Cairo, dia 31 de Agosto, 2010
Coreografando...o eterno desafio para uma "improvisadora" nata!
Já não é novidade o facto de eu ter sido empurrada - literalmente - para o trabalho de coreografar pelo meu querido amigo-avô-professor- companheiro de viagens, aprendizagens e alma - MAHMOUD REDA.
Foi ele quem me obrigou a sair da minha zona de conforto - improvisação - para parar, pensar, seleccionar e fixar os movimentos e combinações que melhor traduzam determinada música.
Como uma criança endiabrada que sempre fui e serei, eu resisti a esse estímulo porque o meu trabalho diário - espectáculos com a minha orquestra um pouco por todo o Cairo - é totalmente improvisado e porque considero que essa é a natureza da Dança Oriental.
Pouco a pouco, fui ganhando o gosto ao "frete" que o Mahmoud me impingia...(que Deus lhe pague pela enorme paciência que sempre teve comigo!). Ajudou muito o facto de presenciar "in loco" a elaboração de muitas coreografias do Mahmoud. Acompanhar o processo de coreografia de um dos mestres da COREOGRAFIA é um privilégio pelo qual sempre estarei grata mas nem isso era suficiente para me fascinar a 100% por esse lado mais cerebral e pausado do trabalho criativo de dança.
Vimos muitos vídeos do Gene Kelly juntos, só para me entusiasmar.
Cyd Cherisse, todos os grandes do "tap dancing" americano, algum Tango, Flamenco, todo o material que o Mahmoud trazia das suas viagens pelo mundo e, generosamente, partilhava comigo.
Até ao ponto em que a COREOGRAFIA passou a ser um DESAFIO e não mais uma dor de cabeça e um aborrecimento.
Ainda prefiro a IMPROVIZAÇÃO porque a reacção momentânea e instintiva à música/som tem um efeito que a COREOGRAFIA jamais terá mas agora consigo ver o lado interessante de PARAR, SENTIR, PENSAR e esmiuçar técnica, possibilidades, propostas e ideias.
So...
Estes dias, já ando de volta das coreografias que levarei aa Portugal e isso entusiasma-me.
A vida que nos preenche, os livros que lemos, os filmes que vemos, os espectáculos a que assistimos, a gente que conhecemos e com quem intercambiamos ideias, o amor que fazemos e tudo o que compõe e enriquece os nossos dias desaguam numa nova coreografia que reflecte quem eu sou, AGORA.
Duas coreografias FANTÁSTICAS, construídas com muito amor para os alunos do meu país.
Estou ansiosa por partilhar estas criações convosco.
DIAS 16 E 17 DE OUTUBRO, ALI ESTAMOS NO IPJ DO PARQUE DAS NAÇÕES, SENDO FELIZES DANÇANDO...
São todos muito bem-vindos!
Tuesday, August 31, 2010
Cairo, dia 31 de Agosto, 2010
Tripla ameaça
Esclarecimento (mais um ?!) sobre o título deste post.
A ameaça a que me refiro consiste no facto de ver a minha própria ignorância e preconceitos postos em causa. Por isso, e como devem depreender deste "esclarecimento", a tripla ameaça é algo positivo e altamente desejável.
Graças a Deus, acho que a onda do escatologismo já me passou (devia ser da brisa do Nilo que me bateu no lado errado do cérebro, sei lá...) mas, como o dia ainda é uma criança, não vamos deitar foguetes antes da festa. É melhor não...
Desta vez, ando a ler tres livros do Osho, simultaneamente (é desta que "viro o boneco" lá para os lados da Lua, flutuando lentamente como Louis Armstrong).
Se já não fico a mesma pessoa depois de ler um livro do místico - lúcido profissional, gosto mais de lhe chamar assim... - imaginem o efeito que não terá esta tripla ameaça:
1. ZEN - THE PATH OF PARADOX (Osho)
2. YOGA - THE SCIENCE OF THE SOUL (Osho)
3. BEING IN LOVE (Osho)
Cada livro, uma delícia que saboreio como um raio de sol da manhã. Suave, urgente, calmante porque é verdadeiro, abrindo as portas da mente, do coração e da ALMA.
Peço desculpa mas desconheço se estes títulos estão disponíveis no mercado português ou não.
Procurem as traduções!Vale a pena.:)
Tripla ameaça
Esclarecimento (mais um ?!) sobre o título deste post.
A ameaça a que me refiro consiste no facto de ver a minha própria ignorância e preconceitos postos em causa. Por isso, e como devem depreender deste "esclarecimento", a tripla ameaça é algo positivo e altamente desejável.
Graças a Deus, acho que a onda do escatologismo já me passou (devia ser da brisa do Nilo que me bateu no lado errado do cérebro, sei lá...) mas, como o dia ainda é uma criança, não vamos deitar foguetes antes da festa. É melhor não...
Desta vez, ando a ler tres livros do Osho, simultaneamente (é desta que "viro o boneco" lá para os lados da Lua, flutuando lentamente como Louis Armstrong).
Se já não fico a mesma pessoa depois de ler um livro do místico - lúcido profissional, gosto mais de lhe chamar assim... - imaginem o efeito que não terá esta tripla ameaça:
1. ZEN - THE PATH OF PARADOX (Osho)
2. YOGA - THE SCIENCE OF THE SOUL (Osho)
3. BEING IN LOVE (Osho)
Cada livro, uma delícia que saboreio como um raio de sol da manhã. Suave, urgente, calmante porque é verdadeiro, abrindo as portas da mente, do coração e da ALMA.
Peço desculpa mas desconheço se estes títulos estão disponíveis no mercado português ou não.
Procurem as traduções!Vale a pena.:)
Sunday, August 29, 2010
Cairo, dia 30 de Agosto, 2010
Mas de onde será que me chegou esta veia -subitamente - escatológica?!
Ele é entupimentos, sanitas e apontamentos "estranhos" deste estilo. Esta tendência súbita para o escatológico e até para o brejeiro (o.k, o brejeiro corre-me no sangue...tenho de admiti-lo) está a deixar-me preocupada. De onde será que isto veio? Será contagioso? Apanhei "isto" no ginásio, enquanto trocava de roupa no banco dos balneários?
Será algum processo inconsciente de limpeza mental??? Freud, querido Freud, onde estás tu quando és preciso?
Será do Ramadão?! Epá, do Ramadão não deve ser...seria uma contradição demasiado forte (ou será que as proíbições e a abstenção alheias se me estão a pegar à pele e daí a minha urgência de libertação?).
Hhmmmmmm...estranho...
Mas de onde será que me chegou esta veia -subitamente - escatológica?!
Ele é entupimentos, sanitas e apontamentos "estranhos" deste estilo. Esta tendência súbita para o escatológico e até para o brejeiro (o.k, o brejeiro corre-me no sangue...tenho de admiti-lo) está a deixar-me preocupada. De onde será que isto veio? Será contagioso? Apanhei "isto" no ginásio, enquanto trocava de roupa no banco dos balneários?
Será algum processo inconsciente de limpeza mental??? Freud, querido Freud, onde estás tu quando és preciso?
Será do Ramadão?! Epá, do Ramadão não deve ser...seria uma contradição demasiado forte (ou será que as proíbições e a abstenção alheias se me estão a pegar à pele e daí a minha urgência de libertação?).
Hhmmmmmm...estranho...
Cairo, dia 29 de Agosto, 2010
Até podia fazer uns biscates...
Fico mais descansada por saber que, no caso de me cansar da DANÇA e de outras actividades artísticas a que me dedico ou poderia dedicar, já tenho profissões alternativas: canalizadora e/ou electricista.
Hoje foi o dia do lavatório da cozinha entupir e de duas lampas se fundirem quase, quase ao mesmo tempo.Se estivesse um egípcio cá em casa, dir-me-ía que se trata de um caso óbvio de "mau olhado".
Como me falta o tempo e a paciência para lidar com mais personagens potencialmente irritantes - ou "incha pelotas", como dizem os meus amigos argentinos - prefiro resolver eu mesma o problema.
E eis que estou eu já maquilhada e de rolos no cabelo desentupindo o lavatório, com direito a inspecção de tubagem e tutti e tutti...profissional, modéstia à parte.
Antes de sair de casa para actuar, Deus lá se lembra de testar a minha resistência às dores de cabeça e funde as tais abençoadas lampas. Mais uma vez e antes que anoiteça e aqui fique à luz das velas, ponho em acção a experiência de ver a minha própria progenitora manejando lâmpadas, fios e fichas eléctricas.
Em menos de nada, a casa está livre de "mau olhado"...
E já penso em fazer uns biscatezinhos. Bailarina de noite, electricista-canalizadora de dia.
Tradicionalmente, diz o mito urbano que existem os funcionários de escritório respeitáveis de dia que se transformam em Tânias Vanessas Roulland Vamp em clubes nocturnos de travestis. Talvez, quem sabe, eu venha a inverter esse mito urbano...já que inverti tanta coisa que esperam de mim...que mal terá virar mais uma do avesso?!
Alguém precisa de um servicinho lá em casa?!
Até podia fazer uns biscates...
Fico mais descansada por saber que, no caso de me cansar da DANÇA e de outras actividades artísticas a que me dedico ou poderia dedicar, já tenho profissões alternativas: canalizadora e/ou electricista.
Hoje foi o dia do lavatório da cozinha entupir e de duas lampas se fundirem quase, quase ao mesmo tempo.Se estivesse um egípcio cá em casa, dir-me-ía que se trata de um caso óbvio de "mau olhado".
Como me falta o tempo e a paciência para lidar com mais personagens potencialmente irritantes - ou "incha pelotas", como dizem os meus amigos argentinos - prefiro resolver eu mesma o problema.
E eis que estou eu já maquilhada e de rolos no cabelo desentupindo o lavatório, com direito a inspecção de tubagem e tutti e tutti...profissional, modéstia à parte.
