Cairo, dia 15 de Outubro, 2009
“Descobrindo Nawal el Saadawi”
A vida no Egipto pode ser tudo mas jamais aborrecida ou desinteressante.
Um país em ponto de ebulição –graças a condições económicas, políticas e sociais adversas que já vêm de há muitos anos – que tenta, entre risos e músicas de evasão, encontrar o seu lugar no mundo sem perder aquilo que o torna tão especial.
Viver no Cairo é extenuante e pode levar os nervos de um santo até à hora da morte apenas num segundo. Apesar de tudo, esta tornou-se a “minha cidade” (Nova Iorque em segundo lugar no trono das minhas cidades predilectas) e com ela chegam novidades e surpresas todos os dias.
Sinto que entrei na anciã toca do Ali Babá e que dela jamais sairei. Os tesouros são incontáveis e aqui vou desenterrando pérola atrás de pérola, diamantes jorrando das paredes como se de gelatina cintilante se tratasse.
Não posso deixar de amar esta cidade, este país.
Entre as minhas constantes buscas e achados encontra-se a senhora NAWAL EL SAADAWI, médica, escritora e guerreira pelos direitos da Mulher no Egipto. Autora de vários livros (desconheço se estarão traduzidos em português) e presa, castigada, exilada do seu próprio país pelo simples crime de “pensar e questionar” aquilo que se mantém silenciado pela esmagadora maioria das mulheres árabes que, ainda hoje e de várias formas directa ou indirectamente observáveis, vive uns degraus a baixo do pedestal em que o homem (com “h” minúsculo) se instalou.
Enquanto a persigo tentanto arrancar-lhe uma gentil entrevista, vou descobrindo os seus livros e tudo o que posso apanhar sobre a sua fantástica história de vida.
Conhecer esta personagem real inspira-me como só os heróis das histórias de encantar podem inspirar uma criança.
Ler sobre o que ela viveu e as dificuldades que enfrentou – haverá coisa mais bela do que uma mulher corajosa!? – faz-me pensar no quanto já passei nas forças que ainda tenho em mim amarzenadas para as batalhas que virão.
Saber que existem mulheres egípcias (Nawal el Saadawi não é a única “feminista” egípcia a ter feito a diferença nesta sociedade patriarcal e chauvinista) que vão contra a forte corrente desta mentalidade que teme e reprime as suas mulheres é um sopro de esperança e fé que volto a ganhar no poder do FEMININO.
Enquanto leio sobre ela, cresce mais em mim o orgulho de ser mulher.
Sugiro que investiguem (na internet, nas livrarias) o nome e percurso desta senhora. Vale a pena conhecer quem nos inspire e daí retirar alguma LUZ para nós próprias.
As mulheres deviam unir-se e aprender da força e talento umas das outras ao contrário de se perderem em invejas inúteis.
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