Friday, July 9, 2010

Cairo, dia 9 de Julho, 2010


Que nao se zanguem comigo (muculmanos e religiosos fervorosos em geral)...


Que nao se zanguem comigo mas hoje quase cai da passadeira onde corria a minha meia horinha de meditacao (porque correr pode ser uma forma de meditacao) devido a um ataque de riso incontrolavel que me deu.

Assim que chego ao ginasio, reparo que todas as televisoes (usualmente sintonizadas em canais de musica exibindo mulheres quase nuas insinuando musicas que nao o chegam a ser) mostram varias sessoes de rezas provenientes de diferentes paises do Medio Oriente.

Como hoje e sexta-feira (dia oficial da reza e descanso dos muculmanos), seria de esperar que houvesse referencias a religiao mas nao em todo o ginasio e de forma tao invasiva (chamem-me doida mas prefiro musica bem disposta quando estou a treinar...ver o sheik barbudo da Arabia Saudita pregando coisas em que nem ele acredita nao sera o mais estimulante).

A sessao/servico religioso que estava a minha frente parecia ser o mais solene de todos. Um sheik saudita com uma barba e uns olhos de meterem medo ao susto e uma expressao de raiva que entra em contradicao com o espirito do Islao e um grupo de centenas de homens ( e uma crianca) seguindo-lhe os gestos, pausas e direccoes de cabeca.

O que provocou o meu riso ( e quase uma queda) foram dois detalhes deliciosos que jamais me poderiam passar despercebidos:

1. Um dos fieis que seguiam o sheik teve um ataque de urticaria nas zonas pudibundas e, ali mesmo no meio do servico religioso transmitido pela t.v. para todo o Medio Oriente, la foi solenemente cocando as zonas intimas com um afinco impressionante. Chamem-me doida, novamente, mas eu tenho ca para mim que revolver as nossas partes pudibundas (adoro esta palavra, soa-me tanto a teatro portugues do seculo XVI e Gil Vicente e tal!!) nao combina la muito com a reza mas isto sou apenas eu que nem sei o que estou para aqui a dizer.

2. A crianca que seguia o servico religioso prostrou-se tal como os homens presentes na mesquita mas nao se levantou quando o resto do grupo o fez. Observei como o miudo ali ficou com a cabecinha colada ao chao e suspeitei, de imediato, que ele tinha adormecido. Pois suspeitei eu e suspeitou o sheik que sera religioso mas nao parvo.

Ali estava eu a seguir o desenrolar dos acontecimentos e esperando que o miudo acordasse quando um dos homens que estava ao seu lado recebeu um aceno mafioso do sheik com a indicacao de acordar a crianca e eis quando o seguidor do profeta lhe deu uma valente chapada na mioleira (ao puto, nao ao sheik!).

Aquela cabecinha ha-de ficar a arder durante toda a semana, pelo menos. Ai vai arder, vai...
Coitado do puto, pensei eu.

A agressividade e secura com que o homem bateu no miudo contrastou, uma vez mais, com o espirito religioso que - supostamente - preside a estas ocasioes.
Sim, a crianca adormeceu mas nao era caso para lhe dar um calduco daqueles!

Isto recordou-me uma outra ocasiao em que escutava - incredula, confesso - um chamado guru indiano que, as tantas, mandou uma resposta torta a uma pobre senhora velhota em cadeiras de rodas.

Eh pa...o guru iluminado a agredir verbalmente uma senhora velhota sentada numa triste cadeira de rodas nao perfaz o que eu esperava de um religioso.Mas isto sou eu...doida, doida, doida. Nao digo coisa com coisa.

Hmmmmmmm....hhhuuuuummmmm....sei la, a mim parece-me tudo um pouco confuso.
Esta coisa da religiao e do humano que somos. Que confusao, meu Deus!

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