Antes de sair de casa para actuar, Deus lá se lembra de testar a minha resistência às dores de cabeça e funde as tais abençoadas lampas. Mais uma vez e antes que anoiteça e aqui fique à luz das velas, ponho em acção a experiência de ver a minha própria progenitora manejando lâmpadas, fios e fichas eléctricas.
Em menos de nada, a casa está livre de "mau olhado"...
E já penso em fazer uns biscatezinhos. Bailarina de noite, electricista-canalizadora de dia.
Tradicionalmente, diz o mito urbano que existem os funcionários de escritório respeitáveis de dia que se transformam em Tânias Vanessas Roulland Vamp em clubes nocturnos de travestis. Talvez, quem sabe, eu venha a inverter esse mito urbano...já que inverti tanta coisa que esperam de mim...que mal terá virar mais uma do avesso?!
Alguém precisa de um servicinho lá em casa?!
Saturday, August 28, 2010
Cairo, dia 28 de Agosto, 2010
Lendo...
Pois que me perdoem os seguidores do meu blogue em português mas as ausências de referências a leituras devem-se ao facto de eu ter acesso a delícias literárias em inglês e muito pouco contacto com aquilo que se edita em Portugal.
No entanto, e sem saber se estes livros se encontram disponíveis no nosso país, aqui vai o que me tem preenchido a mente (ou partes dela):
1. ZEN, do autor OSHO. Místico indiano, também conhecido por "ganda maluco" que é como quem diz, GÉNIO com uma lucidez atroz. Este livro tem sido um bálsamo para a Alma cansada dos revezes da vida. A VERDADE liberta-nos sempre, é o que eu costumo dizer. Neste livro, existe muito dessa libertação vinda da mais pura e crua VERDADE.
2. ISLAND BENEATH THE SEA, último livro da autora chilena Isabel Allende (que eu adoro, adoro, adoro!). Esta escrita quente que só os escritores da América Latina nos dão PLUS uma história repleta de informações sobre magia, história e geografia emocional do Havai. Ficção do melhor, misturada com factos que me enriquecem o coração e a cultura geral.
Calor e açucar em cada palavra. Um prazer de ler.
3. Terminei o THE NOTEBOOK, do autor Nicholas Sparks e, pela primeira vez, prefiro o filme baseado no livro do que o livro. Do alto (ou baixo) da minha ignorância, a escrita do Nicholas Sparks é pobre e o facto de ele produzir best-seller atrás de best-seller é assustador para mim. Descrição horrível de cenas de amor, falta de imaginação e subtileza e lugares comuns atrás de lugares comuns. Nem quero imaginar como são os outros livros dele. Fiquei o contrário de fã.
Gosto de uma boa história mas a qualidade da escrita não me passa ao lado. Como leitora, sei quando sou desafiada e respeitada ou quando o escritor me toma por ignorante e estúpida.
Desilusão. O filme é 100000000000000 vezes melhor e eleva o livro a um altar que a sua escrita não faz justiça.
4. A minha revista OPRAH. Vício mensal. Indispensável como o ar que respiro. Para mim, a melhor revista do mundo!Pego nela como se fosse um bebé.:)
Lendo...
Pois que me perdoem os seguidores do meu blogue em português mas as ausências de referências a leituras devem-se ao facto de eu ter acesso a delícias literárias em inglês e muito pouco contacto com aquilo que se edita em Portugal.
No entanto, e sem saber se estes livros se encontram disponíveis no nosso país, aqui vai o que me tem preenchido a mente (ou partes dela):
1. ZEN, do autor OSHO. Místico indiano, também conhecido por "ganda maluco" que é como quem diz, GÉNIO com uma lucidez atroz. Este livro tem sido um bálsamo para a Alma cansada dos revezes da vida. A VERDADE liberta-nos sempre, é o que eu costumo dizer. Neste livro, existe muito dessa libertação vinda da mais pura e crua VERDADE.
2. ISLAND BENEATH THE SEA, último livro da autora chilena Isabel Allende (que eu adoro, adoro, adoro!). Esta escrita quente que só os escritores da América Latina nos dão PLUS uma história repleta de informações sobre magia, história e geografia emocional do Havai. Ficção do melhor, misturada com factos que me enriquecem o coração e a cultura geral.
Calor e açucar em cada palavra. Um prazer de ler.
3. Terminei o THE NOTEBOOK, do autor Nicholas Sparks e, pela primeira vez, prefiro o filme baseado no livro do que o livro. Do alto (ou baixo) da minha ignorância, a escrita do Nicholas Sparks é pobre e o facto de ele produzir best-seller atrás de best-seller é assustador para mim. Descrição horrível de cenas de amor, falta de imaginação e subtileza e lugares comuns atrás de lugares comuns. Nem quero imaginar como são os outros livros dele. Fiquei o contrário de fã.
Gosto de uma boa história mas a qualidade da escrita não me passa ao lado. Como leitora, sei quando sou desafiada e respeitada ou quando o escritor me toma por ignorante e estúpida.
Desilusão. O filme é 100000000000000 vezes melhor e eleva o livro a um altar que a sua escrita não faz justiça.
4. A minha revista OPRAH. Vício mensal. Indispensável como o ar que respiro. Para mim, a melhor revista do mundo!Pego nela como se fosse um bebé.:)
Cairo, dia 28 de Agosto, 2010
Trivialidades Versus Sublime...
Pois é...a vida de uma bailarina no Cairo é composta destas aparentes contradições.Entre o trivial e o grotesco, sobrevivo. Entre o Belo e o Sublime, vivo.
O dia de hoje foi bem um exemplo do que é viver entre a lama e a fama.Senão vejamos (modo crú e conciso):
Acordo bem cedo com os músculos todos doridos (descubro que existem articulações ainda desconhecidas do saber académico da medicina) de espectáculos diários (já lá vai um mês!!!).
Olho-me ao espelho e vejo restos da maquilhagem da noite passada, incluindo um corpo exausto cheio de brilhantes que o duche nocturno não consegue eliminar.
Limpar a casa, pobrezinha, que tem sido relegada para segundo plano no meio da minha azáfama profissional.
Banho rápido, arranjo-me para dar mais uma aula particular de uma querida aluna vinda do Japão.A aula é maravilhosa. Redescubro o prazer de ensinar, apesar da minha preferência ir para os espectáculos. Antes de ser professora, sou bicho de palco.Momentos sublimes de partilha entre mim e a aluna.
Toca a campainha. É o homem que cobra a conta da electricidade. Cubro-me com a minha "abbaya" negra porque, se ele chega a ver-me nestes preparos da aula, dá-lhe um ataque de cacofonia e não chego a perceber quanto tenho de pagar pela luz.
Regresso à minha aula.
Dançamos juntas, uma para a outra, de mãos dadas sem termos as mãos dadas.
Depois da aula, compras no supermercado. Eu de chinelo no pé e carrapito mal amanhado sendo reconhecida por um empregado do estabelecimento (parece que os empregados dos supermercados de Zamalek andam bem informados sobre a "movida" da Dança Oriental!!!). Eu que vou ao super mercado para relaxar (sim, relaxar...) e ter um pouco de normalidade dentro da normalidade das massas que me rodeiam, sinto-me subitamente incomodada por ter de dar um autógrafo quando estou ali tão desleixada, o cabelo entre o norte e o sul e uns chinelos de praia que já deviam estar na reforma.Sorrio, tento ser simpática mas permaneço tímida. O empregado diz-me como adora ver-me dançar e que toda a família me conhece e que ficará maluca quando souber que eu , JOANA, estive no supermercado onde ele trabalha.
Enterneço-me. Tão carinhoso, o senhor...impossível ficar indiferente.
Faço as minhas compras ajudada pelo "staff" de todo o supermercado.
Alguns tiram fotografias com os telemóveis e isso não me agrada lá muito mas nada posso fazer. Quem gostaria de ficar para a posteridade nos telemóveis destes egípcios parecendo o Monstro das Bolachas (versão luso-egípcia)?!EU NÃO.
De qualquer modo, ponho a pouca vaidade que resta de lado e deixo que o meu momento "monstro das bolachas apanhado às compras" fique para a posteridade.
Joana colocando a embalagem de tampax no saco: UAU!!!
Joana ajeitando os congelados e o pacote do leite entre o óleo Johnson´s : UAU.
Chego a casa e verifico o email:
Mais uma maravilhosa proposta para ensinar e actuar fora do Egipto.Fico radiante, feliz, excitada e todos os objectivos que denominam um dia em grande.
Quando começo a preparar-me para tomar banho e todo o ritual que se segue, reparo que tenho a minha sanita entupida. Como não há tempo nem paciência para chamar um canalizador (isso seria uma odisseia com final imprevisível), eu mesma ponho mãos à obra (literalmente, hfgggrrrrrr....).
Luvas de plástico enfiadas nas mãos decididas, respiração suspensa e uma ténica de visualização que aprendi no yoga. Muito bem,Joana...adiante porque o tempo passa...
Visualizo um lindo campo cheio de girassóis e eis que o horror de desentupir uma sanita com as próprias mãos até não é assim tão traumático. Há coisas piores, diria a minha progenitora.
1,2,3. Operação desentupimento cumprida.
Olho para a sanita desentupida com as mãos pousadas nas ancas e olhar orgulhoso. Nada me pára!
Maquilhagem, cabelos, roupa, saída para o trabalho.
Mais dois espectáculos fantásticos, apesar - ou por causa - do meu cansaço já crónico.
Muitos portugueses na audiências mas esses, curiosamente, são sempre os únicos que não me cumprimentam ou acarinham. Fenómeno estranho que ainda não compreendi.
Noite cheia de emoções, momentos divinos, partilha, teste de novos territórios. Gosto disso.
