rio-me constantemente, dou gargalhadas sonoras aos sete ventos, vou fazendo piadas e gozando com tudo mas estou sempre a falar a sério, brincando...muito poucos o entendem ou "apanham".
Como nao tenho trejeitos de "vedette", acabo por ser subestimada por muita gente incauta mas nao tenho a mínima pretensao de mudar a minha maneira simples de SER.
Sou muito pacífica e amorosa mas é só até apertarem-me os calos. Aí "viro fera" de uma qualidade que ninguem espera...amo totalmente mas, quando paro de o fazer devido ao desamor de outrém, remeto essa pessoa para o mais absoluto esquecimento do qual nunca mais pode ser recuperada.
Sou FOGO ou...GELO. Raramente morna...nao gosto de coisas mornas, a meio termo, diplomáticas na sua indefinicao que é apenas uma forma de ser uma mentira agradável.
Não sou a devoradora de homens que se espera que eu seja, nem tão pouco a prostituta que a maioria imagina que uma "belly dancer" tem de ser. No entanto, adoro homens e com eles passo alguns dos momentos mais deliciosos e felizes da minha vida.
Monto a cavalo (à solta no deserto, de preferência), corro com os nossos cães quando estou em Portugal, ando de bicicleta e de avião um pouco para todo o mundo, mas também adoro ir à ópera, praticar yoga e ver um bom filme na quietude da minha casa.
Sou louca por música mas ainda mais louca por SILENCIO.
Sou fogo e sou água. Não sou cobarde mas tenho os momentos de fragilidade e exaustão de todos os guerreiros!
Escolho os homens com quem me deito, deixando-os pensar que foram eles quem me escolheram, jamais deixando de ser eu própria ou seguir os meus sonhos para agradar a um deles. Já sacrifiquei várias relações porque não desistia da minha carreira ou dos meus valores (principalmente, do valor que sei estar em mim própria) e nem por isso sou protegida da dor. O meu coração também se parte em mil pedaços, sem dúvida MAS é com eles que monto novos mapas de sítios onde ir, coisas bonitas a fazer...
Sou Bailarina de Danca Oriental, não sei o que é "belly dancer".
Sou ballet clássico, soul, tango, salsa, danca tribal africana, Beethoven, jazz americano e tudo o que há de excepcional e contraditório...
Sim, escrever o meu perfil será sempre complicado mas é apenas HONESTIDADE e MENTE ABERTA que eu vou pedindo, sem que os encontre com a frequência desejada.
Depois de ter recebido mais um pedido de entrevista para uma revista portuguesa para colaborar um perfil meu, não pude deixar de pensar duas vezes antes de aceitar o pedido de entrevista (que dou, geralmente, com imenso prazer e abertura) que poderia ter resultado noutro desastre jornalístico semelhante sucedido há pouco tempo para um jornal respeitado da praça portuguesa.
Há pouco tempo, um perfil meu - "supostamente" meu! -
foi publicado num jornal português depois de eu ter tido várias conversas/entrevistas com o jornalista que o escreveu.
Havíamos conversado em Portugal e no Cairo, mais dentro do meu contexto natural e a lição aprendida desta experiência deixar-me-ía extremamente reticente para o eventual consentimento a outras entrevistas ou perfis que queiram fazer de mim.
Não comento a qualidade de escrita do perfil escrito nem a opinião pessoal do jornalista que escreveu o artigo.
Acredito que a marca do jornalista deve estar presente no que ele escreve, apesar do jornalismo ser - teoricamente - objectivo e o mais próximo possível à verdade.
Acredito também que existe um olhar crítico e um filtro que o jornalista usa consoante a sua própria mentalidade, horizontes, educação, visão do mundo. Senti que o perfil era sobre o jornalista que o escreveu e nao sobre mim.
Sobre estes assuntos eu nao comento!
O que não posso deixar de comentar são declarações colocadas como citações minhas que não reflectem aquilo que eu disse, nem tão pouco posso ignorar as informações erradas que são dadas sobre mim nesse perfil e que assim dão uma imagem minha bem distante daquilo que eu sou ou transmiti nas agradáveis conversas que tive com o jornalista em questao.
Desde o pormenor de chamar "uma merda" aos meus músicos (coisa que eu jamais faria e termo que eu nao uso na minha vida quotidiana, muito menos numa entrevista...) até ao ponto de afirmar que eu "fugi" do Egipto aquando da Revolução recentemente ocorrida... quando me limitei a vir para Portugal num aviao do exército portugues dez dias antes de uma viagem que já tinha prevista por razoes profissionais.
Esta viagem antecipada para Portugal nao se tratou de fuga alguma - ideia absolutamente ridícula que só faria sentido se eu fosse assessora ou "private dancer" do ex-presidente Hosni Mubarak - porque era inútil ficar no Cairo sem poder sair de casa ou funcionar com a minha vida "normal" e para apaziguar a minha família e amigos que estavam em panico...li o artigo
Ao lero perfil fiquei perplexa, pensando para mim mesma:
Chamando uma "merda" à equipa que trabalha comigo todos os dias e aos homens que me dão a inspiração para a minha ARTE?!
"Eu? Fugi do Egipto e ninguém me disse nada?"
Entre outras coisas escritas que partiram, exclusivamente, da mente do jornalista e não da minha própria mente ou boca, fiquei atónita ao perceber como sou - ainda! - tão ingénua ao ponto de acreditar na fidelidade e honestidade de toda a gente.
