Sunday, November 18, 2012

"If you can dream it, you can do it."



O Castelo de Neuschwanstein, mera extravagância de um rei louco ou a materialização de um sonho de um visionário realista?
O castelo de Neuschwanstein é um palácio alemão construído na segunda metade do século XIX, perto das cidades de Hohenschwangau e Füssen, no sudoeste da Baviera, a escassas dezenas de quilómetros da fronteira com a Áustria.
Como castelo de sonho que é, foi adoptado por Walt Disney como símbolo da sua extraordinária fábrica de sonhos e fantasias e ainda como palácio da sua não menos extraordinária Bela Adormecida.
O lema de Walt Disney era “If you can dream it, you can do it”. Esta frase faz-me suspirar porque sou uma eterna sonhadora: sonhar acordada é uma das actividades preferidas.
Agora quem foi a outra pessoa, que ao construir o castelo de Neuschwanstein, entre outros belos edifícios, viveu em pleno o lema ““If you can dream it, you can do it”? Talvez essa personagem peculiar para os padrões da época em que viveu, não o pensasse exactamente por essas palavras, mas o que é facto é que personificou e bem esse tempo.
Apresento-vos Luis II, rei da Bavieira que sobre si afirmava:
"Desejo continuar sendo um eterno enigma para mim e para os outros."
Luis II, nasceu a 25 de Agosto de 1845, sendo portanto um virginiano de signo. Contradição? De forma alguma. Um virginiano altamente influenciado por Neptuno? Provavelmente . Numa combinação extraordinária que lhe dá o extraordinário mérito de ter concretizado os seus sonhos grandiosos. Quantos de nós conseguimos este feito? Quantos de nós temos a coragem e a ousadia para o fazer?
Luis não se identificava com a família, excepto com o avô Luis I outro excêntrico e com a prima a famosa Sissi, outra criatura considerada extraordinária para os padrões da sua época e para o estatuto que detinha na altura. Tal como a prima, detestava as convenções e formalismos da época. Ao invés adorava declamar poesia e assistir a óperas. Foi o patrono de Wagner por quem sentia profunda admiração. Aliás, o nome Neuschwanstein é uma referência ao "cavaleiro do Cisne", Lohengrin, da ópera com o mesmo nome.
Sobre Luis II, disse Wagner depois da primeira reunião que teve com o rei: “Ah, é tão elegante e inteligente, emotivo e encantador, que temo que sua vida derreta neste mundo vulgar como um sonho fugaz dos deuses.
Quando se tornou levou acabou a construção de vários castelos fantásticos com o seu próprio dinheiro. Entretanto, o seu carácter excêntrico e a sua vida opulenta levou a que os seus ministros e grandes da Bavieira duvidassem da sua sanidade mental e da sua capacidade para estar à frente do pequeno reino. Surgiram de todo o lado acusações de violência contra os criados, de homossexualidade, de insanidade mental. Quatro psiquiatras que nunca o conheceram nem examinaram, elaboraram um relatório que assinaram e onde se declarava que Luis sofria de paranóia.
Estava aberta a porta para a sua deposição.

A 12 de Junho de 1886 Luis II foi preso no Castelo de Neuschwanstein, a sua obra grandiosa e a mais famosa. De nada lhe valeu debater-se. A um dos psiquiatras, o Dr. Gudden, autor do relatório que atestava a sua loucura e fundamentava a sua deposição Luis perguntou: "Como pode declarar-me insano? Afinal, você nunca me viu ou examinou antes."; ao que o médico respondeu: "não era necessário, as provas documentais (os depoimentos dos serviçais) são abundantes e totalmente fundamentadas. Isso foi decisivo." Luís foi levado para o Castelo de Berg, às margens do Lago Starnberger, ao sul de Munich.
No dia seguinte a 13 de Junho de 1886 por volta das 18h, durante um passeio nas margens do Lago Starnberger, Luís matou o psiquiatra que o acompanhava no passeio e suicidou-se. Mas terá sido mesmo suicídio? Nos nossos dias as opiniões dividem-se. Há quem afirme agora que a morte de Luís e do psiquiatra que o acompanhava se tratou de assassínio.
Quando soube da morte de Luís, Sissi, visivelmente abalada pela grande amizade que os unia, afirmou:“O Rei não era louco; era apenas um excêntrico vivendo num mundo de sonhos. Eles poderiam tê-lo tratado com mais delicadeza, e assim, talvez, poupá-lo de tão terrível fim."
Anos mais tarde, este tipo de tragédia volta a repetir-se na vida de Sissi, com a morte do seu filho mais velho e da amante dele. Mais uma vez surge a dúvida: Suícidio ou homicídio? Repetição de um karma familiar mal resolvido?
Aqui fica a dúvida e a homenagem a um ser extraordinário autor de obras também elas extraordinárias.
Por ironia do destino, os castelos cuja construção teriam causado ruína financeira do reino, são hoje em dia a principal fonte de renda do estado da Baviera. Os palácios foram doados à Baviera em 1923 pelo príncipe Rodolfo, filho e herdeiro presuntivo de Luís III."

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