Exploro Abdel Halim Hafez, pondo um pouco de parte da minha cantora de eleição (Om Kolthoum). Há tanto na música árabe para desenterrar...o tesouro é eterno e a sua arca não tem fundo.
Cinema depois dos espectáculos. Só uma boa sessão de cinema me consegue relaxar e fazer evadir da minha correria louca. O cinema é parte da minha terapia de auto-cura regular.
Pipocas, coca-cola, todo o cenário do típico "american dream"...um casal reconhece-me (hoje é o dua dos "reconhecimentos") mas, pelo menos agora, estou maquilhada e bem vestida. Acho que o meu ego não aguentaria mais um encontro PÚBLICO-MONSTRO DAS BOLACHAS num só dia.
O dia termina em Paz. Porque a vida é feita do mundano e do sagrado. Porque somos chão e somos céu.
Deus tem destas formas (sanitas entupidas, monstro das bolachas e etc e tal) para que eu jamais me esqueça que mesmo o sucesso é apenas uma circunstância mutável e inócua.
Desagarro-me do ilusório para me centrar no que é real, ao sabor do trivial e do divino.
Trivialidades Versus Sublime...
Pois é...a vida de uma bailarina no Cairo é composta destas aparentes contradições.Entre o trivial e o grotesco, sobrevivo. Entre o Belo e o Sublime, vivo.
O dia de hoje foi bem um exemplo do que é viver entre a lama e a fama.Senão vejamos (modo crú e conciso):
Acordo bem cedo com os músculos todos doridos (descubro que existem articulações ainda desconhecidas do saber académico da medicina) de espectáculos diários (já lá vai um mês!!!).
Olho-me ao espelho e vejo restos da maquilhagem da noite passada, incluindo um corpo exausto cheio de brilhantes que o duche nocturno não consegue eliminar.
Limpar a casa, pobrezinha, que tem sido relegada para segundo plano no meio da minha azáfama profissional.
Banho rápido, arranjo-me para dar mais uma aula particular de uma querida aluna vinda do Japão.A aula é maravilhosa. Redescubro o prazer de ensinar, apesar da minha preferência ir para os espectáculos. Antes de ser professora, sou bicho de palco.Momentos sublimes de partilha entre mim e a aluna.
Toca a campainha. É o homem que cobra a conta da electricidade. Cubro-me com a minha "abbaya" negra porque, se ele chega a ver-me nestes preparos da aula, dá-lhe um ataque de cacofonia e não chego a perceber quanto tenho de pagar pela luz.
Regresso à minha aula.
Dançamos juntas, uma para a outra, de mãos dadas sem termos as mãos dadas.
Depois da aula, compras no supermercado. Eu de chinelo no pé e carrapito mal amanhado sendo reconhecida por um empregado do estabelecimento (parece que os empregados dos supermercados de Zamalek andam bem informados sobre a "movida" da Dança Oriental!!!). Eu que vou ao super mercado para relaxar (sim, relaxar...) e ter um pouco de normalidade dentro da normalidade das massas que me rodeiam, sinto-me subitamente incomodada por ter de dar um autógrafo quando estou ali tão desleixada, o cabelo entre o norte e o sul e uns chinelos de praia que já deviam estar na reforma.Sorrio, tento ser simpática mas permaneço tímida. O empregado diz-me como adora ver-me dançar e que toda a família me conhece e que ficará maluca quando souber que eu , JOANA, estive no supermercado onde ele trabalha.
Enterneço-me. Tão carinhoso, o senhor...impossível ficar indiferente.
Faço as minhas compras ajudada pelo "staff" de todo o supermercado.
Alguns tiram fotografias com os telemóveis e isso não me agrada lá muito mas nada posso fazer. Quem gostaria de ficar para a posteridade nos telemóveis destes egípcios parecendo o Monstro das Bolachas (versão luso-egípcia)?!EU NÃO.
De qualquer modo, ponho a pouca vaidade que resta de lado e deixo que o meu momento "monstro das bolachas apanhado às compras" fique para a posteridade.
Joana colocando a embalagem de tampax no saco: UAU!!!
Joana ajeitando os congelados e o pacote do leite entre o óleo Johnson´s : UAU.
Chego a casa e verifico o email:
Mais uma maravilhosa proposta para ensinar e actuar fora do Egipto.Fico radiante, feliz, excitada e todos os objectivos que denominam um dia em grande.
Quando começo a preparar-me para tomar banho e todo o ritual que se segue, reparo que tenho a minha sanita entupida. Como não há tempo nem paciência para chamar um canalizador (isso seria uma odisseia com final imprevisível), eu mesma ponho mãos à obra (literalmente, hfgggrrrrrr....).
Luvas de plástico enfiadas nas mãos decididas, respiração suspensa e uma ténica de visualização que aprendi no yoga. Muito bem,Joana...adiante porque o tempo passa...
Visualizo um lindo campo cheio de girassóis e eis que o horror de desentupir uma sanita com as próprias mãos até não é assim tão traumático. Há coisas piores, diria a minha progenitora.
1,2,3. Operação desentupimento cumprida.
Olho para a sanita desentupida com as mãos pousadas nas ancas e olhar orgulhoso. Nada me pára!
Maquilhagem, cabelos, roupa, saída para o trabalho.
Mais dois espectáculos fantásticos, apesar - ou por causa - do meu cansaço já crónico.
Muitos portugueses na audiências mas esses, curiosamente, são sempre os únicos que não me cumprimentam ou acarinham. Fenómeno estranho que ainda não compreendi.
Noite cheia de emoções, momentos divinos, partilha, teste de novos territórios. Gosto disso.
Exploro Abdel Halim Hafez, pondo um pouco de parte da minha cantora de eleição (Om Kolthoum). Há tanto na música árabe para desenterrar...o tesouro é eterno e a sua arca não tem fundo.
Cinema depois dos espectáculos. Só uma boa sessão de cinema me consegue relaxar e fazer evadir da minha correria louca. O cinema é parte da minha terapia de auto-cura regular.
Pipocas, coca-cola, todo o cenário do típico "american dream"...um casal reconhece-me (hoje é o dua dos "reconhecimentos") mas, pelo menos agora, estou maquilhada e bem vestida. Acho que o meu ego não aguentaria mais um encontro PÚBLICO-MONSTRO DAS BOLACHAS num só dia.
O dia termina em Paz. Porque a vida é feita do mundano e do sagrado. Porque somos chão e somos céu.
Deus tem destas formas (sanitas entupidas, monstro das bolachas e etc e tal) para que eu jamais me esqueça que mesmo o sucesso é apenas uma circunstância mutável e inócua.
Desagarro-me do ilusório para me centrar no que é real, ao sabor do trivial e do divino.
Thursday, August 26, 2010
Cairo, dia 26 de Agosto, 2010
Slow motion (acorda, Joaninha!Tu vives no Egipto!!!)
Há realidades que tendemos a esquecer ou querer ignorar.
De repente, apercebo-me dos danos que a lentidão egípcia causam no meu já de si esfrangalhado sistema nervoso...tudo avança (se avançar!) em slow motion...
Tudo.
Do mais simples gesto transformado em grandiosa tarefa, do problema mais pequeno que de si é feito uma tragédia, do ritmo dos braços, das pernas e da mente...slow motion...
Será que me esqueci de que vivo no Egipto?
Porque será que continuo a querer ir contra a maré?!
Respirando.Em slow motion...para não ir contra a maré.
Slow motion (acorda, Joaninha!Tu vives no Egipto!!!)
Há realidades que tendemos a esquecer ou querer ignorar.
De repente, apercebo-me dos danos que a lentidão egípcia causam no meu já de si esfrangalhado sistema nervoso...tudo avança (se avançar!) em slow motion...
Tudo.
Do mais simples gesto transformado em grandiosa tarefa, do problema mais pequeno que de si é feito uma tragédia, do ritmo dos braços, das pernas e da mente...slow motion...
Será que me esqueci de que vivo no Egipto?
Porque será que continuo a querer ir contra a maré?!
Respirando.Em slow motion...para não ir contra a maré.
Wednesday, August 25, 2010
Cairo, dia 26 de Agosto, 2010
Esclarecimento sobre a minha "sala de estar"...
Hmmm...por onde começar (coçando a própria cabeça, em estilo Hercule Poirot deparado com um intrigante enigma) ?
Talvez seja a sobrecarga de ideias, trabalho, sonhos (sim, porque a urgência de realizá-los também nos pode pesar), responsabilidades variadas, tudo tudinho sobre as minhas costas e mente. Talvez seja o Ramadão que me deixa assim, meio dormente lá pela massa cinzenta...talvez...talvez...
Só agora notei que mencionei o mundo na minha "sala de estar" sem especificar (para os mais distraídos ou detalhistas como eu) que esse mundo vem até à minha sala de estar para ter aulas particulares e não para tomar chá egípcio (também poderia vir, tivesse eu tempo e disponilidade mental para isso!).
A minha "sala de estar" é sempre convertida num pequeno salão de dança com aparelhagem e espelho a combinar. É um "sine qua non" para qualquer casa onde viva. Antes de ver se a casa possui casa de banho ou cozinha, vejo se tem uma sala que eu possa converter em espaço de ensaios, coreografia e aulas particulares e assim bem poderia eu viver numa caverna mas...MAS...MAS... com uma sala de ensaios-aulas. Para mim, isso é o essencial. O resto são ervilhas! (Porquê "ervilhas"?!Não sei...talvez...puro ataque de parvoíce.).
Agora que tenho a questão da "sala de espera" esclarecida, aqui vai o belo balanço do dia:
Aulas: Portugal e Brasil (embora a aluna portuguesa tivesse sotaque brasileiro depois de ter vivivo em Espanha e estar a viver na Alemanha...que maravilha saber que não sou a única cigana com as malas sempre às costas!). Alunas queridíssimas e com imensa vontade de aprender.