Não pude rever-me naquele perfil que era, afinal, mais o perfil do jornalista e seus preconceitos do que um perfil MEU.
Ao deparar-me com mais um pedido para que um jornalista escreva mais um perfil sobre mim, fico sem saber o que dizer ou que fazer...se agradeço à Imprensa (escrita e televisiva) o apoio e divulgação que sempre deram ao meu trabalho, também começo a entender que a perversidade e as intenções menos nobres acompanham aqueles que crescem nas suas carreiras e, mais tarde ou mais cedo, acabam por manifestar-se pela simples ilusória glória de escrever algo "apimentado" que venda mais jornais/revistas.
Definir-me nunca será fácil, até porque não encaixo em nenhum protótipo estipulado por outrém.
Quanto mais tentam meter-me numa caixa qualquer, mais eu me afasto dela e desestabilizo quem tenta, inutilmente, limitar-me.
Além disso, cresço e mudo constantemente, o que acaba por desactualizar um perfil que tenha sido escrito ontem. Uma pessoa nunca se define, vive re-definindo-se, sempre fluindo com mudancas e contradicoes estranhas a si mesma.
O que espero, no entanto, é uma mente aberta e limpa ao ponto de ESCUTAR e VER quem eu sou em vez de tentar colar à minha pele a imagem de uma pessoa que eu nunca fui.
Se sou bailarina, também é verdade que sou professora de Dança e Actriz. Tudo o que faco, faco com prazer mas com extrema dedicacao e profissionalismo.
Rio-me constantemente, dou gargalhadas sonoras aos sete ventos, vou fazendo piadas e gozando com tudo mas estou sempre a falar a sério, brincando...muito poucos o entendem ou "apanham".
Como nao tenho trejeitos de "vedette", acabo por ser subestimada por muita gente incauta mas nao tenho a mínima pretensao de mudar a minha maneira simples de SER.
Sou muito pacífica e amorosa mas é só até apertarem-me os calos. Aí "viro fera" de uma qualidade que ninguem espera...amo totalmente mas, quando paro de o fazer devido ao desamor de outrém, remeto essa pessoa para o mais absoluto esquecimento do qual nunca mais pode ser recuperada.
Sou FOGO ou...GELO. Raramente morna...nao gosto de coisas mornas, a meio termo, diplomáticas na sua indefinicao que é apenas uma forma de ser uma mentira agradável.
Não sou a devoradora de homens que se espera que eu seja, nem tão pouco a prostituta que a maioria imagina que uma "belly dancer" tem de ser. No entanto, adoro homens e com eles passo alguns dos momentos mais deliciosos e felizes da minha vida.
Monto a cavalo (à solta no deserto, de preferência), corro com os nossos cães quando estou em Portugal, ando de bicicleta e de avião um pouco para todo o mundo, mas também adoro ir à ópera, praticar yoga e ver um bom filme na quietude da minha casa.
Sou louca por música mas ainda mais louca por SILENCIO.
Sou fogo e sou água. Não sou cobarde mas tenho os momentos de fragilidade e exaustão de todos os guerreiros!
Escolho os homens com quem me deito, deixando-os pensar que foram eles quem me escolheram, jamais deixando de ser eu própria ou seguir os meus sonhos para agradar a um deles. Já sacrifiquei várias relações porque não desistia da minha carreira ou dos meus valores (principalmente, do valor que sei estar em mim própria) e nem por isso sou protegida da dor. O meu coração também se parte em mil pedaços, sem dúvida MAS é com eles que monto novos mapas de sítios onde ir, coisas bonitas a fazer...
Sou Bailarina de Danca Oriental, não sei o que é "belly dancer".
Sou ballet clássico, soul, tango, salsa, danca tribal africana, Beethoven, jazz americano e tudo o que há de excepcional e contraditório...
Sim, escrever o meu perfil será sempre complicado mas é apenas HONESTIDADE e MENTE ABERTA que eu vou pedindo, sem que os encontre com a frequência desejada.
Friday, August 26, 2011
Namorando canções que se fazem de "difíceis"!
Isto de me habituar a ter a minha orquestra às ordens, tocando de forma magistral todas as delícias egípcias que me cheguem ao paladar tem dos seus inconvenientes.
Quando chega a hora de escolher e coreografar temas musicais gravados em cd, sinto-me sempre perdida com uma surdez inusitada e um gelo no coração que transformam canções - outrora excitantes - em coisas mortas onde não tenho por onde pegar.
Dançar ao vivo com música gravada em cd é um suplício para mim e isso já afirmei por diversas vezes...
Mas coreografar - para ensinar - essas mesmas canções que, não só são congeladas em cds, mas se fazem de "difíceis" pode ser um pesadelo sem fim à vista.
Criar a coreografia para uma música sempre foi, para mim, mais do que simplesmente traduzi-la em passos e movimentos que possam ser fixados e ensinados a outras pessoas. Para mim, coreografar é acrescentar algo de único a uma canção, trazer ao de cima todas as suas cores e sentimentos e, se possível, torná-la ainda mais interessante na sua re-criação a tres dimensões...
O pior é quando a porta da canção não se abre logo, quando eu preciso que ela se abra!
