Tuesday, April 27, 2010
Cairo, dia 27 de Abril, 2010
WORKSHOPS EM PORTUGAL DIAS 16,17 DE OUTUBRO - LISBOA!
Para todos os alunos que me tem enviado emails cheios de carinho e pedidos de informacoes, aqui vai a noticia que valera a pena reter:
ESTAREI EM PORTUGAL EM OUTUBRO E APRESENTAREI AS MINHAS NOVAS COREOGRAFIAS em workshops ineditos que vos farao apaixonar-se mais e mais por esta Arte.
DIAS 16 E 17 DE OUTUBRO, EM LISBOA (IPJ, PARQUE DAS NACOES).
O NUMERO DE INSCRICOES SERA LIMITADO.
Programa detalhado do evento sera brevemente colocado neste blog e no meu Facebook.
Sejam todos muito BEM-VINDOS!
Cairo, dia 27 de Abril, 2010
A caminho...
Porque sera que ninguem corre ao meu ritmo numa cidade tao caotica e, aparentemente, apressada como o Cairo?!
Fazer malas. Check!
Preparar todo o material para os workshops na Colombia e na Argentina. Check!
Fazer uma pedicurezita manhosa para compensar pelas horas interminaveis de danca com os meus ricos pes no chao. Calos, calos e mais calos plus uma pele mais dura do que o casco de um cavalo. Meus ricos pes. Minhas ricas pernas! Check!
Preparar algum material para os espectaculos, no caso de haver algum imprevisto e as orquestras ao vivo nao poderem interpretar o que eu necessito. Check!
Deixar tudo organizado em casa e no trabalho. Pagar a orquestra e tecnicos, pagar a renda da casa, arranjar quem cuide das minhas meninas e deixar-lhes tudo o que precisam. Check!
Escolher um belo livro para me acompanhar em mais esta jornada. Check!
Passar a noite em branco, coreografando e alterando muito do que ja preparei. Check!
Bilhete de aviao, passaporte, BOA ENERGIA. Check!
Estou quase, quase pronta a levantar voo...
A caminho...do mundo.De mim.
Mandarei noticias quando regressar ao Cairo, Check!
Cairo, dia 27 de Abril, 2010
Ah, a alegria!
Ah, a alegria de encontrar o passo/movimento certo. Perfeito na sua inexactidao e TOTAL.
Inexacto, deveras, mas cheio de significado e PAIXAO.
Ah, a alegria de conquistar os meus proprios medos e vencer os meus proprios demonios.
Ah, a alegria de descobrir que as unicas batalhas a vencer sao as que travamos contra os nossos proprios demonios e zonas escuras.
Ah, a alegria de respirar fundo e saber que tudo correra maravilhosamente.
Ah, a alegria de receber um abraco sincero de uma rapariga na audiencia. Ver o seu sorriso e escutar as suas palavras sinceras de apreco e admiracao quando me sinto tao exausta, para la das aparencias.
Ah, a alegria de rir com os artistas/amigos que trabalham comigo todos os dias.
Ah, a alegria de ser respeitada, acarinhada, reconhecida pela minha ARTE.
Ah, a alegria de ver os passaros que me visitam todas as manhas e pairam, tao tranquilamente, a berma da janela do meu quarto.
Ah, a alegria de ter amigos sinceros que estao sempre perto, mesmo quando distantes.
Ah, a alegria de ser amada. Por outros. Por mim mesma.
Ah, a alegria de SER.
Cairo, dia 27 de Abril, 2010
A agonia banhada de extase
Prestes a partir para a Colombia e para a Argentina, deparo-me com o meu crescente tormento: coreografar mais e melhor, excedendo as expectativas que crescem a minha volta.
Fazer o que me vai na alma, no corpo e no coracao sao a base de qualquer coisa que me proponha fazer mas ha que ir mais alem...encontrar um novo sentido ao que se faz, levar algo VALIOSO aos alunos e audiencias.
Sera que penso demasiado?!Complico demasiado??Levo este trabalho demasiado a serio??
Existem bailarinos e professores que trabalham somente sobre a musica quando coreografam. Eu tento - tento - ser fiel as palavras que se dizem nessa musica, aos detalhes musicais e o significado que eles podem encerrar.
A danca deveria ser, na minha opiniao, algo que desperta a consciencia, o sentimento e a alma de quem dela usufrui (seja na forma de aulas ou espectaculos).
Entro no universo da musica que quero coreografar, busco solucoes. Respostas ou simples perguntas que digam mais do que qualquer resposta.
Rio, choro de impotencia e por achar que, afinal, nao sou capaz...nao sou capaz.
Os demonios ca de dentro lancam mil duvidas e despertam todas as minhas fragilidades. Ainda assim, the show must go on...continuo. Ate encontrar alguma LUZ, algo que me diga que SIM, vai valer a pena transmitir este material a tanta gente avida de mim.
Coreografar representa um desafio agri-doce para mim. Cada vez mais.
O nivel de exigencia aumenta de mim para comigo propria e nunca estou satisfeita.
Passarei a noite toda revendo e alterando coreografias.
Andarei em casas de banho de aeroportos trabalhando essas mesmas coreografias e levarei esse medo de falhar ate ao momento em que suba ao palco.
Quando ai chegar, com a ajuda se Deus, so a LUZ permanecera.
Monday, April 19, 2010
Cairo, dia 19 de Abril, 2010
NOVIDADES antes do retiro...:)
Sei que prometi umas palavras sobre a minha viagem a India e um pouco do que ali vivi mas o tempo corre e os compromissos acumulam-se, nao deixando margem para reflexoes e flash-backs. Por isso, aqui fica a promessa, uma vez mais, adiada de mandar noticias da memoria que me quedou da India. Para quem sabe ingles, basta dar uma vista de olhos ao meu outro blogue (que actualizo em ingles):
www.joanabellydance.blogspot.com
Quanto as NOVIDADES que vos deixo antes de mais um retiro e subsequentes viagens, aqui vamos:
1. Espectaculos no maravilhoso NILE MAXIM , sempre! Se estiverem no Cairo, nao deixem de assistir aos shows que eu monto com tanta paixao e entrega!
RESERVAS atraves dos numeros:
002 - 012 73 88888 / 002- 011 73 88888 / 002 - 010 73 88888 / 002 - 02 273 88888
2. Festival na Colombia - LATIN ARABIAN - no dia 30 de Abril, 1 e 2 de Maio.
Workshops e performance. Espero nao desiludir face a todas as expectativas que se formam em redor do meu nome. Sinto-me feliz e honrada por representar o Egipto neste grande evento!
INFOS:
http://www.saharnicompany.com
3. Festival na Argentina: Dias 7,8 e 9 de Maio!!!
Bellydance Weekend Festival 2010 Buenos Aires.
INFOS:
www.infoarabe.com
4. BOMBASTICO ESPECTACULO QUE JA ESTOU A MAGICAR PARA A GALA DE ENCERRAMENTO DO MAIOR FESTIVAL DE DANCA ORIENTAL DO MUNDO (AHLAN WA SAHLAN) CRIADO PELA SENHORA RAQIA HASSAN - Dia 30 de Junho,Cairo.
