Sunday, July 4, 2010




Cairo, dia 4 de Julho, 2010

Mais uma sessao de ZAAR com amigos


Meu Deus...por onde fomos e viemos eu ja nao sei mas posso afirmar que viajamos ate ao cu de Judas para encontrar uma famosa sessao de zaar que ja se transformou numa actividade turista para hippies desactualizados que para ali levam haxixe e ilusoes de um misticismo inexistente.

Ja tinha frequentado outras sessoes de zaar mas nunca num local tao remoto e campones.
Trouxeram-nos chas e coca-colas e ficamos rodeados de maalemas (mulheres egipcias fortes e com maos que parecem troncos de arvore antigos)que fumavam shishas e se mal diziam entre si.

Estar num local destes sera mais fantastico do que entrar num plateau de filmagem de um filme de Woody Allen. A realidade suplanta a fantasia mais louca.

Os musicos tocaram cancoes especificas de zaar para afastar os maus olhados, frustracoes, tristezas e espiritos maleficos e as mulheres dancaram ate cair para o lado (literalmente). As que nao dancavam, cuidavam das que o faziam e nessa irmandade eu pude ver beleza.

Mais uma vez, pude aperceber-me do papel fulcral que a musica e a danca possuem em sociedades como a egipcia em que as pessoas nao se podem expressar livremente a nenhum nivel.

Quando estas mulheres se dirigem a uma sessao de zaar, ali vao exorcizar os seus fantasmas e libertar-se (sexualmente, emocionalmente, fisicamente, mentalmente) e a tarefa que a musica/danca representa nao sera de menor importancia: trata-se de um antigo salva-vidas, um escape da loucura, uma fuga da realidade, um milagre de conexao com Deus.

As energias destes sitios sao sempre TERRA e FOGO. Relembram-me que, por mais evoluidos que sejamos, esses dois elementos estarao sempre la. Somos MATERIA - alem de espirito e emocao - e a isso nao podemos fugir.

Regressamos a casa de toc-toc (motoreta que transporta passageiros, auto-carro e metro. Durante todo o caminho, carreguei mais dois quilos de mangas que comprei na vila sufi onde usufruimos do Zaar.

Viver o Egipto mais remoto, rustico e baladi ensina-me sobre tudo: como dancar mais genuinamente, como ser mais simples e mais forte, como jamais esquecer que somos todos UM.

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