Saturday, April 3, 2010

Cairo, dia 3 de Abril, 2010

Primeiro dia em Zamalek

Que surpresa!
Acordei cheia de dores no corpo todo e sem conseguir mover o pescoco.
Depois do deserto que tive de ultrapassar, isto nao me surpreendeu.
No entanto, e apesar das dores, a excitacao de acordar num sitio novo nao me deixou quieta.
Vesti-me - a custo - e fui para a rua, explorando as lojas e servicos que por ali haveriam.
Encontrei o centro -cabeleireiro, SPA - Mohamed Sagheir (muito famoso em todo o Medio Oriente) - e consegui que uma massagista tailandesa que me tratasse - um pouco - do prejuizo feito ao meu corpo.

Gritos, muitos gritos durante toda a massagem.
Jaccuzzi, banho rapido e esperanca que as dores desaparecam depressa para poder volta a dancar (AMANHA!).
Compro champo, coisas imediatas para a casa, tudo o que transforma um sitio esteril num lar onde nos sintamos protegidos do mundo la de fora.

Regresso a casa e reconhecimento do bairro.
Estes vao ser os meus vizinhos, daqui em diante.
Sei que o meu pai vai adorar Zamalek.
Montes de lojas girissimas, restaurantes de todas as nacionalidades, antiguidades a cada esquina, boas livrarias e cafes baladi com decoracao vintage onde se fuma shisha e se admiram filmes egipcios antigos.
Acho que tambem vou adorar viver por ca, apesar da falta de tempo para disfrutar o local.

Zamalek foi sempre considerado o bairro das familias ricas do Cairo.
Vestigios dos ingleses e dos franceses em todo o lado.

Esquinhas com surpreendentes decoracoes e detalhes belos espraiados por todo o bairro.
Estou feliz por estar feliz (ao contrario da teoria do meu querido guru Osho que defende, com toda a razao, que o ser humano se sente confortavel na desgraca e na infelicidade).
Ao contrario da maioria das pessoas e da pessoa que eu mesma ja fui, sinto-me verdadeiramente feliz e nao temo essa FELICIDADE.

23.00h - Estudio em Heliopolis
Edicao de uma das musicas que foram compostas para mim.
Depois de a ter trabalhado com a orquestra e de a ter dancado em palco, apercebo-me que existem zonas das musica que nao funcionam bem. Ha que retirar seccoes musicais e repeticoes que nao acrescentam nada de significativo a musica e a tornam pesada, como que caida num fosso musical.

Termino o trabalho de estudio as 2.00h da manha e regresso a casa com o chefe da minha orquestra que me acompanhou ao estudio.
Regressamos a Zamalek e jantamos no famoso restaurante dos anos 20, PIZZA THOMAS.
As cadeiras, mesas, tectos e decoracao geral parecem retiradas de um filme frances do inicio do seculo XX.

Olho ao meu redor e vejo os ocasionais carros que passam pela rua 24 de Julho.
So vejo estrangeiros na pizzaria. O ambiente anda entre o boemio e o chique despretensioso.

Gosto disto.

A lasanha parece-me divina.
A conversa com o chefe da minha orquestra tambem. Aqui esta um dos musicos mais famosos do Cairo, ensinando-me tudo o que ele sabe e respeitando-me como artista e mulher. Tambem ja merecia alguem assim ao meu lado!

Grande sorriso meu. Mais outro.

Atravesso a rua e estou em casa. Um privilegio. Mais um.
Gracas a Deus, vejo agora que a realidade que nos rodeia espelha - ate certo ponto - quem nos somos e aquilo que projectamos para o mundo.

Agradeco a Deus por tudo.

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