A NAO PERDER!
5. Workshops em Portugal com tematicas essenciais para todos os amantes da Danca Oriental - Dias 16 e 17 de Outubro.
Programacao e detalhes brevemente disponiveis neste BLOGUE e no meu FACEBOOK.
6. Novidades sempre actualizadas no meu FACEBOOK (Joana Saahirah) e no Youtube (procurar Joana Saahirah of Cairo).
Ate breve e muita Danca com LUZ para todos!
Sunday, April 18, 2010
Cairo, dia 18 de Abril, 2010
Abdel Halim Hafez na Opera do Cairo
Aprender sobre os grandes nomes da musica egipcia parece ser uma tarefa da qual me ocupo 24 horas por dia. Vivendo e trabalhando no Cairo, nao me resta outra hipotese senao absorver tanta maravilhosa informacao que esta a minha volta.
Nao me refiro, tao pouco, ao meu trabalho em si mesmo. Ai eu lido e trabalho diariamente com alguns dos melhores musicos do mercado e, interagindo, observando-os, assimilando-os no meu sistema auditivo e emocional, aprendo em dimensoes que nao possuem fim.
Aprender sobre musica - e danca - no Egipto passa por uma vivencia diaria de momentos partilhados com estranhos, amigos e todos os que se encontram no meio destas duas categorias.
Partilho uma musica de Om Kolthoum com um taxista que me leva a casa e cantamos em unissono numa mutua evasao que nos une na nossa aparente distancia.
Sento-me num cafe com uma amiga e la esta uma fantastica musica de Shadia tocando e colorindo o ambiente das shishas e dos chas com menta.
Caminho na rua e noto que, saida de uma loja de artigos para a casa, vem ate mim um tema de Abdel Halim Hafez que me faz, literalmente, parar no meio da rua e escutar atentamente.
Todas estes sao estimulos musicais que nao me passam ao lado e povoam todos os meus dias/noites da vida neste sitio fascinante.
Aqui, a aprendizagem nao tem lugar nem hora marcados.
Gosto disto.
E ali fui eu a Opera do Cairo - que veio substituir a antiga OPERA DO CAIRO depois desta ter sofrido um grave incendio - assistir a um concerto sob a tematica de Abdel Halim Hafez.
Um dos cantores inseridos no concerto e meu amigo e, por isso, fui convidada VIP, em primeira fila e com direito a dar autografos ao pessoal e tudo (porque sera que me torno cada vez mais timida em publico???). Sabe tao bem ser reconhecida pelo meu trabalho mas, no entanto, nao poder esconder-me na minha concha de recolhimento e paz deixa-me tonta e desorientada. (?!)
Tudo no concerto me pareceu maravilhoso, com especial incidencia nos arranjos musicais a rasgar a perfeicao.Tendo orquestrado - sem ajuda nem guia de ninguem - tantos musicos diferentes ao longo de tres anos de trabalho diario, nao podia deixar de ter uma costela de maestro. Sim, que a TENHO!!!
A limpeza com que se podia escutar cada instrumento entrando e saindo no momento e da forma mais sublimes, a interpretacao musical de cada solista e de alguns dos cantores (incluindo o meu amigo que fez um furor!)deixava-me sem folego.
Claro que tinha de haver um toque egipcio (ou um piquinho a azedo, nas palavras da minha mana Catarina, afamada poetisa do povo...):
Os cantores do coro estavam a ponto de adormecer quando escutavam os solistas, havia conversas entre varios musicos (suspeito que estavam a trocar receitas das varias formas de cozinhar bacalhau no forno), o musico que tocava alaude tossia para o microfone sem preocupacoes e assoava-se com lencos de papel que, depois, inspeccionava cuidadosamente com igual descontracao e por ai vai...
Ja me habituei a abstrair-me destes detalhes (graves, para mim) e apenas fixar-me na beleza ali produzida. No Egipto, o sublime e as imperfeicoes crassas andam sempre lado a lado. Nao deixar que o feio polua o belo parte de quem observa.Eu tento, eu tento...
Deprimente - e interessante - foi nao conhecer nenhuma das musicas ali interpretadas. Ali estava eu a espera de escutar algo familiar, ver como a orquestra interpreta esta e aquela musica mas...nada!
Tudo musicas que me eram desconhecidas (mais aprendizagem)e um estilo muito proprio que tornou Abdel Halim Hafez numa referencia incontornavel da musica egipcia e arabe.
Nao se trata do meu cantor preferido. Consigo ver a beleza e toque inovador de muito do que ele compos, escreveu, cantou. Ainda assim, nao me toca o coracao como toca Om Kolthoum.
Que mania esta de comparar tudo e todos ao meu grande amor, Om Kolthoum!
Aqui esta um erro meu do qual nao consigo livrar-me.
Aprendi que Abdel Halim canta o amor adolescente, inconsequente. Ao contrario de Om Kolthoum que ja canta um amor maduro e eterno com consequencias dramaticas (la estou eu a comparar a Diva com os demais!).
Canta tambem a dor nas suas mais variadas tonalidades (proveniente, em grande parte, do estado doentio em que Abdel Halim se encontrou durante a grande parte da sua vida, passando mais tempo em hospitais do que no palco ou em sua casa).
Canta os revezes diarios da vida e fala com a audiencia como se tratasse de um amigo esperando noticias.
Fiquei com a nitida impressao de que este territorio ainda nao foi, convenientemente, explorado por mim. Um mergulho destes tornou-se urgente.
Aqui vou eu.
Saturday, April 17, 2010
Cairo, dia 17 de Abril, 2010
O meu espectaculo no Festival Ahlan wa Sahlan - 30 de Junho!
Nao poderei descrever a alegria e honra do convite recebido pelas maos da Senhora Raqia Hassan, criadora e directora do maior festival de Danca Oriental do mundo:
AHLAN WA SAHLAN!
Website do evento para mais informacoes: www.raqiahassan.net
Ter ganho, a ferro e fogo, este convite devido ao meu merito e luta foi um presente para o meu coracao, alma, TUDO o que em mim sonhou...em grande.
Por isso, e sem mais demoras, aviso o pessoal que venha ao proximo grande FESTIVAL AHLAN WA SAHLAN em Junho: NAO PODERAO PERDER O MEU ESPECTACULO (COM A MINHA MARAVILHOSA NOVA ORQUESTRA) NA GALA DE ENCERRAMENTO DO EVENTO, DIA 30 DE JUNHO!
Ohhh...estou no ceu de tao feliz e um pouco (apenas um pouco...:) ) babada. LOL
Thursday, April 15, 2010
Cairo, dia 15 de Abril, 2010
Teste H.I.V e vegetais
Uma limousine parou a porta do meu novo predio e dois funcionarios do NILE MAXIM levaram-me, pela milesima vez, ao hospital na baixa da cidade (mais concretamente, a seccao onde se fazem os testes relativos ao virus da Sida).
