Cairo, dia 9 de Junho, 2010

Robin Hood no Cairo

A falta de melhor, la fui ver o filme Robin Hood pela milesima vez (protagonizado pelo Russel Crowe).

O meu lado romantico de justiceira dos pobres e oprimidos nunca me deixa ficar mal quando tenho de rever - a falta de melhor! - um classico medieval como este.
Esta historia conta como nasceu o FORA DA LEI, Robin dos Bosques. Quem era ele antes de se ter tornado um marginal, tirando aos ricos para dar aos pobres e condenado a viver em fuga pela seu proprio Rei.
Que fazia? De onde vinha e como fora a sua infancia?!

Nao me parece, a partida, um roteiro maravilhoso. Parece-me que existem enigmas mais interessantes para desvendar do que a infancia turbulenta do Robinzinho dos Bosques mas foi o melhor que consegui arranjar na seleccao de filmes que existe disponivel no Cairo.

Uma coisa positiva a apontar (depois de tantos lamentos ao meu querido Egipto, tinha de haver umas palmadinhas das costas!): os egipcios apostam em grande no cinema nacional. Ao contrario do que sucede na Europa - onde se consome tudo o que se faz nos Estados Unidos e se afoga o produto cultural europeu - o Egipto cuida dos seus filmes e actores, promove-os e nao oferece quase nada que seja estrangeiro.

Por essa razao, o meu sonho impossivel de ver o SEXO E A CIDADE 2 no Cairo fica, cada vez mais, impossivel e distante.

PONTOS curiosos da - rara! - ida ao cinema:

1. Fui reconhecida por um grupo de miudas que ficaram histericas quando lhes confirmei que era a Joana, a bailarina. Onde me viram dancar, nao sei. Normalmente, a fama generalizada parte da exposicao no cinema ou na televisao e eu nao fiz (exceptuando uns quantos incomodativos video-clips com cantores egipcios) nada nessa area desde que cheguei ao Egipto.

2. Descobri que o STARBUCKS so tem qualidade nos Estados Unidos.
Em Portugal, una mierda e na India tambem me pareceu muito coitadinho. No Egipto, DESASTRE TOTAL. O meu cappuccino parecia uma agua castanha aromatizada a cacau passado do prazo de validade.


Acho que o STARBUCKS e o segredo do seu sucesso devem estar nos genes dos americanos, tal como a capacidade de criar coisas maravilhosas como os SIMPSONS, O SEXO E A CIDADE e AS DONAS DE CASA DESESPERADAS (aqui estao, de uma assentada, as minhas preferencias televisivas absolutas).
Ah...os americanos tambem sao muito bons em JAZZ e deram origem aquela cidade maravilhosa que nunca dorme e a que chamam de BIG APPLE: NEW YORK, NEW YORK...
mas isso ja sao outros contos.

3. Chorei, uma vez mais, nas cenas de maior coragem e honra. Ver um filme medieval com homens que vestem meias de nylon e carregam barba de semanas por fazer da sempre nisto: Choradeira da grossa!

Este meu lado Robin Hooddiano lixa-me sempre...tenho uma queda para os herois e basta!

4. Os egipcios parecem ir ao cinema para fazer tudo, excepto ver um filme.
Eis algumas das actividades que pude observar , em plena irritacao, no decorrer do filme:

Longas, altas e entusiasmadas conversas ao telemovel( porque?Porque?).

Comezainas de fazer corar um frade franciscano. Pipocas e coca-cola nao bastam. Refiro-me a comida a serio com sons guturais de acompanhamento!Onde estas tu, civilizacao?!

Tertulias entre amigos. Conversa que nao acaba trocada de assento para assento e de fila entre fila. Os amigos reunem-se numa sala escura (onde parece que estao a exibir um filme ou la o que e que ate faz barulho) para conferenciarem sobre mexericos da actualidade e discutirem sobre as grandes questoes da Existencia.

Acho que era a unica a QUERER VER O FILME.
Mais um choque cultural perante o qual tenho de sorrir (ou enloquecer!).