Trabalhando a terra do meu Ser todos os dias. Contra os ventos e tempestades, trabalhando a preguicosa areia do meu chao e adubando a vontade de plantar, alimentar e fazer crescer o que é bom e bonito.
Quando a semente já está enterrada e bem regada, mais e mais dúvidas na forma de espinhos e ervas daninhas surgem entre mim e o chao que cultivo. Eles interpelam-me, dizem-me que nao serei capaz de fazer crescer a planta que dará o fruto porque essa criacao é grande demais e estou aquém dela. Estremeco de hesitacao: escuto Deus ou o Diabo? Sao tao identicos e suas vozes tao parecidas que me confundem...a quem seguir???
Quanto mais próximo o fruto está de brotar, mais e mais dúvidas aparecem...já nao como ervas daninhas mas como animais selvagens de dentes afiados cuja única aspiracao na vida/morte é impedir que algo bonito possa ver a LUZ do dia.
Com a paciencia e energia dos camponeses, eu arranco as ervas daninhas e encaro os animais ferozes. A eles dou um gole de água fresca e frutos de outras árvores que já plantei e das quais colhi e me alimentei a mim e a outras pessoas.
Ervas e animais ficam desamparados de agressividade quando lhes damos água e alimento.
Sento-me com eles e partilhamos a refeicao. Pouco a pouco, eles tornam-se meus amigos e- surpresa das surpresas! - mergulham no chao que eu planto e com ele trabalham, na profundeza dos subterraneos invisíveis a olhos humanos, para que os frutos da minha árvore sejam os maiores e os melhores do meu quintal.
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