A burocracia da India revelou-se pior do que a egipcia mas, para quem duvide, eu cofirmo o inferno que representa tratar de papeladas ou trabalhar legalmente neste pais.
No Egipto tudo se complica a cada momento e novas leis (frequentemente absurdas ou simplesmente estupidas) circulam pela vida das pessoas (e dos estrangeiros que ca trabalham, em especial)todas as semanas.
Ontem era proibido tal e tal e daqui a uma semana ja se pode tal e tal mas se conhecermos o fulano tal e tal que, por sua vez, esta ligado ao patrao tal e tal que tambem conhece nao sei quem...
Ufff!
Demasiado para uma cabecinha simples e honesta como a minha!
Uma das leis maravilhosas que existiam - ate ha uma semana atras - neste local que amo (sim, sou louca!) ditava que todos os estrangeiros deveriam repetir o teste do virus da Sida sempre que saissem e voltassem a entrar no Egipto.
Egipcios nao. Apenas estrangeiros, o que nos leva a concluir a brilhante premissa:
So os estrangeiros sao vulneraveis ao virus da Sida. O sacana do virus nao entra no sistema dos egipcios, deve ser qualquer coisa relacionada com o sistema imunologico fortalecido pelas aguas do Nilo ou pelo feijao que comem ao pequeno-almoco...
O teste tambem nao se exigia a estrangeiros turistas ( la se ia o turismo no Egipto!) mas apenas aos trabalhadores, o que nos conduz a outra, igualmente, brilhante premissa:
So os estrangeiros trabalhadores no Egipto apanham o virus da Sida. Os turistas estao imunes. Sera do Sol que apanham? Das locoes bronzeadoras que se entranham e fortalecem o sistema imunologico do pessoal?!
Hmmmm...
Ainda estou por perceber.
Assim sendo, la fui eu para mais uma sessao de agulhas e sangue num ritual que ja se tornou tao familiar que ja nem o sinto.
Entro na sala dos testes, arregaco a manga da camisola, estendo o bracito tanta vez furado, cerro o punho e assobio.
1-2-3. Ja esta.
Testado o virus da Sida. Pela milesima vez. Qualquer dia o meu braco ja nao tem lugar onde furar...
Depois do teste da Sida, seguiu-se mais uma montanha de burocracias relativas aos impostos que pago, aos meus documentos, casa, contratos e eteceteras que me deixam a ponto de ter um ataque de nervos, nao fosse eu ja me ter tornado um pouco egipcia e, por isso, mais paciente e bem humorada do que o comum dos mortais.
Entro numa reparticao e vejo os funcionarios a circularem pijamas para vender uns aos outros e uma senhora sentada a cortar vegetais debaixo da secretatia onde, supostamente, ela deveria estar a tratar da minha papelada!
Todos sorriem. No pasa nada, como dizem os espanhois!
Eu nao posso deixar de rir.
Sinto-me sufocada naquela reparticao decadente, sei que passarei toda a manha aqui a espera que a senhora acabe de preparar os vegetais para o jantar de familia mas nada posso fazer. Se nao os podes vencer, junta-te a eles.
Ha batalhas que ja dei por perdidas e irritar-me representa uma tola perda de tempo.
Aprendendo...
Teste H.I.V e vegetais
Uma limousine parou a porta do meu novo predio e dois funcionarios do NILE MAXIM levaram-me, pela milesima vez, ao hospital na baixa da cidade (mais concretamente, a seccao onde se fazem os testes relativos ao virus da Sida).
A burocracia da India revelou-se pior do que a egipcia mas, para quem duvide, eu cofirmo o inferno que representa tratar de papeladas ou trabalhar legalmente neste pais.
No Egipto tudo se complica a cada momento e novas leis (frequentemente absurdas ou simplesmente estupidas) circulam pela vida das pessoas (e dos estrangeiros que ca trabalham, em especial)todas as semanas.
Ontem era proibido tal e tal e daqui a uma semana ja se pode tal e tal mas se conhecermos o fulano tal e tal que, por sua vez, esta ligado ao patrao tal e tal que tambem conhece nao sei quem...
Ufff!
Demasiado para uma cabecinha simples e honesta como a minha!
Uma das leis maravilhosas que existiam - ate ha uma semana atras - neste local que amo (sim, sou louca!) ditava que todos os estrangeiros deveriam repetir o teste do virus da Sida sempre que saissem e voltassem a entrar no Egipto.
Egipcios nao. Apenas estrangeiros, o que nos leva a concluir a brilhante premissa:
So os estrangeiros sao vulneraveis ao virus da Sida. O sacana do virus nao entra no sistema dos egipcios, deve ser qualquer coisa relacionada com o sistema imunologico fortalecido pelas aguas do Nilo ou pelo feijao que comem ao pequeno-almoco...
O teste tambem nao se exigia a estrangeiros turistas ( la se ia o turismo no Egipto!) mas apenas aos trabalhadores, o que nos conduz a outra, igualmente, brilhante premissa:
So os estrangeiros trabalhadores no Egipto apanham o virus da Sida. Os turistas estao imunes. Sera do Sol que apanham? Das locoes bronzeadoras que se entranham e fortalecem o sistema imunologico do pessoal?!
Hmmmm...
Ainda estou por perceber.
Assim sendo, la fui eu para mais uma sessao de agulhas e sangue num ritual que ja se tornou tao familiar que ja nem o sinto.
Entro na sala dos testes, arregaco a manga da camisola, estendo o bracito tanta vez furado, cerro o punho e assobio.
1-2-3. Ja esta.
Testado o virus da Sida. Pela milesima vez. Qualquer dia o meu braco ja nao tem lugar onde furar...
Depois do teste da Sida, seguiu-se mais uma montanha de burocracias relativas aos impostos que pago, aos meus documentos, casa, contratos e eteceteras que me deixam a ponto de ter um ataque de nervos, nao fosse eu ja me ter tornado um pouco egipcia e, por isso, mais paciente e bem humorada do que o comum dos mortais.
Entro numa reparticao e vejo os funcionarios a circularem pijamas para vender uns aos outros e uma senhora sentada a cortar vegetais debaixo da secretatia onde, supostamente, ela deveria estar a tratar da minha papelada!
Todos sorriem. No pasa nada, como dizem os espanhois!
Eu nao posso deixar de rir.
Sinto-me sufocada naquela reparticao decadente, sei que passarei toda a manha aqui a espera que a senhora acabe de preparar os vegetais para o jantar de familia mas nada posso fazer. Se nao os podes vencer, junta-te a eles.
Ha batalhas que ja dei por perdidas e irritar-me representa uma tola perda de tempo.
Aprendendo...
Wednesday, April 14, 2010
Cairo, dia 14 de Abril, 2010
Rebeldia
A minha menina mais nova (Kenzi de seu nome, resgatada por mim da rua)representa aquilo que eu espero jamais deixar de ser: Rebelde.
