Mahmoud (Reda).
Nao sou fiel a nacoes, partidos políticos, religioes ou quaisquer outros tipos de lavagens cerebrais que me tentem impingir.
Sou totalmente fiel a mim mesma e aos meus afectos/amores. Nao suporto traidores, facadinhas nas costas, mentiras e jogos que nao levam a lado nenhum senao ao acalentar do ego fraco de alguém.
Por isso prezo todos os momentos que passo com o meu querido Mahmoud Reda (famoso director/coreógrafo da "Reda Troupe" e, sem dúvida, o criador do Folclore Egípcio como nós o conhecemos hoje).
Depois de me ter pedido ajuda para ensinar uma nova coreografia de Mohamed Abdul Wahab, teve início o prazeiroso/doloroso processo de ASSIMILAR uma coreografia, especialmente uma que nao fui eu que criei.
Substituí a palavra "memorizar" por ASSIMILAR porque é mesmo por esse processo que eu viajo quando aprendo uma nova coreografia.
Em vez de memorizar passos, eu "como e bebo" a música e tento seduzir o meu corpo para que ele se sinta confortável em opcoes criativas que nao sao as minhas, passos e movimentos que nao me sairiam naturalmente se tivesse sido eu a coreografar aquela música em questao.
O Mahmoud senta-se, encantado e paciente, observando-me "comer" a música e repetindo as sequencias até para lá da exaustao.
"Desculpa, Mahmoud...eu preciso de espaco para digerir a música. Sabes que nao sou uma bailarina mental. Tudo tem de passar pelos músculos e pelo coracao. Tens de ser paciente..." - Digo-lhe eu, enquanto me observo ao espelho e me sintonizo com esse universo novo da música que me é dada para repasto.
A paciencia, carinho e generosidade do Mahmoud nunca cessam de encantar-me.
Ele, nao só me dá o espaco e o tempo para que eu coma a música e me embriague com os movimentos que ele me ensina mas ainda me diz que adora assistir a esse processo tao meu, normalmente solitário.
O prazer de estudar mais uma coreografia do meu professor e amigo, genial GENIAL genial, nao passa pelo facto de ele ser quem é, mundialmente reconhecido. Passa pela conexao humana que cria o tapete sobre o qual nós os dois dancamos juntos. Ele ensinando-me coisas bonitas, novas, sempre surpreendentes para mim. E eu, ávida de saber mais e mais, emocionando-me com passos de danca que outras bailarinas se limitariam a copiar e a reproduzir.
Do diálogo amoroso de dois mundos tao diferentes, do meu e do Mahmoud, nascem SEMPRE coisas belas. Muito belas...
Sou privilegiada por ter o Mahmoud na minha vida.:)
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