Tuesday, January 31, 2012





"Se ela diz que consigo..."







Sem razão aparente, o nome de uma professora minha da escola secundária visitou-me a mente e o coração. O nome da senhora é Isabel Pimenta e era professora - não sei se ainda o será! - na Escola Secundária de Vialonga onde se juntava a mais animada e perigosa gente. Ciganos, retornados das nossas ex-colónias africanas e ainda todos os marginais da periferia que ali colidiam contribuindo para uma escola muito especial.



Especial nas ambulâncias que vinham, diariamente, recolher alunos e professores feridos (!!!), carros da polícia que faziam meticulosas rusgas e operações anti-droga, psicólogos que tentavam resgatar as contínuas e os professores que não aguentavam a "pedalada" do sítio e se "passavam" para o lado de lá onde residem os loucos e os místicos.


Eu tinha sorte, algum carisma misturado com mau genio e um sentido de protecção aguçada devido à ausência física de um pai emigrante em Espanha e de uma mãe que não oferecia colo me dizia: "Defende-te, não és vítima de ninguém. Tens braços, mãos e cabeça como toda a gente!".

No meio de tamanho arraial anti-pedagógico, existiam pérolas. Esses raros mas inesquecíveis professores que nos marcam para a Vida. Um deles foi a Isabel Pimenta, louca, genial, estimulante. A primeira pessoa que me disse: "Vais ser escritora!" quando tudo o que me era reconhecido era a tendência para a dança, para o teatro e para o desenho/pintura, áreas nas quais ganhava imprevistos primeiros lugares em concursos de escola e do excelso Concelho de Vila Franca de Xira.




Claro que não sou escritora e nunca tive pretensões de sê-lo, embora esteja a escrever o meu primeiro livro (!!! Hmmm..."algo está errado no reino da Dinamarca"...), mas as palavras convictas da professora Isabel Pimenta ressoam, neste momento, mais fortemente do que nunca.



Esta era a professora que nos fazia sentir paixão por Eça de Queiroz e Camilo Castelo Branco enquanto recitava poesia de Camões em cima das mesas. Excêntrica, criticada pelos outros professores que arrancavam os cabelos a si mesmos por não conseguirem controlar o "pot pourri" cultural nefasto existente naquela escola. Ela era também quem lia as minhas histórias/redacções em voz alta, dançando e abanando as folhas do meu caderno como se fossem estrelas que se atiram ao céu para as vermos brilhar.




Senti, mais do que pensei: irei à Escola C+S de Vialonga em busca da Isabel Pimenta e entregar-lhe-ei um exemplar do meu primeiro livro com a dedicação que lhe é merecida. Como TUDO aquilo a que me proponho, está FEITO. Quero que esta professora saiba que FEZ a diferença na minha Vida, ao ponto de sentir mil dúvidas e medos enquanto trabalho no meu livro e a ela recorrer para poder re-ganhar forças e prosseguir.


Eis mais um (!!!) sonho a realizar: abraçar uma professora chamada Isabel Pimenta, enquanto lhe ofereço um exemplar do meu primeiro livro publicado. E é para isto que os SONHOS servem, bem como os PROFESSORES que insistem em DAR vida aos seus alunos, sabendo que um simples elogio sentido pode marcar e determinar o Destino de um aluno.



A dedicatória começa AGORA: Querida professora Isabel Pimenta, OBRIGADA por teres visto algum talento em mim e mo teres dito com tamanha paixão. Abraçar-te-ei em breve!

2 comments:

  1. Há sempre alguém especial que vê o especial dentro de nós...

    Esses são os verdadeiros professores. Os que amam ensinar e educar!!

    Educar é tão simplesmente, "fazer sair", ou seja, ajudar a desenvolver os talentos inatos. Mas isso, só uma mente despejada e despojada de preconceitos pode realizar...

    Força, querida!! Que nada nem ninguém nos demova de realizar um sonho. :))

    Filomena

    ReplyDelete
  2. Obrigada, querida Filomena!
    Já dizia a personagem da Julia Roberts no filme "Um sonho de Mulher": "Porque será que é mais fácil acreditarmos naquilo que nos dizem de negativo do que nos elogios?"
    São raros os VERDADEIROS Professores que, como dizes, nos fazem desabrochar. Fico eternamente grata à minha professora Isabel Pimenta e as promessas são para se cumprir. Ela terá um exemplar do meu livro entregue em mãos.
    Tento PROVOCAR esse desabrochar nos meus alunos, enquando professora de Dança Oriental. Nem toda a gente quer CRESCER mas é minha obrigação e prazer dar TUDO para que isso aconteça.

    Um abraço cheio de carinho,
    J.

    ReplyDelete