Cairo, dia 13 de Maio, 2010
“Rotundo sucesso na América Latina e mais um regresso à Casa da Loucura”
Peço desculpa aos queridos seguidores do meu blogue (em versão portuguesa), aos assumidos e aos não assumidos (que conheço, um a um, devido a um maravilhoso e diabólico sistema de identificação de todos os que visitam este blogue).
Bem disse que trataria de actualizar apenas a versão inglesa (www.joanabellydance.blogspot.com) por falta de tempo e o prometido é devido.
Desde que saí do Cairo rumo à América Latina, os seguidores portugueses ficaram a chuchar no dedo e por isso as minhas desculpas (sugiro que façam uso do inglês que aprenderam na escola!).
Assim, em modos conclusivos e para não deixar o pessoal totalmente defraudado, aqui vão alguns flashes do que aconteceu de mais importante nestas duas últimas semanas:
1. Dei graças a Deus por ter sido recebida com total amor e admiração por públicos e alunos da Colombia e da Argentina, onde actuei e ensinei com um sucesso estrondoso (graças, graças a Deus!).
2. Não poderia ter previsto as consequências do sucesso na América Latina nem a forma como ali fui atirar mais uma enorme pedra ao charco. Vi que a Dança Oriental se transformou em negócio fácil para muita gente que não percebe minimamente de Arte e que é urgente mostrar a verdadeira BELEZA e RIQUEZA desta Dança e de toda a cultura milenar que está por trás dela.
3. Comecei a ter aulas de Tango em Buenos Aires (melhor sítio não haveria) e apaixonei-me, como era de esperar, por esta danca. Comprei sapatos de tango e já ando à procura de escolas no Cairo onde possa continuar a aprender. Milongas cairotas, aqui vou eu...
4. Aprendi que o marketing e a capacidade de negócio fazem milagres (e muito dinheiro!) mas não alimentam a alma das pessoas. Só a verdadeira ARTE consegue essa proeza.
5. Tenho recebido centenas de mensagens de pessoas (homens e mulheres) que estiveram presentes nalgum dos meus espectáculos e/ou workshops na América Latina e não me surpreende que muitos destes me façam chorar como uma autêntica histérica Maria Madalena.
6. Senti, mais uma vez, que tudo o que semeamos dá frutos. Ao partilhar a minha Arte e Visão da Dança Oriental com centenas de alunos e pessoas por esse mundo fora, entendi que a VERDADE (impessoal e transmissível) se reconhece mutuamente. Quando falamos, agimos e dançamos/criamos a partir desse lugar Sagrado de TOTALIDADE que existe dentro de nós, os Outros (que não são mais do que espelhos de nós próprios) reconhecem a sua própria Sacralidade em nós.
7. O artista é o Espelho límpido de todo o Ser humano.
8. Percebi que sou amante dos aplausos sentidos e que dispenso os protocolos e os elogios que são apenas lambe-botas.
9. Descobri que existe uma loja na Colombia – STUDIO F – que me converte numa maníaca de consumo que sempre me orgulhei de não ser. Roupas desenhados por estilistas colombianos baseadas na influência indígena e colonial que definem aquele país.
10. Aprendi que a Colombia – e Medellin, em particular – é um sítio famoso pelo tráfico de droga (Pablo Escobar e o seu multi-bilionário negócio de cocaína tornaram-se lenda!) e que o dinheiro apaga remorsos e adormece consciências a muito “boa gente”.
11. Descobri que Buenos Aires é uma mistura de tango, esquinas assombradas iluminadas pelos famosos longos candeeiros de rua da cidade e Paris. Dizem que é a cidade mais europeia da América Latina. Acho que concordo.
12. Bebi cappuccinos coloridos e comi gateaus de “creme de leche” (creme de leite típico da Argentina) em cafés chiques de Buenos Aires enquanto lia Jorge Luís Borges (Prémio Nobel da Literatura argentino) e a minha revista Vogue. Isto fazia-me sentir muito bem (não sei bem porquê!?).
13. Apercebi-me que o Tango é mil vezes mais sensual e sexual do que a Dança Oriental mas ninguém parece reparar nisso.
Também me apercebi que no Tango se mostra mais pele e carninha do que na Dança Oriental mas, ainda assim, ninguém parece reparar nisso. A Dança Oriental, por várias razões que o Diabo poderia destrinçar, parece ser o bode espiatório de todas as perversões e fraquezas humanas.
14. Aprendi que adoro Tango (pela sua sensualidade, pela sua sexualidade franca, pela paixão fatal que representa, pela poesia realmente amorosa que se desenha com os pés/pernas, pelo diálogo de fogo que acontece entre dois corpos unidos por um abraço eterno).
15. Senti o calor do reconhecimento do meu trabalho e vi que todo o percurso de vida tem valido a pena . Porque a Alma nunca é pequena (graças ao nosso Luís Vaz de Camões e à sua famosa frase: ” TUDO VALE A PENA QUANDO A ALMA NÃO É PEQUENA”).
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