Quando a vi sentada numa cadeira de jardim, ainda baby e com uma patinha partida, ronrronando quando olhava para ela e lancando-me aquele olhar desafiador que so os felinos conseguem ter, decidi que tinha de leva-la para casa.
Da rebeldia inicial resta...TUDO!
Trata-se de uma gata baladi, vinda da rua e com genes de sobrevivente nata.
Isso nota-se na forma como pega na minha lingerie e corre pela casa toda de cuecas na cabeca ou na forma como ataca o meu outro anjo, Sweetie e finge que nada se passa se nota que eu estou a assistir a cena.
A rebeldia que vejo nesta criatura de Deus encanta-me e, em silencio, vou pedindo que essa mesma rebeldia que me trouxe ate ao Egipto jamais me abandone.
Garras.
Vontade de agitar e a ausencia de medo de INCOMODAR. Ahhh...dificil mas...estou concentrada no assunto.
Cairo, dia 14 de Abril, 2010
Mais retiros...
De vez em quando, la desapareco do espaco cibernetico.
Bem tento estar sempre em todas mas sou humana e o meu dia tem 24 horas como o dia de qualquer pessoa.
Actuar diariamente, ensaiar e programar novos espectaculos constantemente, coreografar e ensinar outras pessoas, trabalhar no meu livro e ainda actualizar dois blogues - um em portugues e outro em ingles: www.joanabellydance.blogspot.com - nao sera tarefa facil.
A isto se junta uma vida que tento viver o mais normalmente possivel.
Cuidar de mim (um pouco, ou de vez em quando...:( ), da casa onde vivo, das minhas gatinhas/anjos lindos, dos meus poucos amigos verdadeiros a quem tento mimar por serem tao raros, da burocracia que sempre rodeia a vida de uma bailarina estrangeira no Egipto, etc...
Ver crescer a carreira que sempre sonhamos so pode ser maravilhoso mas existe um preco a pagar, inevitavelmente.
Ja nao me recordo da ultima vez que fui ao ginasio ou fiquei, preguicosamente, num cafe com amigos falando sobre coisas banais.
Ja nao me lembro da ultima vez que fui ao cinema ou da ultima vez em que pude dormir uma boa noite de sono sem preocupacoes ou pressoes no dia que amanhece.
Ja nao me lembro o que significa ter uma vida normal, igual a de toda a gente.
Sim, nunca desejei uma vida normal para mim! Touche.
Mas, no meio de tanta agitacao e criacao constantes, necessito algum equilibrio e esse chega na forma da tao detestada NORMALIDADE.
No fundo, andamos todos em busca de equilibrio.
Por isso, retiro-me - uma vez mais - para poder coreografar as pecas que ensinarei nos dois grandes Festivais que se seguem na America Latina (Colombia e Argentina).
Retiro-me para programar algo novo para o NILE MAXIM, arranjar musicas ja existentes, trabalhar nos dois novos temas que foram compostos para mim, entrar nesse mundo musical de notas, emocoes e sonhos.
Por mais que tente, nao consigo estar em todo o lado ao mesmo tempo. Impossivel!
Aqui ficam alguns flashes (curtos, por falta de tempo) sobre a India e um ATE JA...
Cairo, dia 14 de Abril, 2010
Apaixonada
Por um livro ilustrado.
Chama-se a VIDA DE PI e o seu autor e Yann Martel.
Passa-se na India (coincidentemente?!) e a edicao que eu comprei (em ingles) vem maravilhosamente ilustrada, fazendo-me lembrar dos contos da minha infancia.
A ficcao deveria ser sempre assim: capaz de nos fazer sonhar/transportar e usar a imaginacao tao habilmente como usamos a nossa cabecinha para fazer contas e planear futuros passos.
Estou apaixonada e devoro cada pagina como se de um tesouro se tratasse.
Quando me apercebo de que a crianca que eu fui jamais deixou de SER, respiro fundo, dou-me tempo para olhar o Sol e concluo - com pura alegria - que nenhuma desilusao me danificou o coracao irremediavelmente.
A pureza continua la. Nunca deixarei de ser crianca - assim espero! - e estes mundos de magia e VERDADE tal longe das aspiracoes e deveres da vida quotidiana sao quem me salva da loucura de facto.
Estou apaixonada pelo livro.
Pela minha capacidade (que julguei desaparecida) de acreditar na bondade das pessoas e na beleza simples deste mundo.
Monday, April 12, 2010
Cairo, dia 11 de Abril, 2010
Lar, doce lar...
Sabe tao bem viver a dois minutos (a pe!) do NILE MAXIM! Ohhhhh....se sabe....
Depois de ter perdido horas e horas incontaveis em filas de transito infernais e muito dinheiro em taxis e chauffeurs que me davam mais dores de cabeca do que ajudas, nao posso descrever o bem que sabe assentar arraial no coracao de Zamalek e o luxo que representa estar tao perto do meu trabalho regular e a meio caminho dos locais relativos a outros trabalhos (casamentos, eventos variados, grandes festas).
As arrumacoes tambem estao a caminhar depressa e, dentro de dois dias, espero ter uma casinha minimamente apresentavel.
Sabe bem construir um lar, no meio de tanta viagem e atribulacoes.
Mas...nunca deixo de ser a cigana que sempre fui...
Para nao quebrar a tradicao, ja me estou a preparar para viajar para a Colombia e para a Argentina para dois MEGA EVENTOS que serao, sem duvida alguma, pedras basilares na minha carreira.
Ja sinto os arrepios que so novos desafios me causam!
Excitada e nervosa...
Cairo, dia 11 de Abril, 2010
Porque amo DANCA
1. Porque foi o meu primeiro amor e sera, muito provavelmente, o ultimo!
2. Porque me faz sentir VIVA.
3. Porque me faz entender que nao existe corpo sem alma nem coracao sem mente. Danca sera sempre, na minha cabeca, a ARTE da TOTALIDADE. Todos os sentidos se entrelacam e intercomunicam com o lado fisico, emocional,mental e espiritual do Ser Humano. Isto tem um nome: MAGIA!
4. Porque sera sempre a forma de ARTE mais sensual a face da terra.
5. Porque, com os pes na terra, a DANCA me faz lembrar que eu sou apenas HUMANA.
6. Porque me proporciona um prazer inexplicavel.
7. Porque me faz crescer por dentro e por fora.
8. Porque da sentido a minha VIDA!
9. Porque SIM.
10. E ponto.
Cairo, dia 11 de Abril, 2010
Backstage
O se passa antes, depois e entre cada espectaculo consegue ser, por vezes, mais interessante do que os espectaculos em si.
O convivio entre mim e os meus musicos, tecnicos, empregados de mesa e afins...tudo aquilo que as mentes sabias sempre me aconselharam a nao fazer: misturar-me com o submundo do espectaculo!
Isto porque, a esmagadora maioria dos musicos e mafia associada ao meu trabalho, pode ser considerada uma corja de pessoas pouco recomendaveis e autenticos tubaroes em busca de iscos...(sexo e dinheiro estao no topo da lista dos tubaroes).
