Dos clichés e *mais outros demónios.
Nao aprecio clichés, excepto se me fizerem rir ou confirmarem verdades que eu acabo por descobrir por mim própria. Hmmmm...dito assim, parece que, afinal, gosto de certos clichés. Contradicoes, contradicoes multicolores e a meios tons impossíveis de definir.
Ao receber mais uma aluna em minha casa, aqui no Cairo, fico perplexa com a sensacao de que os outros me vejam como sabendo muito e eu me veja como sabendo muito pouco.
Cada vez mais, adoro "ensinar" profissionais (a maioria das bailarinas que vem ao Cairo estudar comigo em aulas particulares sao já profissionais trabalhando em todo o mundo) porque eles me colocam tudo em perspectiva.
Viver e trabalhar no Cairo como bailarina tem sido a escola de uma VIDA, isso é certo. Se juntarmos a esse facto a minha curiosidade insaciável e a minha mente hiper activa, entao acabamos com uma aprendizagem em velocidade anormal, com uma profundidade também ela anormal.
Nao posso estranhar se o meu mundo for visto, pelos que estao de fora dele, como algo rico e com imenso a ensinar. Isso deixa-me feliz e até um pouco lisongeada. Mas, porque será que tenho cada vez mais perguntas e menos respostas?! E porque será que tenho na minha frente um aluno ávido de aprender comigo e a única coisa que me apetece dizer é: "Que tens TU a ensinar-me?"
Talvez se deva ao facto de ser melhor aluna que professora. Em tudo. Por mais que outrém me veja como professora, eu insisto porque SIM em ser aluna. E assim cresco, como professora sem a certeza de mim nem das minhas próprias certezas. Penso que é isso que os alunos vem beber a minha casa, as minhas aulas, a minha ausencia de arrogancia.
E assim aprendo, a velocidade da luz...aterrando numa terra inominável onde o SABER se confunde com o SER. E aí, cheguei. Como professora e como aluna. E já nao quero ser nem uma nem outra, apenas Eu em toda a ignorancia abencoada de quem já aprendeu
"alguma coisa"...
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