Thursday, November 29, 2012

Passagem - divina - pela Turquia.

Quanta Beleza, Gentileza, Maravilhas e Surpresas se podem viver num só dia?!
Perguntem a Istambul, Turquia.
Foi com enorme alegria que regressei a Istambul - ainda que apenas por um dia e uma noite - e revi a cidade pela qual já me apaixonara há uns anos atrás.
Ainda que decadente e uma baça sombra do que foi, em tempos, a Constantinopla dos grandes sultões do Império Otomano, este lugar permance belo de fazer doer os olhos da alma; sensual (MUITO sensual); vivo e palpitante de contrastes - brutalmente delicado em forma de ponte que une o Oriente ao Ocidente.
Amei. Me. A cidade. As suas pessoas: PESSOAS. 
A melhor pizza de rua que já provei; o melhor local para compras do mundo (Grande Bazar de Istambul); uma gastronomia de lamber e comer os próprios beiços; hospitalidade espontanea e tocante; o mar, os cafés, a magia antiga - ainda demasiado óbvia para ser ignorada. Ah: adoro Istambul. 
Pena que a voz dos "muezzin" (homens que chamam  os crentes para a reza) que escutei fosse tão horrível - especialmente quando comparada com a voz e sentimento dos "muezzin" do Egipto. Exceptuando esse detalhe ofensivo aos meus tímpanos, a cidade não me podia ter caído melhor!


O autocarro do hotel em que estava hospedada levou-me até ao centro da cidade e era suposto recolher-me do mesmo ponto, levando-me de volta ao hotel no final da tarde. Saberá lá Deus porquê, o dito cujo não apareceu (o motorista deve ter perdido conta do tempo enquanto se empanturrava em "kebab" e chá adocicado num café de uma esquina turca vadia).
Vi-me, assim, perdida e sem saber como regressar ao hotel. Eis senão quando os meus anjos da guarda puseram aos mãos à obra e desataram a surpreender-me:
Um senhor de bigode "à boa tradição turca" veio ter comigo e perguntou se precisava de alguma coisa (mesmo sem falar outro idioma que não o turco); ao ver-me desorientada, convidou-me a tomar um café (também turco, pois claro) e chamou um rapaz que falava inglês para averiguar o que poderia fazer por mim.
Depois de explicada a situação, levaram-me até uma estação de comboio onde outro rapaz (lindo exemplar do sexo masculino, devo acrescentar) de Ankara apareceu do nada e se ofereceu a levar-me dali até à estação do metro onde eu teria de apanhar outro transporte. Sem perder tempo, comprou-me o bilhete de comboio e levou-me pela mão até ao comboio, contando-me os seus sonhos e o que o levara até Istambul (estava por lá a  candidatar-se para um importante posto de piloto). 
Chegados ao nosso destino, o Adónis turco indicou-me a direcção da estação do metro pela qual eu teria de seguir caminho. Eis senão quando outro rapaz (desta feita, sírio) se apercebeu de que eu sou estrangeira e se ofereceu para me guiar.
Uma vez mais, não tive tempo de comprar o meu bilhete ou agradecer-lhe. Ele desatou a falar comigo em árabe (o facto de eu dominar o seu dialecto encantou-lhe todas as alegrias escondidas), comprou o meu bilhete e só descansou quando me entregou - sã, salva e de coração cheio de gratidão e surpresa agastada - ao hotel. 
Rejeitou os meus "obrigada" aos tropeções e acenou um adeus sentido enquanto me dizia: "Alá maaki" (que Deus esteja contigo).
Fiquei especada - boquiaberta - e enternecida com a cadeia de gentileza e generosidade que os meus anjos providenciaram quando eu menos esperava.


Programa de luxo: tomar um belo cappuccino num dos cafés "vintage" do Grande Bazar de Istambul - lascivamente acompanhado de uma orquestra turca e do aroma dos doces de rosas tradicionais deste país.
Depois disso, jantar numa ruela do Grande Bazar, ver a lua cheia a dançar - lentamente - ao redor de um minarete e fazer amor debaixo de velas, à sombra do Palácio de Topkapi (com seus ecos de haréns e bailarinas mágicas de outros tempos - de todos os tempos).

P.S. Há que regressar a Istambul rápida-MUITO rapidamente.





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