Lamento a minha falta de tempo para acompanhar mais estas alunas que me chegam de tantos sítios e que desejariam saber mais do meu percurso ou conhecer o Cairo através dos meus olhos. Quem sabe, um dia, quando esteja mais calma e menos atarefada, possa fazer um curso com visitas guiadas ao meu sabor, aqui no Cairo...
Espectáculos: Dois espectáculos com casa cheia e uma energia indescritível.
Espanhóis, brasileiros, argentinos foram algumas das nacionalidades de que me dei conta. Sessões intermináveis de fotos e comentários em várias línguas que as pessoas pensam que eu não entendo. Para futuras ocasiões, aqui vai mais um esclarecimento do dia:
Falo fluentemente português, espanhol, inglês, francês e árabe e, por isso, a menos que algum de vocês seja russo ou chinês-japonês, convém não lançarem nenhuma "bojarda" (sei lá, que tenho um derrière enorme, que pareço uma leoa enraivecida, qualquer miminho deste estilo ou ainda mais ácido, etc) porque eu entendo e responde à letra, com muito prazer.
Arte: Sinto-me feliz porque hoje estreámos um programa novo e, embora as músicas que escolhi dançar tivessem sido uma dor de cabeça para os músicos (eles sabem que eu tenho um gosto tramado para música...), os resultados estiveram à vista. Seguir o meu instinto tem sido o melhor a fazer ao longo destes intensos anos de carreira.
Amanhã, outras músicas se seguirão, mais caras novas, expectativas, abraços e desafios...
Na minha sala de estar e no palco da vida.
Esclarecimento sobre a minha "sala de estar"...
Hmmm...por onde começar (coçando a própria cabeça, em estilo Hercule Poirot deparado com um intrigante enigma) ?
Talvez seja a sobrecarga de ideias, trabalho, sonhos (sim, porque a urgência de realizá-los também nos pode pesar), responsabilidades variadas, tudo tudinho sobre as minhas costas e mente. Talvez seja o Ramadão que me deixa assim, meio dormente lá pela massa cinzenta...talvez...talvez...
Só agora notei que mencionei o mundo na minha "sala de estar" sem especificar (para os mais distraídos ou detalhistas como eu) que esse mundo vem até à minha sala de estar para ter aulas particulares e não para tomar chá egípcio (também poderia vir, tivesse eu tempo e disponilidade mental para isso!).
A minha "sala de estar" é sempre convertida num pequeno salão de dança com aparelhagem e espelho a combinar. É um "sine qua non" para qualquer casa onde viva. Antes de ver se a casa possui casa de banho ou cozinha, vejo se tem uma sala que eu possa converter em espaço de ensaios, coreografia e aulas particulares e assim bem poderia eu viver numa caverna mas...MAS...MAS... com uma sala de ensaios-aulas. Para mim, isso é o essencial. O resto são ervilhas! (Porquê "ervilhas"?!Não sei...talvez...puro ataque de parvoíce.).
Agora que tenho a questão da "sala de espera" esclarecida, aqui vai o belo balanço do dia:
Aulas: Portugal e Brasil (embora a aluna portuguesa tivesse sotaque brasileiro depois de ter vivivo em Espanha e estar a viver na Alemanha...que maravilha saber que não sou a única cigana com as malas sempre às costas!). Alunas queridíssimas e com imensa vontade de aprender.
Lamento a minha falta de tempo para acompanhar mais estas alunas que me chegam de tantos sítios e que desejariam saber mais do meu percurso ou conhecer o Cairo através dos meus olhos. Quem sabe, um dia, quando esteja mais calma e menos atarefada, possa fazer um curso com visitas guiadas ao meu sabor, aqui no Cairo...
Espectáculos: Dois espectáculos com casa cheia e uma energia indescritível.
Espanhóis, brasileiros, argentinos foram algumas das nacionalidades de que me dei conta. Sessões intermináveis de fotos e comentários em várias línguas que as pessoas pensam que eu não entendo. Para futuras ocasiões, aqui vai mais um esclarecimento do dia:
Falo fluentemente português, espanhol, inglês, francês e árabe e, por isso, a menos que algum de vocês seja russo ou chinês-japonês, convém não lançarem nenhuma "bojarda" (sei lá, que tenho um derrière enorme, que pareço uma leoa enraivecida, qualquer miminho deste estilo ou ainda mais ácido, etc) porque eu entendo e responde à letra, com muito prazer.
Arte: Sinto-me feliz porque hoje estreámos um programa novo e, embora as músicas que escolhi dançar tivessem sido uma dor de cabeça para os músicos (eles sabem que eu tenho um gosto tramado para música...), os resultados estiveram à vista. Seguir o meu instinto tem sido o melhor a fazer ao longo destes intensos anos de carreira.
Amanhã, outras músicas se seguirão, mais caras novas, expectativas, abraços e desafios...
Na minha sala de estar e no palco da vida.
Cairo, dia 25 de Agosto, 2010
O mundo na sala de estar da minha casa (ainda se diz "sala de estar" em português?!)
E que alegria ensinar profissionais e amadoras (das que AMAM, realmente, a DANÇA e não o seu ego) de todo o mundo, constatando que nacionalidades não nos dividem tanto como imaginamos ou nos fazem crer.
Eis as nacionalidades que já passaram pela minha sala de estar (?!) nas duas últimas semanas:
Colombia, Argentina, Inglaterra, Japão, China e Brasil. Nada mal...
Além de ser época de turismo para os estrangeiros (enquanto é época de abstenção -Ramadão para os egípcios e árabes) e isso significar audiências de todo o mundo, receber alunos de tantos pontos do globo terrestre (e alguns extra-terrestres com muita graça!) com uma vontade comum de aprender DANÇA ORIENTAL é um fenómeno maravilhoso de se observar.
Para hoje: aula com o BRASIL!
E depois espectáculo com audiências sabe Deus de que parte do mundo.
O mundo na sala de estar da minha casa (ainda se diz "sala de estar" em português?!)
E que alegria ensinar profissionais e amadoras (das que AMAM, realmente, a DANÇA e não o seu ego) de todo o mundo, constatando que nacionalidades não nos dividem tanto como imaginamos ou nos fazem crer.
Eis as nacionalidades que já passaram pela minha sala de estar (?!) nas duas últimas semanas:
Colombia, Argentina, Inglaterra, Japão, China e Brasil. Nada mal...
Além de ser época de turismo para os estrangeiros (enquanto é época de abstenção -Ramadão para os egípcios e árabes) e isso significar audiências de todo o mundo, receber alunos de tantos pontos do globo terrestre (e alguns extra-terrestres com muita graça!) com uma vontade comum de aprender DANÇA ORIENTAL é um fenómeno maravilhoso de se observar.
Para hoje: aula com o BRASIL!
E depois espectáculo com audiências sabe Deus de que parte do mundo.
Cairo, dia 25 de Agosto,2010
Mais um diamante partilhado por Rosa Leonor Pedro (Obrigada,Rosita!)
"Rezo por um mundo
em que possamos viver em associação e não sob domínio;
onde a “conquista da natureza pelo homem” é considerada suicida e sacrílega;
onde o poder não mais seja equacionado com a espada, mas sim com o
santo cálice – o antigo símbolo do poder de dar, nutrir e estimular a
...vida.
E, não só rezo, como também activamente trabalho, para o dia em
que assim será. "
RIANE EISLER
De facto, confunde-se PODER com DOMÍNIO do que consideramos mais fraco. Tamanha ignorância num mundo demasiado humano e, por conseguinte, frágil nas suas fragilidades e cego como só o HOMEM pode ser.
Mais um diamante partilhado por Rosa Leonor Pedro (Obrigada,Rosita!)
"Rezo por um mundo
em que possamos viver em associação e não sob domínio;
onde a “conquista da natureza pelo homem” é considerada suicida e sacrílega;
onde o poder não mais seja equacionado com a espada, mas sim com o
santo cálice – o antigo símbolo do poder de dar, nutrir e estimular a
...vida.
E, não só rezo, como também activamente trabalho, para o dia em
que assim será. "
RIANE EISLER
De facto, confunde-se PODER com DOMÍNIO do que consideramos mais fraco. Tamanha ignorância num mundo demasiado humano e, por conseguinte, frágil nas suas fragilidades e cego como só o HOMEM pode ser.
Monday, August 23, 2010
Cairo, dia 23 de Agosto, 2010
Mais um texto FANTÁSTICO (obrigada,Iris, por partilhar tamanha verdade!)
"Louvada seja a dança,
que liberta o homem do peso das coisas
materiais e une os solitários para formar sociedade.
Louvada seja a dança,
que tudo exige e fortalece a saúde,
uma mente serena e uma alma encantada.
A dança significa transformar o espaço, o
tempo, e a pessoa, que sempre corre perigo de
se desfazer ou ser somente cérebro,
ou só vontade, ou só sentimento.
A dança porém exige o ser humano
inteiro, ancorado no seu centro,
e que não conhece a vontade de dominar
gente e coisas,
e que não sente a obsessão de estar
perdido no seu próprio ego.
A dança exige o homem livre e aberto,
vibrando na harmonia de todas as forças.
Ó homem, ó mulher, aprenda a dançar
senão os anjos no céu
não saberão o que fazer contigo."
(SantoAgostinho)
Mais um texto FANTÁSTICO (obrigada,Iris, por partilhar tamanha verdade!)
"Louvada seja a dança,
que liberta o homem do peso das coisas
materiais e une os solitários para formar sociedade.
Louvada seja a dança,
que tudo exige e fortalece a saúde,
uma mente serena e uma alma encantada.
A dança significa transformar o espaço, o
tempo, e a pessoa, que sempre corre perigo de
se desfazer ou ser somente cérebro,
ou só vontade, ou só sentimento.
A dança porém exige o ser humano
inteiro, ancorado no seu centro,
e que não conhece a vontade de dominar
gente e coisas,
e que não sente a obsessão de estar
perdido no seu próprio ego.
