Cairo, dia 22 de Marco, 2011
Egipto express!
Ja foi citado, supra-citado, tornado "cliche" de tao obvio e repetido mas...ah, a tentacao de repeti-lo...nao resisto! Aqui vai:
Viver no Egipto pode ser TUDO, excepto aborrecido!
Eu apenas pretendia encontrar me com um simpatico jornalista no turistico mercado do Hussein.
Sim, era apenas um encontro para dar continuidade a entrevista em que ele esta a trabalhar, escrevendo um perfil sobre mim.
Como sera que acabei as voltinhas no Cairo com um taxista surdo-mudo e analfabeto e quase acabei a noite casada?!
Bem, para responder a estas questoes, teriam de viver por ca e saber que o impossivel sera sempre, SEMPRE possivel e que o conceito de ABSURDO nao existe.
Sera uma emanacao estranha das Piramides misticas de Gize? Sera dos ventos, deserto, sei la!
Ninguem sabe.
Desencontrei-me com o jornalista depois de ter cancelado uma reuniao para ir ao seu encontro, tive de me fazer entender com um taxista que nao ouvia nem falava ( e, para melhorar a situacao, nao escrevia nem lia ) e chegar ao meu destino pretendido com a ajuda dos anjos e fugir, literalmente, de um prospecto marido e respectivo sogro.
Nao tive coragem de sair do taxi onde me conduzia um senhor adoravel que so se entendia comigo atraves do olhar e precisava, desesperadamente, da minha aprovacao.
Volta sim, volta nao, passeio sem rumo ao redor do Cairo e la fomos dar ao Hussein, so Deus sabe como.
Ele acenou me, no final da corrida/descida ao Inferno, perguntando-me se seria um bom condutor. Eu respondi, entusiasticamente, que SIM, SIM, SIM!
Enquanto esperava pelo jornalista, tomei um inocente "sahlab" (bebida cremosa tipicamente egipcia e tambem tipicamente associada a gulosos como eu) num cafe "baladi" onde so se encontravam homens a fumar "shisha" e a jogar "sheesh beesh".
O filho do dono do cafe e respectivo paizinho amantissimo ficaram especados na minha frente, olhando-me fixamente e comentando sobre a minha "eventual" beleza fisica. Falaram alto e com bom som esterofonico sem a minima consideracao por mim que ali estava, escutando-os, impavida e serena.
Assim que deixei o cafe, o filhote do patrao seguiu me ate ao local de encontro combinado com o jornalista.
Acenou-me varias vezes, pedindo para falar comigo. Eu mandei-o, poeticamente, plantar batatas com uma cara que poderia assustar "Jack, o Estripador". Em vez de surtir o efeito de afastar a melga, isto entusiasmou-o ainda mais. Quis dizer, afinal, que sou uma miuda de respeito!
Oh, God! Tira-me deste filme...
De repente, vejo o pai do Romeu a aproximar-se, decidido e tambem ele apaixonado.
Vieram os dois ao meu encontro e propuseram-me casamento. Salvo seja.
O pai do suposto noivo disse-me, com a inocencia de um pintainho acabado de nascer, que o seu filho acabara de encontrar a mae dos seus filhos, que se apaixonara por mim no momento em que me viu (ha, precisamente, dez longos minutos atras).
Frisou que tinham dinheiro, alem de serem donos do excelso estabelecimento onde eu me sentei a beber o meu "sahlab" e a ser observada como gado para compra, e que as intencoes do filhote eram as mais honradas possiveis. Casamento, minha menina. CASAMENTO!
Houve momentos em que olhei em redor e ri me. Ri me pelo absurdo da situacao ou pela ausencia de senso na cabecinha destas pessoas com quem convivo.
Depois irritei-me. Muito!
Quero dizer...chamemos as coisas pelos seus nomes.
Como sera possivel que alguem queira casar com uma mulher que acabou de ver, sem ter trocado uma unica palavra com ela e sem a minima ideia de onde ela vem, quem sera e para onde vai?!
Os egipcios tendem a confundir necessidades fisiologicas e sexuais com sentimentos e compromisso. Quando avistam um bom bifinho que os entusiasma, casamento com eles!
Fugi deles, do noivo e do amantissimo pai.
Apanhei um taxista que falava e ouvia bem demais. Repetiu vezes sem conta que era como meu "irmao"! Eu sabia que havia de tentar enganar-me. Mais certo que um mais um serem dois.
Quando alguem, no Egipto, nos diz que somos seus irmaos, inicia-se a fase de derrocada.
Perigo a vista!
Um que acabou de me conhecer e queria ser meu marido. O outro, meu irmao! Ficava ali com uma familia novinha em folha no decorrer de um par de horas.
No final da viagem, tentou cobrar-me o triplo do que seria justo e so se calou quando lhe mostrei o meu pulso em direccao a sua cara. Pulso fortalecido por horas prazeirosas de "ashtanga" yoga, ginasio e muita danca oriental, tao delicada e feminina quanto eu!
Jamais aborrecido. Jamais...
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