Isto porque eu sou vista como a estrela e quem trabalha para mim representa a rale...
Nunca consegui encaixar esta ideia de classes, de niveis, de separacoes.
Nunca.
Preciso de misturar-me, relacionar-me com quem comigo cria mundos todas as noites, conhece-los para poder manejar os seus talentos e limitacoes, envolver-me com estes seres humanos a quem eu vou pedindo musica e talhadas consideraveis do seu coracao e da sua alma...
Por isso, cometo todos os erros em relacao aos quais fui avisada e misturo-me com todos os que comigo trabalham e dai retiro mais prazer que desilusao.
Os risos, os ensaios, as tensoes e as emocoes que vivemos juntos, fechados no nosso mundo de musica e loucura nao tem preco.
Agradeco a Deus por tudo.Sempre.
Sunday, April 11, 2010
Cairo, dia 11 de Abril, 2010
Video com final feliz/comico!
Este video agrada-me pela sua comicidade e pelo lado ludico que so os musicos egipcios conseguem dar a musica e, por conseguinte, a danca que lhe corresponde.
Danca representa a Vida e a Vida tambem deve ser sentida rindo, jogando, nao levando nada nem ninguem (especialmente a nos proprios) muito a serio.
Aqui esta Sabedoria de Vida em forma de musica. Reparem como o video termina, comigo rindo descontroladamente e tentando seguir as travessuras que o meu percussionista me prega no final da musica que parece nao querer ter conclusao.
Daqui, sempre em frente... Fazer o que ainda nao foi feito. O meu lema!
Video com final feliz/comico!
Este video agrada-me pela sua comicidade e pelo lado ludico que so os musicos egipcios conseguem dar a musica e, por conseguinte, a danca que lhe corresponde.
Danca representa a Vida e a Vida tambem deve ser sentida rindo, jogando, nao levando nada nem ninguem (especialmente a nos proprios) muito a serio.
Aqui esta Sabedoria de Vida em forma de musica. Reparem como o video termina, comigo rindo descontroladamente e tentando seguir as travessuras que o meu percussionista me prega no final da musica que parece nao querer ter conclusao.
Daqui, sempre em frente... Fazer o que ainda nao foi feito. O meu lema!
Friday, April 9, 2010
Cairo, dia 9 de Abril, 2010
Lendo, escutando...
As minhas leituras andam pela hora da morte.
Eu bem tento manter este habito mas tem sido muito complicado devido a falta de tempo e mente calma.
Quanto a musica...para alem das toneladas de musica egipcia que escuto, so existem dois geniozinhos que me ocupam os timpanos ultimamente...
Eis o que me tem passado pelos ouvidos e pelos olhos.
LIVROS:
1. M.K. Ghandi, An autobriography
A autobiografia da GRANDE ALMA (MAHATMA) Ghandi. Um Homem com H como ja nao se fazem, parece-me...(upps!)
2. Sarah MacDonald, Holy Cow
Mais um livro - light - sobre a India, ainda tentando encontrar sentido na recente viagem que fiz ao lugar das vacas sagradas.
ESCUTANDO:
1.Ravi e Anoushka Shankar (respectivos pai e maninha da Norah Jones).
O sitar indiano relaxa-me e isso basta-me, para la da qualidade inegavel desta musica.
2. Revisitando, sempre e sempre e sempre, o meu idolo de infancia e de toda a vida:
Michael Jackson.
Michael Jackson continua a ser a minha grande inspiracao. Ele vivera para eternamente.
Vejam o video-clip da musica SMOOTH CRIMINAL para entenderem o que quer dizer a palavra GENIAL!
Cairo, dia 9 de Abril,2010
As favoritas
Encontro imagens e musicas que falam mais que mil palavras.
Estas sao algumas dessas imagens.
A fotografia em que sorrio com um sorriso sentido encontra-se em primeiro lugar.
A vida tem de ser ASSIM.Como este sorriso.
Lembro-me que, no momento em que este sorriso foi captado, o meu tabal (louco, alucinado, amado e famoso Maradona)estava a provocar-me criando detalhes inesperados dentro da musica.
Estou sempre rodeada de pessoas com uma ponta - consideravel - de loucura. Esse sentido fora da vida normal que me ajuda a sobreviver as dores, aos maus momentos e a todas as dificuldades.
Estes momentos de loucura que ocorrem entre mim e os meus musicos dao sentido a minha caminhada.
Lindo. Adoro este meu sorriso porque sei o que representa.
Em segundo lugar, vem a foto em que estou com os olhos fechados.
Nao existe musica sem SILENCIO e introspeccao. Nao podemos dar aos outros aquilo que nao temos.Primeiro e sempre...ha que olhar para dentro onde TUDO de IMPORTANTE se encontra.Esta fotografia representa esse silencio absoluto e indispensavel.
Cairo, dia 9 de Abril, 2010
Em fogo...
Que privilegio poder criar continuamente, entrar nesse submundo onde todas as musas e elfos se juntam e a imaginacao segue jorrando, jorrando...
A minha nova orquestra empurra-me, pede-me mais, sugere e obriga-me a ir mais longe, como se nao bastasse o meu proprio criticismo, o meu desejo incessante de TOTALIDADE, de chegar mais e melhor ate ao coracao das pessoas que assistem aos meus espectaculos.
Ha dias atras, uma bailarina russa profissional (Ballet) pediu para falar comigo, no final do meu espectaculo.
Ela, o marido e o filho estavam simplesmente iluminados e com sorrisos que nao poderei descrever.
Ela abracou-me e agradeceu-me dizendo aquilo que eu sempre sonho escutar:
- Agradeco-lhe porque a sua danca tocou o meu coracao.
Ja vi muitas bailarinas e muitos espectaculos de Danca Oriental mas nunca vi nada como a Joana.
Nao posso explicar-lhe o que sinto mas tenho de agradecer-lhe.
Pois bem...
Eis a situacao: a esmagadora maioria das bailarinas (principalmente, as portuguesas) seguem-me, bem a socapa, tentam aprender comigo de varias formas e admiram-me secretamente. Muitas delas, recusam vir aos meus workshops para nao serem vistas por ali e para nao exporem a sua propria ignorancia. Muitas outras chegam a assistir aos meus espectaculos no Cairo sem se anunciarem ou sem o divulgarem posteriormente, nao va o pessoal saber que elas seguem o meu trabalho e que existe uma bailarina portuguesa que esta a fazer um fantastico sucesso no Egipto. Isso seria demasiado humilhante para os seus egos frustrados e para a inveja que por mim nutrem!
Muito triste que todas essas bailarinas nao venham ate mim com uma palavra de apoio ou carinho depois de aprenderem comigo e ate chegarem a tentar imitar-me (as copias jamais funcionam, by the way!).
Muito triste que as suas almas sejam pequenas e que a grandiosidade de outrem as incomode tanto...
Por isso, fiquei feliz e surpreendida de receber um elogio tao sentido vindo de outra bailarina profissional, mais ainda vinda de uma escola de danca tao rigorosa e maravilhosa como a russa.
