Thursday, May 2, 2013

Pequenos (grandes) prazeres reconquistados.

 
Entre as viagens de trabalho e os planos de uma nova etapa (capitulo ou ciclo) de VIDA tenho o prazer de anunciar um tempo saboreado a partir das mais pequenas coisas - luxo que nao tinha ha muitos anos. Paga-se um preco por tudo. Assim foi ao viver e trabalhar estes ultimos anos no Egipto. Se consegui lancar a minha carreira e nela usufruir de um sucesso que ninguem (excepto eu) acreditava ser possivel atingir: se pude ir a fundo no meu oficio e conhece-lo em profundidade: se vivi tudo o que mais sonhava na Terra das Piramides, tambem perdi certos privilegios que muitos tomam como garantidos e ate insignificantes.
 
Poder sair a rua com um vestido fresco em pleno Verao, relacionar-me com as pessoas de igual para igual e nao ser sexualmente assediada a cada cinco minutos ou tratada como uma extra-terrestre (simplesmente porque sou estrangeira e - oh, terror dos terrores! - BAILARINA), estar rodeada de pessoas com uma mentalidade e valores semelhantes aos meus, alguem que compreenda que quero dizer BRANCO quando digo BRANCO (e nao uma versao distorcida, ressabiada, tresloucada de cinzento).
 
Sabe-me tao bem poder sair a rua sem receio de me atirar ao pescoco de algum atrasado mental que me assedie, persiga, ofenda com a sua concepcao de que eu (e ele, claro esta) nao sou um ser humano mas apenas um naco de carne.
Sabe-me bem ter a paz de espirito suficiente para ouvir o bater das asas de um passaro da neve no topo de uma montanha da Siberia (o som mais belo que alguma vez me foi dado escutar) e ali ficar, usufruindo a musica de Deus.
Sabe-me bem montar a minha bicicleta e correr debaixo do ceu sem ser observada como uma aberracao da natureza.
Sabe-me bem sentir-me uma PESSOA novamente - e nao um objecto sexual.
Sabe-me bem o silencio, a relativa ordem e civilizacao.
Sabe-me bem poder QUESTIONAR e CONVERSAR abertamente com a gente ao meu redor sem receio de que alguem se ofenda porque (e passo a citar:) "nao se questiona Deus e os Livros Sagrados".
 
 
Carrego Egipto no meu corpo e na minha alma e por ele sempre terei um Amor indizivel mas ha que saber quando maiores Viagens chamam por nos e ha que ter a CORAGEM de sairmos do nosso pequeno reino ja conquistador e rumar face ao Desconhecido. Assim seja.
 
Sabe-me bem sair do estado de luta permanente e RESPIRAR, simplesmente.
RESPIRAR (e ha quem diga que respirar significa ESTAR VIVA).


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