Thursday, April 12, 2012



Da Paciência e outros animais em extinção.



Falta-me. Muito, cada vez mais. Ela nunca abundou em mim, isso é verdade. Essa qualidade tão difícil de classificar: a paciência. Não nasceu comigo e pronto. Pronta estou eu a explodir ao mais mínimo sinal de estupidez, xica-espertice, idiotice sem ideias, ignorância, sujidade ou maldade. Saltam-me todas as tampas da boa vontade, assim como as rolhas da compaixão pela escuridão alheia. Salta-me tudo o que põe água na fervura e amplia-se o que deita fogo ao circo. Em mim, na minha absoluta busca pela Excelência. Pelo menos, a tentativa da Excelência. O mais possível, um passo, um gesto, uma intenção limpa de enganos e manipulações. Uma atitude de amor, de querer fazer BEM porque sim, porque sabe bem à Alma.


Falta-me a paciência cujas reservas já andavam pela hora da morte. Isto já são alguns anos a virar frangos egípcios/árabes e pode dizer-se, em abono da verdade, que este não é serviço para qualquer um/a. É preciso ter-se OVÁRIOS, daqueles que abarcam o mundo e o navegam sem medos e com ousadia de sobra. Os Ovários - os meus - estão no sítio mas a paciência vai faltando.


É o chorrilho de ordinarices de cariz sexual com que me presenteiam sempre que saio à rua, qualquer rua do Cairo.

É o preconceito em relação ao meu trabalho que insiste em confundir-me com uma "streap-teaser" do "cabaret da coxa grossa".

É a rapariga muçulmana que leva uma tareia descomunal da família como manobra "correctiva", simplesmente porque ela se diz ter apaixonado por um rapaz cristão (casamentos entre mulheres muçulmanos e homens cristãos são ILEGAIS no Egipto).

São os falsos amigos, as relações por conveniência, as palmadinhas nas costas e as facadas que lhes seguem.

São os homens do dinheiro continuando a comprar coisas, pessoas, Revoluções como a egípcia.

São as mentalidades a regredirem, em vez de evoluirem, e os candidatos políticos a deixarem crescer as barbas e a impregnarem a testa de fungos para aparentarem ser religiosos extremados.


É isto e aquilo. É a DESUMANIDADE em geral. Mais do que algo em particular. A ausência de palavra de honra, de verdade, de pureza, de LIBERDADE, de horizontes onde a Justiça e a Inteligência prevaleçam sobre os "amiguismos" e os contratos de cama.


Paciência, onde andas?

P.S. Se alguém a vir por aí, por favor, peçam-lhe que me contacte através do meu email:



Grata.

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