Wednesday, March 30, 2011





Cairo, dia 30 de Marco, 2011


Gulodices Tirolesas...



Como assumida epicurista, nao podia deixar de me deleitar com todos os prazeres de Merano.

Deixei o famoso vinho de Merano fora de minha lista pessoal de evasoes porque nao aprecio alcool (o facto de eu jamais beber alcool é frequentemente visto como uma anomalia imperdoavel ou como uma diplomatica mentira atirada por mim ao povo por forma a criar uma imagem "especial" de mim mesma).


A musica tirolesa, as aguas terapeuticas que caem daquelas montanhas geladas, a neve branca ao ponto de redefinir tudo aquilo que eu julgava saber sobre as cores do arco-iris, o ar com aroma forte a eucalipto e fogos ateados um pouco por toda a montanha, os amanheceres de ceus amplos e cumes de neve e a comida quente e reconfortante que premeia todo aquele Inverno apetecivel...


Eu que ate sou menina de Veroes, sol e praia...rendi-me a beleza invernosa de Merano.

Cidade italiana onde de mistura esse mesmo idioma e muita da Alemanha que tambem se fala, sente, pensa e saboreia.

Territorio pertencido a Austria, antes da 2 Guerra Mundial.

Considerado o Sul do Tirol, com suas famosas termas de Merano e os ecos antigos dos homens/mulheres das montanhas cantarolando "odelero udelero udele ih oh!".


A primeira imagem que me surgiu, ao aproximar-me de Merano foi uma uniao cinematografica a estilo Woody Allen que enredava a Julie Andrews no filme "Musica no Coracao", a "Heidi e o Marco" com o seu caozinho branco felpudo e fiel e o conde Dracula num bom dia em que nao lhe apetecesse chupar o sangue a ninguem.


Pois...estranho.Sim, eu sei.

Mas foi isto mesmo que me ocorreu quando vinha de Verona *e seu "Romeu e Julieta" (porque sera que Shakespeare se lembrou de Verona como mapa de fundo a esta lendaria historia de amor?!) a caminho de Merano onde ministrei dois workshops inesqueciveis e outras tantas aulas tematicas que me deram um prazer ha muito tempo nao experimentado.


Entre as diversas alegrias desta viagem, a comidinha quente *e pesada do Tirol encontra-se nesse recanto dos prazeres minimos mas irresistiveis, daqueles que ocupam a memoria quase culpada dos pecados capitais.

Santa gulodice tirolesa!


Maraviglia!


Wunderbar!


Wonderful!




Maravillosa!


Maravilhosa!


Marveilleuse!



Em todas as linguas. E nenhuma delas exprime o prazer de comer, dentada a dentada, um "apfelstrudel" quentinho ou um belo prato de "knodel" no cimo das montanhas de Merano, fitando os cumes das mesmas cobertos de um branco imaculado e pacifico...

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