Bato vezes sem conta à sua porta e ela age como um amante tímido ou teimoso que não se quer deixar penetrar ou conquistar... Tento uma carícia pelo seu início e não funciona. Ela permanece hermética, sem se deixar tocar por mim. Depois tento entrar pelo meio da canção e ela vira-me a cara e diz-me que me vá embora! Eu penso: "Meu Deus, nenhum homem me fez, alguma vez, trabalhar tanto para conseguir entrar no seu mundo...se as canções fossem fáceis como os homens!!! "
Mas chego à conclusão que são estas canções, aparentemente, impenetráveis que mais gozo me dão, quando consigo - finalmente! - ser aceite no seu ventre e por ele trabalhar e criar...
E são destes amantes difíceis que nunca tive que tiro o maior gozo. Se desisto de entrar num mundo musical da minha escolha?! Obviamente que não.
O desafio é saber bater à porta da forma certa, à hora certa, com a atitude amorosa mais verdadeira de mundo...aí a canção deixa-se amar e a coreografia nasce. Não sem dor e jamais sem inúmeros e indizíveis prazeres...
Isto de me habituar a ter a minha orquestra às ordens, tocando de forma magistral todas as delícias egípcias que me cheguem ao paladar tem dos seus inconvenientes.
Quando chega a hora de escolher e coreografar temas musicais gravados em cd, sinto-me sempre perdida com uma surdez inusitada e um gelo no coração que transformam canções - outrora excitantes - em coisas mortas onde não tenho por onde pegar.
Dançar ao vivo com música gravada em cd é um suplício para mim e isso já afirmei por diversas vezes...
Mas coreografar - para ensinar - essas mesmas canções que, não só são congeladas em cds, mas se fazem de "difíceis" pode ser um pesadelo sem fim à vista.
Criar a coreografia para uma música sempre foi, para mim, mais do que simplesmente traduzi-la em passos e movimentos que possam ser fixados e ensinados a outras pessoas. Para mim, coreografar é acrescentar algo de único a uma canção, trazer ao de cima todas as suas cores e sentimentos e, se possível, torná-la ainda mais interessante na sua re-criação a tres dimensões...
O pior é quando a porta da canção não se abre logo, quando eu preciso que ela se abra!
Bato vezes sem conta à sua porta e ela age como um amante tímido ou teimoso que não se quer deixar penetrar ou conquistar... Tento uma carícia pelo seu início e não funciona. Ela permanece hermética, sem se deixar tocar por mim. Depois tento entrar pelo meio da canção e ela vira-me a cara e diz-me que me vá embora! Eu penso: "Meu Deus, nenhum homem me fez, alguma vez, trabalhar tanto para conseguir entrar no seu mundo...se as canções fossem fáceis como os homens!!! "
Mas chego à conclusão que são estas canções, aparentemente, impenetráveis que mais gozo me dão, quando consigo - finalmente! - ser aceite no seu ventre e por ele trabalhar e criar...
E são destes amantes difíceis que nunca tive que tiro o maior gozo. Se desisto de entrar num mundo musical da minha escolha?! Obviamente que não.
O desafio é saber bater à porta da forma certa, à hora certa, com a atitude amorosa mais verdadeira de mundo...aí a canção deixa-se amar e a coreografia nasce. Não sem dor e jamais sem inúmeros e indizíveis prazeres...
"Do ponto de vista da medicina da energia, os ovários são o equivalente feminino dos testículos masculinos.
Podem considerar-se "os tomates da mulher" porque representam exactamente a mesma coisa no mundo.
(...)
Para uma mulher, sair para o mundo, particularmente um mundo virado para os homens, também exige "tomates" mas ela tem de usar a energia dos seus ovários.
Não deve imitar os homens porque os ovários e o seu respectivo campo de energia podem ser afectados de forma adversa pelo seu relacionamento com o mundo exterior.
(...)"
In: Corpo de Mulher, Sabedoria de Mulher, Christhiane Northrup
(Retirado do Blogue "Mulheres e Deusas")
E quanto dos meus ovários já não tenho eu usado por aí (por aqui, onde navegam as forças reais em mim)?!
O maior elogio que já deram à minha dança foi, precisa e literalmente:
"Danças a partir dos ovários!"
E a mais não aspiro.
Monday, August 22, 2011
Palavras Prolíferas: Resenha: Alice no País das Maravilhas
Recebendo a nossa
"Alice no País das Maravilhas" desejando que ela sempre saiba que o mundo é aquilo que dele fazemos e que a imaginação humana é a maior e mais miraculosa máquina de construção ao nosso dispôr.
Viver neste mundo sem ser deste mundo é privilégio de poucos.
A chave secreta para entrar no
Viver neste mundo sem ser deste mundo é privilégio de poucos.
A chave secreta para entrar no
País das Maravilhas (não apreendido pelos meros cinco sentidos que a maioria dos seres humanos usam) está na pureza de coração e na capacidade divina de jamais deixar de ser criança e acreditar em MAGIA...
Recebendo a nossa Alice de braços e coração abertos com a felicidade transbordando da minha chávena e soltando fadas e duendes por aí, ao vento que carrega a purpurina da ALEGRIA ETERNA.
Bem-vinda, ALICE!
Palavras Prolíferas: Resenha: Alice no País das Maravilhas: Sinopse - Alice no País das Maravilhas - Lewis Carroll Alice's Adventures in Wonderland (frequentemente abreviado para "Alice in Wonder...
Recebendo a nossa Alice de braços e coração abertos com a felicidade transbordando da minha chávena e soltando fadas e duendes por aí, ao vento que carrega a purpurina da ALEGRIA ETERNA.
Bem-vinda, ALICE!
