Wednesday, May 19, 2010

Cairo, dia 14 de Maio, 2010

“A insustentável leveza do Ser”


Este é um título roubado a um célebre livro do autor Milan Kundera (livro esse que eu nunca li).
A razão pela qual a insustentável leveza do Ser me visitou a meio de uma manhã cheia de insónias e desatinos (tudo o que ainda há por fazer na minha vida e tudo o que de imprevisível pode acontecer e assim, mudar o rumo de tudo o que tinha previamente sonhado) ainda me é desconhecida mas tenho algumas pistas.

Li algures que, para fazer Deus rir, bastava contar-lhe os nossos planos de vida.
Esta verdade cruel – e, simultaneamente, consoladora – deixa-me, cada vez mais, com uma confusão recorrente: até que ponto sou eu que defino, com os meus pensamentos, intenção e acções concretas, o rumo da minha vida?!

É certo que os meus maiores sonhos se estão a realizar, passo a passo, diante dos meus olhos surpreendidos mas, quando se alcançam certos objectivos (por maiores que eles sejam), novos sonhos começam a nascer no nosso horizonte de desejo.

Ser leve e despreocupada, saber deixar-me levar pela corrente da Vida enquanto dou o meu melhor e tento, por tudo, realizar aquilo a que me propuz é uma forma de Arte que vou tentando dominar.

A insustentável leveza do ser! Porque será tão insustentável?
Porque será que existe uma parte de nós que nos prende à terra e nos relembra que o Ser humano – com a sua incrível mente que é anjo e demónio eterno – possui sombras, zonas pequenas do Ser e uma incapacidade quase inata de se manter desequilibrado e em constante busca de equilíbrio.

Cheguei a uma altura crucial da minha vida e é aqui que busco, mais que vitórias e momentos de extâse, a simples capacidade de me sentir LEVE. A sustentável leveza que me é dada quando percebo que nada é, realmente, importante.
Se morresse amanhã e tudo o que realizei e ainda vou realizar não tivesse acontecido, o mundo não se deteria nem uma fracção de segundo. A máquina do Universo continuaria a rolar, a rolar, imparável na sua Sagrada e magnífica matemática.

Homens e mulheres continuariam a procriar, a ir e a vir, a falar e a trabalhar como sempre o fizeram.
Nada do que eu faça é assim tão importante e, no entanto, é urgente e indispensável que o faça.

Esta é a minha própria ideia de como viver com uma pacífica sustentável leveza do Ser.

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