Quem tem boca vai a Roma...e a Merano também!
Os workshops que dei em Itália foram MARAVILHOSOS em todos os aspectos da palavra. Além disso, eu comecei a amar a cidade de Merano.
Considerada, há séculos, cidade da "cura e do bem estar" devido a qualidade do seu ar, água que vem das montanhas e uvas cujo suco tudo parece apaziguar e restaurar.
A famosa emperatriz Sissi tinha uma casa de veraneio no coracao de Merano, para onde acorria em busca de cura para os seus problemas respiratórios. Posso compreender porque!
O sabor a Áustria (Merano passou para a maos de Itália durante a II Guerra Mundial gracas a ganancia de Mussolini mas continua a conservar a sua identidade austríaca ou, melhor dizendo, a sua origem do sul tiroles) parece estar marcada em cada pedra de calcada, casa, paisagem, sabor e aroma.
Por mais "italianizada" que a cidade tenha sido - com Mussolini trazendo italianos do Sul para povoarem a cidade, proibindo o ensino e fala do alemao e outras delícias tiranicas - a sua VERDADEIRA origem nao foi apagada, nem tao pouco atenuada.
Estamos no Sul do Tirol, nao em Itália (contrariando as fronteiras geográficas e os mapas definidos por um fascista de segunda categoria) e isso agrada-me MUITO.
Nao que nao goste de Itália, bem pelo contrário. Mas o Tirol e seus universos sao mais distantes da minha própria cultura latina e, surpreendentemente, muito próximos da minha árvore genealógica fortemente marcada pela ruralidade e seus protagonistas, os camponeses.
Sem pedidos de desculpas, justificacoes ou um sorriso, Alitalia recambinou os viajantes que haviam perdido os seus voos de ligacao a outros destinos para um hotel em Roma.
O.k, existem coisas piores, nao posso dizer que nao! Embora nao estivesse nos meus planos passar a noite em Roma, existem surpresas agradáveis e a conviccao de que a FLEXIBILIDADE pode ser de ouro se ousamos viver a VIDA assim, livre e CRIATIVAMENTE...
Jantei ao lado de uma freira cujo sorriso manso e insensível se encontrava pendurado - como se esquecido - na sua boca cansada de silencios (talvez incompreendidos por ela própria) e com um cozinheiro egípcio que trabalha na bela cidade de Florenca.
A freira parecia apenas responder a questoes que tivessem a palavra Deus incorporada. Nao a levei a mal. Nao devemos esquecer o poder criativo das palavras e a forma como o seu uso influencia a realidade material a nossa volta. Primeiro, terá MESMO sido o VERBO, como diz a Bíblia?! Bem, a freira parecia achar que sim, contanto que o VERBO tivesse pegado ao seu casaco elegante a palavra DEUS.
O cozinheiro queixava-se da má qualidade da comida do hotel, o que me informa sobre a péssima qualidade da comida que ele mesmo confecciona no seu dito restaurante florentino. É que, por norma, os egípcios gostam de mal dizer algo no qual eles sao péssimos. Parece que, mal dizendo outra pessoa que faca o mesmo que eles fazem de forma deplorável, a sua própria falta de qualidade é menorizada...Nao tentemos compreender, é demasiado complicado. Se Freud fosse vivo e TENTASSE trabalhar no Egipto, acabava louco num par de dias!
De manha, regressei ao aeroporto de Roma e tomei o meu pequeno-almoco a italiana.
Belíssimo cappuccino e "croissant" (ok, o pequeno almoco meio a italiana, meia a francesa que já me dao nostalgias de Paris...) e um aviaozinho de 30 lugares da companhia Air Alps.
Delicioso...
Enquanto sobrevoava as montanhas que nos avisam da chegada ao Tirol, pensei para mim mesma o quao DIVERSIFICADO e maravilhoso é este mundo.
Parte do privilégio de dancar e ensinar em todo o mundo passa por conhecer outras paisagens, pessoas, culturas e da aprendizagem única e insubstituível que a eles vem agarrada.
Re-conhecer a cidade e suas ruelas antigas foi um prazer imenso, passar um dia no cimo das montanhas tirolesas foi outro, acordar cedo e ir até ao centro da cidade simplesmente para escutar o correr da água fresca e miraculosa que vem das montanhas foi mais uma alegria, a comida, as pessoas, o trabalho em si no qual foi recebida com imenso amor e admiracao...
Por onde comecar e onde terminar?!
Para colocar a cereja em cima do bolo, também tive a sorte de apanhar a "FESTA DELL UVA", uma tradicao centenária que celebra as vindimas em toda a zona tirolesa.
Um cortejo das vilas do Tirol e suas tradicoes, barraquinhas de vinho (pois claro!) e comida típica e bandas tirolesas tocando em cada cantinho da cidade.
Lindo demais...o meu coracao transbordando...
Uma série de bencaos que agradeco de todo o meu coracao, dizendo um sorridente "até já" a cidade que me devolveu o sono e a paz (ouso eu dizer!).
Depois de um mes de insónias "quase, quase" inexplicáveis, voltei a dormir - em Merano - como um anjo...
Parece que Merano me reestabeleceu o sono e até, ouso dizer, a paz de espírito que o Cairo me havia tirado nos último meses de Revolucoes e contra-Revolucoes, lutas justas e extremismo religioso e toda a sujidade circundante ao meu trabalho.
Parece que Merano me reestabeleceu o sono e até, ouso dizer, a paz de espírito que o Cairo me havia tirado nos último meses de Revolucoes e contra-Revolucoes, lutas justas e extremismo religioso e toda a sujidade circundante ao meu trabalho.
Terá sido o ar de Merano que levou do meu peito tanto peso e confusao?!
Eu acredito que sim, o ar e as pessoas que receberam a minha pessoa e trabalho com um amor, respeito e interesse que me deixam a levitar. Literalmente.
Grata a Merano, a Simone que organizou - pela segunda vez! - o evento e a todas as alunas presentes nos meus WORKSHOPS, tornando-os possíveis e profundamente ESPECIAIS.
Sou abencoada e os meus esforcos, trabalho árduo, sacrifícios múltiplos e lutas nao sao em vao.
AGORA posso ve-lo com a clareza das águas meranesas.
P.S. Muitas imagens da viagem estao disponíveis no meu Facebook.
Adicionem-se ao meu segundo perfil (muito nobre e pretensioso!): "Joana Saahirah II"
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