Palavras Prolíferas: Resenha: Alice no País das Maravilhas: Sinopse - Alice no País das Maravilhas - Lewis Carroll Alice's Adventures in Wonderland (frequentemente abreviado para "Alice in Wonder...
Sunday, August 21, 2011
Sacando, docemente, todas as flores de dentro de mim.
Nelas vem o néctar lá deixado pelas abelhas que por mim passaram e o fel das cobras que tentaram entrar na minha coroa mas que, não se vendo ao espelho, ficaram ao meu redor sem jamais me poder tocar com o seu veneno.
As flores são tantas, de tantas cores e tantos aromas...quem diria que era deste jardim tão colorido que eu sou feita?!
Saturday, August 20, 2011
Friday, August 19, 2011
Joana Saahirah of Cairo dancing Mohamed Abdul Wahab
Deixo-vos com Mohamed Abdul Wahab e seu maravilhoso "Min Kher Leh" ("Sem perguntar porquê")...
Breve adeus com LOVE, LOVE, LOVE!!!!!!!!!!!!!!!!
Passando pelas dores de dar à luz em forma de páginas em branco e mundos por inventar através de palavras.
A escrita, quando se trata do nosso próprio livro, consegue ser um doloroso e prazeiroso(?!) processo de coreografia no qual tentamos escolher quais as melhores palavras que expressem, ou tentem expressar, o mais autêntico e fulcral das realidades que escolhemos partilhar.
Não se trata de encontrar as palavras certas ou mais criativas, como nunca se tratou de encontrar os movimentos e passos certos, mas SIM de encontrar as palavras/movimentos que mais verdadeira, total e fielmente comunicam esse mundo perigoso de vulnerabilidades em que se habita quando se escreve com o coração e a alma nas mãos.
Portugal risonho de sol e sal de mar.
Eu em retiro criativo, BUSCANDO ...sempre BUSCANDO...
Regresso ao Egipto dentro de muito pouco tempo e Miami no mapa dos meus pés já no início de Setembro.
Feliz pela saúde para produzir e usufruir de tudo isto.
Igualmente grata pela capacidade volúvel e caprichosa de pegar em dor e transformá-la em ARTE, pegar em desamor e transformá-lo num AMOR MAIOR que reflecte quem eu sou.
Amén. Amén. Amén. (sete vezes "Amén")...
Workshop dedicado a Om Kolthoum reagendado para data a anunciar!
Nem todos os contra-tempos e inesperadas mudanças nos chegam pelas piores razões.
Por motivos profissionais, terei de regressar ao Cairo mais cedo do que estava previsto e, por essa razão, terei de reagendar o WORKSHOP dedicado a OM KOLTHOUM para uma data que anunciarei o mais prontamente possível!
Para todos os alunos que já se inscreveram segue o meu pedido de desculpas pela súbita mudança mas fica a minha palavra de que a espera pelo WORKSHOP valerá bem a pena e assim compensarei todos por esta mudança de planos.
Dou-vos um simples:
"Até já" cheio de sol, brisas frescas a acompanhá-lo, sorrisos sentidos, mares renovadores e ares que transformem o metal sem valor em ouro puro ou melhor que isso!
Desejo a todos PURA ALQUIMIA e um até já muito carinhoso......................:))))
Nem todos os contra-tempos e inesperadas mudanças nos chegam pelas piores razões.
Por motivos profissionais, terei de regressar ao Cairo mais cedo do que estava previsto e, por essa razão, terei de reagendar o WORKSHOP dedicado a OM KOLTHOUM para uma data que anunciarei o mais prontamente possível!
Para todos os alunos que já se inscreveram segue o meu pedido de desculpas pela súbita mudança mas fica a minha palavra de que a espera pelo WORKSHOP valerá bem a pena e assim compensarei todos por esta mudança de planos.
Dou-vos um simples:
"Até já" cheio de sol, brisas frescas a acompanhá-lo, sorrisos sentidos, mares renovadores e ares que transformem o metal sem valor em ouro puro ou melhor que isso!
Desejo a todos PURA ALQUIMIA e um até já muito carinhoso......................:))))
Friday, August 12, 2011
Nina Simone - For A While
Nina Simone, a genial, a ferida aberta em todos nós, a eterna voz do "soul" com todos salavancos da estrada íngreme da vida.
Esta interpretacao representa tudo o que eu procuro na danca: verdade, entrega, talento posto ao servico da Alma, vulnerabilidade, TOTALIDADE...está tudo AQUI.
Dedicado, com muito amor, a minha Dedinhas que partilha comigo esta adoracao pela Nina Simone...
Thursday, August 11, 2011
Porque a Danca Oriental também (sobre)vive de elegantes PROVOCACOES...
Porque, quando se ensina Danca Oriental, também se ensina a ser MULHER TOTAL, a saber VIVER, a reaprender a rara arte de RESPIRAR como se nao houvesse momento seguinte.
Porque, quando se DANCA de verdade, é de sábia provocacao que se trata, um beliscao, uma chapada na cara da dormencia dos sentidos, um "Bom dia, beleza!" e um "Ahhhhh" cheio de suspiros felizes por se estar VIVO.
Wednesday, August 10, 2011
Joana Saahirah of Cairo dancing Om Kolthoum
Joana Saahirah do Cairo em Portugal ministrando
WORKSHOP DEDICADO A OM KOLTHOUM, DIVA ETERNA DA MÚSICA EGÍPCIA!
