Saturday, June 27, 2009


Lisboa, dia 29 de Abril, 2009


Dia Mundial da Dança!!!
· Festejar este dia em Portugal tem um sabor muito próprio.


· Escuto o som angelical do “espanta espíritos” do nosso jardim, vejo flores e árvores em movimento, oiço o vento por dentro e por fora de mim e sei que tudo isto é vida e tudo isto é, definitivamente, DANÇA.
Seria inútil e para lá de lugar comum afirmar o meu amor por esta arte que esteve comigo desde que tenho consciência de ser gente. Arte incompreendida e a mais antiga de todas, dizem os entendidos. Instintiva, visceral, total e humana e, portante, livre e perigosa. Sempre foi vista como algo a controlar e a proibir. No que se refere a países muçulmanos, continua a ser assim embora o resto do mundo já esteja mais aberto e evoluído nesses termos.


· Enquanto o corpo humano for tabu, a dança será vista como arte menor e alvo a abater por sociedades que não sabem lidar com a sexualidade, sentimentos e fisicalidade das suas gentes.
· Há quem use a dança em seu proveito e quem já tenha nascido com ela no sangue. Eu penso encaixar-me no segundo exemplo. Essa urgência inata de expressar quem se é através da música manifestada no corpo.Sempre fui assim e não penso que essa força se extinga, por mais preconceitos e maldades em torno da arte que me atrevo a chamar um pouco minha.


· No Dia Mundial da Dança, gostaria que reflectíssemos na relação que temos com o nosso próprio corpo e nem tanto na dança em si mesma que sempre existiu, existe e existirá sobrevivendo a toda a ignorância e até a leis islâmicas que a condenam como “haram”, o grande pecado e um dos grandes crimes contra a honra de uma mulher cujo corpo ainda é encarado com amor/ódio.


· Neste dia especial, abaixo a forma negativa como tantas mulheres e homens se vêm a si mesmos e aos seus corpos que torturam com dietas, operações plásticas e todo o tipo de agressões que os transformam numa versão iludida daquilo que se pensa que é a perfeição. Como disse já a uma aluna, não interessa tanto a dimensão das tuas pernas ou dos teus braços como a dimensão da tua ALMA. É a partir dela que a qualidade da dança se define.


· Abaixo a negatividade e extremos com que lidamos com tudo o que está relacionado com a sexualidade – especialmente, a das mulheres – e com o nosso lado instintivo.


· Animais ou humanos? Ambos.


· Sensações ou intelecto? Porquê ter de escolher um em detrimento do outro?


· Alegria ou tristeza? Que escolha absurda se a vida carrega com as duas e a dança não é senão um espelho poético da vida.


· Abaixo a ignorância da falta de percepção do que significa DANÇAR e da função essencial desta arte que é, afinal, unir-nos sem palavras. A linguagem da dança, como a do amor, é universal. Abaixo a escuridão e as mentes presas em corredores estreitos.


· Viva a Dança e a VIDA que são uma e a mesma coisa.

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