Cairo, dia 15 de Abril, 2010
Teste H.I.V e vegetais
Uma limousine parou a porta do meu novo predio e dois funcionarios do NILE MAXIM levaram-me, pela milesima vez, ao hospital na baixa da cidade (mais concretamente, a seccao onde se fazem os testes relativos ao virus da Sida).
A burocracia da India revelou-se pior do que a egipcia mas, para quem duvide, eu cofirmo o inferno que representa tratar de papeladas ou trabalhar legalmente neste pais.
No Egipto tudo se complica a cada momento e novas leis (frequentemente absurdas ou simplesmente estupidas) circulam pela vida das pessoas (e dos estrangeiros que ca trabalham, em especial)todas as semanas.
Ontem era proibido tal e tal e daqui a uma semana ja se pode tal e tal mas se conhecermos o fulano tal e tal que, por sua vez, esta ligado ao patrao tal e tal que tambem conhece nao sei quem...
Ufff!
Demasiado para uma cabecinha simples e honesta como a minha!
Uma das leis maravilhosas que existiam - ate ha uma semana atras - neste local que amo (sim, sou louca!) ditava que todos os estrangeiros deveriam repetir o teste do virus da Sida sempre que saissem e voltassem a entrar no Egipto.
Egipcios nao. Apenas estrangeiros, o que nos leva a concluir a brilhante premissa:
So os estrangeiros sao vulneraveis ao virus da Sida. O sacana do virus nao entra no sistema dos egipcios, deve ser qualquer coisa relacionada com o sistema imunologico fortalecido pelas aguas do Nilo ou pelo feijao que comem ao pequeno-almoco...
O teste tambem nao se exigia a estrangeiros turistas ( la se ia o turismo no Egipto!) mas apenas aos trabalhadores, o que nos conduz a outra, igualmente, brilhante premissa:
So os estrangeiros trabalhadores no Egipto apanham o virus da Sida. Os turistas estao imunes. Sera do Sol que apanham? Das locoes bronzeadoras que se entranham e fortalecem o sistema imunologico do pessoal?!
Hmmmm...
Ainda estou por perceber.
Assim sendo, la fui eu para mais uma sessao de agulhas e sangue num ritual que ja se tornou tao familiar que ja nem o sinto.
Entro na sala dos testes, arregaco a manga da camisola, estendo o bracito tanta vez furado, cerro o punho e assobio.
1-2-3. Ja esta.
Testado o virus da Sida. Pela milesima vez. Qualquer dia o meu braco ja nao tem lugar onde furar...
Depois do teste da Sida, seguiu-se mais uma montanha de burocracias relativas aos impostos que pago, aos meus documentos, casa, contratos e eteceteras que me deixam a ponto de ter um ataque de nervos, nao fosse eu ja me ter tornado um pouco egipcia e, por isso, mais paciente e bem humorada do que o comum dos mortais.
Entro numa reparticao e vejo os funcionarios a circularem pijamas para vender uns aos outros e uma senhora sentada a cortar vegetais debaixo da secretatia onde, supostamente, ela deveria estar a tratar da minha papelada!
Todos sorriem. No pasa nada, como dizem os espanhois!
Eu nao posso deixar de rir.
Sinto-me sufocada naquela reparticao decadente, sei que passarei toda a manha aqui a espera que a senhora acabe de preparar os vegetais para o jantar de familia mas nada posso fazer. Se nao os podes vencer, junta-te a eles.
Ha batalhas que ja dei por perdidas e irritar-me representa uma tola perda de tempo.
Aprendendo...
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