DIA 27 DE AGOSTO, EM LISBOA.
Informacoes detalhadas sobre programa, horário e forma de inscricao disponíveis no Facebook e através do email: dancemagica@gmail.com
"De Tudo ficam tres coisas:
1. A certeza de que estamos sempre comecando,
2.A certeza de que precisamos continuar,
3.A certeza de que seremos interrompidos, antes de terminar.
...
Portanto, facamos:
- Da interrupcao, um novo caminho,
-Da queda, um passo de danca,
-Do sonho, uma ponte,
-Da procura, um encontro..."
Fernando Pessoa
Tuesday, August 9, 2011
Yuppie a Fernando Pessoa!
Na obra de Fernando Pessoa, GÉNIO desvalorizado pelo nosso humilde Portugal, encontrei as primeiras e últimas palavras do meu livro.
Agora só falta dar um arranjinho nas palavras que se encaixam entre o início e o final do livro.
Sao os entretantos e suas entrelinhas que ficam a faltar mas se compoem, conforme a inspiracao e as dores de cada dia, o melhor que posso e para lá do que julgava poder.
O início e o fim estao resolvidos. Que escrever entre um e outro?
Nada de mais... coisa simples, simples!
(dá para reparar o quao aterrorizada estou?!)
"...porque tu sabes, que é de poesia minha vida secreta!" Renata lobo: "Intelectuais se aprumam, pigarreiam e começam a r...
Sao as Vacas na India, os Artistas no palco e os Poetas espalhados pelo mundo. Que temos nós em comum???
A funcao da POESIA e da ARTE, através do maravilhoso blogue da Renata Lobo. Sigam o link:
"...porque tu sabes, que é de poesia minha vida secreta!" Renata lobo: "Intelectuais se aprumam, pigarreiam e começam a r...:
"'Intelectuais se aprumam, pigarreiam e começam a responder dizendo “Veja bem…” e daí em diante é um blablablá teórico que tenta explicar o ..."
"...porque tu sabes, que é de poesia minha vida secreta!" Renata lobo: "Intelectuais se aprumam, pigarreiam e começam a r...:
"'Intelectuais se aprumam, pigarreiam e começam a responder dizendo “Veja bem…” e daí em diante é um blablablá teórico que tenta explicar o ..."
"Houston, I think we got another problem!"
Oh, yeah.
Vamos lá, nem tentemos compreender nada disto. Pode ser?!
Habituem-se a ideia de aceitar os absurdos da Vida com o sentido de humor dos sobreviventes e com a candura dos tolos. É a atitude mais inteligente a ter. Senao vejamos:
O meu senhorio, pai amantíssimo de família, médico respeitável e cidadao honrado tem a mania que é Don Juan - curioso detalhe comum a todos os homens egípcios/árabes que conheci até hoje - e tenta, desesperadamente, entrar nesse estado desinteressante de "flirt" sexual decadente desde a primeira vez que me conheceu.
Os piropos baratos deram o pontapé de saída a tentativa de engate (piropos estes que quase resultaram em batatada da grossa quando eu me preparei para me agarrar ao pescocinho dele de forma passional, sim senhores, mas muito pouco amorosa) e depois seguiram-se as mensagens de telemóvel, os telefonemas sem razao e a confirmacao do ditado portugues: "quanto mais me bates, mais eu gosto de ti."
É que o raio do rapaz nao parece desencantar-se e, cada agressividade minha ou ofensa alegremente lancada a sua cara, ele parece inflamar-se com maior entusiasmo.
-És um otário! - Grito eu.
- Alá...linda e com carácter! Diz mais, diz...que eu eu quero ouvir.- Responde, adivinhem quem...o otário.
- Nao tens vergonha na cara, pois nao? Ainda por cima estás no Ramadao e nao te pesa a consciencia! - Continuo eu, quase curiosa por ver a reaccao do bicho.
- Consciencia?! (expressao de quem perdeu as chaves de casa).
No Ramadao os meus olhos ficam ainda mais limpos para ver a beleza do mundo..." - Continua a ave rara (infelizmente, nao tao rara como eu gostaria que fosse).
- Vai mas é plantar batatas, ó palhaco!" - Atiro eu, a coroa de flores sobre o rei da parvoíce.
- Vamos os dois para LISBONA, vamos..." - Remata o rapaz desalmado.
"Houston, Houston... algo vai mal no Reino da Dinamarca..." (grata a Shakespeare e seu magistral "Hamlet").
Especialmente, quando estamos em pleno Ramadao e o meu querido senhorio continua a persistir na esperanca inútil de apanhar o bife portugues nas suas redes egípcias.
O Ramadao serve para, supostamente, os fiéis muculmanos se purificarem a todos os níveis (fisicamente, com o jejum; emocional e psicologicamente através do perdao e da delicadeza/bondade no trato das outras pessoas; espiritualmente, pelo uso das rezas devidamente organizadas em horários específicos).
Nao é aconselhável que o bom muculmano pense no que quer que seja relacionado com sexo e, muito menos, assediar mulheres que nao lhes "pertencem" (e reparem como ranjo os dentes e me irrito ao utilizar esta expressao: "mulheres que lhes pertencem"....rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr......). Como será que o meu bom senhorio coordena as suas rezas, o seu jejum e as sms picantes que me envia?!
Deve ser geminiano, para conseguir fazer tanta coisa ao mesmo tempo (e coisas de natureza tao oposta...ou nem tanto?!)...
