Sunday, February 24, 2013
Joana Saahirah @ Eilat festival 2013 Gala of stars
Aqui me revejo com ternura numa interpretação em relação à qual a minha vontade trepidou, hesitou, questionou e - como sempre - tomou nos braços e amou.
Esta música foi composta para mim por Hossam Shaker durante noites a fio em que não dormimos, bebemos MUITO café e falámos pelos cotovelos de tudo o que significa a Dança, Eu na Dança e como uma música me poderia traduzir.
Título: "Joana à volta do mundo".
Intenção (minha): Fazer algo distinto das músicas de entrada em cena (a que os egípcios chamam "majancé") que reflectisse a minha visão da dança, do movimento e do palco. Queria mais do que acabou por ser feito - compreendendo as limitações do próprio compositor que teme correr riscos.
É usual, no Egipto, que cada bailarina pague a um compositor para criar a sua "música standard" de entrada em palco e será esse hino pessoal que abrirá os seus espectáculos diários. É também usual - soube-o através dos meus músicos e de Hossam Shaker - que as bailarinas inseridas no mercado egípcio (do qual eu fiz parte, incrivelmente, durante 8 anos cheios de Vida) encomendem CÓPIAS de outras músicas que tenham feito sucesso. Isto horrorizou-me: a mediocridade SEMPRE me horroriza. Copiar o trabalho alheio ou não arriscar ser CRIATIVO em prole de uma aceitação comercial imediata é o caminho dos comerciantes e dos empregados de escritório pequeninos: NÃO dos artistas.
-Quero o contrário, Hossam. Esquece as cópias, o que foi feito antes, o que fez ou não fez sucesso. Vamos ser honestos e deixar o sucesso nas mãos de Deus, pode ser?
Pretendo uma música que me reflicta, que tenha muita coisa lá dentro (jazz, contemporâneo, clássico, etc) sem deixar de ser profudamente egípcio.
(Quase) assim se fez.
A música foi levada à minha orquestra que acabou por dar-lhe a volta e reinventá-la, moldando-a ao palco, à sua natureza egípcia e ao tanto que conhecem de mim enquanto artista e pessoa. Até aqui só a interpretara com os meus homens (orquestra), tocada ao vivo. A partir do momento em que o desafio de interpretá-la em cd (numa gravação pejada de falhas e pontos fracos que passarão despercebidos à maioria mas não a mim) eu hesitei mas acabei por lançar-me neste precipício e ver no que dava. Se foi arriscado?! Claro que foi. "Suicída": creio que foi a palavra que usei quando a organizadora do Festival Eilat (a magnífica Orit) me pediu para dançar este tema. No entanto, eu confio nela, no seu instinto e confiança em mim. ORIT sabe o que faz e eu agradeço-te que me tenha atirado deste penhasco. O voo - mais um - que daí resultou só foi possível porque jamais deixo de assumir riscos e tentar CRESCER com eles.
Divirtam-se a ver o vídeo - tanto quanto eu me diverti a dançar nessa terra (também) mágica de Israel.
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