Sim, nao se tratava de outra bailarina da minha area especifica e isso significa muito mas, de qualquer forma, foi dos comentarios mais sentidos que ouvi e fez-me sentir nas nuvens, dando sentido a tudo o que tenho vivido, sacrificado e criado.
Outra maravilha tem sido receber bailarinas - essas sim, de Danca Oriental - de todo o mundo.
Elas chegam ate mim por recomendacao da Senhora Raqia Hassan ( grande divulgadora desta Arte em todo o mundo) que veio assistir ao meu espectaculo e, desde essa altura, me tem promovido e recomendado a todos quantos falam com ela.
Entre mim e a Senhora Raqia nao existem quaisquer apegos, acordos comerciais ou de qualquer outro tipo. Respeito-a e tenho-lhe carinho por tudo o que ela conseguiu atingir, a ferro e fogo. Trata-se de uma artista mas tambem de uma sagaz e inteligentissima mulher de negocios com um faro para o sucesso que nunca vi em ninguem!
No entanto, e sem esperar nada em retorno, esta senhora que conhece Danca Oriental como ninguem contradiz todas as mas linguas de inveja que falam mal de mim nas minhas costas e recomenda o meu espectaculo a toda a gente.
Uma grande amiga minha - tambem bailarina, das poucas que nao me detestam - telefonou-me da Alemanha simplesmente para dizer-me que tinha ouvido a senhora Raqia Hassan a falar maravilhas de mim durante um festival onde ela participou.
Saber destas coisas por portas travessas deixa-me feliz.
Nao sou sedenta de elogios mas ser reconhecida por quem PERCEBE DE DANCA e ama esta Arte tanto como eu nao me pode passar ao lado.
Quando sera que os Egos do pessoal comecam a dar lugar a verdadeira dimensao das suas almas?
Afinal, estamos aqui para aprender uns com os outros!
Sunday, April 4, 2010
Cairo, dia 4 de Abril, 2010
PASCOA no Egipto e tecnologia de ponta no edificio da minha nova casa
O lado belo de viver no Egipto sempre ultrapassou a fealdade que por aqui vai.
Para mim, e independentemente das dificuldades inimaginaveis que tenho ultrapassado, sempre valeu a pena toda esta experiencia de vida por varias razoes.
Encontram-se os extremos no Egipto. Esta sera sempre uma terra de contrastes.
As pessoas mostram-se capazes das maiores barbaridades e, simultaneamente, dos gestos mais bonitos.
Hoje o dia comecou bem cedo e terminara em grande se conseguir sobreviver a seis espectaculos que se seguem pela tarde/noite dentro.
Enquanto me preparava para dancar as 12.00h da manha (sim, TORTURA!), cada um dos meus musicos bateu-me a porta do camarim para desejar-me uma Feliz Pascoa com todos os respectivos desejos de Prosperidade.
Eu, que me considero crista (embora seja de uma cristandade fora da norma!), esqueci-me que estamos na Pascoa. Eles, que sao muculmanos, fizeram questao de festejar esta epoca comigo e de me desejar felicidades.
O dia so podia ter comecado bem!
Mudando de assunto...
Uma nota sobre os servicos de alta tecnologia disponiveis no meu novo predio em Zamalek:
Servico de entrega ao domicilio (coisitas de supermercado, vegetais, frutas, uma galinha, o que se queira).
Trata-se de um metodo famoso em todo o Cairo e, diga-se, um tanto ao quanto medieval mas nao deixa de ter a sua gracinha:
Vejam a foto no inicio deste post. Trata-se de um cesto de vime atado a uma corda que sobe e desce pelo interior do vao das escadas consoante os pedidos dos vizinhos.
A vizinha grita, la de cima, ao porteiro:
- Ayman, traz-se meio quilo de cebolas e leite.
- Mafish muskela (nao ha problema, em arabe), madame. Para ja!
A vizinha coloca dinheiro no cesto que desce, num ritmo cadenciado e sem pressa, ate as maos do porteiro que, por sua vez, o preenchera com os artigos pedidos.
A vizinha puxa a corda la de cima e recebe as cebolas e o leite, deixando um baksheesh (gorgeta) no cestinho que volta a descer ate as maos do porteiro.
Delicioso.
Saturday, April 3, 2010
Cairo, dia 3 de Abril, 2010
Michael Jackson ditto
ACREDITO QUE TODA A ARTE TEM O OBJECTIVO DE UNIR O MATERIAL E O ESPIRITUAL.
O HUMANO E O DIVINO.
ACREDITO QUE ESSE SERA O VERDADEIRO MOTIVO DA EXISTENCIA DA ARTE.
Estas palavras foram proferidas por Michael Jackson (uma das minhas grandes inspiracoes de sempre)numa entrevista a outra mulher que eu adoro: Oprah.
Nao sao necessarios nenhuns comentarios porque esta tudo dito.
Michael Jackson ditto
ACREDITO QUE TODA A ARTE TEM O OBJECTIVO DE UNIR O MATERIAL E O ESPIRITUAL.
O HUMANO E O DIVINO.
ACREDITO QUE ESSE SERA O VERDADEIRO MOTIVO DA EXISTENCIA DA ARTE.
Estas palavras foram proferidas por Michael Jackson (uma das minhas grandes inspiracoes de sempre)numa entrevista a outra mulher que eu adoro: Oprah.
Nao sao necessarios nenhuns comentarios porque esta tudo dito.
Cairo, dia 3 de Abril, 2010
Primeiro dia em Zamalek
Que surpresa!
Acordei cheia de dores no corpo todo e sem conseguir mover o pescoco.
Depois do deserto que tive de ultrapassar, isto nao me surpreendeu.
No entanto, e apesar das dores, a excitacao de acordar num sitio novo nao me deixou quieta.
Vesti-me - a custo - e fui para a rua, explorando as lojas e servicos que por ali haveriam.
Encontrei o centro -cabeleireiro, SPA - Mohamed Sagheir (muito famoso em todo o Medio Oriente) - e consegui que uma massagista tailandesa que me tratasse - um pouco - do prejuizo feito ao meu corpo.
Gritos, muitos gritos durante toda a massagem.
Jaccuzzi, banho rapido e esperanca que as dores desaparecam depressa para poder volta a dancar (AMANHA!).
Compro champo, coisas imediatas para a casa, tudo o que transforma um sitio esteril num lar onde nos sintamos protegidos do mundo la de fora.
Regresso a casa e reconhecimento do bairro.
Estes vao ser os meus vizinhos, daqui em diante.
Sei que o meu pai vai adorar Zamalek.
Montes de lojas girissimas, restaurantes de todas as nacionalidades, antiguidades a cada esquina, boas livrarias e cafes baladi com decoracao vintage onde se fuma shisha e se admiram filmes egipcios antigos.
Acho que tambem vou adorar viver por ca, apesar da falta de tempo para disfrutar o local.
Zamalek foi sempre considerado o bairro das familias ricas do Cairo.