Enquanto ele me envia sms de cariz amoroso-ridículo-sexual, eu respondo com islamicos desejos de "Feliz Ramadao" para ele, sua esposa e filhotes.
Ora nem isto o desencanta...ou desconcentra. A partir de um "Feliz Ramadao" ou um pouco diplomático "Tem vergonha na cara" ele responde: "Se todas as mulheres portuguesas forem lindas como tu, eu quero ir viver para LISBONA."
"Houston, Houston..." (Suspiro).
Acho que me vou retirar da carreira de detective e, de uma assentada, aprenderei a NAO TENTAR compreender estes absurdos inter-culturais.
"Dear Houston...I don t think we got another problem...
só acho que tudo, por mais anormal que me pareca, é "normal".
"Houston, I think we got a problem!"
Mas nao sei se saberei resolve-lo...
Hmmmm...sinistro...
Enquanto treinam no ginásio e falam ao telefone como papagaios desenfreados, as mulheres muculmanos que - corajosamente, a falta de termo mais adequado - jejuam como parte do ritual do Ramadao insistem em assistir a programas de televisao sobre comida.
Por norma, as televisoes do ginásio estao sintonizadas em programas de música ou em filmes, jamais em programas de culinária, especialmente numa altura em que estas mulheres estao em jejum (incluindo a água que nao é permitida, ainda que elas estejam a treinar no ginásio).
Quem terá sido a sado-masoquista que se lembrou de tentar as almas das companheiras de treino com demonstracoes culinárias a cada canto do ginásio?
E é ve-las a correr, sedentas porque nao ingerem líquidos há muitas horas e estao a suar, de olhos fixos nos ecras das televisoes, babando-se, pensando no "iftar" (quebra do jejum) e, talvez, na expiacao dos seus pecados.
Nao sei quem terá sido a maquiavélica que decidiu torturar as podres mulheres que ali treinam mas, caro Houston, nem quero saber. Há tantos mistérios do Egipto que foram criados para jamais serem desvendados. Consideremos este mais um a juntar a longa lista!
Monday, August 8, 2011
O meu livro...
Nunca sabemos de nada enquanto nao passarmos pela experiencia de vida VIVIDA.
Quem sabe do amor sem o ter vivido? Por mais que fale nele, nao passará de um vazio teórico.
Quem sabe da aventura sem a ter vivido? Retórica e palavras levadas pelo vento.
Que sabia eu de livros antes de ter a ousadia de escrever o meu próprio livro?
Muito pouco...ou nada!
E assim aprendo que escrever um livro é fascinante e muito assustador.
Mais coreografia que improvizacao.
Paciencia, persistencia, acreditar para lá das fronteiras dos nossos medos, um exercício de amor incondicional para com a nossa Alma assim traduzida em palavras, pausas e ideias que fluem do Invisível para a página em branco.
Que sabia eu de insegurancas destas? E do receio de estar tudo errado, isento de interesse, mal escrito, pobre, desinteressante, coisa que pouco vale a pena?
Nao sabia nada disso. Agora sei.
Como sei de me ultrapassar a mim mesma e as minhas montanhas auto-impostas em funcao de ALGO MAIOR: o compromisso de contar a minha história, a responsabilidade de cumprir um sonho meu, a inevitabilidade de cumprir o meu Destino que só se conhece assim, ESCREVENDO, VIVENDO. Com terror, desistencias momentaneas e retornos ao ringue de combate com a paixao primeira que me deu todo o material para o livro, para a minha PESSOA, para tudo o que me compoe e tenta definir.
Em extase...no mais perfeito terror...atada a cadeira onde escrevo e de maos aladas tentando agarrar o céu a cada palavra escrita. E agarrar-me a mim porque é de mim, em última instancia, de que se compoe o meu livro. E que interessa se é bom ou mau?!
É meu. Sou eu.E essa certeza só se atinge FAZENDO, ESCREVENDO.
E escrevo. E, escrevendo, SOU.
Friday, August 5, 2011
Joana Saahirah of Cairo dancing Om Kolthoum
Próximo evento em Portugal:
WORKSHOP DEDICADO A OM KOLTHOUM
e seu universo por Joana Saahirah do Cairo!
DIA 27 DE AGOSTO, LISBOA.
Técnica, excertos coreográficos e interpretacao da música de Om Kolthoum, a maior cantora egípcia de todos os tempos.
DIA 27 DE AGOSTO, LISBOA.
Técnica, excertos coreográficos e interpretacao da música de Om Kolthoum, a maior cantora egípcia de todos os tempos.
Indicado para alunos ou profissionais com conhecimentos sólidos de Danca Oriental.
Todas as informacoes sobre programa, horário e forma de inscricao disponíveis através do Facebook ou do email: dancemagica@gmail.com
Revista Àrabe "FARAH" Ediciòn 14 Joana Saahirah
Grata a Farah, da Argentina, pelo belo trabalho de promocao feito sobre mim.
Guardo Buenos Aires no coracao como uma das minhas melhores experiencias profissionais e pessoais, "so far"...
Nostalgia da forma generosa e transbordante como os argentinos receberam a minha Arte.
"Mi Buenos Aires querido..."
Wednesday, August 3, 2011
Será um crime ter um destes e usá-lo?!
Especialmente se, por acaso do irónico destino, calhamos em ser Mulheres entao a questao parece-me ainda mais urgente: é crime ter um cérebro que funciona por si mesmo e se exercita sem seguir ordens de outrém senao a sua própria consciencia?
