Thursday, April 19, 2012



Clones Versus Bailarinas.

Tenho esta tendência nata de me lançar aos desafios que outros dizem ser impossíveis de encarar e, irremediavelmente, acabo remando sempre contra marés, especialmente quando as suas direcções me parecem inúteis, desonestas, pouco interessantes ou inteligentes.

Através do meu trabalho pelo mundo fora e do contacto que tenho com bailarinas profissionais que chegam de todo o lado para me ver actuar ao vivo e ter aulas particulares comigo, aqui no Cairo, apercebo-me que são os próprios ditos "professores" quem incentiva a competição, invejas, vaidade e vacuidade nas pessoas que deveriam EDUCAR. Em vez de BAILARINAS, seres criativos autónomos que pensam, sentem e criam por si próprios, os tais professores dão à luz autênticos clones, cópias de quem lhes passa movimentos e passos vazios de significado ou Vida. Admito que, da perspectiva comercial, criar clones de nós mesmos que nos copiem e sigam exactamente cada gesto por nós elaborado funciona. O pessoal quer atalhos, soluções rápidas, a ilusão que saberá dançar em poucos meses e os "professores" dão-lhes as sopas "Knorr", instantâneas, feitas à base de químicos de baixa qualidade, sem sabor ou vigor próprio. Tão pouco poderei controlar quem, conscientemente, me copia (nos gestos, no nome, na forma de falar, nas coisas que escrevo e vejo plagiadas em sites ou livros de outras "bailarinas" como se tivessem sido elas a escrevê-lo). Acho-o triste e próprio de quem não tem talento para caminhar com as próprias pernas mas é um fenómeno que não posso travar.

Teimo, teimo sim. Vou contra esta corrente de clones e tenho para mim, enquanto professora de Dança Oriental e Folclore Egípcio, uma MISSÃO: DAR ASAS para VOAR a quem o quiser fazer. Ensino a VOAR mas não permitirei que esta ou aquela pessoa sejam cópias de mim. Quero que SEJAM ELAS MESMAS e que apenas aprendam de mim os utensílios que lhes permitirão RE-DESCOBRIREM-SE e EXPRESSAREM OS SEUS PRÓPRIOS MUNDOS. Nem preciso do selo "Joana Saahirah" tatutado nas pessoas a quem ensino. É certo e sabido que, a maioria das alunas que comigo tanto aprendeu, diz nunca ter estudado comigo. Algumas chegam ao cúmulo do ridículo de afirmar que não me conhecem...tal desonesta mediocridade é muito comum e já não me afecta. Esqueçam o meu nome, depois de terem bebido TUDO o que vos dou em aulas, workshops, cursos de toda a espécie. Esqueçam-me. Ignorem-me até. MAS TENHAM A CORAGEM DE SEREM VOCÊS MESMAS E DE PÕR A BOM USO AQUILO QUE VOS ENSINEI. SE, EM VEZ DE CLONES, EU VIR BAILARINAS, DOU-ME POR MUITO FELIZ E REALIZADA.

Há professores que precisam de rever-se nos seus alunos. Esse não é o meu caso. Dou de mim para que cada BAILARINA que comigo estuda possa SER APENAS ELA MESMA.
Esqueçam o meu nome mas não se esqueçam do que vos ENSINEI.

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