“A bailarina do futuro será aquela cujo corpo
e alma cresceram juntos tão harmonicamente que a linguagem natural dessa alma
se converta no movimento do corpo. A bailarina não pertencerá a uma nação mas a
toda a Humanidade. Não dançará como uma ninfa, como uma fada nem como uma “coquette”
mas como uma Mulher na sua expressão mais alta e pura. Ela dará conta da missão
do corpo da mulher e da santidade de todas as suas partes. Dançará a vida
cambiante da natureza, mostrando como cada parte se transforma noutra. De todas
as partes do seu corpo irradiará a inteligência, trazendo ao mundo a mensagem
dos pensamentos e aspirações de milhares de mulheres. Ela dançará a liberdade
da mulher.
Oh, que campo tão amplo a espera! Não sentem
que está perto, que está a chegar, a bailarina do futuro! Ela ajudará o género
feminino a alcançar um novo conhecimento das possibilidades de força e
beleza existentes nos seus corpos, e da relação dos seus corpos com a natureza
terrestre e com as crianças do futuro. Ela dançará novamente o corpo emergindo
de séculos de esquecimento da civilização, emergindo não na nudez do homem
primitivo mas numa nova nudez já não em guerra com a espiritualidade e a
inteligência mas unindo-se a elas numa gloriosa harmonia.
Esta é a missão da bailarina do futuro. Oh?
Não sentem que já está perto, não estão impacientes pela sua chegada como eu
estou? Preparemo-nos para recebê-la. Eu construir-lhe-ei um templo para a
esperar. (…)
Oh! Está a
chegar a bailarina do futuro: o espírito livre que habitará o corpo de uma nova
mulher; mais gloriosa do que qualquer outra mulher foi; mais bela do que a
egípcia, a grega (…), italiana, que todas as mulheres dos séculos passados: a
inteligência mais alta no corpo mais livre.”
Isadora
Duncan in: “A arte da Dança e outros escritos”
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