Nao, nao é o "Tal Canal"...é o "Tal Piquinho a Azedo, sim senhores"!
Muitos pensavam, inocentemente, que a Revolucao egípcia tornaria este país iluminado, moderno, justo, subitamente transformado de inferno em paraíso.
Reconheco e apoio a Revolucao como um passo essencial que foi dado por um povo desde há muitos séculos explorado pelas elites políticas, estrangeiras e egípcias.
Admiro a forma como os egípcios manejaram, e continuam a manejar, a seguranca pública de um país entregue ao caos e o pacifismo (relativo) com que conseguiram levar avante todo o processo revolucionário.
Atravessei a "Praca Tahrir" ("Praca da Libertacao") com emocao aquando dos primeiros dias em que a Revolucao irrompeu e espero, como todos os egípcios, que este enorme passo tenha sido dado no sentido de uma melhoria REAL das condicoes de vida no Egipto.
O que eu nunca acreditei é que a ignorancia, mentalidade medieval e extremismos religiosos desaparecessem como se de um passo de magia se tratasse.
A mentalidade das massas leva séculos a moldar, geracoes de lavagens cerebrais insistentes, valores incutidos a revelia do exercício da inteligencia e autonomia individuais.
Nao foi surpreendente que assistisse a mais uma conversa para a qual nao encontro adjectivos apropriados, enquanto tomava o meu cappuccino com um amigo, num café cosmopolita do Cairo.
Um canal de desportos radicais estava sintonizado na nossa frente e podíamos apreciar o bizarro espectáculo de homens barbudos, bronzeados e untados de óleo, hiper musculados, de tanga cor de rosa, tentando atirar-se uns aos outros para fora de um ringue de boxe.
Cocha de veias sobressaindo para cá, peitoriais inchados de hormonas e químicos colados ao rabiosque quase inexistente de mais um Rambo e por aí fora... uma patetada "daquelas"!
Um grupo de amigos egípcios, homens, mal dizia os homossexuais que conheciam e apontavam os exemplos dos personagens no ecra de televisao como uma demonstracao da masculinidade que todos deveriam seguir.
A homofobia dirigida as mulheres ainda é assunto pouco discutido no Egipto (sendo certo e sabido que existem amplas práticas lésbicas entre mulheres que vivem em meios altamente segregados, como é o exemplo da Arábia Saudita) mas o ódio e repúdio que se dedica a homossexualidade masculina nunca deixou de me supreender e já me rendeu umas quantas mensagens "a la Diácono dos Remédios" acusando-me de herética e desavergonhada defensora dos gays.
Curioso, curioso é também confirmar que sao os mesmos homofóbicos que levam, frequentemente, vidas duplas de senhores casados com suas esposas e relacoes secretas com homens. De dia, apontam as facas aos homossexuais, de noite fazem a visita ao gay da esquina e ainda lhe pagam pelos momentos de sexo partilhados e pela boca fechada.
Vejamos, usando o nosso cérebro, se for possível:
Toda a gente tem direito a escolher o seu parceiro sexual e esse é um assunto privado que nao diz respeito a ninguém, excepto aos envolvidos na relacao.
Em segundo lugar, aqueles Rambos de tanga cor de rosa com bordados que dizem "juicy" e "bite me" cheiram-me, a mim que nada sei, a muito MAS MUITO gay.
Sim, sao eles que negam a existencia ou naturalidade da homossexualidade. Mas também sao muitos deles que nao possuem uma sexualidade bem resolvida e feliz cujas tendencias gays nao podem ser disfarcadas pela sua histérica homofobia.
Aos rapazes egípcios do café com desejos homossexuais reprimidos, que tanto criticam os "gays" mas que, no fundo, queriam dar uma mordidelazita num peitoral dos Rambos que se desunham na televisao, eu digo apenas isto:Assumam-se, pá! Deixem de criticar outros homens ou mulheres pelas suas escolhas privadas e soltem a "franga" que saltita, animada e reprimida, dentro de voces.
Vivam e deixem viver.
Quando encontrarem o homem dos vossos sonhos (Rambo ou Chico Fininho com fio dental padrao tigre), deixem-se de homofobias (que nao passam do ódio a voces mesmos e aos vossos desejos recalcados) e digam, cara a cara, como homens de barba rija e de H maiúscula:
E mai' nada!
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