Friday, October 23, 2009

Cairo, dia 13 de Outubro, 2009

“O poder dos eternos primeiros passos”

Sempre que vou a Portugal retomo os meus rituais de corrida ao pôr-do-sol.
O Cairo é uma cidade impossível para “jogging” ao ar livre (excepto para quem tenha o bizarro desejo de obter uma doença pulmonar em tempo “record”) e correr numa passadeira no ginásio não se compara aos meus rituais de meditação em movimento.

Estes rituais presumem que eu corro rodeada de árvores, relva fresca e ar puro e um céu que se derrete em tons quentes dando lugar à lua ainda tímida. Se os cães vierem comigo, o panorama encontra-se perfeito.
As primeiras vezes que corro, após cada regresso do Cairo, custa-me manter o ritmo de corrida que quero durante a hora inteirinha em que dou ao “pernil”.
Quando olho em frente, lá longe no horizonte, e constato o quanto ainda me falta para terminar o circuito que criei para mim entro em pânico e penso em desistir.
Como conseguirei correr “isto tudo” que ainda tenho pela frente se já estou exausta e ainda cá estou atrás, tão longe de atingir a minha meta?!
Sendo uma fanática “anti-desistência” e anti cobardia, a simples ideia de enfraquecer e não realizar a tarefa que propus a mim mesma está fora de questão.

Num destes momentos de “quase desistência”, descobri uma técnica simples que se aplica na corrida e na vida e que pode fazer a diferença entre um sonhador que realiza, de facto, os seus sonhos e um perdedor crónico.
Em vez de olhar em frente e para o percurso que ainda falta percorrer, concentro-me APENAS no passo que darei a seguir. Passo a passo, toda a minha atenção concentrada somente nesta perna que se levanta e avança.
Um passo apenas. Um passo atrás do outro sem que a meta final me pese na mente ou no coração.

Descobri que, tanto na corrida como na vida, concentrar-me APENAS em cada passo dado é meio caminho andado para atingir a meta que propusemos a nós próprios.

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