E do que se traz na mala de viagem e jamais se retira.
Alguns livros, obviamente. Que não sou rapariga de compras, lá isso não sou mas LIVROS estão acima dessa categoria mundana. Livros são investimento no que em mim é Eterno. Não se poderão comparar a estatuetas, "souvenirs" foleiros ou roupas com que se vestem vaidades. Livros são vício que dá mais vida do que tira.
Os clássicos: Oscar Wilde e James Joyce e um novo autor irlandês pelo qual me estou a perder de amores (Sebastian Barry). Irlanda é, à semelhança de Portugal, país de GENIAIS escritores. Será da melancolia, do Atlântico, dos duendes?!
Alguns livros, obviamente. Que não sou rapariga de compras, lá isso não sou mas LIVROS estão acima dessa categoria mundana. Livros são investimento no que em mim é Eterno. Não se poderão comparar a estatuetas, "souvenirs" foleiros ou roupas com que se vestem vaidades. Livros são vício que dá mais vida do que tira.
Os clássicos: Oscar Wilde e James Joyce e um novo autor irlandês pelo qual me estou a perder de amores (Sebastian Barry). Irlanda é, à semelhança de Portugal, país de GENIAIS escritores. Será da melancolia, do Atlântico, dos duendes?!
E um último detalhe que marcou a viagem e que ficou preso ao fundo da minha mala de viagem:
Um dos maravilhosos voluntários que trabalharam no "Shakefest" prometeu-me, na noite anterior à minha partida, que me levaria café acabado de fazer ao quarto na madrugada seguinte.
Deixem-me apenas clarificar certos dados: eu tinha de acordar às 4h da matina para sair às 5h do castelo de Charleville. Acordar a estas horas da manhã no seio de um castelo antigo irlandês, húmido e frio que nem ............. (preencher o espaço em branco com os termos menos bonitos que vos venham à cabeça...um,dois,três: AGORA!) não é uma experiência agradável.
-Não é necessário levantares-te tão cedo apenas para preparar-me café. - Adverti o Steve (Malone) que, diga-se de passagem, não me passou cartão.
-Vamos ao que interessa: Quantas colheres de açucar queres no café? - Prosseguiu, convicto, ainda que sem conseguir que eu acreditasse que ele lá estaria na madrugada seguinte com uma chávena de café quente em riste.
Mas ESTAVA. Pasmem-se, caros leitores. Que estas coisas são perigosas para o fragilizado coração de uma bailarina do Cairo. O conceito de "palavra de honra" está tão ultrapassado no Egipto como as ceroulas que os avózinhos usavam há gerações atrás. Espera...as ceroulas ainda conseguem ser mais actuais do que a "palavra de honra", vistas bem as coisas. Ninguém cumpre aquilo que promete, ninguém é aquilo que diz ser, ninguém é fiel à sua palavra (nem a si mesmo, mas isso são histórias para outros arraiais).
Como poderia o Steve surpreender-me?!
4.45h da matina. Lá estava eu esfregando os olhos ensonados, arrastando malas pelas escadarias magestosas do castelo de Charleville quanto vi o mais incrível fantasma de todos: o Steve com a chávena de café na mão.
O prometido era, de facto, devido. Porque é que uma pessoa se levantaria de madrugada para preparar café para uma viajante que, provavelmente, nunca voltará a ver na vida? Não somos amigos próximos, nem familiares, nem "quase" nada. Mas o gesto de generosidade pura esteve lá, surpreendendo-me mais do que os espíritos com quem tive conversas de terceito grau.
O prometido era, de facto, devido. Porque é que uma pessoa se levantaria de madrugada para preparar café para uma viajante que, provavelmente, nunca voltará a ver na vida? Não somos amigos próximos, nem familiares, nem "quase" nada. Mas o gesto de generosidade pura esteve lá, surpreendendo-me mais do que os espíritos com quem tive conversas de terceito grau.
Uma pessoa desabitua-se destas bondades desinteressadas, pá!
E fica-se assim, com o coração um pouco mais leve e umas quantas estrelas de luz viva brilhando no nosso quintal.
No comments:
Post a Comment