Pelo que tenho observado no Egipto, e um pouco por todo lado onde uma mulher considerada bonita nao tem direito a inteligencia (dose dulpa seria injustica social e natural!), uma Mulher que seja inteligente e use essa perigosa faculdade passa a ser, automaticamente, olhada de soslaio tanto por homens como por outras mulheres que desejam e pedem a Deus e ao demónio que essa dupla ameaca (beleza física e inteligencia) seja apenas um delírio da imaginacao de alguém e jamais realidade.
E quantas vezes nao vi a expressao de terror/temor/espanto/medo na cara de amigos meus egípcios que descobrem, num rasgo de génio, que eu até tenho um cérebro que funciona e assim vao eles:
- Mas tu és mesmo inteligente...ya Allah! - Isto dito como quem diz "Mas tu és mesmo dona de uma ilha gigantesca no meio do Oceano Pacífico!".
Eu rio-me e finjo nao entender a ofensa velada. Porque rir e fazer-se de parvo sao duas das armas das pessoas inteligentes. Nao que eu o seja, nem pensar nisso...
ou ainda me deportam!
Tuesday, August 2, 2011
Pintura de Mário Cesariny, "Marinheiro" (óleo sobre tela, 1972)
"Sou um romano da decadencia total,
Aquela do século IV depois de Cristo,
Com os bárbaros a porta e Júpiter no quintal."
Mário Cesariny, "O Virgem Negra"
Pintura e citacao de Mário Cesariny gentilmente furtadas a Sancha Franca, através do Facebook.
É que o meu coracao nao é de ferro e coisas destas, tao indecentes, geniais e deliciosas, fazem-me perder a cabecinha...
Adoro a irreverencia acompanhada de coragem, o assumir do selvagem que se é, a coragem de ser HOMEM para lá dos catálogos em que o tentam colocar, o TALENTO, o brilho que vem da inteligencia mais inesperada.
Desta forma me apaixono, quando menos se espera.
A pintura e tudo o que ela representa. A citacao e sua brutal frontalidade.
Amei, amo, amando...
Joana Saahirah of Cairo dancing Om Kolthoum
Apontando na AGENDA:
DIA 27 DE AGOSTO guardado para
WORKSHOP ministrado por JOANA SAAHIRAH DO CAIRO em LISBOA!
TEMA do Workshop: A DIVA ETERNA DA MÚSICA EGIPCIA OM KOLTHOUM, SUA MÚSICA E FORMA DE A INTERPRETARMOS ATRAVÉS DA DANCA ORIENTAL.
Workshop dedicado ao universo fascinante da maior cantora egípcia de todos os tempos e a forma "tipicamente egípcia" como se pode interpretar as suas maravilhosas e complexas cancoes.
Todos os detalhes sobre programa, horário e forma de inscricao disponíveis no FACEBOOK (buscar EVENTO em nome de Joana Saahirah do Cairo). Mais informacoes adicionais através do email:
dancemagica@gmail.com
Trabalhando a terra do meu Ser todos os dias. Contra os ventos e tempestades, trabalhando a preguicosa areia do meu chao e adubando a vontade de plantar, alimentar e fazer crescer o que é bom e bonito.
Quando a semente já está enterrada e bem regada, mais e mais dúvidas na forma de espinhos e ervas daninhas surgem entre mim e o chao que cultivo. Eles interpelam-me, dizem-me que nao serei capaz de fazer crescer a planta que dará o fruto porque essa criacao é grande demais e estou aquém dela. Estremeco de hesitacao: escuto Deus ou o Diabo? Sao tao identicos e suas vozes tao parecidas que me confundem...a quem seguir???
Quanto mais próximo o fruto está de brotar, mais e mais dúvidas aparecem...já nao como ervas daninhas mas como animais selvagens de dentes afiados cuja única aspiracao na vida/morte é impedir que algo bonito possa ver a LUZ do dia.
Com a paciencia e energia dos camponeses, eu arranco as ervas daninhas e encaro os animais ferozes. A eles dou um gole de água fresca e frutos de outras árvores que já plantei e das quais colhi e me alimentei a mim e a outras pessoas.
Ervas e animais ficam desamparados de agressividade quando lhes damos água e alimento.
Sento-me com eles e partilhamos a refeicao. Pouco a pouco, eles tornam-se meus amigos e- surpresa das surpresas! - mergulham no chao que eu planto e com ele trabalham, na profundeza dos subterraneos invisíveis a olhos humanos, para que os frutos da minha árvore sejam os maiores e os melhores do meu quintal.
Feliz Ramadao para todos!
No Egipto diz-se "Ramadan karem", apregoa-se os bons pensamentos e suas correspondentes atitudes e jejua-se até ao por do sol quando as famílias se juntam em casa umas das outras e estranhos se unem nas ruas do país quebrando o jejum em uníssono, relebrando o bom espírito comunitário do Islao.
Aquilo que mais deveria ter perdido, a esta hora do campeonato, é a minha capacidade de ser ingénua. Mas, teimosamente, nao a perco. Agarro-me a ela como o puto de tres anos que deixado pela mae no jardim escola de plástico, pela primeira vez. Como o puto se agarra as pernas da mae, assim me agarro eu a minha ingenuidade e sigo acreditanto em milagres, boas intencoes e purezas minhas e de outrém.