A dança exige o homem livre e aberto,
vibrando na harmonia de todas as forças.
Ó homem, ó mulher, aprenda a dançar
senão os anjos no céu
não saberão o que fazer contigo."
(SantoAgostinho)
Cairo, dia 23 de Agosto, 2010
Contagem de(crescente).
E já lá vão 25 dias de espectáculos diários, sem uma única folga. Graças a Deus.
Quem corre por gosto não cansa, é bem verdade, mas as minhas perninhas pedem um pouco de descanso que, pelos vistos, eu não tenho planos de lhes dar.
Além dos espectáculos diários, lá vou eu ao ginásio para desanuviar e fazer a limpeza ao cérebro enquanto corro ao lado de mohagabas (cobertas com o véu) e, como se não fosse suficiente, começarei aulas de Tango já para a semana que vem. Se juntarmos a isto a correria normal do dia-a-dia, estas minhas pernas deviam ter um seguro como o traseiro da Jennifer Lopez!
O melhor de actuar todos os dias sem tempo para respirar é a adrenalina que nunca nos deixa e o combate contra o previsível e o aborrecimento.
A cada dia, em cada espectáculo, tento ir mais além do que fui ontem. Vejo em cada momento uma oportunidade de me explorar a mim própria como bailarina e pessoa comunicante com o mundo. Isso é maravilhoso, apesar do queixume natural do corpo cansado.
Ao mesmo tempo que exijo de mim, torturo os meus músicos requisitando ensaios diários e músicas novas. Perfeccionismo e inconformismo no meu trabalho, sempre.
Ontem recebemos um grupo maravilhoso de brasileiros. Não posso descrever como me fizeram feliz e como o espectáculo correu sobre rodas.Quando o público interage connosco e nos aprecia, o tempo voa...e assim foi.
Espero que hoje seja igual ou melhor...
Cabelo,maquilhagem,roupa, acessórios, cappuccino para arrebitar, ensaio da noite, palco, EXTÂSE. A ordem do dia.
Grata por tudo.
Contagem de(crescente).
E já lá vão 25 dias de espectáculos diários, sem uma única folga. Graças a Deus.
Quem corre por gosto não cansa, é bem verdade, mas as minhas perninhas pedem um pouco de descanso que, pelos vistos, eu não tenho planos de lhes dar.
Além dos espectáculos diários, lá vou eu ao ginásio para desanuviar e fazer a limpeza ao cérebro enquanto corro ao lado de mohagabas (cobertas com o véu) e, como se não fosse suficiente, começarei aulas de Tango já para a semana que vem. Se juntarmos a isto a correria normal do dia-a-dia, estas minhas pernas deviam ter um seguro como o traseiro da Jennifer Lopez!
O melhor de actuar todos os dias sem tempo para respirar é a adrenalina que nunca nos deixa e o combate contra o previsível e o aborrecimento.
A cada dia, em cada espectáculo, tento ir mais além do que fui ontem. Vejo em cada momento uma oportunidade de me explorar a mim própria como bailarina e pessoa comunicante com o mundo. Isso é maravilhoso, apesar do queixume natural do corpo cansado.
Ao mesmo tempo que exijo de mim, torturo os meus músicos requisitando ensaios diários e músicas novas. Perfeccionismo e inconformismo no meu trabalho, sempre.
Ontem recebemos um grupo maravilhoso de brasileiros. Não posso descrever como me fizeram feliz e como o espectáculo correu sobre rodas.Quando o público interage connosco e nos aprecia, o tempo voa...e assim foi.
Espero que hoje seja igual ou melhor...
Cabelo,maquilhagem,roupa, acessórios, cappuccino para arrebitar, ensaio da noite, palco, EXTÂSE. A ordem do dia.
Grata por tudo.
Cairo, dia 23 de Agosto, 2010
Tenho consciência que falar de burriés é horrível, sim...tenho...
Ora bem.Depois de um desejo sincero e poético de Feliz Aniversário à minha irmã, aqui vai um post muito pouco poético.
É que estes dias de Ramadão dão-me para isto: reparar mais afincadamente nas contradições já de si latentes da sociedade egípcia.
E aqui vai a minha última (genial, diria!) reflexão:
Caros homens egípcios de todas as idades e feitios,
Queiram, gentilmente, reconhecer que tirar burriés do nariz ou revolver as partes íntimas (pudibundas, que eu adoro esta palavra vicentina!) enquanto nos tentam seduzir na rua em pleno período de jejum (Ramadão, pessoal...alôo.....estamos no RAMADÂO....diz uma cristã-buscadora-questionadora-ainda por se encontrar a muitos muçulmanos praticantes e aficionadíssimos) não é a melhor estratégia para "fintar a garina" (Cais do Sodré e Tonys de todo o mundo, um grande abraço para todos vós) nem o gesto que mais agradará a Alá.
Tenho cá para mim que esta auto-confiança excessiva (ilusória) que os homens egípcios carregam em si tem muito a ver com este fenómeno estranho, senão vejamos:
Que homem, no seu perfeito juízo (de acordo com as massas a-juizadas) tem a convicção que conquistará uma mulher com essa mistura explosiva de escavações paleolíticas no respectivo nariz e um piscar de olho maroto?!
Digam-me, se têm coragem...que homem se vê já enlaçado numa bela mulher depois de a ter conquistado revolvendo as partes pudibundas (PUDIBUNDO é oficial) encostado a um poste onde outros fazem xixi em mais um gesto de "macho man à moda egípcia"?!
Eu desconheço que exista tal auto-confiança mas, para minha surpresa (eu ainda me surpreendo?!Uau...), muitos egípcios em pleno período de jejum e abstenção total (abstenção de comida, bebida, cigarros ou qualquer outra substância que se ingira, sexo, contacto com o sexo oposto, etc,etc,etc), deleitam-se nestes rituais de acasalamente estranhos onde me parece que o macho quer aterrorizar a fémea e não conquistá-la.
Ainda num registo brejeiro mas realista, fico a pensar se rezarão directamente após o ritual de acasalamento? A lavagem de pecados sempre foi companheira da falta de consciência...
Adoro o Ramadão. O silêncio, a união das famílias e de estranhos comendo juntos à hora do iftar...os rituais estranhos de acasalamento...ahhh....adoro isto TUDO!
Tenho consciência que falar de burriés é horrível, sim...tenho...
Ora bem.Depois de um desejo sincero e poético de Feliz Aniversário à minha irmã, aqui vai um post muito pouco poético.
É que estes dias de Ramadão dão-me para isto: reparar mais afincadamente nas contradições já de si latentes da sociedade egípcia.
E aqui vai a minha última (genial, diria!) reflexão:
Caros homens egípcios de todas as idades e feitios,
Queiram, gentilmente, reconhecer que tirar burriés do nariz ou revolver as partes íntimas (pudibundas, que eu adoro esta palavra vicentina!) enquanto nos tentam seduzir na rua em pleno período de jejum (Ramadão, pessoal...alôo.....estamos no RAMADÂO....diz uma cristã-buscadora-questionadora-ainda por se encontrar a muitos muçulmanos praticantes e aficionadíssimos) não é a melhor estratégia para "fintar a garina" (Cais do Sodré e Tonys de todo o mundo, um grande abraço para todos vós) nem o gesto que mais agradará a Alá.
Tenho cá para mim que esta auto-confiança excessiva (ilusória) que os homens egípcios carregam em si tem muito a ver com este fenómeno estranho, senão vejamos:
Que homem, no seu perfeito juízo (de acordo com as massas a-juizadas) tem a convicção que conquistará uma mulher com essa mistura explosiva de escavações paleolíticas no respectivo nariz e um piscar de olho maroto?!
Digam-me, se têm coragem...que homem se vê já enlaçado numa bela mulher depois de a ter conquistado revolvendo as partes pudibundas (PUDIBUNDO é oficial) encostado a um poste onde outros fazem xixi em mais um gesto de "macho man à moda egípcia"?!
Eu desconheço que exista tal auto-confiança mas, para minha surpresa (eu ainda me surpreendo?!Uau...), muitos egípcios em pleno período de jejum e abstenção total (abstenção de comida, bebida, cigarros ou qualquer outra substância que se ingira, sexo, contacto com o sexo oposto, etc,etc,etc), deleitam-se nestes rituais de acasalamente estranhos onde me parece que o macho quer aterrorizar a fémea e não conquistá-la.
Ainda num registo brejeiro mas realista, fico a pensar se rezarão directamente após o ritual de acasalamento? A lavagem de pecados sempre foi companheira da falta de consciência...
Adoro o Ramadão. O silêncio, a união das famílias e de estranhos comendo juntos à hora do iftar...os rituais estranhos de acasalamento...ahhh....adoro isto TUDO!
Cairo, dia 23 de Agosto, 2010
Parabéns, maninha...e umas frases geniais de tão verdadeiras que são...
Aqui vai um PARABÉNS muito público à minha irmã Catarina que faz aninhos hoje. Here we go:
Miúda...Te amo! (que poético, com sotaque brasileiro!)
O resto são conversas deitadas fora no vão de escadas inútil da contagem dos dias (que poético, em estilo pseudo-intelectual!).
De moi, pour toi (minha oponente favorita, companheira de cantorias na casa de banho):
Saúde.Sempre. Para que não haja desculpa palpável de não ir à luta e não te levantares do chão, quando te sentes mais frágil.
Amor. Dentro de ti, por ti. Se esse amor existir, os outros amores chegam por consequência.
Inconformidade, coragem de arriscar e loucura (aqui bem te podes inspirar em mim, ha?! Leva o que quiseres de mim...leva...).
Alegria de ser a eterna criança que nunca deixamos de ser e certeza de que o AGORA é a única certeza que possuis. Usufrui ( e conta comigo para o que precisares, mesmo à distância física).