Vestigios dos ingleses e dos franceses em todo o lado.
Esquinhas com surpreendentes decoracoes e detalhes belos espraiados por todo o bairro.
Estou feliz por estar feliz (ao contrario da teoria do meu querido guru Osho que defende, com toda a razao, que o ser humano se sente confortavel na desgraca e na infelicidade).
Ao contrario da maioria das pessoas e da pessoa que eu mesma ja fui, sinto-me verdadeiramente feliz e nao temo essa FELICIDADE.
23.00h - Estudio em Heliopolis
Edicao de uma das musicas que foram compostas para mim.
Depois de a ter trabalhado com a orquestra e de a ter dancado em palco, apercebo-me que existem zonas das musica que nao funcionam bem. Ha que retirar seccoes musicais e repeticoes que nao acrescentam nada de significativo a musica e a tornam pesada, como que caida num fosso musical.
Termino o trabalho de estudio as 2.00h da manha e regresso a casa com o chefe da minha orquestra que me acompanhou ao estudio.
Regressamos a Zamalek e jantamos no famoso restaurante dos anos 20, PIZZA THOMAS.
As cadeiras, mesas, tectos e decoracao geral parecem retiradas de um filme frances do inicio do seculo XX.
Olho ao meu redor e vejo os ocasionais carros que passam pela rua 24 de Julho.
So vejo estrangeiros na pizzaria. O ambiente anda entre o boemio e o chique despretensioso.
Gosto disto.
A lasanha parece-me divina.
A conversa com o chefe da minha orquestra tambem. Aqui esta um dos musicos mais famosos do Cairo, ensinando-me tudo o que ele sabe e respeitando-me como artista e mulher. Tambem ja merecia alguem assim ao meu lado!
Grande sorriso meu. Mais outro.
Atravesso a rua e estou em casa. Um privilegio. Mais um.
Gracas a Deus, vejo agora que a realidade que nos rodeia espelha - ate certo ponto - quem nos somos e aquilo que projectamos para o mundo.
Agradeco a Deus por tudo.
Primeiro dia em Zamalek
Que surpresa!
Acordei cheia de dores no corpo todo e sem conseguir mover o pescoco.
Depois do deserto que tive de ultrapassar, isto nao me surpreendeu.
No entanto, e apesar das dores, a excitacao de acordar num sitio novo nao me deixou quieta.
Vesti-me - a custo - e fui para a rua, explorando as lojas e servicos que por ali haveriam.
Encontrei o centro -cabeleireiro, SPA - Mohamed Sagheir (muito famoso em todo o Medio Oriente) - e consegui que uma massagista tailandesa que me tratasse - um pouco - do prejuizo feito ao meu corpo.
Gritos, muitos gritos durante toda a massagem.
Jaccuzzi, banho rapido e esperanca que as dores desaparecam depressa para poder volta a dancar (AMANHA!).
Compro champo, coisas imediatas para a casa, tudo o que transforma um sitio esteril num lar onde nos sintamos protegidos do mundo la de fora.
Regresso a casa e reconhecimento do bairro.
Estes vao ser os meus vizinhos, daqui em diante.
Sei que o meu pai vai adorar Zamalek.
Montes de lojas girissimas, restaurantes de todas as nacionalidades, antiguidades a cada esquina, boas livrarias e cafes baladi com decoracao vintage onde se fuma shisha e se admiram filmes egipcios antigos.
Acho que tambem vou adorar viver por ca, apesar da falta de tempo para disfrutar o local.
Zamalek foi sempre considerado o bairro das familias ricas do Cairo.
Vestigios dos ingleses e dos franceses em todo o lado.
Esquinhas com surpreendentes decoracoes e detalhes belos espraiados por todo o bairro.
Estou feliz por estar feliz (ao contrario da teoria do meu querido guru Osho que defende, com toda a razao, que o ser humano se sente confortavel na desgraca e na infelicidade).
Ao contrario da maioria das pessoas e da pessoa que eu mesma ja fui, sinto-me verdadeiramente feliz e nao temo essa FELICIDADE.
23.00h - Estudio em Heliopolis
Edicao de uma das musicas que foram compostas para mim.
Depois de a ter trabalhado com a orquestra e de a ter dancado em palco, apercebo-me que existem zonas das musica que nao funcionam bem. Ha que retirar seccoes musicais e repeticoes que nao acrescentam nada de significativo a musica e a tornam pesada, como que caida num fosso musical.
Termino o trabalho de estudio as 2.00h da manha e regresso a casa com o chefe da minha orquestra que me acompanhou ao estudio.
Regressamos a Zamalek e jantamos no famoso restaurante dos anos 20, PIZZA THOMAS.
As cadeiras, mesas, tectos e decoracao geral parecem retiradas de um filme frances do inicio do seculo XX.
Olho ao meu redor e vejo os ocasionais carros que passam pela rua 24 de Julho.
So vejo estrangeiros na pizzaria. O ambiente anda entre o boemio e o chique despretensioso.
Gosto disto.
A lasanha parece-me divina.
A conversa com o chefe da minha orquestra tambem. Aqui esta um dos musicos mais famosos do Cairo, ensinando-me tudo o que ele sabe e respeitando-me como artista e mulher. Tambem ja merecia alguem assim ao meu lado!
Grande sorriso meu. Mais outro.
Atravesso a rua e estou em casa. Um privilegio. Mais um.
Gracas a Deus, vejo agora que a realidade que nos rodeia espelha - ate certo ponto - quem nos somos e aquilo que projectamos para o mundo.
Agradeco a Deus por tudo.
Cairo, dia 3 de Abril, 2010
Honey, I am (not quite yet) home!
A vida no Cairo tem destas coisas...quando pensamos que esta tudo em cima, um desastre instantaneo acontece e o mundo fica virado do avesso.
Quando pensamos que nao podemos descer mais baixo, algo miraculoso acontece e somos transportados ate ao topo da montanha.
Nestas fotos, podem ver a minha assistente e salva-vidas Nagle, sorrindo no meio das circunstancias mais adversas...que Deus a proteja.
As mudancas de casa mantiveram-se dentro da tradicao cairota da loucura total.
Quarenta e oito horas de puro devaneio egipcio que me deixaram para la de exausta mas, uma vez mais, sentindo que tudo se ultrapassa de tivermos a cabeca fria para pensar e o coracao quente para acreditar que Deus ajuda e que tudo sera POSSIVEL.
Eis, resumidamente, o que aconteceu:
Dia 31 de Marco, a noitinha:
Saio do meu trabalho a 1.30h da manha, ja partida de muitas, muitas noites de espectaculos consecutivos com a nova orquestra e dirijo-me a minha antiga (agora antiga!) casa para fazer as mudancas para a minha (agora) nova casa.
3.30h da matina:
Os homens que chegaram para desmontar moveis e carregar as minhas singelas coisinhas vieram uma hora atrasados. Alem disso, apresentaram-se a minha porta visivelmente BEBEDOS e DROGADOS.
Sim, leram bem!