Nao estranhem entao que ainda siga acreditando que o RAMADAO muculmano tem significado e surte efeito nalguns eleitos de terras egípcias ( e outros espalhados pelo mundo fora).
Cá por mim, fico sempre a espera do Pai Natal e dos presentes debaixo da árvore. Adoro Walt Disney e suas criacoes, por amor de Deus! Como pode um adulto gostar tanto de contos de fadas sem se assumir, orgulhosa e ridiculamente, ingénuo?!
Pois eu assumo-me. E espero, uma vez mais, que este Ramadao traga LUZ a mais e mais pessoas. Muculmanos ou nao.
Espero que os tramites, tradicoes anti-naturais e cruéis caiam por terra e só persista a PAZ e o AMOR no coracao das pessoas.
Espero, sempre e sempre e SEMPRE, que um tempo de reflexao como deveria ser o RAMADAO sirva para nos perdoarmos a nós e a quem nos tem ofendido (como diz a reza crista/católica que recordo das visitas a igreja com a minha avó).
Espero que o pessoal engane menos, minta menos, roube menos, perca menos tempo em engendrar esquemas para "lixar o próximo" e mais esquemas dignos para se construir a si mesmo e ACRESCENTAR coisas boas ao mundo, em vez de as destruir.
Espero a Inteligencia, mesmo de cérebros adormecidos ou jamais utilizados.
Espero os milagres porque é deles de que sao feitos os SONHOS e todas as POSSIBILIDADES.
Milagre pode ser, como o sinto, uma combinacao de empenho pessoal, intencao e accao focalizadas, muita loucura e confianca em nós mesmos e asas abertas para voar.
Espero MILAGRES neste Ramadao.
E surpresas bonitas, a par com as desagradáveis que existem para equilibrar as equacoes emocionais e treinar a nossa capacidade de sobrevivencia e VIVENCIA.
Espero silencios que contem toda a música do Universo e actos espontaneos de bondade que contradizem a selva em que se tornou este país que eu amo.
Espero de mim e dos outros. Exactamente a mesma coisa...
Belezas quotidianas (do Cairo) ou a arte de apanhar borboletas com os olhos.
Viver no Cairo é um exercício especial a muitos níveis.
Jogo de cintura necessário para contornar muitos obstáculos e incompreensoes e, acima de tudo, uma avaliacao contínua da nossa capacidade de encontrar o BELO no meio da mais devastadora sujidade.
Se os meus ouvidos sao radares atentos a todos os sons que me inspiram, por razoes que nem sempre consigo ou quero definir, entao os meus olhos sao redes próprias para apanhar borboletas.
Cansada de muita fealdade a minha volta, os meus olhos estao famintos de coisas e pessoas bonitas, dessa beleza que se veste por dentro e transpira pelos cabelos e pelo sorriso.
Nao admira que, sempre procurando, eu acabe por achar aquilo de que tenho fome:
1. Primeiro dia de Ramadao. "Iftar" (pequeno-almoco, quebra do jejum) com uma amiga chegada e sua família.
Preparacao prévia de iguarias egípcias para serem partilhadas com a família da minha amiga.
Aquando da hora do "iftar", jaz um solencio sepulcral por toda a cidade do Cairo. Só se escuta o Corao e o tilintar de mesas e cadeiras espalhadas por toda a cidade para refeicoes gratuitas e comunitários para as quais todos sao bem-vindos.
2. Embora o assédio sexual nas ruas da cidade continue em forma como nunca (já desisti de pensar que, pelo menos no Ramadao, dessem descanso ao mulherio que se atreve a andar na rua...) existe um silencio e uma ternura internos em cada pessoa com que me cruzo.
Ainda que, superficialmente, o Ramadao atinge toda a gente. Assim quero eu crer.
3. Amigos e famílias visitam-se uns aos outros e muculmanos convidam amigos de outras religioes para se juntarem as suas celebracoes (como já aconteceu comigo variadíssimas vezes). Nao parece haver espaco para a escassez ou para a mesquinhez - para tudo terminado em "ez" - no Ramadao.
O verdadeiro significado do Islao vislumbra-se, ainda que velado e confuso, nesta altura do ano.
4. As pessoas pedem desculpa por ofensas causadas e cuidam, mais do que o normal, por nao dizer ou fazer nada que as fira a elas mesmas ou a outras pessoas. Esta regra nao se aplica a maioria dos que eu encontro mas a um nobre tipo de gente que nao se distingue por ser muculmano, embora o sejam, mas por serem "boa gente".
5. O silencio sentido por todo o país na hora do "iftar" possui algo de mágico. Nao o sei compreender nem delimitar. O que será este silencio melodioso que se escuta na hora em que o jejum dos muculmanos é quebrado?! Nao sei, nao quero saber. Quero apenas senti-lo. Isso basta-me.
6. Ver a cidade a reavivar-se, apesar das dificuldades de sempre e de um actual periodo pós-revolucionário que pesa sobre todos nós a todos os níveis.
A VIDA do Egipto e o sentido de sobrevivencia de seus habitantes e nativos prevalecem sobre as maiores calamidades. Há quem diga que isso se deve a fé que este povo tem em Deus, em Alá, em Além, no Profeta Mohamed e em todos os que vieram antes e depois dele.
Eu vejo, com os meus olhos famintos de beleza, que se trata apenas de fé na VIDA e na certeza de que ela é feita de mortes e renascimentos.
E assim vejo, maravilhada, e compreendo o meu Ramadao pessoal.
Subscribe to:
Posts (Atom)