Mais não digo.
E aqui vai mais uma jóia encontrada no famoso e infâme FACEBOOK:
“Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.(...)
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.Deles não quero resposta, quero o meu avesso.(......)
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.(...)
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto: e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.Pois os vendo, loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que “normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."
Oscar Wilde
Parabéns, maninha...e umas frases geniais de tão verdadeiras que são...
Aqui vai um PARABÉNS muito público à minha irmã Catarina que faz aninhos hoje. Here we go:
Miúda...Te amo! (que poético, com sotaque brasileiro!)
O resto são conversas deitadas fora no vão de escadas inútil da contagem dos dias (que poético, em estilo pseudo-intelectual!).
De moi, pour toi (minha oponente favorita, companheira de cantorias na casa de banho):
Saúde.Sempre. Para que não haja desculpa palpável de não ir à luta e não te levantares do chão, quando te sentes mais frágil.
Amor. Dentro de ti, por ti. Se esse amor existir, os outros amores chegam por consequência.
Inconformidade, coragem de arriscar e loucura (aqui bem te podes inspirar em mim, ha?! Leva o que quiseres de mim...leva...).
Alegria de ser a eterna criança que nunca deixamos de ser e certeza de que o AGORA é a única certeza que possuis. Usufrui ( e conta comigo para o que precisares, mesmo à distância física).
Mais não digo.
E aqui vai mais uma jóia encontrada no famoso e infâme FACEBOOK:
“Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.(...)
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.Deles não quero resposta, quero o meu avesso.(......)
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.(...)
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto: e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.Pois os vendo, loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que “normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."
Oscar Wilde
Saturday, August 7, 2010
Cairo, dia 7 de Agosto, 2010
EVENTOS a seguir... WORKSHOPS em PORTUGAL - 16,17 de OUTUBRO
Entre as muitas novidades que virao, aqui esta o lembrete relativo aos meus workshops de Outubro em Portugal!
INSCRIÇÕES JÁ ABERTAS E LIMITADAS PARA OS MEUS WORKSHOPS DE PORTUGAL
O programa completo dos meus próximos workshops em Portugal já se encontra disponível neste blogue (ver final deste posting).
As inscrições estão, oficialmente, abertas e serão LIMITADAS para que possa trabalhar mais proximamente com os alunos inseridos no evento.
Os temas a serem abordados são da minha especial preferência e, não coincidentemente, representam dois estilos muito diferentes dentro daquilo a que se chama DANÇA ORIENTAL.
*** O grande compositor Mohamed Abdul Wahab será abordado por mim num dos workshops de uma forma total e que lhe faça justiça como um dos grandes compositores do Século XX.O artista ficou conhecido por revolucionar a música egípcia, abrindo-a às influências da música do mundo sem que o sabor oriental se perdesse. Compositor de eleição de Om Kolthoum e ídolo da sua época, o cantor/actor/compositor transformou a forma como os seus contemporâneos escutavam e valorizavam a sua música e legou algumas das mais fabulosas peças musicais para dança de todos os tempos.
*** As Ghawazy e o folclore beduíno serão outros temas abordados neste evento e aqui reside muita da história da Dança Oriental. As famosas ciganas egípcias da rua de Mohamed Ali marcaram um estilo e uma época, trazendo consigo a sabedoria e o sentimento de séculos atrás.Vocabulário de folclore beduíno e das ruas de todo o Egipto numa peça musical celebrizada por Naima Akef. O QUE ME TIRA O SONO:A excitação de ensinar algo tão essencial e valioso aos alunos é uma perspectiva que me alicia.O vocabulário e conteúdos de ambos os workshops são tão diferentes quanto complementares e darão uma perspectiva totalmente universal e artística daquilo que é a VERDADEIRA DANÇA ORIENTAL.Serão todos muito BEM-VINDOS!
PROGRAMA COMPLETO:*******************************************************
WORKSHOPS DE DANÇA ORIENTAL CLÁSSICA e FUSÃO(MOHAMED ABDUL WAHAB) E ESTILO GHAWAZY/BEDUINO
Ministrado por Joana Saahirah do Egipto Dias 16 e 17 de Outubro no IPJ (Instituto Português da Juventude, Parque das Nações)
Horário:
Das 10.30h às 13.30h (Sábado e Domingo) - Dança Oriental Clássica e Fusão (Mohamed Abdul Wahab) - Técnica e coreografia completa.Das 15.00h às 18.00h (Sábado e Domingo) - Estilo Ghawazy/Beduíno - Técnica e Coreografia completa com sagats.
Programa:
*** Dança Oriental Clássica e Fusão ( um dos maiores compositores egípcios de todos os tempos, compositor de Om Kolthoum e pioneiro MOHAMED ABDUL WAHAB).
Tema seleccionado de Mohamed Abdul Wahab em que este explora os sons do mundo (influência do flamenco, rumba, etc) em consonância com a grande amplitude/possibilidades da Música Egípcia.Explorar o movimento em toda a sua dimensão técnica, expressiva, emocional e espiritual usando uma das músicas mais fascinantes do famoso compositor.
*** Estilo Ghawazy/Beduíno. Explorar o mundo das ancestrais ciganas egípcias - Ghawazy - e do folclore beduíno envoltos no estilo mais típico de Dança Oriental praticado pelas bailarinas da Geração de Ouro (Tahya Carioca, Naima Akef).Utilização (opcional) de sagats aplicados à técnica e coreografia ensinados.
A quem se destinam estes Workshops :
Alunos com mais de um ano de formação em Dança Oriental que pretendam atingir a excelência na sua arte e descobrir o seu estilo próprio, distinguindo-se pelo brilho, autenticidade e qualidade que só as estrelas possuem.Alunos/professores que pretendam alargar e aprofundizar os seus conhecimentos em Folclore egípcio e nos diferentes estilos que existem dentro da Dança Oriental comercialmente denominada por “Dança do Ventre”.
***BAZAR ORIENTAL:Exposição e venda de artigos relativos à Dança Oriental em local adjacente à sala onde decorrem os workshops. Os últimos cds do Egipto, novos trajes e lenços de alta qualidade para bailarinas, sagats, véus , dvds de Dança Oriental e muito mais... aberto das 11.00h às 17.30h a participantes dos workshops e não participantes.
****** Preço promocional (para inscrições até dia 31 de Julho): 55 euros por um Workshop completo (6 horas de formação divididas entre Sábado e Domingo).
Preços regulares (fora do periodo promocional):
70 euros por Workshop (120 euros pelos dois Workshops )
INSCRIÇÕES NO PRÓPRIO DIA : 80 euros por Workshop (150 euros pelos dois Workshops ).
Preço especial (para metade do Workshop/ bloco de 3 horas, parte da manhã ou da tarde): 40 euros.
***Formas de pagamento: Para inscrever-se e garantir a sua participação no Curso ou nalgum dos blocos de formação, terá de efectuar o pagamento do mesmo através de transferência multibanco para a conta com o NIB: 0007 0075 000 1125 000536
ou envio de cheque ( no caso de preferir enviar-nos o cheque por correio, peça-nos a morada da Dança Mágica ) Após ter efectuado a transferência ou enviado o pagamento, terá de informar-nos a data em que fez essa mesma transferência e o nome em que foi feita através dos seguintes contactos:
joanabellydance@sapo.pt / dancemagica@gmail.com
TM: 00351 - 96 642 7997 (Portugal)
NOTA: Possibilidade de alojamento no local do evento visto que os Workshops decorrem no espaço do Ipj onde também se encontra uma POUSADA DA JUVENTUDE.
Organização:Joana Saahirah e Dança Mágica
Cairo, dia 7 de Agosto, 2010
Rendida.
Viver no Egipto significa caminhar, diariamente, entre dois mundos diametralmente opostos.
A cultura e mentalide locais nao possuem praticamente nada em comum com a cultura que trago de Portugal ou Espanha e vejo-me , desesperadamente, entre a espada e a parede em situacoes que nao sei como resolver.
Nada do que se aplica aos padroes que trago comigo podem explicar o comportamento e forma de viver dos egipcios e dos arabes com quem lido.
O processo de adaptacao pode ser enriquecedor mas, muito potencialmente, enlouquecedor.
encontro-me no limiar da loucura muito mais vezes do que qualquer outro ser humano que conheca...rasgar com padroes mentais podera ser positivo mas conseguir integrar o que INTERESSA e deitar para o lixo aquilo que lhe pertence passa or um esforco continuo brutal...por vezes, sinto-me exausta.
Para escapar a demencia precoce, tento resgatar rituais e habitos do dia-a-dia que me mantenham com os pes colados ao chao.
Na procura desses gestos que me salvem da loucura, encontro perolas como estas:
1. Um SPA tailandes com profissionais a serio que nos cobrem de aromas e delicadezas tais que o Paraiso comeca a parecer-nos tao perto...Chama-se MANUELA SPA e fica na ruidosa zona de Mohandesin.
2. Mais uma livraria em Zamalek onde encontro um cafe moccha de morrer, a minha agua Evian (queridos patrocinadores!!Alo,Alo!!!), revistas como a Oprah, a Vogue e a Times e livros deliciosos que me fazem esquecer a pilha de muitos tomos que la estao em casa, a espera para serem lidos.
3. Cinema no Nile Mall, no Corniche/marginal de Shobra. Filmes egipcios e estrangeiros exibidos em salas super confortaveis onde me evado, sempre que o trabalho mo permite.
4. Restaurante Casper and Gambini's onde se encontram saladas gourmet de comer e chorar por mais (rucula, tomate fresquinho, salmao, batatinhas no forno e outras iguarias juntas num mesmo prato!) e uma sopa de cogumelos que me faz esquecer todos os stresses desta vida e das encarnacoes que estao por vir...ah...delicioso....