Estes homens vieram de um casamento e estavam, como costumo dizer, para la de Bagdade.
A questao era: eu tinha o apartamento para entregar ao seu respectivo dono na manha seguinte e nao tinha forma - aparentemente - de conseguir arranjar uma nova camioneta e pessoal para trabalhar as tres e meia da manha...
Entre a histeria de aceitar que estes bebedos me fizessem o trabalho e a impossibilidade de fazer as mudancas nessa mesma noite, eu entreguei o assunto nas maos divinas e pensei, ja um pouco a moda egipcia:
Seja o que Deus quiser! Inshah Allah estes bebedos vao conseguir fazer este trabalho monumental e chegaremos todos vivos a Zamalek, a minha nova casa.
4.30h da matina:
Mais de metade das minhas coisas esta na rua, em frente ao edificio onde eu morava e os bebedos estao visivelmente acabados. Ninguem tem energia para carregar uma agulha e eles decidem ir embora (caminha, para que te quero!) e deixar todas as minhas coisas no meio da rua, a meio da noite.
Detalhe delicioso:
O meu vizinho freak ( ou maluco, ou doente mental, como lhe queiram chamar), o mesmo que se colava a porta da minha casa para me ouvir cantar e me olhava com olhos de cachucho extasiado sempre que me via passar decidiu ajudar a festa e meter-se no meio das mudancas.
Entre caixas, armarios e electrodomesticos, ali estava o meu vizinho freak fitando-me com ar alucinado e testando os meus niveis de paciencia.
O.k., sera aqui que entra o meu lado guerreiro ja vindo de muitas experiencias chocantes que tive de ultrapassar sozinha.
Em vez de me queixar e desesperar eu procuro solucoes, sempre.
Falei com a minha assistente (que Deus a abencoe por toda a ajuda incondicional que me deu) e la fomos, rua a baixo, a procura de um camiao e de pessoal que fizesse a mudanca.
6.00h da matina:
Pessoal encontrado.
Camioneta cheia de coisas mas ainda ficou metade das mudancas por fazer e a lei proibe que estes veiculos circulem a partir das 7.30h da manha.
Signifado: O resto das mudancas teria de ser feito a noite e tudo o que eu possuo estava, portanto, no meio da rua e ali estaria durante todo o dia ate que se pudesse retomar o processo de mudancas.
8.00h da matina:
Deixei a minha assistente junto as minhas coisas que ficaram para tras em plena rua.
Eu vim com os homens - agora ja exaustos - e trabalho mais que eles.
Simples questao: ONDE ESTAO OS HOMENS DE VERDADE???
Trabalho bracal nocturno a este nivel depois de 20 dias de espectaculos diarios e de tanto trabalho as minhas costas nao sera, propriamente, o sonho de nenhuma bailarina profissional que vive da saude do seu corpo mas nao houve outra solucao senao entrar em grande no jogo e provar aos homens que sou mais homem que eles.
10.30h da matina:
Regresso a minha velha casa para devolver as chaves ao seu dono e receber o meu dinheiro (deposito).
A minha assistente, a esta altura do campeonato, ja ganhou admiradores e mensageiros da compaixao que pensam que se trata de uma pedinte sem casa. Trazem-lhe comida e bebida. Tambem vejo um cobertor estranho. Afinal, existe coracao no meio de tanta fealdade que por aqui vejo.
O Egipto tem destas coisas bonitas!
12.30h:
Trato de burocracias, tomo pequeno-almoco no meio da rua juntamente com os meus moveis e com a minha assitente e rimo-nos da situacao.
As filhas do porteiro vem fazer-nos companhia e uma delas danca para mim. Eu rio-me.
Ali, no meio da rua e totalmente exaustas, sentimo-nos felizes.
As pessoas passam e perguntam se precisamos de alguma coisa. Algumas reconhecem-me e ficam perplexas por me verem entre caixotes e cadeiras assitindo a um espectaculo privado de baladi belly dance feito pela filha do porteiro que tem quatro aninhos.
O BEIJO:
A filha mais pequenina do porteiro vem ate mim e senta-se no meu colo.Eu dou-lhe um beijo e vejo a sua face rosada a iluminar-se como se ela tivesse assistido a um milagre.
Dou-lhe outro beijo e ela pede mais, a medo...
Pergunto a sua mana se a mae e o pai nao lhes dao beijinhos e ela diz que nao.
Batem-nos, diz ela.
As lagrimas chegam-me aos olhos.
Todas as criancas deveriam ter amor, todas.
Dou mais beijos, assisto a mais danca, partilho mais um pouco de comida com as miudas e com a minha assistente. Rimo-nos mais um pouco, apesar de tudo, e eu ja seique a vida se compoe de momentos assim e que a felicidade se pode encontrar em qualquer circunstancia, por mais adversa que ela seja.
18.00h:
Depois de termos passado o dia como homeless vemos chegar, com um tremendo alivio, os homens que transportarao a metade que ainda falta de todas as minhas coisas.
Mais uma vez, trabalho tanto ou mais do que os homens a quem estou a pagar para me fazerem o servico.
A minha assistente tambem prova que, de facto, o sexo feminino nao podera - JAMAIS - ser considerado o sexo fraco!
A camioneta esta cheia e ainda existem coisas por levar.
Eu apanho um taxi que encho de caixas e mais caixas e a minha assistente faz o mesmo com outro taxi.
Um dos taxis perde-se no caminho. Operacao de resgate ( e eu ja alucinada do cansaco e do stress).
Tudo bem!
21.30h:
Chegamos a minha nova casa a Zamalek.
Os homens estao exaustos, mais uma vez. Ao ritmo a que transportam as coisas para o meu quarto andar (o elevador ainda nao esta a funcionar!), eu estarei instalada na minha nova casa la para a semana que vem.
Mais uma vez e para acabar com toda esta tortura, eu mesma carrego com coisas pesadissimas e tomo a iniciativa de seguir trabalhando quando todos ja estao encostados a box.
Meia noite e tal e tal e tal...
Ja so resto eu e a minha assistente no novo apartamento.
Os abutres comecam a rondar a minha porta ( porteiros e outro pessoal afins que nao sei de onde aparecem) pedindo dinheiro. Enxoto-os sem paciencia como se faz aos mosquitos.
1.30h:
Encontro-me sozinha no meu novo apartamento. Tudo me soa familiar.
Ja nao me apego a nenhum sitio, ando constantemente preparada para as mudancas, as flutuacoes, as surpresas. Estou bem em qualquer lugar, desde que o meu mundo ca dentro de mim esteja em paz.
Sinto uma imensa alegria. Estou em casa, uma vez mais.
Nunca deixo de estar em casa, por mais estranho que seja o sitio em que me encontro.
MELHOR PARTE DA TORTURA:
Amanha, irei para o trabalho a pe. Nada de taxis, transito, stress e perda de tempo (e dinheiro!).
Estou a cinco minutos ( a pe) do NILE MAXIM!
YES!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Subscribe to:
Posts (Atom)