Thursday, May 2, 2013

Definam "freak" (a minha ultima viagem ao Egipto)

 
Nao ha como negar: viver destroi certezas, ideias feitas, premonicoes, ilusoes e outras coisinhas confortaveis terminadas em "oes". O conceito de "normalidade" tambem vai parar as urtigas, certamente. Prova disso foi a minha ultima viagem ao Egipto, duas felizes semanas durante as quais ainda ousei surpreender-me com o estado das coisas e das pessoas e destruir - para la de contente - uns quantos cordoes umbilicais que ja me faziam urticaria.
 
Se viver passa por eliminar certezas, crescer passa pela CORAGEM de saber qual a proxima montanha a escalar. Quando me mudei para o Egipto tudo ali me parecia quase inatingivel (a cultura, a lingua, a possibilidade de la fazer uma carreira de bailarina com sucesso, etc). O sonho de tornar-me uma bailarina reconhecida naquele pais parecia-me longinquo, grandioso mas, ainda assim, bem a minha medida. Oito anos depois e muitas conquistas penduradas no meu cinto de moedas posso dizer que sinto que o Egipto passou a ser pequeno demais para mim. Nao so passei a conhecer profundamente (por vezes, mais profundamente do que desejaria conhecer) a cultura, a lingua, a mentalidade e outros tantos meandros inacreditaveis que compoem o pais como realizei o sonho que quase nenhuma bailarina realiza: construer uma carreira de sucesso no Egipto sem vender a alma ao diabo.
Conquistei tudo o que queria em territorio egipcio. Aprendi, venci, fiz as coisas a minha maneira e remei contra todas as mares de tal forma que os meus bracos se tornaram fortalezas de musculos, sangue e fortalezas imbativeis. Quando um local ou circunstancia nao me permitem crescer sei que chegou a hora de rumar a outras paragens - mais desafiantes, expansionistas, LUMINOSAS.
 

Depois desta montanha escalada - e com o LIVRO que a ilustra na calha - posso afirmar que estou prontissima para mais altos voos. Ser rainha no meu pequenino reino ja nao me satisfaz. Preciso de escalar novos ceus.
 
Enquanto isso, sinto-me triste em reconhecer a queda do Egipto e das suas gentes. Custa-me porque o Egipto esta em mim, sou eu, carrego-o na minha danca, coracao, pele, alma.
 
Nao, a corrupcao nao desapareceu - aumentou!
Nao, o desemprego nao desapareceu - aumentou!
Nao, as condicoes de vida da populacao nao melhoraram - pioraram!
Nao, os direitos das Mulheres nao foram reconhecidos - estao em perigo de regressarem a um Medievalismo atroz!
Nao, as pessoas nao foi permitido as pessoas o privilegio de serem - finalmente - seres humanos e de se relacionarem uns com os outros como tal - na verdade, o estado de sobrevivencia basica esta mais activo e atroz do que nunca!
Nao, a Arte (na qual incluo, naturalmente, a Danca Oriental) nao se viu reconhecida e respeitada - acontece o contrario: a mentalidade retrograde crescent faz com que as artes e os artistas sejam vistos, mais do que ja eram, como amantes do Satanas e de outros males do mundo (se os houvesse)!
 
E a lista poderia continuar: penosamente. A cada qual, seu karma.
Sigo Caminho - grata, abencoada, FELIZ, cheia de riquezas recolhidas na Grande Escola dos Misterios do Egipto, avida de partilha e de asas abertas face ao Voo Maior. "Here we go..."


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