5. Piscina do hotel Marriott, mesmo por tras da minha casa. Embora esteja povoada de criancas arabes com os bons modos de um urso das estepes e de homens babados que nunca viram uma mulher de bikini, continua a ser AGUA e SOL....e, no meio deste calor abrasador , isto basta para ignorar os mirones e os putos mal educados. Um livro, um chapeu de sol, a minha Evian na mao e la vou eu...abstarindo-me de tudo e todos...
6. Passeios de felluca (barco tradicional do rio) no Nilo ao por do sol ou a noite, la para a 1.00h da matina quando a cidade explode de luzes e cores...
Rendida aos pequenos luxos que esta cidade oferece, na tentativa de nao perder a cabeca tentando entender e adapatar-me a (i)logica do meu querido pessoal do lado de ca!
Cairo, dia 7 de Agosto, 2010
Real Arabia Saudita (?!)
Ontem foi noite de atribulacoes variadas, como sempre...
Comecei o meu ensaio diario (nenhuma musica pode ser levada ao palco sem que eu me certifique que ela sera bem interpretada) antes de comecarmos os tres espectaculos da noite e verifico que me faltam tres musicos importantes na orquestra.
Dar a volta a situacoes como esta deveriam ser funcao do chefe da respectiva orquestra mas ele nao tem a cabeca fria necessaria para lidar com imprevistos desta ordem. Tenho de ser eu a decidir, calmamente, como vou apresentar tres espectaculos sem determinados elementos essenciais.
Que musicas poderao ser interpretadas sem que se sinta demasiado a falta destes instrumentos?
Que poderao fazer os musicos presentes para compensar a falta dos ausentes?
Que programa sera possivel apresentar esta noite, tendo em conta as faltas de musicos?
Etc,etc...o publico ja esta a chegar, o tempo passa e as decisoes tem de ser tomadas rapida e eficazmente. Ali estou eu para isso...
O chefe da minha orquestra - que devia estar encarregue de resolver estas questiunculas - esta estacionado (como uma carrocinha velha e gasta rangendo de dores ) a uma esquina do camarim, vermelho que nem um tomate e com um pano dramaticamente enrolado a volta da cabeca como se tivesse sido acossado com as enxaquecas de toda a Humanidade. Enquanto lhe da o ataque histerico de impotencia, o caos instala-se na orquestra.
Entro eu em accao para salvar o quadro tragico-comico...
Aiii....que paciencia...minha mae (ela bem me avisa para ter juizo mas eu nao a escuto, desculpa Dedinhas de minh'alma)!
Tomo as redeas da situacao em maos e resolvo o que fazer, quem faz o que e como orquestrar cada um dos elementos que tudo avance e o publico nao note as faltas vitais.
Primeiro espectaculo:
Tudo bem! Sinto falta de determinados sons, nuances que nao sao executadas porque faltam os musicos que as interpretam mas tudo corre sobre rodas...compenso a falta de musicos com mais danca, carisma e energia que vou buscar nao sei bem onde.
Segundo espectaculo:
O NILE MAXIM esta reservado para um principe saudita que veio com a sua entourage de amantes, amigos de origens duvidosas e prostitutas. Como o dinheiro tudo compra, ninguem - excepto eu! - parece incomodar-se com o ambiente de cortar a faca que estes personagens criam no recinto.
Danco contrariada, lado a lado com prostitutas vestidas(despidas) com baby dolls baratos, tremendo e gesticulando em palco como se fossem animais no cio em pleno ataque epilectico.
Comento ao ouvido de uma das prostitutas:
-Se quer estar no palco, dance. Nao trema por todos os lados. Escute a musica, pelo menos!
- Ana taabana, ya orrti! (Estou cansada, minha irma!) - Responde a prostituta enquanto abre as pernas de forma a que toda a minha orquestra lhe veja as partes intimas.
Consigo abstrair-me da presenca indesejada destas pobres criaturas e danco para mim mesma e para uma mesa de prostitutas egipcias que vieram anexadas ao principe mas que, desde o principio do espectaculo, se ligam a mim e apreciam o que estou a fazer. Enviam-me piropos simpaticos e dizem-me que sou maravilhosa, unindo-se a mim de mulher para mulher com um carinho e respeito inusitados.
Este espectaculo deprime-me. Tenho a certeza de que a minha cara assim o provou, nao da para esconder a tristeza e frustracao.
Terceiro espectaculo:
O principe saudita havia pedido um espectaculo extra e, para minha surpresa, insiste que seja mais longo do que o anterior (mais de uma hora de espectaculo).
Nao so me faltam os musicos, como me chegam de sobra as prostitutas e a falta de disposicao (minha!) mas nao ha nada a fazer. O principe pede mais um espectaculo, pois o principe tera mais um espectaculo.
Arrasto-me para o palco com uma renovada energia que so o meu incrivel sentido de sobrevivencia me poderia oferecer (Deus seja bem-dito!).
Desta vez, as prostitutas nao me interrompem com os seus ataques epileticos. O mais triste nestes ataques nem sera o facto de alguem me interromper o espectaculo e o estragar mas o facto de eu ver como estas mulheres (???) se veem a si proprias e como veem a danca. Para elas, Danca Oriental resume-se a abanar o rabo e as mamitas para excitar homens.
Isto deixa-me de rastos............
Termino a noite conversando com os meus musicos que comentam como o Egipto esta perdido e vendido ao poder e ao dinheiro.
A propria Fifi Abdou (talvez a bailarina de Danca Oriental mais popular de sempre), dizem eles, vai todas as noites para night-clubs de quinta categoria para fazer negocio extra fazendo companhia a sauditas endinheirados.
Penso para mim mesma: amanha sera outro dia. Inshah Allah!
Cairo, dia 7 de Agosto, 2010
Bailarina...
" Uma vez chegaram à corte do príncipe de Birkasha uma dançarina e os seus músicos.
Tendo sido admitida na corte, ela dançou a música da flauta, do alaúde e da cítara. Executou a dança das chamas e do fogo e a dança das espadas e das lanças. Dançou as estrelas e o espaço e então, ela dançou a dança das flores ao vento.
Quando terminou, aproximou-se do príncipe e curvou o corpo em reverência, diante dele. O príncipe ordenou que ela se aproximasse e perguntou-lhe: “Bela mulher, filha da graça e do encanto, de onde vem a sua arte e que poder é este o seu que domina todos os elementos nos seus ritmos e versos?”
E a dançarina, aproximando-se, curvou mais uma vez o corpo em reverência e respondeu.“Sua alteza, sereníssimo senhor, eu não sei a resposta para as suas perguntas. O que eu sei é apenas isto: que a alma do filósofo habita na sua mente, a alma do poeta habita no seu coração, a alma do cantor habita na sua garganta, mas a alma da dançarina habita todo o seu corpo.”
O viajante – Khalil Gibran
(Enviado por Rosa Leonor Pedro)
Bailarina...
" Uma vez chegaram à corte do príncipe de Birkasha uma dançarina e os seus músicos.
Tendo sido admitida na corte, ela dançou a música da flauta, do alaúde e da cítara. Executou a dança das chamas e do fogo e a dança das espadas e das lanças. Dançou as estrelas e o espaço e então, ela dançou a dança das flores ao vento.
Quando terminou, aproximou-se do príncipe e curvou o corpo em reverência, diante dele. O príncipe ordenou que ela se aproximasse e perguntou-lhe: “Bela mulher, filha da graça e do encanto, de onde vem a sua arte e que poder é este o seu que domina todos os elementos nos seus ritmos e versos?”
E a dançarina, aproximando-se, curvou mais uma vez o corpo em reverência e respondeu.“Sua alteza, sereníssimo senhor, eu não sei a resposta para as suas perguntas. O que eu sei é apenas isto: que a alma do filósofo habita na sua mente, a alma do poeta habita no seu coração, a alma do cantor habita na sua garganta, mas a alma da dançarina habita todo o seu corpo.”
O viajante – Khalil Gibran
(Enviado por Rosa Leonor Pedro)
Wednesday, August 4, 2010
Cairo, dia 4 de Agosto, 2010
Mes de Ramadao...paz e revolucoes!
Sendo eu, assumidamente, um furacao terno (como alguem querido ja me chamou), o estado de paz interior que sempre me sustentou atraves de tantas montanhas e vales espinhosos anda acompanhada - de mao dada e sorrindo pela estrada fora - pela constante avalanche de revolucoes interiores e exteriores.
Nao me recordo de um dia em que nao tenha crescido, chorado ou rido intensamente e pensado no momento PRESENTE com devocao mas, sempre SEMPRE sempre ansiando pelas aventuras que estao por vir. Segundo o Budismo, que tanto admiro, esta ansia de futuro representa uma enorme imaturidade espiritual mas eu nunca disse que sou madura a nenhum nivel (especialmente, no espiritual).
Por isso, anseio por futuras aventuras, surpresas, esquinas imprevisiveis.
Este Ramadao sera mais um tempo de decisoes vitais e muito trabalho.
Senao vejamos:
1. Espectaculos diarios durante todo o Ramadao no NILE MAXIM, CAIRO. Se, por acaso, esta de ferias no Cairo ou esta de passagem por ca, nao perca um dos meus loucos espectaculos.
Darei o meu melhor, para nao variar! Todas as noites.Sem descanso.
2. Comecarei a estudar Tango a serio...mesmo fora do espirito casto do Ramadao mas enfim...ninguem disse que eu tinha de seguir todos os preceitos desta epoca religiosa.
3. Darei aulas a alunos que continuam a chegar ate mim de todas as partes do mundo e a honrar-me com a vontade de estudar comigo. Uma honra, deveras.
E por aqui me fico que ja tenho bastante em maos...
Muita vontade de fazer coisas novas, apesar do enorme cansaco que me assola.
Que Deus me de a vitalidade de sempre, la vou eu pedindo.
Tuesday, August 3, 2010
Cairo, dia 4 de Agosto, 2010
Doi tanto que deve ser verdade...
E eis o texto que tocou em mais uma ferida minha (enviado pela querida Rosa Leonor Pedro):
A mulher tem sido sobretudo o que o homem quis que ela fosse.
De vénus hotentote a manequim de passarelle, elaexistiu para se dar.
E ela deu-se: submeteu-se trabalhou sorriu cantou dançou....
Tudo para agradar.
Embalou os filhos vivos.
Chorou os mortos.
E ele dissesempre: sois belle et tais-toi!
Ela pintou o cabelo disfarçou as rugas fezregime.
E calou-se.
Tisana nº 409 - Ana Atherly
Chico César Maria Bethânia - Onde Estará O Meu Amor.flv
Onda de talento brasileiro...
Havera coisa mais bela que este poema simples e sublime e esta voz da Maria Bethania???
Cairo, dia 4 de Agosto, 2010
Encontros...na procura...
Encontrei:
Um novo sentido para a minha Vida, Danca, Arte, forma de SER...
Novas Almas que comigo estao conectadas por fios de ouro invisiveis mas , imediatamente, perceptiveis ao coracao das grandes coisas....
Novas urgencias...ha que movimentar, seguir em frente...novas direccoes...
Um novo tabal (percussionista principal da minha orquestra, quem toca a tabla/darbouka) que me desperta o fogo ancestral das Maes e Filhas de todos os tempos. No fim do primeiro espectaculo que fizemos juntos, chegou-se ao pe de mim e agradeceu-me dizendo que lhe desperto a ELE as coisas mais lindas que ja lhe haviam saido das maos...
Senti-me feliz por isso. Com a alegria de uma crianca que sabe o que e' ESSENCIAL.
Encontrei um novo restaurante de sushi fantastico no Cairo plus um SPA tailandes onde pairam mulheres suaves cheirando a lavanda e que me levam ao ceu com os seus ancestrais rituais de beleza. E encontrei renovado prazer nestes terenos prazeres do corpo.
Encontrei um segredo para viver bem: aceitar que TUDO MUDA.Num segundo.
A procura...de MIM.
Ainda...talvez sempre.
Simone e Ivan Lins - VIESTE
Adoro!
Puro, como o Amor deve ser.
Vieste com as maos camponesas...(...)
Vieste de olhos fechados num dia marcado, sagrado para mim...
LINDO!
Sunday, August 1, 2010
Conexoes - de Ser Humano para Ser Humano
O meu mundo e' predominantemente masculino e com os homens partilho muita coisa (sentido pratico, necessidade de poucas palavras e mais accao e uma certa rusticidade/simplicidade na forma de ver o branco e o negro).
No entanto, o meu mundo tambem esta povoado de poucas mas boas mulheres que me inspiram e me fazem orgulhar da palavra em si: MULHER.
Vejo as pessoas como PESSOAS e nao como homens ou mulheres. Se alguem tem qualidade humana, tem o meu coracao. E isso basta.
Sera assim tao importante a que sexo predominante se pertence? Sera isso o essencial?
Que e' o essencial? Afinal?
Para relembrar o que significa estar conectado com outras MULHERES/SERES HUMANOS, aqui vao mais duas perolas enviadas pela minha querida Rosa Leonor Pedro.
Que iluminadora es!Bem hajas.
“As conexões com e entre as mulheres são as mais temíveis, mais problemáticas e as forças mais potencialmente transformadoras do planeta.” (Adrienne Rich)
“As conexões com e entre as mulheres são as mais temíveis, mais problemáticas e as forças mais potencialmente transformadoras do planeta.” (Adrienne Rich)
"Buscamos movimentos de consciência.
A energia feminina, portadora da magia e da intuição, concordou em abdicar dessas qualidades – energia feminina significando não apenas os seres fisicamente femininos, mas a consciência feminina.
O movimento patriarcal nos últimos cinco mil anos afastou-se completamente do processo do nascimento para poder dedicar-se ao desenvolvimento de armas e ao contínuo aniquilamento dos seres humanos.
As mulheres estão com um “nó na garganta” porque concordaram, há quatro ou cinco mil anos, manter silêncio acerca da magia e da intuição que representavam e conheciam como parte da chama gémea.
A chama gémea consiste na energia masculina e feminina coexistindo num só corpo, quer seja ele fisicamente masculino ou feminino.
Durante este período de mudança, será necessário que as mulheres desatem o “nó da garganta” e se permitam falar. Chegou a hora.
BARBARA MARCINIAK,Mensageiros do Amanhecer
Cairo, dia 1 de Agosto, 2010
Ramadao aqui a porta...
Embora seja uma critica assumida da forma como se vive o Islao no Egipto - e critica de todas as religioes criadas pelos homens com o intuito de os controlar, oprimir e separar - a altura de que mais gosto no Egipto so podia ser o Ramadao!
Tambem eu sou um ser de contradicoes, afinal!
Um prazer imenso preparar um espectaculo (que sera exibido durante todo o mes do Ramadao no NILE MAXIM, Cairo) dedicado a esta epoca e verificar a contradicao residente nisto (como em quase tudo o se vive neste sitio magico):
A danca e a musica sao considerados haram e, por isso, embora eu construa um espectaculo com a minha lama e as pessoas - incluindo muculmanos - o venham ver, sou considerada haram (considerada probida/impura por Deus).
Ja me habituei ao estigma, embora lute contra ele com garras de leao.Sempre!
.................................................Como dizia Mahatma Ghandi, a minha vida e'e a minha mensagem.
E mais nada.
Que delicia ver as lojas repletas de cores, frutos secos, todos os ingredientes especificos para as comidas que quebram o jejum - no iftar - do Ramadao egipcio, celebrado a moda egipcia (contradicoes, contradicoes, contradicoes!), com mesas comunais espalhadas por toda a cidade.
Que imensa alegria poder prever o silencio divino que sempre acontece quando o Sol se poe e todos correm para a quebra do jejum. A cidade vazia e a comunhao daqueles que se juntam para partilhar pao e cha.
Como sempre, eu estarei entre dois mundos. Por dentro e por fora, como observadora.
Nao sera facil viver neste jogo quase esquizofrenico entre dois mundos - o meu, das minhas referencias, educacao e mentalidade e o OUTRO, o egipcio onde me movo na esfera privada e profissional).
Ja consigo escutar o SILENCIO...delicioso.
Cairo, dia 1 de Agosto, 2010
Frustracao
O problema em trabalhar com excelentes musicos passa sempre pela possibilidade de uma mudanca - e essas existem aos milhoes aqui no Cairo - que nao corresponda as expectativas a que nos habituamos.
Quem, um dia, come lagosta fresquinha, ja nao vai querer uma lagosta podre, certo?
Frustracao
O problema em trabalhar com excelentes musicos passa sempre pela possibilidade de uma mudanca - e essas existem aos milhoes aqui no Cairo - que nao corresponda as expectativas a que nos habituamos.
Quem, um dia, come lagosta fresquinha, ja nao vai querer uma lagosta podre, certo?
Ahhhnnnn??????
Uppsss...acho que esta foi um pouco ao lado mas...adiante...
Comparacoes e metaforas pobres/absurdas/nada inspiradas a parte, vamos ao ponto da situacao:
Decidi trocar de tabal - o percussionista que me acomponha na tabla/darbouka - por varias razoes que nao veem agora ao caso (drogas, conflitos com outros musicos e lutas de navalhada, coisitas comuns do meu dia-a-dia profissional..nada de mais...) e agora que tenho actuado com um novo tabal todas as noites ( shopping tabal ), sinto a acidez da frustracao imensa de nao encontrar ninguem que me de metade da qualidade a que me acostumei com o meu querido e louco Maradona (nome do meu tabal habitual).
Decidi trocar de tabal - o percussionista que me acomponha na tabla/darbouka - por varias razoes que nao veem agora ao caso (drogas, conflitos com outros musicos e lutas de navalhada, coisitas comuns do meu dia-a-dia profissional..nada de mais...) e agora que tenho actuado com um novo tabal todas as noites ( shopping tabal ), sinto a acidez da frustracao imensa de nao encontrar ninguem que me de metade da qualidade a que me acostumei com o meu querido e louco Maradona (nome do meu tabal habitual).
Por mais que se esforcem e esfrangalhem, o ouro jamais pode ser prata. O metal falso jamais podera ser metal nobre. O que nao possui talento, nao vai possui/lo por mais tecnica e experiencia que acumule.
Ui...ui...os meus suspiros em voz alta e a minha cara de enjoada /furiosa ao terminar de cada espectaculo nao serao o feito de que mais me orgulho mas nao o consigo evitar.
Dirijo-me ao meu camarim e dou cabecadas contra a parede...(no sentido figurativo e quase, quase literalmente) pensando porque sera que numa cidade como o Cairo onde existem milhares de percussionistas, eu nao consigo encontrar um - apenas um! - que possa acompanhar o nivel a que cheguei no meu trabalho?!
Assim que escuto a palavra MARADONA, os meus olhos brilham de frustracao e alegria ( recordo que nao se trata do Maradona argentino do futebol mas sim do MEU Maradona, o homem bomba!) pois algo em mim recorda o que significa ter um artista talentoso, experiente, inspirado e totalmente apaixonado pela musica e pela danca tocando e dancando comigo, de coracao e alma!
Aaaaaaaahhhhhhh.......
La se foi o quatro tabal inspeccionado durante esta semana...ninguem me satisfaz e isto pode parecer arrogante mas reflecte, exactamente, o que se passa.
Um artista quer crescer, SEMPRE.
Que fazer?
Alguem conhece algum genio que se aproxime deste Maradona?!!!
Ja nao posso pedir que seja como ele mas proximo...
Alguem???Alguem???
Estou a ponto de explodir..........................
Alguem???Alguem???
Estou a ponto de explodir..........................
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